FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA NÚCLEO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS A ECONOMIA DE RONDÔNIA E O MERCADO EXTERNO – UMA ANÁLISE DE INDICADORES A PARTIR DO ANO DE 2004 GLAUBER FUAS BRITO Porto Velho / RO 2010 A ECONOMIA DE RONDÔNIA E O MERCADO EXTERNO – UMA ANÁLISE DE INDICADORES A PARTIR DO ANO DE 2004 GLAUBER FUAS BRITO Monografia apresentada à Fundação Universidade Federal de Rondônia como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Ciências Econômicas Orientador: Prof. Dr. Silvio Persivo Porto Velho / RO 2010 2 A ECONOMIA DE RONDÔNIA E O MERCADO EXTERNO – UMA ANÁLISE DE INDICADORES A PARTIR DO ANO DE 2004 GLAUBER FUAS BRITO Monografia apresentada à Fundação Universidade Federal de Rondônia como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Ciências Econômicas Aprovado em Dezembro de 2010 BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Silvio Persivo da Cunha Rodrigues Prof. Dr. João Vicente André Prof. MS. Luiz Carlos de Freitas 3 RESUMO Através deste estudo serão analisados dados estatísticos, pesquisas e indicadores sócio-econômicos de Rondônia, a fim de relacionar Produto Interno Bruto e Balança Comercial com o crescimento econômico deste Estado. Observa-se, assim, que o estado passa por um momento de grandes oportunidades de crescimento e, sobretudo desenvolvimento sustentável, com o advento de obras e investimentos estratégicos para economia local em relação às exportações e importações, tendo apresentado um saldo superavitário na sua Balança Comercial e um Produto Interno Bruto crescente em relação aos anos anteriores. Palavras-chave: Balança Comercial. Produto Interno Bruto. Desenvolvimento Regional. 4 ABSTRACT Through this study will be analyzed statistical date, surveys and socioeconomic indicators of Rondônia, in order to relate GDP and trade balance with economic growth of this state. This indicates that Rondônia passes through a time of great growth opportunities and, above all, sustainable development, with the advent of strategic investments and works for the local economy for exports and imports, which followed a surplus balance in its trade balance and a Gross Domestic Product Keywords: Trade increasing Balance, Gross compared Domestic to previous Product and years. Regional Development 5 Dedicatória A minha mãe Maria Francisco Brito, pelo incentivo em toda a minha vida escolar e acadêmica e a todos que participaram da minha formação social e acadêmica, além do apoio e tempo prestados para realização deste trabalho. 6 Agradecimentos Agradeço a Deus por conceder discernimento para realização de atos por toda minha vida. A Consuelo pela colaboração, principalmente em momentos decisivos na elaboração deste trabalho. A amigos que incentivaram, apoiaram e contribuíram para que pudesse chegar até esse momento. Ao meu Orientador, Professor Doutor Silvio Persivo. A Equipe de Docentes do Curso de Ciências Econômicas. Além de um especial agradecimento a Universidade Federal de Rondônia. 7 "A verdade de um homem é em primeiro lugar aquilo que ele esconde." André Malraux 8 DEFINIÇÕES BC – Banco Central DÉFICIT - Saldo negativo entre a receita e a despesa FATURA PRO FORMA – Documento que espelha todas as particularidades da operação de comércio exterior pretendida FIERO - Federação das Indústrias do Estado de Rondônia IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MERCOESTE – Projeto estratégico que busca a integração e o desenvolvimento da região formada por Estados do Norte e Centro-Oeste do Brasil, além dos grupos Andino e Amazônico de países vizinhos MERCOSUL – Mercado Comum do Sul; Bloco econômico formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, tendo a Venezuela em processo de adesão e mais Bolívia, Chile, Peru, Equador e Colômbia como países associados PIB – Produto Interno Bruto PIB Per Capita – Produto Interno Bruto da Região dividido pelo total de habitantes SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEFIN – Secretaria de Finanças SUPERÁVIT - O excesso da receita sobre a despesa num orçamento WELFARE STATE - Estado de bem-estar social 9 TABELAS Tabela 01 - Produto Interno Bruto de Rondônia a partir do ano de 2004 Tabela 02 – Composição do PIB de Rondônia Tabela 03 – Balança Comercial de Rondônia Tabela 04 – Transações Correntes por Estado GRAFICOS Gráfico 01 – Evolução do PIB de Rondônia Gráfico 02 – PIB per capita de Rondônia Gráfico 03 – Crescimento da renda disponível x consumo Gráfico 04 – Balança Comercial de Rondônia FIGURAS Figura 1 – Saídas para o Pacífico 10 Sumário Introdução 12 1. A Economia de Rondônia e o Mercado Externo 13 1.1. Crescimento do PIB rondoniense no período de 2004 a 2008 13 1.2. Definição de Produto Interno Bruto – PIB 16 1.3. PIB e Sua Composição 17 1.4. PIB e a Contabilidade Regional 20 2. Definição de Balança Comercial 21 2.1. Importância da Balança Comercial 22 2.2. Balança Comercial de Rondônia 22 3. Comércio Exterior e Crescimento do PIB 24 4. Desenvolvimento Econômico x Crescimento Econômico 25 4.1. Crescimento Baseado nas Exportações 28 4.2. Política de Exportação 30 4.3. Razões Para Exportar 31 4.4. O Que Exportar? 33 4.5 Para Quem Exportar? 34 5. Rondônia e o acesso ao Mercado Exterior – Cenário atual, dificuldades e barreiras 36 6. Importância da Infraestrutura para Desenvolvimento Regional 37 7. Transformações e Vulnerabilidade do Comércio 39 8. Perspectivas para o comércio exterior em Rondônia 40 Conclusão 46 Referências Bibliográficas 48 11 Introdução Baseado em um cenário de positivo crescimento dos índices econômicos do Estado de Rondônia e também do Brasil, busca-se demonstrar como tais indicadores podem de fato trazer além de um crescimento também um desenvolvimento socioeconômico para a Região. Rondônia que hoje passa por um novo ciclo econômico busca com o aprendizado dos malefícios de ciclos anteriores, como os da borracha, do ouro e da cassiterita, aproveitar de forma benéfica os investimentos e uma possível integração regional através da Estrada para o Pacífico e construções de usinas hidrelétricas no estado e também em Regiões da Bolívia em parceria com o governo brasileiro sair fortalecido, evitando-se uma posterior estagnação da economia como ocorrido em eventos anteriores. Buscando definir a importância da exportação há a necessidade de expor os motivos para o comércio internacional. Relaciona-se, portanto, as barreiras enfrentadas principalmente em infraestrutura e falta de incentivos do Estado, na forma de crédito para expansão desse mercado. Como fundamentação teórica, traz-se como base a Teoria de Promoção das Exportações, e regiões que se utilizam de tal modelo econômico como exemplo, para que se possa concluir as vantagens e desvantagens de uma região investir no comércio exterior. Trazendo ainda, as definições de PIB, Balança Comercial, Crescimento e Desenvolvimento Econômico. Como análise do momento atual do Estado, apresenta-se como indicadores econômicos o PIB e o PIB per capita no período de 2004 a 2008, além dos valores de exportação, importação e o saldo da balança comercial no período de 2004 a Outubro de 2010. 12 1. A Economia de Rondônia e o Mercado Externo Situado na Região Norte do Brasil o Estado de Rondônia possui uma extensão territorial de 237.576,167 quilômetros quadrados, divido em 52 municípios e como capital Porto Velho, tendo uma população de 1.535.625 habitantes com a 3ª economia da região, atrás de Amazonas e Pará segundo dados do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística, apresentados no Relatório do Censo 2010. Tem como principais cidades – além da capital – Ji-Paraná, Ariquemes, Cacoal e Vilhena. 1.1. Crescimento do PIB rondoniense no período de 2004 a 2008 No ano de 2008 o PIB rondoniense teve um crescimento de 3,2%, em volume se comparado com o mesmo período de 2007. Esse dado reafirma a condição de 3ª economia da Região Norte, ficando atrás apenas dos estados do Pará e Amazonas. Porém se comparado nacionalmente, em 2008, ocupou apenas a 23ª colocação e no acumulado de 2002 a 2008, em volume, ocupa a 10ª colocação no ranking nacional e uma participação de 0,6% no PIB nacional. Podemos verificar conforme tabela abaixo que o PIB de Rondônia teve uma evolução significativa no período de 2004 a 2008 se comparado aos outros estados da região, saindo de R$ 11.260.000,00 para R$ 17.888.000,00: Tabela 01 - Produto Interno Bruto de Rondônia a partir do ano de 2004 Ano 2008 2007 2006 2005 2004 PIB (mil reais) 17 888 15.003 13.107 12.884 11.260 Fonte Elaboração própria com base em dados do IBGE. 13 Gráfico 01 – Evolução do PIB de Rondônia Fonte: Elaboração própria com base em dados do IBGE. De acordo com esse mesmo levantamento o PIB Per Capita de Rondônia em 2008 foi de R$ 11.976,71 (Onze mil, novecentos e setenta e seis reais e setenta e um centavos), com variação real de 3,2% comparado com o ano anterior. Em relação a região Norte, sua colocação foi a 2ª em 2008, atrás apenas do Amazonas, no ano anterior ocupava a 3ª, atrás do Amazonas e de Roraima, conforme ranking da região demonstrado no gráfico a seguir: Gráfico 02 – PIB per capita de Rondônia Fonte: Elaboração própria com base em dados do IBGE. 14 De acordo com dados do Relatório de Contas Nacionais, produzido pelo IBGE para o período de 2004 a 2008, a Agropecuária ainda compõe um dos principais segmentos na participação do PIB estadual com 23% da atividade econômica e um volume de 4,3% do seu valor adicionado, participando com 2,4% do setor brasileiro. Outro setor importante para a economia do Estado a Agricultura, silvicultura e exploração florestal contribuíram com um volume de 11,5%, carregada principalmente por uma expansão de 382% do valor adicionado da cana de açúcar, 24% do cultivo de café, 10,2% do cultivo de cereais e 35,5% do cultivo de soja. Dos setores primordiais ao Estado, a Pecuária e a Pesca, obtiveram resultados desanimadores, com patamar próximo a zero, tendo retrações em alguns subsetores como na criação de suínos com um resultado de -29%, criação de aves -7,4% e criação de bovinos e outros produtos de origem animal com -0,1%, esta última encarregada por 97% do valor adicionado da Pecuária e Pesca do Estado. Ainda que de forma tímida, o setor industrial obteve um crescimento de 6,7%, representando 12,4% do valor adicionado do estado, porém com apenas 0,3% de participação no resultado brasileiro. Os desencadeadores do crescimento industrial no estado foram a indústria extrativa com 13,4% e a construção civil com 11,8%. A Produção e distribuição de eletricidade e gás, água e esgoto e limpeza urbana apresentou crescimento de 4,5%, seguida das Indústrias de transformação com 4,0%. Na tabela 02 a seguir pode-se verificar as atividades econômicas que compõem o PIB rondoniense, com destaque para pecuária e pesca, agricultura, indústria de transformação, construção civil e o comércio e serviços de manutenção e reparação. É possível verificarmos ainda a dependência do estado junto à administração pública, que corresponde no ano de 2008 a 27,9% do total do PIB estadual. 15 Tabela 02 – Composição do PIB de Rondônia Fonte: Conta Regionais 2004 -2008 – IBGE 1.2. Definição de Produto Interno Bruto – PIB O Produto Interno Bruto é uma estatística utilizada para informar qual é a renda total do país e o gasto total com sua produção de bens e serviços em certo período, exprime o valor da produção realizada dentro das fronteiras geográficas de uma região, independentemente da nacionalidade das unidades produtoras. Seu objetivo é resumir em um único número o valor em dólares da atividade econômica em um determinado período. Ou seja, mede o desempenho econômico de uma região. Quanto maior a produção de bens e serviços de uma economia, mais ela poderá satisfazer as demandas de famílias, empresas e governo. Para calcular o PIB é necessário combinar o valor dos bens e serviços em uma única medida. Procura-se calcular o PIB de forma que possa refletir a produção corrente de bens e serviços da economia. Para que um produto não seja contado mais de uma vez e seu valor dobre numa produção que ocorre 16 em vários estágios, soma-se o valor agregado em cada estágio da produção e, inclui-se apenas o valor dos bens finais. Já para calcular serviços habitacionais e outras imputações, usa-se o valor imputado, que seria uma estimativa do valor desses bens. Porém, nenhuma imputação é feita para o valor dos bens e serviços vendidos na economia informal, ou seja, esses valores são deixados de fora do calculo do PIB. (MANKIW, 2004) De acordo com Blanchard 2004) o PIB é classificado como sendo nominal e real. O primeiro é simplesmente a soma das quantidades de bens finais multiplicada por seus preços atuais. Por conseqüência, o PIB terá um aumento ao longo do tempo, principalmente, porque a produção e o preço da maioria dos bens aumenta ao logo do tempo. Porém, se quisermos medir a produção e suas variações ao longo desse período, deve-se eliminar o efeito do aumento nos preços no cálculo do PIB. Dessa forma, o PIB real será calculado como a soma das quantidades de produtos finais multiplicada por preços constantes (em vez de preços correntes). A desvantagem de se utilizar o PIB real na prática é o fato de uma economia ter mais de um bem final. O PIB real deve ser definido como uma média ponderada da produção de todos os bens e serviços finais, levando a discussão de que pesos atribuir para calcular essa média. Quando há nesse cálculo do PIB um crescimento positivo, é definido esse período como de expansão, e se há um crescimento negativo, é chamado recessão. Ainda de acordo com Blanchard (2004), para evitar-se que apenas um trimestre seja chamado de recessão, é utilizado esse termo apenas quando há dois ou mais trimestres consecutivos de crescimento negativo, pois em alguns casos, essas economias podem passar apenas por uma desaceleração. 1.3. PIB e Sua Composição Blanchard (2004) afirma que é necessário inserir três componentes no cálculo do PIB, como pode-se verificar a seguir: O primeiro indicado na formula de contas nacionais pela letra C (consumo), corresponde pelos bens e serviços adquiridos pelos consumidores. 17 A decisão para se consumir provém de muitos fatores, porém, essa decisão é determinada principalmente pela renda, ou mais precisamente, pela renda que se torna disponível, isto é, tudo aquilo que permanece com o consumidor, depois que este fez os pagamentos de impostos. Portanto, se há um aumento na renda disponível do consumidor, esse comprará mais bens, enquanto que por outro lado, quando a renda diminui, o consumidor tende a comprar menos. Pode-se definir a equação de consumo como sendo: C = C ( YD ) (+) O sinal positivo representado abaixo da fórmula significa que quando a renda disponível aumenta, o consumo também crescerá. Pode-se utilizar a equação até de forma mais específica, relacionando consumo e renda da seguinte forma: C = c0 + c1YD Nesse caso a função tem uma relação linear, caracterizando portanto, por dois parâmetros, c0 e c1. Pode-se chamar c1, de propensão marginal a consumir, e mostra o efeito da adição de renda sobre o consumo. Blanchard, cita duas restrições sobre c1, a primeira de que ele seja positivo, pois o aumento da renda disponível tende a causar a elevação do consumo e, a segunda é que ele seja menor que 1, o que nos leva a observar que as pessoas tendem a consumir apenas uma parte de qualquer aumento da renda e poupar o restante. Já no caso de c0, representa o que as pessoas consumiriam se sua renda disponível no ano fosse igual a zero, isto é, mesmo que a renda disponível seja igual a zero, as pessoas continuam a consumir, pois necessitam se alimentar e, conseqüentemente deixando de poupar e até mesmo se desfazendo de seus ativos ou fazendo empréstimos. O Gráfico 03 a seguir demonstra a relação entre o crescimento da renda disponível e o consumo: 18 Gráfico 03 – Crescimento da renda disponível x consumo C O N S U M O Inclinação = C1 C0 Função consumo C = c0 + c1YD Renda disponível O autor afirma ainda, que é necessário incluir na equação os impostos pagos subtraídos das transferências governamentais recebidas pelos consumidores, nesse caso representado pela letra T, chega-se então a seguinte equação: YD ≡ Y - T Substituindo YD na equação principal chega-se a: C = c0 + c1 (Y-T) Portanto, quanto mais altos os impostos maior será a retração do consumo, visto que a renda disponível tende a diminuir nesse cenário. O segundo componente no cálculo do PIB é representado pela letra I (investimento), e corresponde as aplicações de capital em bens de capital, objetivando a geração de lucros, por meio de aquisições de maquinários, equipamentos, edificações e até na compra de títulos financeiros. Para a tomada de decisões em se investir depende, segundo Blanchard (2004), de dois fatores: O primeiro consiste, quando uma empresa se depara com o aumento de suas vendas, e para expansão de sua capacidade produtiva torna-se necessário adquirir novos maquinários, construir novas fábricas para atender uma nova realidade no aumento dessa demanda. Há ainda um outro fator, a taxa de juros. Determinante na decisão de aquisição de empréstimos e financiamentos para obter novos maquinários, construir novas unidades para expansão da empresa, pois se os juros forem elevados, os lucros adicionais gerados por essa expansão, poderão não ser 19 suficientes para cobrir os pagamentos dos juros não sendo, portanto, vantajosa essa tomada de decisão. Para formulação da equação utiliza-se investimento em estoques igual a zero, chegando a seguinte conclusão: I=I(Y,i) (+,-) Nesse caso, o sinal “+” abaixo de Y, indica que o aumento da produção leva ao aumento do investimento, sendo que o sinal “-“ indicará uma redução no investimento. O terceiro componente no calculo do PIB é representado por G (gastos do governo) e corresponde aos bens e serviços adquiridos pelos governos, tanto na esfera federal quanto na estadual e municipal. Entram nesse cálculo desde produtos e suprimentos para escritório, veículos e obras até contratação e pagamento de serviços prestados por funcionários ao governo que em seguida são fornecidos a população em geral. Porém, não são todos os gastos do governo que entram no calculo do produto interno bruto, pois nem todos nesse caso, representarão uma demanda por bens e serviços de produção corrente, chamadas transferências governamentais, como pagamento de Previdência Social, assistência médica e juros. 1.4. PIB e a Contabilidade Regional O PIB é um dos fluxos que merece maior destaque na contabilidade regional, pois representa o valor total dos bens e serviços produzidos em certo período. Para Clemente (1984) incluir o governo na Contabilidade Regional é difícil por ser necessário distinguir entre governos da região e governos internos à região e o governo central. Tem grande destaque e influência o Governo Central que obtém receitas e realiza despesas na região além do setor externo da região, o chamado Resto do Mundo. Este por sinal influi de duas formas: fornecendo mercadorias e serviços e adquirindo mercadorias e serviços da região. O valor do produto da região pode ser visto da seguinte forma: PIB (C C*) (G G*) ( I I *) ( X X *) 20 os asteriscos são usados para indicar os valores dos produtos importados e, estes, se forem separados, ficarão assim: PIB C I G X (C * I * G * X *) PIB C I G X M M, portanto, representa o valor total dos bens importados. Reescrevendo a equação, tem-se: X M PIB (C I G ) representando as transações comerciais com o setor externo. Demonstrando que se o PIB for maior do que o total das despesas de consumo haverá um saldo positivo (superávit), ou se do contrário o PIB for menor haverá um saldo negativo (déficit). (CLEMENTE, 1984, p. 27.) 2. Definição de Balança Comercial Segundo Mankiw (2004) a Balança Comercial, também denominada exportações líquidas, serve para dizer como o comércio de bens e serviços se afasta do ponto de referência de importações e exportações iguais. Tomando a forma de identidade da conta da renda nacional: S I NX veremos que as exportações líquidas devem sempre igualar a diferença entre sua poupança e seu investimento. A diferença entre poupança interna “S” e investimento interno “I”, é chamada de fluxo líquido de capital para o exterior. Este sendo positivo, é porque a poupança foi maior que o investimento, então é necessário que se empreste o superávit para estrangeiros. Ao contrário, o saldo sendo negativo, significa que o investimento ultrapassou a poupança, sendo necessário financiar esse excedente pegando empréstimos do exterior. Portanto, a identidade da conta da renda nacional, mostra que o fluxo líquido de capital para o exterior é igual à balança comercial. Fluxo Líq. de Capital p / o Exterior Balança Comercial S I NX Se S-I e NX forem positivos, há então um superávit comercial e, portanto, essa economia passa a ser credora, visto que ela exporta mais do que importa, sendo necessário equilibrar a balança comercial. Mas se S-I e NX 21 forem negativos, há nesse caso um déficit comercial, e essa economia passa a ser devedora, pois importa mais do que exporta. E, se caso S-I e NX forem iguais à zero, haverá nesse caso um comércio equilibrado, sendo o valor das exportações e importações equivalentes. (MANKIW, 2004) 2.1. Importância da Balança Comercial A Balança Comercial tem influência não somente com relação ao papel que esta desempenha em fechar a equação macroeconômica pelo lado externo, mas também facilita o próprio ajuste fiscal por meio de expansão das receitas, como acumular os recursos políticos para dar seguimento as reformas. Faz-se necessário, portanto que uma política de ajuste da balança comercial e desenvolvimento das exportações conte com recursos políticoadministrativos de forma equilibrada e estável, além de investimentos voltados para os setores produtores de bens comercializáveis. 2.2. Balança Comercial de Rondônia Conforme dados da tabela e gráficos a seguir, verifica-se que o saldo da Balança Comercial em Rondônia no período de 2004-2010*, apresentou sempre um saldo positivo indicando um superávit. As exportações apresentaram até o ano de 2008 um constante crescimento, contribuindo historicamente para o melhor saldo na balança do estado quando atingiu seu ápice, porém, em 2009 afetado principalmente pela crise econômica mundial causada pela chamada crise imobiliária dos Estados Unidos as exportações apresentaram uma significativa queda puxando para baixo o saldo da balança. Ao contrário das exportações que tiveram uma crescente e depois uma significativa queda, as importações no período apresentaram sempre uma elevação nos valores tendo seu ápice no ano de 2010. As importações em Rondônia no período analisado sempre apresentaram valores menores que as exportações, tornando o estado superavitário. 22 Tabela 03 – Balança Comercial de Rondônia Ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009 20101 Exportação (R$) 133.536.192,00 203.018.999,00 308.752.551,00 457.551.800,00 582.669.443,00 391.236.372,00 383.654.544,00 Importação (R$) 12.186.793,00 21.742.592,00 55.174.592,00 67.805.447,00 152.720.272,00 166.286.540,00 179.445.823,00 Saldo 121.349.399,00 181.276.407,00 253.577.959,00 389.746.353,00 429.949.171,00 224.949.832,00 204.208.721,00 Fonte: Elaboração própria com base em dados do ALICEWEB Gráfico 04 – Balança Comercial de Rondônia Fonte: Elaboração própria com base em dados do ALICEWEB No acumulado para o ano de 2009, conforme descrito na tabela a seguir, Rondônia ocupa a 20ª posição à nível nacional em relação a transações correntes, que é o somatório das exportações e importações de cada estado. Cabe salientar a importância da Balança Comercial para o crescimento e desenvolvimento de uma região, além de determinar as diretrizes para a política econômica de um país, levando o estado a tomar decisões de quais setores deverão receber investimentos, como deverá ser a política cambial favorecendo ou não as exportações. Conseqüentemente acarretará no aumento ou declínio da expansão e produção das empresas. 1 Dados acumulados em 2010 até o mês de Outubro. 23 Tabela 04 – Transações Correntes por Estado Ranking dos estados - Saldo em transações correntes - 2009 (Valores em US$ FOB) Corrente de Estado Exportação Importação Saldo Comércio 1º São Paulo 42.380.659.844 50.487.460.146 -8.106.800.302 92.868.119.990 2º Minas Gerais 19.517.677.395 7.350.823.607 12.166.853.788 26.868.501.002 3º Rio de Janeiro 13.519.419.301 11.644.517.457 1.874.901.844 25.163.936.758 Rio Grande do 4º Sul 15.236.061.960 9.470.027.472 5.766.034.488 24.706.089.432 5º Paraná 11.222.826.796 9.620.859.071 1.601.967.725 20.843.685.867 6º Santa Catarina 6.427.660.746 7.286.046.758 -.858.386.012 13.713.707.504 7º Espirito Santo 6.510.240.948 5.484.253.256 1.025.987.692 11.994.494.204 8º Bahia 7.010.799.752 4.672.580.490 2.338.219.262 11.683.380.242 9º Mato Grosso 8.426.868.709 792.396.073 7.634.472.636 9.219.264.782 10º Pará 8.345.255.133 794.345.348 7.550.909.785 9.139.600.481 11º Amazonas 883.865.848 6.939.189.833 -6.055.323.985 7.823.055.681 12º Goiás 3.614.963.748 2.852.689.970 762.273.778 6.467.653.718 Mato Grosso do 13º Sul 1.937.634.439 2.690.230.313 -.752.595.874 4.627.864.752 14º Maranhão 1.232.814.138 1.993.435.662 -.760.621.524 3.226.249.800 15º Pernambuco 823.971.896 1.981.197.294 -1.157.225.398 2.805.169.190 16º Ceará 1.080.168.033 1.230.477.417 -.150.309.384 2.310.645.450 17º Distrito Federal 130.080.236 1.091.421.417 -.961.341.181 1.221.501.653 18º Alagoas 824.053.427 112.431.688 711.621.739 936.485.115 19º Paraíba 158.200.879 433.709.955 -.275.509.076 591.910.834 20º Rondônia 391.236.372 166.354.398 224.881.974 557.590.770 Rio Grande do 21º Norte 258.103.664 149.927.581 108.176.083 408.031.245 22º Tocantins 280.218.094 127.573.991 152.644.103 407.792.085 23º Piauí 167.466.199 68.477.130 98.989.069 235.943.329 24º Amapá 182.838.833 40.155.526 142.683.307 222.994.359 25º Sergipe 60.729.971 153.309.997 -92.580.026 214.039.968 26º Roraima 12.686.111 10.069.470 2.616.641 22.755.581 27º Acre 15.720.476 1.393.382 14.327.094 17.113.858 Fonte: Elaboração própria com base em dados do ALICEWEB 3. Comércio Exterior e Crescimento do PIB Sabe-se que as operações de comércio exterior tiveram um papel determinante no crescimento do PIB, principalmente nos últimos anos. Tendo como destaque a exportação de produtos agrícolas, minérios, grãos, automóveis e aeronaves, o país passou de números negativos a números positivos na Balança Comercial e no PIB. No Livro Comércio Exterior Brasileiro (Ed. Atlas. 1999), José Lopes Vazquez cita o escritor John Williamson que afirma que: “o desenvolvimento econômico pode ser definido como o processo através do qual uma sociedade tradicional que 24 empregue técnicas primitivas e que, portanto só pode manter um nível de renda per capita modesto, transforma-se numa economia moderna, de alta tecnologia e de elevada renda. O processo evolve a substituição da produção intensiva da mão de obra qualificada e conhecimentos científicos para produzirem a grande variedade de produtos consumidos numa sociedade rica. Na economia de subsistência, a produção é essencialmente para o próprio uso e as trocas são marginais; na economia moderna, existe uma divisão de trabalho avançada na qual todos se especializam na produção de bens que só satisfazem a uma parcela diminuta das necessidades totais, de modo que a produção é, essencialmente, para o mercado, e a produção para uso próprio é marginal”. Para o sucesso de uma estratégia nacional de exportação, é necessário, portanto, uma aliança entre Estado e iniciativa privada. Pois uma maior produção elevará em conjunto as vendas, os lucros, arrecadação de impostos, assistência social, além de mais postos de trabalho. Para Vazquez, o Estado tem que abdicar o recebimento de parte dos impostos em benefício do próprio crescimento econômico, recuperando esses valores que deixaria de receber no momento da exportação mais tarde, via salários pagos, impostos retidos e, conseqüentemente aumento do consumo das famílias. Além dos incentivos no que diz respeito a carga tributária é preciso ainda, que o Estado reforce a imagem internacional, trazendo tranqüilidade aos investidores e as bancos e uma das medidas para que se tranqüilize o mercado seria uma política de fomento ao crédito, para que haja qualidade e transparência aos negócios efetuados uma vez que os bancos e as empresas poderiam planejar seus financiamentos a curto e longo prazo garantindo tais operações. 4. Desenvolvimento Econômico x Crescimento Econômico Crescimento econômico refere-se ao crescimento da produção e da renda, enquanto que o desenvolvimento, à elevação do nível de vida da população. É necessário observar que, em condições normais, a elevação do nível de vida da população somente é possível a partir da elevação do nível de renda da sociedade. Se a elevação da renda não for superior ao crescimento 25 demográfico, a sociedade como um todo estará empobrecendo e não seria adequado falar em desenvolvimento. Porem há ainda o conceito de desenvolvimento que merece ser considerado, intitulado desenvolvimento auto-sustentado. Este consistiria em uma série de transformações da sociedade que se realizam em cadeia, de forma auto-sustentada e, que uma vez desencadeado, apresentaria uma seqüência de fases, criando condições necessárias para a fase subseqüente. Desenvolvimento, portanto, representa um processo duradouro de transformação da sociedade. (Clemente, 1984) Segundo Lima (2010), a exportação não diversificada e não crescente, a insuficiência de capital e a concentração de renda são pontos difíceis de serem vencidos para atingir o desenvolvimento. Somente com uma ação concreta do Estado em favor do desenvolvimento é possível atingir o welfare state para a população. Ainda segundo Lima (apud Furtado, 1997), quando uma nação tem insuficiência do crescimento econômico em relação ao crescimento populacional, com concentração de renda pode-se dizer que a nação vive o subdesenvolvimento. Em seu livro Lima trata de subdesenvolvimento como sendo a economia que está se desenvolvendo, porém, com um crescimento ainda dualista em que algumas empresas trabalham com porte bem desenvolvido, utilizando-se de tecnologias avançadas no processo de produção de forma acelerada, enquanto que outras empresas ainda trabalham em um processo de produção tradicional, com baixa qualificação de mão de obra e menos modernização em seus equipamentos. Essa dicotomia acaba gerando uma alta concentração de renda nas mãos de poucos, levando a uma insuficiência na arrecadação dos tributos e, conseqüentemente em baixos investimentos em políticas públicas de desenvolvimento do país. Apesar de significarem aumento, desenvolvimento e crescimento econômico possuem diferenças. Crescimento seria, portanto, um aumento da produção, porém, não significaria melhoria na qualidade de vida da população. No caso do crescimento econômico em uma região subdesenvolvida os efeitos são ainda mais danosos, visto que o excedente de renda em sua maioria é transferido para outros países, diminuindo a capacidade de investimentos do 26 Estado, o crescimento da produção de bens populares e de alimentos, fechamento de empresas tradicionais devido ao pouco dinamismo do setor interno, além de um baixo poder de compra da população, causado por baixos salários. Já o desenvolvimento, alia o crescimento econômico a um aumento considerável na qualidade de vida, gerando um ciclo positivo que torna a economia nacional em uma economia moderna, eficiente e com melhores condições para a população. Para lima (apud Souza, 1999), o desenvolvimento econômico se dá a partir de um contínuo crescimento econômico, maior que o crescimento demográfico, envolvendo mudanças estruturais e melhorias de indicadores socioeconômicos. O Desenvolvimento, portanto, ao contrário do crescimento econômico é um processo de longo prazo, implicando o fortalecimento da economia nacional, a ampliação da economia de mercado e a elevação geral da produtividade. O desenvolvimento gera o aumento da diversidade do mercado e de produção e consequentemente um impulso no progresso tecnológico, além do aumento do capital e da renda per capita a longo prazo. Com a expansão do mercado interno, crescem as possibilidades de emprego e a arrecadação pública do Estado, aumentando assim as possibilidades de suprir as necessidades básicas da população abaixo da linha da pobreza. O crescimento da renda per capita ao longo do tempo ocorre quando o crescimento econômico se torna mais alto quando comparado com o crescimento da população, deve se observar para uma melhor análise como indicador social como se dá sua distribuição junto a população. Os indicadores do desenvolvimento mais utilizados são: o índice de expectativa de vida, a taxa de criminalidade, de analfabetismo, de mortalidade infantil e a renda per capita sendo a mais utilizada dentre os indicadores, mesmo não medindo o índice de concentração de renda e bem-estar da população de baixa renda. No índice de concentração, um dos motivos da desigualdade regional acontece devido a procura das empresas por locais com uma boa infraestrutura de acordos com suas necessidades para se instalarem, gerando uma concentração das empresas em apenas uma determinada região de interesse, 27 aumentando assim o número de desemprego nas demais regiões e o governo obtém por suas vez passa a enfrentar problemas na arrecadação tendo que aumentar seus gastos com pessoal que o impossibilitará de fazer um bom investimento em infraestrutura, na educação, saúde, segurança e demais áreas de serviços essenciais que são de responsabilidade do governo. Utiliza-se ainda para verificar o nível de subdesenvolvimento, índices de taxas de violência, prostituição, subnutrição, analfabetismo e acesso a saneamento básico, visto que são situações geradas pela falta de investimentos em serviços essenciais, quando o gasto público não é suficiente para amenizar tais problemas, sendo percebidos inclusive em nações industrializadas. 4.1. Crescimento Baseado nas Exportações Quando a economia interna é vinculada a economia mundial há uma estratégia definida chamada de Política Orientada às Exportações ou simplesmente Crescimento Baseado nas exportações. Ao contrário do que acontece na Teoria de Substituição de Importações, em que almeja-se o crescimento por meio de proteção dos setores locais que possuem desvantagens comparativa, essa estratégia envolve, segundo Carbaugh (2004), a promoção do crescimento por meio da exportação de bens manufaturados. É possível que haja controle do comércio, porém, de forma bastante reduzida e, em alguns casos inexistentes, no sentido de que toda a falta de incentivo para exportar resultante de barreiras à importação é contrabalançada por subsídios à exportação. A industrialização nesse caso é considerada como uma resultante natural do desenvolvimento, ao invés de ser um objetivo realizável à custa da eficiência da economia. Essa politica possui algumas vantagens importantes que contribuem ao desenvolvimento: 1. Os países em desenvolvimento podem se utilizar dessa teoria para incentivar setores dos quais possuem vantagens comparativas, tais como bens manufaturados trabalho-intensivo; 28 2. Permite às empresas nacionais a possibilidade de obterem economias de escala, visto que há um mercado com mais possibilidades para destinação de suas vendas; 3. Proporciona as empresas nacionais se disciplinarem a concorrer com empresas externas, aumentando assim a eficiência na produção, troca de experiências e aumento na qualidade dos produtos, causado principalmente pela redução nas restrições aos produtos importados. Contudo, para que se tenha sucesso nessa política de exportação uma nação deve contar com a vontade e habilidade dos países importadores, em especial os países industrializados, em continuarem absorvendo grandes quantidades de bens manufaturados, pois as nações industrializadas passaram com o passar do tempo a ficarem cada vez mais apreensivas em relação à concorrência estrangeira, especialmente em períodos de crise econômica e de desemprego elevado. As politicas com orientação externa introduzem a concorrência internacional nos mercados locais, o que incentiva as empresas eficientes e desincentiva as ineficientes, criando um ambiente mais competitivo, permitindo uma maior produtividade e, consequentemente, um crescimento econômico mais rápido. Pode-se tomar como exemplo de regiões que obtiveram sucesso com a política de promoção das exportações os países do Leste Asiático, os chamados “Tigres Asiáticos”. Cabe salientar, porém, que esse resultado fora obtido aliado a outras medidas como: 1. Elevadas taxas de investimento; 2. Universalização das educações primárias e secundárias, construindo uma elevada e crescente dotação de capital humano; 3. Reformas nas leis tributárias Segundo Carbaugh (2004), é necessário que o país invista em sua população e proporcione um ambiente favorável para a iniciativa privada, colaborando assim para um aumento da competitividade. Outra solução empregada trata da busca por avanços tecnológicos, busca por conhecimento e experiências externas, além da manutenção da politica de abertura da economia. 29 Cabe frisar, porém, que devem ser tomadas precauções para que se busque não somente o crescimento, mas que haja um desenvolvimento sustentável. É necessário aliar busca pela industrialização a medidas ambientais para que não haja enormes problemas com poluição como acontece atualmente nos países asiáticos. Buscar ainda, uma maior cooperação nas relações internacionais, visto que grandes superávits comerciais podem provocar uma crescente onda de sentimentos protecionistas no exterior. O equilíbrio no comércio é uma ferramenta fundamental nas relações comerciais entre os países, principalmente com o aumento na concorrência em um mundo cada vez mais globalizado. Quanto mais importantes as exportações mais importantes se tornam também as importações na busca da satisfação da demanda interna e para insumo do setor exportador. 4.2. Política de Exportação Segundo Vazquez (1999), o principal motivo para exportar do ponto de vista da economia nacional, é obter recursos para pagamento das importações necessárias a sua vida econômica. O exportador, além de o país obter divisas, absorve tecnologia e alcança maior produtividade, além de alcançar uma maior qualidade de seus produtos. Mas por que os países mantem relações comerciais entre si? De acordo com Silva (1987), os países necessitam manter relações comerciais para adquirir bens e serviços que não possuem e nem tem condições de produzir, como por exemplo, minérios básicos para produção industrial ou produtos agropecuários dependentes de características de solo e clima. Outros motivos seria adquirir no exterior a custos menores produtos de consumo corrente no país, além de exportar bens que podem produzir além de suas necessidades, o que permitiria o pagamento das importações. A exportação é a atividade que proporciona a abertura do país para o mundo. É uma forma de se confrontar com os demais parceiros e, principalmente, assimilar técnicas e conceitos de administração a que não teria acesso em seu mercado interno. 30 Vazquez cita os seguintes fatores para se obter uma melhor colocação no ranking de maiores países exportadores: Trabalhar a imagem do país no exterior; Ampliar a integração regional, tendo, porém uma postura de efetiva cooperação; Inserir a política de comércio exterior no contexto da política econômica, agrícola, industrial, educacional; Negociar acordos com os países industrializados, aumentando a cooperação tecnológica; Incentivar a exportação de manufaturados com alto valor agregado; Abolir o imediatismo, no sentido de “querer levar vantagem”; Qualificar o exportador; Qualificar o produto; Incentivar o exportador, não reduzindo e deduzindo impostos ou concedendo créditos a juros subsidiados, porém: Fixar as regras do jogo; Incentivar a internacionalização e a capacitação gerencial; Reduzir práticas burocráticas; Praticar uma política cambial realista; Estar aberto a novas formas de exportação. 4.3. Razões Para Exportar I. Exportação como uma exigência de política econômica nacional: A exportação pode revelar-se um imperativo da política econômica do governo. A necessidade de gerar divisas para comprar os produtos que não são produzidos na região, a importação de equipamentos de tecnologia avançada e até mesmo a formação de reservas para aquisição de mercadorias que, por motivos estratégicos, se deseja importar: são motivos suficientes para orientar a política econômica governamental. 31 II. Lucros nas vendas externas motivam o empresário a atuar nessa área: Até para evitar sazonalidades nas vendas internas, o empresário pode aumentar seu leque de compradores, selecionando-os no exterior, de maneira a não perder suas receitas e objetivando aumentar seus lucros. III. Exportação como defesa de imprevisíveis alterações no mercado interno: A empresa pode e deve prevenir-se de oscilações que o mercado interno possa oferecer, para evitar surpresas desagradáveis, como o ocorrido no Brasil, tendo em vista a adoção, em anos anteriores, de “planos” de combate à inflação, cujos resultados nem sempre foram satisfatórios, com conseqüências danosas aos produtores e consumidores. IV. A exportação pode funcionar como um redutor de riscos: Exportando, o empresário estará diminuindo seus riscos. V. Cultivo de prestigio: O produto for exportation, sem dúvida, goza de excelente prestígio junto aos consumidores. Ao fincar sua marca no exterior, o empresário certamente desfrutará de mais conceito junto ao mercado nacional. VI. A exportação atenderá a uma necessidade do país importador. A exportação, além de atender ao interesse do vendedor, virá ao encontro do próprio interesse das nações que é o de comprar no exterior aquilo que não produz internamente, por ignorância, desconhecimento ou até por desinteresse (Vazquez, 1999). 32 4.4. O Que Exportar? A concorrência local e internacional, conseqüência da globalização mundial dos mercados, obriga as empresas a esmerarem-se na qualidade de seus produtos. E essa procura insistente da qualidade pode levar a empresa a preparar-se para vender ao exterior, o chamado “made in Brazil”. Entretanto, cabe observar, que em alguns casos haverá necessidade de adaptação do produto, em função de embalagem apropriada, de religião, hábitos culturais, dos costumes, de atendimento às normas técnicas locais, etc. Abaixo temos alguns cuidados que devem ser tomados pela empresa para exportar seus produtos: I. Verificar se o produto atende às necessidades do mercado: Evidentemente, o produto deverá atender às necessidades do mercado alvo. Por isso, há a necessidade de pesquisa para saber se o mercado receberá bem tais produtos; II. Verificar se o produto atende as necessidades específicas: É óbvio que a mercadoria vendida deve atender às especificações técnicas solicitadas e prometidas em contrato ou na fatura “pro forma”; III. Verificar se o produto apresenta vantagens para o mercado alvo: O produto deve oferecer um “plus” ao mercado. Se não oferecer vantagens competitivas, não há motivos para atacar tal mercado. Não haverá retorno do capital investido; 33 IV. Verificar se o produto é compatível com o clima, se não fere sentimentos religiosos e não contraria hábitos locais: Para tanto deverá ser estudado o local receptor do produto. Para evitar que se venda produtos que firam hábitos e costumes locais ou mesmo que não atendam de forma satisfatória os desejos do importador. V. Verificar se o sistema de pesos e medidas utilizados nos produtos atendem às exigências do mercado a ser atingido: É necessário verificar antes de fechar o negócio qual o sistema de pesos e medidas utilizados no país importador. Portanto, é inevitável que se tenha especial cuidado na fabricação, embalagem e despacho e quanto ao respeito às normas do país de destino. VI. Confirmar qual idioma a ser utilizado na embalagem do produto: Verificar se há necessidade de apor instruções no idioma local ou em inglês. VII. Checar se a embalagem é apropriada para o trânsito até a fronteira do país e no seu interior até a chegada ao destino: Para não ocorrerem problemas com o acondicionamento do produto final embalado, verificar se a mercadoria pode ser transportada a granel, em “containeres”, etc. 4.5. Para Quem Exportar? Vazquez cita ainda que outra decisão importante a ser tomada por uma região é a escolha dos países para destinação de suas mercadorias. Para isso, deverão ser analisados, por exemplo, a localização dos países, a segurança no recebimento dos pagamentos e as exigências de qualidade dos produtos. 34 Além do risco comercial, é preciso que se avalie o risco político, como por exemplo, em nações com instabilidade política e problemas com balança de pagamentos. Quem são nossos concorrentes no mercado alvo? É importante saber quem são os concorrentes para que sejam preparadas estratégias de conquista ou retirada do mercado. Portanto, deve-se conhecer quem são os competidores e quais as possibilidades de cada um; Como funciona o sistema cambial? Se o sistema cambial é centralizado, revela normalmente que o país tem dificuldades com sua balança de pagamentos, demonstrando riscos políticos. Podendo ocorrer, por exemplo, um pagamento por parte do cliente em moeda local, mas o Banco Central não autoriza a conversão e remessa das divisas. Economia fechada e mercado fortemente protegido. Deve ser analisado o custo benefício de se enfrentar barreiras “não tarifárias”, pois obrigam o exportador a verdadeiros artifícios para atingir tal mercado. Estabilidade política aceitável Instabilidade política projeta instabilidade econômica. É importante negociar o recebimento por carta de crédito confirmada por banqueiros de países com credibilidade. 35 5. Rondônia e o acesso ao Mercado Exterior – Cenário atual, dificuldades e barreiras Rondônia possui hoje uma grande perspectiva de crescimento devido a grandes investimentos por parte do Governo Federal e também de empresas que aproveitando-se do bom momento estabeleceram-se na região. Porém para que se mantenha um grau satisfatório de crescimento é necessário desenvolver-se e expandir sua produção e seus mercados. Porém, os empresários encontram dificuldades para investir em qualidade e aumento de produção buscando a exportação devido a diversos fatores, que também dificultam a chegada de empresas que busquem esse mercado externo. Dentre as dificuldades aqui encontradas pode-se destacar a falta de infraestrutura, como dificuldades logísticas para o transporte de mercadorias, com deficiências em suas rodovias, a falta de ferrovias, que seria uma solução para diminuir os custos do produto final, a falta de incentivos para modernização do transporte hidroviário, que é um transporte menos poluente e mais barato e a ineficiência do transporte aéreo, que esbarra em burocracias para implantação de soluções no transporte de cargas. Outros agravantes são a falta de incentivo governamental e a falta de crédito para empresas que busquem o setor exportador, além da falta de planejamento e de certa forma a instabilidade cambial. Sem poder agregar valor aos seus produtos, o estado acaba por continuar a buscar a exportação de matérias primas e bens não manufaturados ou semimanufaturados. Em 2008, por exemplo, de acordo com dados do site jusbrasil.net, os principais produtos exportados foram carnes de bovinos desossadas e congeladas, seguidas de grãos de soja, madeira beneficiada e miúdos bovinos. No ano de 2008 o estado era o quarto estado exportador de carnes de bovinos desossadas e congeladas do país, estando abaixo de São Paulo, Mato Grosso e Goiás. Setor esse, que recebe incentivo através do Programa de Incentivo Tributário (PIT) que permite a isenção de tributos e contribui para que se garanta maior disponibilidade de recursos financeiros às empresas para investimentos na modernização e expansão do parque industrial, e essa 36 concessão de incentivos tributários permite a sobra de recursos para que os empreendedores invistam no crescimento do setor, principalmente na questão de frigoríficos, porém de forma muito tímida ainda. De acordo com o site da SEFIN , no Portal do Governo do Estado, Rondônia tem como destino de seus produtos não apenas os países vizinhos mas também para os Estados Unidos, África, Rússia, Arábia Saudita, Holanda, China, França, Espanha entre outros. Já a Venezuela, Reino Unido, Hong Kong e Malásia são os quatros principais países que importam produtos de Rondônia. 6. Importância da Infraestrutura para Desenvolvimento Regional Para Benitez(1998), as diversas teorias de desenvolvimento regional demonstram a importância da infra estrutura em diferentes níveis, direta, indireta e até mesmo de uma forma mais velada. Cita por exemplo Myrdal (1957), que declara: “Os efeitos propulsivos de expansão econômica existentes nas regiões de um alto nível médio de desenvolvimento, são fortalecidas pela melhoria dos transportes, das comunicações e dos padrões educacionais mais elevados. Como as regiões menos favorecidas não poderiam manter bom sistema de estradas, e todos os outros serviços públicos teriam baixa eficiência, haveria um aumento das desvantagens comparativas.” De acordo com Benitez (apud North), o estágio final de desenvolvimento regional acontece quando a região torna-se especialista em atividades terciárias e passa a produzir também para exportação. É necessário dar uma atenção em especial aos recursos energéticos, além dos custos de transporte, pois ambos têm papel decisivo nesse estágio. Historicamente o desenvolvimento dos meios e formas de transporte tem adquirido papel fundamental no crescimento das exportações e expansão do comércio, pois quanto menor os custos e agilidade no transporte mais competitivo se torna o produto no mercado internacional. Secretaria de Finanças do Estado de Rondônia – www.sefin.ro.gov.br 37 Portanto, o crescimento e desenvolvimento da região só serão alcançados quando houver uma organização de forma consciente da infraestrutura, através de transportes modernos, caminhos menos onerosos, eficiência na comunicação e utilização dos recursos enérgicos, com participação competente do Estado na elaboração de planejamento, investimento e manutenção nesses setores. Nos sistemas de inovação segundo Benitez, deve haver uma combinação entre vocação regional com tecnologia avançada. Para chegar a tal ponto, seria necessário incentivos para criação de fatores de inovação, através da formação de profissionais, criação de parques tecnológicos, desenvolvimento de infraestrutura de comunicação e apoio a projetos inovadores. Para a manutenção desse desenvolvimento seria de extrema importância uma ampliação da cooperação entre as empresas, governo, instituições de pesquisas, para investimento, melhoria e estudo de projetos tecnológicos, educativos ou de infraestrutura. É imprescindível a uma região para o seu crescimento e desenvolvimento, efeitos incentivadores sobre a infraestrutura, pois esta pode gerar um efeito sobre a renda, as disparidades regionais, mobilidade espacial de bens, pessoas, capital e progresso técnico, aumentando assim a capacidade produtiva, além de fomentar a integração regional. O autor cita ainda que as redes de transporte, as redes de comunicações, a oferta de energia e o abastecimento da água, se destacam por seus influentes reflexos nas atividades produtivas, e nas rendas regionais., a infraestrutura representaria portanto, se não o motor, as “rodas “ da atividade econômica. Os transportes tornam-se peças fundamentais nessa visão, tanto para o escoamento da produção quanto para geração de emprego e renda, tendo forte participação, seja ele rodoviário, ferroviário, naval ou aéreo. Podemos afirmar, portanto, que uma melhor dotação em infraestrutura, gera um processo em cadeia. Mais empresas passam a se estabelecer na região em detrimento a regiões menos estruturadas, aumenta a geração de emprego e renda, aumenta a possibilidade de expansão das fronteiras agrícola, maior aproveitamento da terra, as empresas tornam-se mais competitivas, aumenta-se os indicadores socioeconômicos e havendo uma constante nesses 38 investimentos, obtém-se um cenário importante para o desenvolvimento sustentável da localidade. 7. Transformações e Vulnerabilidade do Comércio Hoje todas as nações desejam e buscam progredir economicamente e atingir um grau de industrialização compatível com o das nações desenvolvidas. Porém, para se desenvolverem, todas as nações mantêm determinados controles sobre o seu comércio exterior visando proteger sua industrialização e defender seus mercados e suas reservas de matérias primas. Mesmo os países industrializados utilizam-se de artifícios de protecionismo para salvaguardar seus interesses quando estes se veem ameaçados por produtos importados em detrimento de seu comercio interno. Silva (1999) destaca que, quando um país desenvolve a sua indústria suas exportações e importações vão se modificando. À medida que ele reduz ou paralisa suas importações de certos produtos que passa a produzir, deixa também de exportar matérias primas que são transformadas no próprio país. Porém, essas mudanças criam problemas para os países que perdem mercados e fontes de matérias primas. Portanto, é necessário que os países busquem o desenvolvimento tecnológico e a diversificação de seus produtos e mercados, visto as constantes evoluções nos produtos e no comércio internacional. Podemos citar por exemplo, a criação de novos produtos que substituem com vantagem produtos antigos que eram importantes fontes de divisas para algumas nações. Um exemplo claro é a evolução dos tecidos, com o surgimento dos tecidos sintéticos, estes substituíram em grande parte outros fios, como a lã, o tergal e a seda. Quando uma nação desfruta apenas de crescimento econômico ao invés de desenvolvimento, esta passa por grandes oscilações do mercado, visto que os países desenvolvidos buscando a expansão de suas economias importam mais matérias primas e produtos acabados e exportam capitais, investindo no exterior, porém quando há uma crise, essas importações são reduzidas e, consequentemente, as remessas de capital ao exterior, buscando contornar sua situação interna, o que acarreta em escassez de divisas e grandes dificuldades econômicas a regiões de economias primárias. 39 Há ainda, outras dificuldades que uma região enfrenta atualmente como a escassez de matérias primas e de alimentos, causado pelo crescimento do mercado internacional, o que eleva os preços conduzindo à inflação e prejudicando o comércio exterior. Ainda segundo Silva, há dois fatores básicos que explicam como o comércio exterior favorece o desenvolvimento econômico contribuindo para a elevação do nível de vida da população: As nações não estão igualmente equipadas e em condições de produzir todos os tipos de mercadorias e serviços. Sendo uma mais rica ou mais pobre em certo fator de produção como por exemplo, recursos naturais e/ou mão de obra; Por esse motivo surge uma diferença nos custos de produção de cada país, o que leva a um comércio entre essas nações, pois há certos produtos e serviços com custos menores do que se fossem produzidos internamente. A existência do comércio entre as nações permite a cada país aproveitase de suas aptidões e facilidades e beneficiar-se produzindo aquilo que lhe terá um custo baixo em troca daqueles que tenham um custo elevado, ou seja, cada país tende a produzir de acordo com a combinação de recursos naturais, capital e mão de obra combinados a capacidade empresarial e recursos tecnológicos disponíveis. Mesmo se houvesse igual distribuição de fatores produtivos pelas diferentes regiões do mundo, ainda sim, o comércio internacional seria uma opção plausível, pois permite troca de experiências, especialização, avanços tecnológicos e economias de escala. 8. Perspectivas para o comércio exterior em Rondônia Segundo o economista Valdemar Camata Junior, no Relatório do Perfil Econômico de Rondônia intitulado “Rondônia: Economia e Desenvolvimento”, o estado passa por um momento de grandes oportunidades de crescimento e, sobretudo desenvolvimento sustentável, com o advento de obras e investimentos estratégicos para o Estado de integração não somente com os 40 próprios estados da Região como também dos países vizinhos com um mercado consumidor em torno de 140 milhões de habitantes. Camata destaca ainda em seu relatório, a posição estratégica do estado possibilitando tais investimentos. Rondônia passaria a abastecer toda a região, sendo, portanto um “pivô” de integração do chamado MERCOESTE, mercado que corresponderia às regiões centro-oeste e norte do Brasil somado ao grupo andino e amazônico de países sul americanos. Cabe salientar que para o sucesso desse destacado desenvolvimento é necessário, além da finalização da construção do Complexo de Usinas Hidrelétricas do Rio Madeira e da Estrada para o Pacifico a realização de mais obras e investimentos. Dentre as obras que se destacam nesse contexto estão: A construção de eclusas no Rio Madeira, além de seu aprofundamento visando facilitar a sua navegabilidade para o escoamento da produção regional; Construção de um novo porto em Porto Velho; Construção das pontes sobre o Rio Madeira (p/ Rio Branco e Humaitá) e sobre o Rio Mamoré em Guajará-Mirim, divisa com a Bolívia (área de livre comércio); Construção e instalação de uma Zona de Processamento de Exportação em Porto Velho; Reconstrução da BR 364 com estrutura para suportar o volume de carga com destino ao pacífico a partir de 2010; Construção de um terminal de carga aeroportuária alfandegado, que comporá um sistema multimodal de transporte em Porto Velho; Construção de uma ferrovia de Cuiabá a Porto Velho, Rio Branco e Assis Brasil, na fronteira com o Peru; Início imediato do projeto da Usina Binacional Ribeirão (3000 MW), em Nova Mamoré; Construção do Gasoduto Urucu-Porto Velho. Ainda segundo Camata tais investimentos são necessários para a sustentabilidade do crescimento e desenvolvimento do Estado aliado a políticas 41 de cooperação internacional, levando em consideração um mercado consumidor muito forte de países vizinhos (Chile, Bolívia, Peru, Equador, Venezuela, Colômbia, Guianas e Suriname). Esses países permitirão grande expansão do comércio exterior da região, ampliando as exportações de empresas rondonienses e dos demais Estados. São grandes produtores de matérias-primas e compradores tradicionais de produtos industrializados. A consolidação do Mercosul como bloco comercial liderado pelo Brasil passará, impreterivelmente, pela estruturação do Mercoeste brasileiro, com o estabelecimento de relações comerciais consistentes com esse grupo de países. A chegada aos portos de Ilo e Matarani, no Peru e Arica, no Chile, permitindo-nos o acesso ao Pacífico bem como à rodovia Pan-americana, possibilitará a distribuição dos nossos produtos e fortalecerá o intercâmbio comercial com o grupo. Finda a construção das usinas do Madeira, estará consolidado esse mercado, se desenvolvido com seriedade e responsabilidade, gerando um conjunto de oportunidades sólidas para os empreendedores do Estado, em cujo sucesso reside a manutenção de investimentos, emprego e renda para a população e a conseqüente sustentabilidade da nossa economia. A constituição de um eixo de integração com o mercado andino oportuniza o acesso a produtos regionais necessários, como pescado, alho, azeitona, sal mineral e fosfato, bem como a um patrimônio cultural de valor inestimável, a ser explorado por meio do turismo. Tudo isso confere a essa parceria um enorme potencial de integração regional. Segundo o Relatório “Perfil Socioeconômico Industrial de Rondônia”, elaborado pela FIERO em parceria com o SEBRAE/RO, para consolidar essa integração, é imprescindível a construção de uma infraestrutura básica que inclua estradas em boas condições, comunicação eficiente, integração aérea e desburocratização alfandegária. Os trechos brasileiros que dão acesso ao Peru e à Bolívia pelo Acre e por Rondônia, por exemplo, já estão concluídos, em termos de pavimentação; faltando apenas a construção das respectivas pontes. Isso possibilita ao Estado de Rondônia um mercado potencial que importa a maior parte dos produtos que consome, faltando apenas interesse e arrojo empresarial para exploração desse novo mercado. 42 É necessário ainda a implantação de vôos regulares entre Porto Velho e os principais centros econômicos desses países para consolidar essa relação comercial com o mercado andino. Os aeroportos de Porto Velho e Rio Branco já têm capacidade de receber vôos internacionais, porém, por motivos burocráticos e de certa forma má vontade política, falta incentivos para que o aeroporto possa implantar esses vôos internacionais. Um do motivos é a falta de um terminal de carga aeroportuária alfandegado, levando os passageiros e os produtos a serem obrigados a percorrerem uma distancia maior do que o necessário quando se tratando de transporte aéreo entre os países vizinho e os estados do Acre e Rondônia. Com a regularização de tal empecilho, ocorreria benefícios a diversos setores, dentre eles está o Turismo, aumentando as chances dos brasileiros conhecerem pontos turísticos do altiplano andino, como o Lago Titicaca (a 1.600 km de Porto Velho) e regiões históricas da região como, Macchu Picchu e Vale Sagrado dos Incas, no Peru. O Estado de Rondônia poderá ser a porta de entrada da região que atrairá mais o turismo europeu e norte americano que tem como destino a Amazônia, oferecendo passeios a pontos turísticos como, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré, ao Vale do Guaporé e outras atrações do ecoturismo local. De acordo com Montilha e Daroncho (2009), a globalização trouxe aos países a necessidade de se aproximarem para que se permitam estabelecer uma complementação de suas economias, com uma maior eficiência de seus meios de produção. O Brasil conta hoje com um setor de transportes com deficiências o que torna o custo de seus produtos elevados. Com a estrada para o Pacífico haverá uma redução no trajeto dos produtos brasileiros até os portos asiáticos, que atualmente é Brasil- Estados Unidos- Ásia. Com o acesso a um porto sul-americano do Pacífico, representaria economia em fretes e tempo tornando os produtos brasileiros mais competitivos no mercado Asiático. O Brasil realiza trocas comerciais com países da bacia do Oceano Pacífico que representam dois terços da população da terra. Boa parte dessas trocas comerciais do comércio brasileiro com a Ásia é realizada pelo Canal do Panamá, que pode ser fechado por questões políticas ou conflitos regionais. 43 Além da saída para o pacífico surgir com uma alternativa para escoamento da produção, ela surge também como alternativa de integração nacional dos estados do centro oeste e norte e também com países vizinhos. Outra característica da saída para o pacífico é de aumentar as possibilidades do Brasil, visto que hoje o país conta com três possibilidades de transporte para cargas com destino a Ásia, através do Cabo Horn, Cabo da Boa Esperança e Canal do Panamá, porém este último cobra altas taxas para passagens de embarcações segundo Montilha e Daroncho (2009), além de riscos políticos e conflitos regionais. A figura a seguir mostra uma comparação de saídas partindo de Porto Velho rumo ao Pacífico e outra via Atlântico passando pelo Canal do Panamá, com destino a Ásia. Figura 1 – Saídas para o Pacífico Fonte: Artigo Desenvolvimento de novas rotas para exportação através dos Corredores bioceanicos e a integração sul-americana. 44 Dos corredores estudados como alternativas para o Brasil alcançar o pacífico, passando pelos países vizinhos, há dois que se tornam fundamentais para a integração da região e coloca Porto Velho como peça fundamental: Corredor Porto Velho – Rio Branco – Assis Brasil / Iñapari – Puerto Maldonado – Jualica – Puno – Ilo / Matarani Corredor Porto Velho – Abuña – Guajará – Mirim / Guayaramerim – Caranavi – La Paz – Patacamaya – Tambo Quemado – Arica / Iquique ou Ilo / Matarani Os eixos de integração promovem retorno econômico dos investimentos a serem realizados em infraestrutura. Podendo ser avaliada como um impacto positivo tendo como exemplo a conclusão da BR-174, gerando uma ligação dos Estados da Bacia Amazônica com a Venezuela e o Caribe que gerou um crescimento do comércio inter-regional em cerca de 200%, porém necessita de uma política articulada de desenvolvimento regional, que mostre as possibilidades de investimentos para iniciativa privada e demonstrando o interesse do Governo Federal em tomar decisões políticas para o desenvolvimento. Segundo estudos realizados recentemente pela Universidade de São Paulo-USP e a FGV- Fundação Getúlio Vargas, apontam que a saída para o Pacífico representará um incremento, num universo de dez anos na questão de escoamento da produção de grãos produzidos no Centro-Oeste brasileiro e na Amazônia Ocidental. Induzindo também uma possível colonização através de assentamentos e diminuindo o fluxo aos grandes centros populacionais da região Sul e Sudeste brasileiros, como ocorreu com o Estado de Rondônia na década de 70, aumentando as perspectivas de alavancar os projetos de infraestrutura e agroindústria gerando milhares de empregos. 45 Conclusão Após apresentadas, considerar as relacionando definições PIB, das Balança teorias comercial, econômicas aqui Crescimento e Desenvolvimento Econômico, cabe ressaltar que o Estado realmente passa por um momento positivo na economia, alavancado principalmente por setores como agropecuária e extrativismo em conjunto também por um crescimento da economia nacional. Em um período a partir de 2004 até os dias atuais os indicadores econômicos de Rondônia trazem em sua maioria números positivos, mantendo, por exemplo, um superávit na balança comercial. É necessário, porém, que esses números positivos sejam acompanhados de maiores investimentos em infraestrutura, visto que o estado torna-se carente no setor, apresentando, por exemplo, rodovias em más condições, um porto que trabalha acima de sua capacidade operacional, um aeroporto que por questões burocráticas não implantou ainda um terminal de cargas aeroportuária alfandegado e, ainda, a falta de ferrovias, que juntamente com o transporte hidroviário são aqueles que possuem menores custos, barateando o produto em seu valor final podendo assim ter uma maior competitividade no mercado externo. Outra barreira para os empresários locais é a falta de incentivos através de crédito e de planejamento para aqueles que buscam o mercado externo. É importante que nesse momento de crescimento não somente do Estado mas também do País que haja interesse e planejamento para tornar tal crescimento duradouro, buscando ainda um desenvolvimento socioeconômico, através da expansão do crédito, reforma tributária, planejamento, investimento em infraestrutura, acordos comerciais e ainda, em educação e progresso tecnológico, diversificando assim sua produção obtendo maiores vantagens no mercado internacional. Rondônia hoje, apresenta-se como 3ª maior economia da Região Norte, porém, ainda muito refém do setor público e dos setores da agropecuária, pesca e extrativismo. Tornando-se vulnerável a crises econômicas externas como aconteceu em 2008, com a Crise Imobiliária nos Estados Unidos, quando viu suas exportações caírem, diminuindo assim o saldo do superávit em 2009. 46 O estado que é palco de uma das maiores obras em andamento no mundo – Usinas Hidrelétricas do Complexo Rio Madeira – se vê com perspectivas também de se tornar cidade pólo no corredor em direção ao Pacífico, projeto de integração regional, além de encurtar distancia rumo ao mercado asiatico, buscando se aproximar de Bolívia, Peru, Chile, Equador, Venezuela, Colômbia, Guianas e Suriname, o que seria um grande passo para não sofrer novamente com os danos causados por fim de ciclos econômicos mal planejados e mal executados, não havendo assim uma estagnação econômica nem um colapso de ordem social, vivenciados historicamente pela região. 47 Referência Bibliográfica BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 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