avaliação dos anseios e expectativas dos consumidores do

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ARTUR FREITAS
CARLOE ROSANE
VEZZOLI KAMINSKI
AVALIAÇÃO DOS ANSEIOS E EXPECTATIVAS DOS
CONSUMIDORES DO MERCADO IMOBILIÁRIO
DE ALTO PADRÃO EM CURITIBA-PR
CLAUDIO CESAR FERREIRA
Professor - Engenharia Civil e Engenharia Mecânica - UnicenP/Centro Universitário Positivo
[email protected]
ALINE MORITZ PERUSSOLO
Egresso - Engenharia Civil - UnicenP/Centro Universitário Positivo
[email protected]
da Vinci , Curitiba, v. 3 , n. 1, p. 83-106, 2006
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AVALIAÇÃO DOS ANSEIOS E EXPECTATIVAS DOS CONSUMIDORES DO MERCADO IMOBILIÁRIO ...
RESUMO
A intensa competição entre as organizações tem feito com que os seus gestores procurem conhecer as expectativas das pessoas relativas aos produtos e serviços. Assim sendo,
objetiva-se, com este trabalho, contribuir com os gestores das organizações do segmento da
construção civil, pois ele retrata o resultado de uma pesquisa feita na cidade de Curitiba-PR
que revelou os atributos desejados pelos consumidores quando se encontram em meio a uma
decisão de compra de um apartamento de alto padrão. Fundamentada em conceitos propostos por renomados autores da área de marketing, a pesquisa foi composta por duas partes
distintas: a primeira, de cunho qualitativo, permitiu a composição de um imóvel denominado
“básico”; a segunda, de cunho quantitativo, permitiu a determinação de um ranking dos atributos, por ordem decrescente de importância, bem como o valor financeiro que os consumidores estavam dispostos a investir adicionalmente ao imóvel “básico”. Como os questionários utilizados contemplavam dados pessoais dos respondentes, foi possível tabulá-los e chegar
a conclusões, separadamente, por faixa de renda familiar, diferença de sexo e faixa etária.
Palavras-chave: Marketing na construção civil; expectativas dos consumidores.
ABSTRACT
The intense competition among organizations has made their managers get well
informed about people’s expectations considering products and services. Regarding that matter,
this work provides contribution to managers of the civil construction companies, once it
portrays the results of a research which was undertaken in Curitiba, Paraná and reveals the
consumers´ most important concerns when purchasing a high standard apartment. Such
research, which was based on concepts proposed by well-known authors from the marketing
area, is composed of two parts: the first one, which has qualitative characteristics, permitted
the composition of a real state unit known as ‘basic’; the second one, which has quantitative
characteristics, permitted the determination of a ranking of attributes, in descending order
of importance, as well as the financial value that the consumers were willing to invest in
addition to the ‘basic’ real state unit. The used questionnaires contemplated the personal data
of the interviewed people, and it was possible to list them and come to conclusions separately,
concerning family income, age and sex.
Key words: Civil construction marketing; consumers’ expectations.
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CLAUDIO CESAR FERREIRA E ALINE MORITZ PERUSSOLO
AVALIAÇÃO DOS ANSEIOS E EXPECTATIVAS DOS
CONSUMIDORES DO MERCADO IMOBILIÁRIO
DE ALTO PADRÃO EM CURITIBA-PR.
CLAUDIO CESAR FERREIRA / ALINE MORITZ PERUSSOLO
1 INTRODUÇÃO
Embora a competitividade entre as organizações não seja algo recente, jamais se viu
tamanha e tão acirrada competição comercial como a observada no final século XX e neste
início do século XXI.
Tal competitividade tem feito com que as organizações revejam seus verdadeiros papéis na sociedade, procurando trabalhar de forma a conquistar vantagem competitiva face à
concorrência e, por conseqüência, tornarem-se mais longevas (DRUCKER, 1995).
Diante deste desafio, vários estudos relativos aos fatores que interferem na
competitividade das organizações, bem como nas suas longevidades, têm sido desenvolvidos
por diversos estudiosos de modo a contribuir com os gestores das organizações no sentido de
torná-las mais eficientes e eficazes.
No Brasil, em particular, a competição entre as organizações começou a ser mais
nitidamente observada a partir da década de 1990, quando o seu então Presidente ampliou as
fronteiras do mercado brasileiro, expondo-o à competição com as maiores e melhores organizações de todo o mundo.
Sem dúvida alguma, a abertura do mercado brasileiro fez com que as organizações
nacionais sentissem o impacto da forte concorrência internacional, gerando, desta forma,
uma urgente necessidade de reação, uma vez que as organizações brasileiras de grande porte
começaram a perder os seus clientes para as grandes concorrentes e as micro e pequenas
organizações não apresentavam a qualidade e produtividade requeridas para fornecer produtos e serviços para as grandes organizações multinacionais.
No afã de melhorar a qualidade e produtividade das organizações brasileiras, as autoridades governamentais e empresariais brasileiras empregaram esforços no sentido de aplicar
os conselhos dados pelos denominados “gurus” da qualidade que vieram ao Brasil nos anos
80, dentre os quais William E. Deming, Philip Crosby, entre outros (BARÇANTE,1998).
A despeito de todo o esforço para melhorar a competitividade das organizações brasileiras, observa-se que ele não se mostrou suficiente, haja vista o alto índice de mortalidade
das organizações, segundo mostrou a pesquisa feita pelo SEBRAE em 1999, intitulada “Fatores Condicionantes e Taxa de Mortalidade de Empresas”, a qual revelou que mais de 50% das
organizações brasileiras encerram suas atividades até o término do primeiro ano de vida.
Embora estes índices de mortalidade estejam relacionados às organizações brasileiras
ligadas aos mais diversos setores da economia, merecem destaque aquelas organizações que
estão ligadas aos segmentos apontados por COUTINHO e FERRAZ (1994) como sendo de
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baixa qualidade e produtividade (como, por exemplo, a construção civil), pois estão mais
suscetíveis a uma mortalidade “precoce”.
Tendo em vista a importância da construção civil na composição do produto interno
bruto brasileiro, bem como na geração de empregos, autoridades governamentais e empresariais têm envidado esforços no sentido de melhorar a qualidade e produtividade das organizações ligadas a este setor. Como resultado deste esforço, destaca-se a criação do Programa
Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H), pois preconiza práticas de
gestão que, se implementadas, contribuem para o sucesso das organizações.
Dentre os princípios de boa gestão preconizados pelo PBQP-H ressalta-se o “foco no
cliente”, no qual os gestores são motivados a conceber e implementar sistemas de gestão que
propiciem o atendimento cabal das expectativas dos clientes.
Partindo do princípio de que para se atender às expectativas dos clientes é necessário,
primeiramente, que as organizações busquem conhecer as suas verdadeiras necessidades e
desejos (KOTLER, 1998), este texto busca contribuir com os gestores das organizações da
construção civil, na medida em que revela o resultado de uma pesquisa feita em 2004, na
cidade de Curitiba-PR, relativa às expectativas dos clientes no que diz respeito aos atributos
(características) que eles esperam encontrar em apartamentos residenciais de alto padrão quando
se encontram em meio a uma decisão de compra, bem como o quanto estão dispostos a
investir para tê-los em seus imóveis.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A Vantagem Competitiva
Tendo em vista que a vantagem competitiva é fundamental para a sobrevivência das
organizações (PORTER, 1989), é natural que os gestores passem a buscar conhecimentos
relativos às variáveis que interferem na competitividade a fim de traçarem novas estratégias
para as suas organizações.
Diante disso, a partir do final do século XX, vários estudos têm sido feitos no intuito
de explicar as razões pelas quais algumas organizações atingem uma posição de sucesso e
outras, em contrapartida, não alcançam êxito em suas operações.
Embora existam diversos fatores que interferem na competitividade das organizações,
autores de renome, tais como Bateman e Snell (1998), destacam que as organizações podem
alcançar vantagem competitiva face à concorrência sendo mais inovadoras ou, ainda, sendo
mais velozes, apresentando custos operacionais inferiores e apresentando mais qualidade do
que seus concorrentes.
As organizações que optam por alcançar vantagem competitiva via “inovação” necessitam, fundamentalmente, estar lançando produtos e serviços diferenciados, o que requer
criatividade, bem como investimentos financeiros em pesquisa e desenvolvimento, pois o
ciclo de vida das tecnologias está se tornando cada vez mais curto, fazendo com que as
tecnologias caiam em obsolescência em curto espaço de tempo.
De semelhante modo, a vantagem competitiva via “velocidade” exige investimentos
por parte das organizações na otimização dos seus processos produtivos e de logística, uma
vez que elas devem ser capazes de processar e entregar mais produtos na unidade de tempo
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comparativamente aos seus concorrentes, respondendo rapidamente às necessidades de seus
clientes.
O alcance da vantagem competitiva via “redução de custos”, por seu lado, implica a
necessidade das organizações implementarem métodos e sistemas tais que viabilizem o aumento da produtividade, fazendo, desta forma, com que as organizações apresentem produções crescentes sem, entretanto, aumentarem os recursos necessários numa mesma
proporção. Uma vez operando com custos reduzidos, as organizações podem oferecer
produtos e serviços a um valor mais baixo aos seus clientes e, ao mesmo tempo, salvaguardar os seus lucros.
Por fim, as organizações que optam por alcançar vantagem competitiva através da
qualidade de seus produtos e serviços, são “obrigadas” a estar atentas às necessidades,
desejos e comportamento dos consumidores, buscando conhecer os atributos do produto ou serviço que eles (os consumidores) mais consideram quando se encontram em
meio a uma decisão de compra (ENGEL, 2000).
Considerando que o termo “qualidade” é de difícil definição, uma vez que depende do ponto de vista de quem avalia o produto ou serviço (BARÇANTE, 1998), as organizações acabam optando por alguma dimensão da qualidade que as diferenciem dos
seus concorrentes, tais como: o desempenho, a durabilidade, a confiabilidade, a conformidade e a estética, entre outras, a qual deve ser adotada quando do estabelecimento do
planejamento estratégico das organizações.
2.2 Planejamento Estratégico
Embora o planejamento estratégico, enquanto “assunto” na gestão de organizações, venha sendo discutido desde a década de 1950 (WRIGHT, 2000), constata-se que
ele ganhou relevância entre os gestores a partir da década de 1980, haja vista a acirrada
competição observada entre as organizações. Diante disso, os gestores vislumbraram a
possibilidade de tornarem as suas organizações mais competitivas mediante a elaboração
e implementação de um planejamento estratégico, acreditando que ele, desde que elaborado e implementado com esmero, seria capaz de remeter as organizações ao sucesso.
Tal ponto de vista parece ser coerente, na medida em que é endossado por vários
estudiosos dos fatores que interferem na longevidade das organizações, dentre os quais
COLLINS e PORRAS (1995), que destacam a determinação da visão, missão e valores
organizacionais como sendo prática de gestão adotada pelas organizações denominadas
por eles de “visionárias”.
Para se conceber um planejamento estratégico, além da determinação da visão,
missão e valores organizacionais, os gestores devem dedicar-se às atividades de
mapeamento do ambiente externo e interno às organizações, a fim de detectarem as
oportunidades e as ameaças aos seus negócios, bem como os seus próprios pontos fortes
e fracos, para, a partir deste ponto, definirem metas, políticas e estratégias (OLIVEIRA,
1997).
Tendo em vista que a elaboração de um planejamento estratégico não consiste
numa tarefa simples, é recomendável que alguns princípios sejam obedecidos quando da
sua execução, pois, assim sendo, haverá uma maior probabilidade de se remeter as organizações a uma posição de sucesso.
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Por princípio, Oliveira (1997) recomenda que o planejamento estratégico seja concebido de maneira participativa, pois, assim sendo, ele tenderá a ser mais amplo e completo
comparativamente a outro concebido por uma única “cabeça”. Além disso, recomenda o
autor que o planejamento estratégico seja concebido de modo coordenado, permanente e
integrado, contemplando, desta forma, todas as áreas das organizações.
No que diz respeito à referida integração, destaca-se a importância do planejamento
estratégico ser desdobrado em planos de produção, compras, recursos humanos, sistemas de
informação, financeiro, distribuição e marketing (WESTWOOD, 1996), pois, desta forma,
cada setor ou função poderá dar o seu quinhão de contribuição para que as organizações
alcancem os seus maiores objetivos.
2.3 Plano de Marketing
Uma vez que as “visões” declaradas pelas organizações quase sempre apresentam um
apelo mercadológico bastante nítido, é natural que o plano de marketing ganhe importância
nas organizações, uma vez que, além dos objetivos de marketing, deve conter todas as estratégias mercadológicas a serem implementadas pelas organizações.
Para se conceber um plano de marketing, é necessário que sejam cumpridas todas as
fases do “processo” de marketing, o qual consiste na determinação de oportunidades de
marketing, na definição do público-alvo, na determinação do composto de marketing e, finalmente, na administração do esforço de marketing (KOTLER, 1998).
A detecção das oportunidades de marketing deve ser feita com base no mapeamento
do ambiente externo às organizações, ou seja, à luz de fatos de cunho social, cultural,
tecnológico, econômico, político, demográfico e ecológico que representem oportunidades
de negócios para as organizações (KOTLER, 1998).
Uma vez detectada a oportunidade de marketing, deve-se definir o público-alvo para
quem as organizações desejam vender os seus produtos e serviços, determinando-se suas
necessidades, desejos e comportamento enquanto consumidores.
Conhecendo-se as necessidades, desejos e comportamento do público-alvo, é possível
estabelecer o denominado “composto” de marketing, ou também vulgarmente chamado de
“4Ps” do marketing (Produto, Preço, Praça e Promoção), o qual representa as estratégias de
marketing das organizações.
Com relação ao produto, há que se estabelecer a sua forma, cor, tamanho e demais
características; quanto ao preço, há que se determinar o preço final, a forma de pagamento, os
descontos e demais condições de crédito; quanto à praça devem ser determinados a distribuição e pontos de venda dos produtos e serviços; na promoção devem ser determinadas todas
as ações que promovem os produtos e serviços, tais como as propagandas e demonstrações.
Por fim, deve-se administrar o esforço de marketing que consiste na avaliação sistemática de verificação do alcance dos objetivos fixados quando do planejamento das ações
marketing.
Embora todas as fases do processo de marketing sejam importantes, merece destaque
a determinação do público-alvo, bem como de suas necessidades, desejos e comportamento
enquanto consumidor, tendo em vista que torna-se difícil vender um produto ou serviço de
boa qualidade mas que não foi concebido à luz das necessidades e desejos de um determinado
público-alvo.
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CLAUDIO CESAR FERREIRA E ALINE MORITZ PERUSSOLO
De maneira mais específica ainda, é necessário saber quais são os atributos que os
consumidores esperam encontrar num determinado produto ou serviço, pois, desta forma, as
organizações poderão concebê-los de tal forma que apresentem os referidos atributos.
No que diz respeito aos atributos dos produtos e serviços, há que se fazer uma pesquisa de marketing a fim identificá-los e classificá-los de acordo com a importância que representam para os consumidores em “ganhadores de pedido”, que representam grande importância
para os consumidores, “qualificadores”, os quais representam relativa importância para os
consumidores e “menos importantes”, os quais são quase desprezíveis sob o ponto de vista
dos consumidores (SLACK et al.,1996).
2.4 Pesquisa de Marketing
Dentro de um ambiente mercadológico caracterizado por crescente competitividade
entre as organizações, bem como pela busca de redução de custos operacionais, a pesquisa de
marketing tem se tornado um eficaz instrumento para a tomada de decisões por parte dos
gestores (MALHOTRA, 2001).
Para que as pesquisas de marketing sejam realizadas de modo a contribuir efetivamente
para o sucesso das organizações, é necessário que sejam cumpridas todas as fases do chamado
“processo de pesquisa”, quais sejam: 1) definição do problema e objetivos da pesquisa; 2) desenvolvimento do plano de pesquisa para a coleta de dados; 3) implementação do plano de pesquisa, coleta e análise dos dados; 4) apresentação e interpretação dos resultados (KOTLER, 1998).
O problema de pesquisa consiste numa pergunta, cuja resposta é desconhecida e relevante para o pesquisador. Uma vez determinado o problema de pesquisa, deve-se determinar
o(s) objetivo(s) da própria pesquisa, o que no caso do marketing, pode estar relacionado à
determinação da satisfação dos consumidores, bem como às suas expectativas e comportamento, além da mensuração da oferta e demanda do mercado (SAMARA e BARROS, 2002).
Embora muitos aspectos tenham que ser considerados quando do planejamento de uma
pesquisa, pode-se dizer que o plano da pesquisa é composto, fundamentalmente, pela determinação do tamanho da amostra a ser pesquisada, bem como pela estruturação do instrumento de
coleta de dados (questionário) a ser utilizado com a respectiva forma de preenchimento do
instrumento.
Quanto ao formato do instrumento de coleta de dados (questionário) a ser utilizado, o
pesquisador deve observar a classificação da própria pesquisa, a qual pode ser de cunho qualitativo ou de cunho quantitativo, sendo que, no primeiro caso, as perguntas são do tipo “nãoestruturadas”, ou seja, sem apresentar alternativas e/ou opções de respostas e, no segundo caso,
são “estruturadas”, ou seja, formuladas de modo a fornecer alternativas e/ou opções de respostas aos respondentes (SAMARA e BARROS, 2002).
A implementação da pesquisa consiste na sua efetiva realização, podendo ser feita mediante entrevistas, aplicação de questionários respondidos diretamente pelo pesquisado ou pelo
pesquisador.
A tabulação dos dados consiste numa “contagem” e apuração de freqüências de aparição de opiniões que comumente são expostas em forma de quadros, tabelas, gráficos e figuras.
Por fim, a interpretação dos dados consiste na demonstração das conclusões da pesquisa
e deve, obrigatoriamente, demonstrar claramente que os objetivos propostos foram cabalmente atingidos.
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3 MÉTODO
3.1 Plano Metodológico Sintético
Para se chegar aos objetivos estabelecidos, foi concebido um plano de pesquisa composto por duas pesquisas distintas, sendo a primeira de cunho qualitativo e a segunda de
cunho quantitativo.
A pesquisa qualitativa consistiu na busca da detecção dos atributos “ganhadores de
pedido”, “qualificadores” e “menos importantes” que o público-alvo (de forma grupal e
dividido por sexo, idade e renda familiar) considera quando está em meio a uma decisão de
compra de um imóvel residencial de alto padrão.
Uma vez de posse dos resultados da pesquisa qualitativa, foi concebido um “construto”,
o qual foi utilizado como instrumento para a realização da pesquisa quantitativa, cujo objetivo
era o de determinar (quantitativamente) quais atributos o público-alvo (de forma grupal e
dividido por sexo, idade e renda familiar) esperava encontrar nos imóveis, bem como o quanto estava disposto a pagar por eles.
3.2 A Pesquisa Qualitativa
Por se tratar de uma pesquisa destinada à detecção dos anseios e expectativas dos
consumidores com relação aos imóveis residenciais de alto padrão, o público-alvo da pesquisa foi o grupo de pessoas que compõem as classes denominadas por (KOTLER, 1998) de
“alta-alta” e “alta”.
Desta forma, determinou-se que as pessoas que comporiam as referidas classes seriam aquelas cuja renda fosse maior ou igual a dez mil reais, tendo em vista a exigência dos
bancos para concessão de financiamento máximo para a compra de imóveis pelo chamado
“Sistema Financeiro da Habitação”.
Uma vez determinado o público-alvo, partiu-se para a pesquisa propriamente dita, a
qual foi realizada ao longo do mês de agosto de 2004, mediante a submissão de um questionário
a 68 respondentes, o qual contemplava questões relativas aos dados pessoais (nome, sexo, faixa
etária e faixa salarial da família), além dos atributos considerados “ganhadores de pedido”,
“qualificadores e “menos importantes” sob o ponto de vista do respondente quando encontrava-se em meio a uma decisão de compra de apartamento residencial de alto padrão.
3.3 A Pesquisa Quantitativa
Partindo-se dos atributos elencados pelos 68 respondentes da pesquisa qualitativa,
pôde-se verificar que eles (em média) consideraram fundamental que o imóvel apresentasse
boa localização, área entre 300 m2 e 500 m2, boa insolação e bom lay-out (planta baixa).
A partir deste momento, denominou-se este imóvel de “básico” e partiu-se para a
detecção da relevância que o público-alvo reputava aos demais atributos elencados pelos 68
respondentes da pesquisa qualitativa.
Para tanto, foi submetido um segundo instrumento de coleta de dados a outros 46
respondentes (não-participantes da pesquisa qualitativa), cuja estrutura contemplava os demais atributos elencados na pesquisa qualitativa, além dos dados pessoais dos respondentes.
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Neste instrumento de coleta de dados, o(a) respondente deveria assinalar com um “X”
os atributos adicionais que ele(a) gostaria de agregar ao imóvel denominado “básico”, considerando, para tanto, o custo em unidades monetárias que tal(is) atributo(s) representaria(m) a mais
em relação ao custo imóvel “básico”.
Para se chegar ao custo dos atributos adicionais, foram consultadas três construtoras de
renome na cidade de Curitiba-PR e determinou-se a média aritmética entre elas. Assim sendo,
estabeleceu-se que o imóvel “básico” apresentava um custo total hipotético de $100,00 (cem
unidades de moeda) e cada um dos atributos apresentava o custo destacado no próprio instrumento de coleta de dados (também em unidades de moeda), conforme a tabela 1 a seguir:
Tabela 1 - Atributos e seus respectivos custos médios (continua).
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Tabela 1 - Atributos e seus respectivos custos médios (conclusão).
Uma vez que os instrumentos de coleta de dados foram preenchidos pelos 46 participantes da pesquisa quantitativa, procedeu-se o cálculo do valor médio que o público-alvo
estava disposto a investir para ter os atributos agregados ao imóvel “básico”.
Além disso, foram apurados os atributos mais e menos mencionados pelo públicoalvo a serem agregados aos imóveis, tanto de maneira geral, bem como de maneira separada
por sexo, faixa etária e faixa de renda familiar.
4 APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
4.1 Pesquisa Qualitativa
Os resultados da pesquisa qualitativa foram apurados mediante a leitura, interpretação
e contagem da aparição dos atributos mencionados pelos 68 respondentes, respeitando-se as
diferentes faixas de renda familiar, bem como a classificação dos atributos (“ganhadores de
pedido”, “qualificadores” e “menos importantes”), sendo que os mais mencionados estão
demonstrados nas tabelas 2, 3 e 4 a seguir:
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Tabela 2: Síntese dos atributos para renda familiar entre R$ 10.000,00 e R$ 15.000,00.
Tabela 3: Síntese dos atributos para renda familiar entre R$ 15.000,00 e R$ 20.000,00.
Tabela 4: Síntese dos atributos para renda familiar acima de R$ 20.000,00.
Analisando-se as tabelas 2, 3 e 4, pode-se constatar que os atributos “localização”,
“insolação” e “planta baixa” (lay-out) foram os mais citados como “ganhadores de pedido” nas três faixas de renda familiar, seguidos dos atributos “acabamento”, “conforto” e
“comodidades adicionais” que foram citados como “ganhadores de pedido” e
“qualificadores”.
Merece destaque o fato do “preço” ter sido citado como “ganhador de pedido”
pelas pessoas que têm rendas inferiores, bem como “menos importantes” pelas pessoas
mais abastadas (com renda familiar acima de vinte mil reais).
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4.2 Pesquisa Quantitativa
Os resultados da pesquisa quantitativa foram apurados mediante contagem da freqüência com que os respondentes assinalaram os respectivos atributos no instrumento de
coleta de dados.
Os valores médios que os respondentes mostraram-se dispostos a investir para terem
os atributos agregados ao imóvel “básico” (tanto de maneira geral, como de forma separada
por renda familiar, sexo e faixa etária), bem como o próprio ranking dos atributos, encontram-se, respectivamente, nas tabelas 5, 6, 7, 8 e 9 a seguir:
Tabela 5 - Valor agregado ao imóvel “básico” por respondente.
A partir da análise da tabela 5, constata-se que os respondentes estão dispostos a
investir, em termos médios, o valor de $ 58,32 a mais no imóvel “básico”, de modo que este
apresente os atributos adicionais por eles desejados.
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CLAUDIO CESAR FERREIRA E ALINE MORITZ PERUSSOLO
Tabela 6 - Valor agregado ao imóvel “básico” por renda familiar.
De 10.000 a 15.000 reais
$ 68,2
$ 51,9
$ 26,2
$ 58,7
$ 58,6
$ 19,5
$ 65,1
$ 60,4
$ 83,9
$ 99,4
$ 76,5
$ 17,5
$ 14,4
MÉDIA = $ 53,87
De 15.000 a 20.000 reais
$ 87,6
$ 72,5
$ 52,7
$ 67,7
$ 78,0
$ 41,0
$ 57,4
$ 40,8
$ 84,7
$ 76,7
$ 70,0
$ 25,0
$ 27,7
$ 42,8
MÉDIA = $ 58,90
Mais de 20.000 reais
$ 38,2
$ 79,2
$ 49,3
$ 66,5
$ 24,0
$ 78,9
$ 60,4
$ 69,3
$ 52,8
$ 65,4
$ 44,0
$ 25,3
$ 49,8
$ 54,7
$ 69,3
$ 83,9
$ 70,7
$ 80,9
$ 95,2
MÉDIA = $ 60,94
A partir da análise da tabela 6, constata-se que as pessoas mais abastadas estão mais
dispostas a investir para terem os atributos desejados em seus imóveis, haja vista que a média
foi igual a $ 60,94, sendo que nas outras duas faixas de renda as médias foram menores.
Tabela 7 - Valor agregado ao imóvel “básico” por sexo.
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A partir da análise da tabela 7, constata-se que praticamente não há diferença entre as
opiniões dos 21 homens e das 25 mulheres participantes da pesquisa, pois as médias foram
iguais a 58,55 e 58,12, respectivamente.
Tabela 8 - Valor agregado ao imóvel “básico” por faixa etária.
A partir da análise da tabela 8, constata-se que os respondentes com idades compreendidas entre 40 e 50 anos revelaram-se dispostos a investir mais recursos financeiros para
terem os atributos vinculados ao imóvel “básico”, comparativamente aos respondentes representantes das demais faixas etárias.
Tabela 9 - Ranking dos atributos por freqüência de escolha (Continua).
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Tabela 9 - Ranking dos atributos por freqüência de escolha (Conclusão).
A partir da observação da tabela 9, pode-se verificar o ranking dos 50 atributos avaliados na pesquisa quantitativa, o qual revelou que os respondentes reputam alta importância à
existência de vidros duplos nos imóveis e mecanismos de segurança e, em contrapartida,
reputam baixa importância à existência de pontos para TV a cabo, tanto na cozinha como no
quarto de empregada e telefone no quarto da empregada.
5 CONCLUSÕES
Considerando-se a relevância de se conhecerem as necessidades, os desejos e o comportamento das pessoas enquanto consumidoras, este trabalho presta a sua contribuição para
as construtoras civis que atuam na cidade de Curitiba-PR, na medida em que revela as expectativas dos consumidores quando se encontram em meio a uma decisão de compra de apartamento de alto padrão.
Mediante a contribuição direta de 114 pessoas que preencheram os instrumentos de
coleta de dados (68 na pesquisa qualitativa e 46 na pesquisa quantitativa), foi possível fazer a
inferência de que as pessoas esperam (em termos básicos) que os apartamentos apresentem
uma boa planta baixa, com área média de 400 m2, com boa localização e insolação, pois
apontaram estes requisitos como sendo “ganhadores de pedido”.
Além disso, pode-se inferir que as pessoas estão dispostas a investir, em termos médios, 58,32% a mais sobre o valor do imóvel “básico”, desde que os atributos agregados sejam
aqueles que elas julgam relevantes, tais como: o vidro duplo com isolamento termo-acústico
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e mecanismos de segurança, não justificando, entretanto, o investimento das construtoras em
atributos menos valorizados, tais como: a existência de pontos de TV a cabo na cozinha e
quarto de empregada e ponto de telefone no quarto da empregada.
Pelo fato de terem sido coletados alguns dados pessoais dos respondentes, foi possível, também, tabular os dados separadamente por renda familiar, sexo e faixa etária, o que
permitiu o conhecimento de diferentes pontos de vista.
No que diz respeito à renda familiar, constatou-se que as pessoas, cujas rendas são
superiores, estão dispostas a investir maiores valores em atributos adicionais comparativamente àquelas menos abastadas.
Quanto à diferença de sexo, entretanto, pode-se dizer que praticamente não houve
diferença entre os pontos de vista, pois os homens e as mulheres estão dispostos a investir,
respectivamente, 58,55% e 58,12% a mais sobre o imóvel “básico” para poderem equipar os
seus imóveis com os atributos adicionais.
Por fim, com relação à variação da faixa etária, constatou-se que as pessoas cujas
idades variam 40 e 50 anos estão dispostas a investir valores maiores pelos atributos adicionais comparativamente às demais faixas etárias.
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CLAUDIO CESAR FERREIRA E ALINE MORITZ PERUSSOLO
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AVALIAÇÃO DOS ANSEIOS E EXPECTATIVAS DOS CONSUMIDORES DO MERCADO IMOBILIÁRIO ...
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