3º BIMESTRE - 2016 Disciplina: História Série: 1º Ano Professor: Otto Terra TEXTO BASE: Roma Antiga – Império (27 a.C. – 476) Divide-se em duas fases: Alto Império (séc. I a.C. ao séc. III) Baixo Império (séc. III ao séc. V) ALTO IMPÉRIO O período do Alto Império Romano é caracterizado pela fase de maior expansão territorial e pela concentração de poder nas mãos dos imperadores. Aliados a estes dois fatos, considera-se o aumento substancial do número de escravos (em primeiro momento), uma enorme circulação de mercadorias em todo o domínio romano (gerando, inclusive, queda do preços desses produtos) e o inchaço populacional dos centros urbanos. Outro dado importante é que a partir do governo dos generais romanos houve uma reestruturação da sociedade que, intensificado o processo de expansão, passou a ser organizada de forma militarizada, obedecendo a uma hierarquia vertical em que o poder era concentrado nas mão do Imperador (chefe supremo do exército), seguida dos generais (que eram subordinados ao Imperador), os soldados (que eram o braço armado do Estado) e por fim, a sociedade civil, composta por homens livres (romanos ou estrangeiros) e escravos. Desta forma, a organização social do Império Romano passou a ser dividida, basicamente, em três ordens: SENATORIAL – superiores (ligados ao exército) EQUESTRES - comerciantes INFERIORES – inferiores (sem poder) - Neste sentido, o exército passou a ser a principal instituição do Império, fazendo com que refletisse na sociedade uma rígida organização baseada em suas 3º BIMESTRE - 2016 Disciplina: História Série: 1º Ano Professor: Otto Terra características. Outro fator característico do período é a personificação do poder por parte dos imperadores, isto é, a figura dos imperadores incorporavam o próprio Estado e suas vontades confundiam-se com a vontade do Estado – de modo que a própria sociedade estava a sua mercê. Levando em consideração esta última característica, algumas correntes historiográficas percebem no modelo sociopolítico do antigo império romano os embriões do que seria chamado séculos à frente de totalitarismo, ou seja, o controle total do Estado sobre as esferas pública e privada. No entanto, quebrando a lógica (necessária) da expansão romana, a partir do final do II passou a se valer em Roma uma política denominada de Pax Romana em que houve a diminuição substancial de sua expansão – causada, principalmente, por fatores internos. Ou seja, devido à grande expansão do Império Romano, os generais romanos, que acumulavam a posse das terras conquistadas, passaram a deter imensas propriedades, tornando o acumulo de novas áreas desinteressante. Cabe ressaltar, para maior entendimento, que embora o Imperador detivesse o controle dos exércitos, eram os generais que financiavam as guerras, sendo imputado a eles o pagamento de todos os custos da guerra. Assim, após as conquistas, tendo os generais pagado as tropas, como retorno do investimento, eles passavam a deter a posse de novas terras. Assim sendo, na lógica dos generais, a medida em que o Império se expandia, os custos para patrocinar as tropas, cresciam substancialmente, não compensando em sua ótica, a mesma dinâmica anteriormente empregada. No entanto, a estrutura econômica romana dependia cada vez mais dessa expansão, pois não havia uma política de reprodução das riquezas (característico do capitalismo) e é neste contexto que Roma chegaria ao seu auge – mas também começaria já no século seguinte a declinar. Paralelamente a estes fatores, é fundamental citar como característica do Alto Império o surgimento do cristianismo (a partir do século I) – em que a doutrina propagada por Cristo e seus discípulos se opunham ao do Império Romano. Cabe ressaltar que esta oposição se dava no campo ideológico e teológico – pois, o cristianismo rompia, em primeira instancia, com o paganismo romano (politeísta) – ao celebrar culto a um único deus. Outro dado é que também se questionava no cristianismo a divindade imperial (Augustus), além da contraposição do cristianismo (valores espirituais) ao paganismo romano (materialismo). Essas ideias trazidas pelo cristianismo passaram a frutificar em um solo fértil – promovido pelos grandes disparidades sociais – e tais valores começaram a ser adotados por grande parte da população, principalmente, entre a plebe. Como resposta a este movimento, o Estado romano passou a promover o combate feroz 3º BIMESTRE - 2016 Disciplina: História Série: 1º Ano Professor: Otto Terra aos cristãos, utilizando-se do seu extermínio maciço nas grandes arenas que funcionavam tanto como uma tentativa de coação dos inimigos de Roma, como também como uma distração útil ao Estado sobre a massa de plebeus sujeitos à miséria, à fome, ao desemprego e às violências dos centros urbanos, funcionado como um controle social – a chamada política do Pão e Circo – que fora ampliada no Império. Neste ponto, cabe ressaltar que a política do Pão e circo além desta função de controle social do Estado sobre a população, funcionava também como um agente aglutinador – uma vez que dava a sensação à plebe de que faziam parte de um povo (romanos), de que compartilhavam a mesma glória – diminuindo a sensação de pobreza, mas sem gerar a emancipação social propriamente dita, de que se faziam (todos) superiores sobre outros povos e que, portanto, deveriam manter-se unos: Tal política em si, carregava em sua estrutura a gene de um Estado centralizado. BAIXO IMPÉRIO A partir do século III – após o fim das expansões – começou haver em Roma uma desestruturação da hierarquia militar. Os generais romanos – já enriquecidos e donos de vastas propriedades passaram a contestar o poder do Imperador. Como consequência, o exército começou um processo de fragmentação e as tropas – fiéis a seus generais – passaram a desocupar áreas de fronteiras do Império e passaram a proteger as terras de seus generais – contrapondo-se às ordens do Imperador. Esse movimento favoreceu não somente a instabilidade política e militar, como também, propiciou o começo de uma série de invasões de povos vizinhos – chamados de bárbaros pelos romanos. Estes generais passaram a ofertar pequenas áreas de suas propriedades a componentes de seus exércitos para garantir a fidelidade das tropas e a proteção de suas terras. Com isso, começou haver a perda de territórios (colônias) por parte do Império (principalmente, nas regiões fronteiriças) e que levariam a um outro problema: a diminuição sistemática da comercialização de produtos dentro do Império – favorecendo o aumento dos preços (inflação) e a desvalorização da moeda – o que traria de volta a pratica da troca de mercadorias (escambo) e o abandono gradual das moedas. Nesta perspectiva, houve a volta da produção de subsistência, buscando “garantir” produtos básicos entre a população – fazendo com esta prática se expanda pelo período. Outro problema característico do período foi a queda substancial do número de escravos – base do Império. Como não havia mais o expansionismo os ex pequenos proprietários de terras que haviam perdido suas posses para os grandes 3º BIMESTRE - 2016 Disciplina: História Série: 1º Ano Professor: Otto Terra latifundiários passaram a poder trabalhar nessas terras em troca impostos. Outra medida foi a adoção do colonato em que os donos das grandes terras (generais) ofereciam à população empobrecida (incluindo plebeus e escravos) o uso das terras, proteção militar e parte da produção em troca de fidelidade, impostos (obrigações) e do restante dos produtos que produzirem. Este movimento, alinhado às constantes invasões bárbaras que se intensificavam, fez com que houvesse um maciço êxodo urbano – que era o abandono das cidades para os campos, formando a ruralização da economia romana – estava estabelecido as bases do que viria a ser o feudalismo e gradualmente, existiria o abando do modo de produção escravista para o modo de produção feudal – baseado na servidão. Outra característica para do período foi a intensificação do cristianismo – propagado principalmente entre os plebeus (muitos deles soldados) – que trazia valores divergentes aos de Roma (já visto). Como uma forma de contornar esta situação, o Imperador Constantino, em 315 criou o Édito de Milão – que autorizava a liberdade de culto cristão. Outra medida importante de Constantino, foi adotada em 330 – que temendo as invasões bárbaras que se seguiam, resolveu transferir a capital do Império para Constantinopla (atual Istambul- Turquia). A partir de 380, outro Imperador, Teodósio, cria com o Édito Tessalônico a Igreja Católica (Igreja Católica Apostólica Romana) – e adota o catolicismo como religião oficial do Estado Romano. Após uma década, é proibido cultos pagãos (politeístas) em Roma. No entanto, é válido mencionar que o cristianismo é mais amplo que catolicismo – isto é, o catolicismo é uma doutrina baseada no cristianismo. A medida de Teodósio buscou findar a ideia de um Imperador deus (augustus), mas estabeleceu que, sendo a Igreja Católica a instituição religiosa do Estado, tinha como líder o próprio Imperador – destituído da condição de “deus” mas atribuído da condição de porta voz do Deus cristão, o chamado: Cesaropapismo – Imperador e líder da Igreja Católica (Papa). No entanto, os problemas de Roma intensificavam-se em um contexto externo, as invasões bárbaras, precedidas de migrações de povos germânicos, intensificavam-se – forçando Roma e promovendo seu encolhimento. Além disso, a organização dos povos germânicos (bárbaros) trazia uma nova estrutura que se faria característica nos séculos seguintes: baseavam-se em organizações tribais (menores e com laços entre seus líderes e seus guerreiros) que significava a fidelidade dos guerreiros para com seus líderes em troca de terras. Essa relação chamava-se de Comitatus – que seria posteriormente adotada no feudalismo, após a queda do Império Romano, como relação de Suserania e Vassalagem. 3º BIMESTRE - 2016 Disciplina: História Série: 1º Ano Professor: Otto Terra Ocorre que para garantir melhor administração do ainda vasto Império Romano e, para deter o avanço das invasões que eram intensas, após a morte de Teodósio, em 395, o Império foi divido entre seus filhos em Império Romano do Ocidente e Império Romano do Oriente – Mas, após várias invasões o Império Romano do Ocidente, com capital em Roma é findado no ano de 476 – quando seu último Imperador, Romulo Augusto é deposto pelos bárbaros. Tal data é utilizada como marco histórico do fim da Idade Antiga e início da Idade Medieval. O Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla, só teria seu declínio em 1453 – com a invasão dos povos turcos-otomanos – finalizando a Idade Média e iniciando a Idade Moderna.