Anexo 1. Informação a Inventariar em Estudos de Ordenamento __________________________________________________________________________________________ Quadro 1 Grupos de variáveis a inventariar Variáveis Variáveis relativas ao meio inerte Dados climáticos Dados relativos terra Variáveis relativas ao meio biológico Descrição ou informação relevante à Dados relativos à água existente, superficial ou subterrânea Vegetação Fauna Destacam-se: capacidade de dispersão da atmosfera – maior ou menor facilidade de diluição e dispersão dos contaminadores potenciais do ar conforto climático – importante para a concretização de habitats urbanos de qualidade. Formas do terreno (altimetria, declives, redes e bacias hidrográficas); geomorfologia; edafologia; recursos minerais; recursos culturais; condições dos terrenos para a construção; processos activos a curto, médio e longo prazo (ex: erosão, transporte de sedimentos e lavagem de nutrientes, etc.); outros dados relevantes em situações concretas (ex: exposição, escarpas, rugosidade, acessibilidade, etc.). A água subterrânea deve ser inventariada e cartografada sob 3 aspectos: localização e especificação dos dados necessários à sua possível utilização como recurso natural de qualidade; áreas de recarga; vulnerabilidade à contaminação. É normalmente definida através dos seus biótopos que são determinados pela vegetação (comundades vegetais que têm uma fauna característica associada), a geomorfologia, a existência de água (marinhas, rios, etc.) ou por actuações antrópicas (jardins, parques, núcleos urbanos, etc.). Variáveis relacionadas As variáveis são estabelecidas a partir da identificação com a paisagem das características perceptuais do meio. Parâmetros que concretizam a paisagem e são cartografáveis e fáceis de integrar no processo de planeamento: a paisagem intrínseca – percepção que um observador tem num determinado ponto da unidade de paisagem; potencial de visualização - possibilidade de apreciação da paisagem circundante. Variáveis relativas à Paisagens e equilíbrios antrópicos; actividade humana Variáveis que estão essencialmente ligadas à gestão dos recursos nomeadamente, o cultivo e outros aproveitamentos, a produtividade e/ou rentabilidade agrária, as infra-estruturas de transportes, a exploração mineira, a caça e a pesca continental, a pesca oceânica, o equipamento recreativo, a distribuição dos povoamentos, as degradações existentes e os níveis de contaminação do ar, água e solo; Dados relativos à acção humana de tipo social e económico. Fonte: Adaptado de Orea, 1980. Importância para os estudos de ordenamento Condicionam decisivamente a evolução dos ecossistemas (em termos físicos e biológicos) e a forma de utilização antrópica dos mesmos. O clima determinou a localização dos usos e as técnicas de aproveitamento dos recursos. A água é muito importante como recurso a usar racionalmente uma vez que a sua existência depende não só da população como também de várias espécies faunísticas. O meio marinho destaca-se pela extrema sensibilidade às actividades desenvolvidas na terra e em particular à contaminação. A vegetação resulta da interação dos demais componentes do meio; é o produto primário de que dependem directa ou indirectamente os demais organismos; depende directamente do meio, proporciona uma visão integrada do conjunto dos factores que intervêm na organização da vida; a sua estabilidade no espaço permite identificar condições ecológicas homogéneas; é possível prevêr a sua evolução natural no tempo, sendo testemunha de influências artificiais em épocas passadas ou prevêr situações futuras sob actuações antrópicas; é o suporte de comunidades animais; ao permitir a caracterização da paisagem é considerada um factor de percepção. Paisagens e equilíbrios conseguidos com a intervenção humana têm valor como testemunho de épocas passadas e como expressão de culturas e formas de exploração primária do solo. I Anexo 1. Informação a Inventariar em Estudos de Ordenamento __________________________________________________________________________________________ Quadro 2 Grupos de elementos do meio Variáveis Descrição ou informação relevante Variáveis físicas Elementos relacionados com a terra Elementos relacionados com a atmosfera Elementos relacionados com a água Geologia, morfologia e dados sobre o solo (textura, composição química, pedregosidade, riqueza nutritiva, etc.) Clima, variações de temperatura, precipitação, velocidade do ventos e outros factores climáticos Recursos, quantidade e qualidade das águas superfíciais, localização e contaminação das águas subterrâneas. Variáveis biológicas Vegetação Deve ser estudada nas suas diversas formas nomeadamente a agrícola, a florestal e a natural. A sua estabilidade no espaço permite identificar unidades com fisionomia e composição florística homogéneas (em termos de condições ecológicas). Fauna Variáveis relacionadas com paisagem e a sua percepção Influências humanas Fonte: Adaptado do MOPU, 1984. a Dependem de uma ampla gama de elementos, tanto bióticos como abióticos, de actuações humanas e de modificações naturais ou artificiais da superfície terrestre. As características que descrevem uma determinada paisagem variam com a forma do território, com as diferenças estacionais da vegetação, com a presença de massas de água ou de certas espécies faunísticas e com uma grande diversidade de características e processos. Todas as variáveis artificiais que, de alguma maneira, podem influenciar a classificação do território designadamente, acessibilidade, o regime de propriedade, as actuações humanas, os valores culturais, etc. Importância para os estudos de ordenamento Essenciais ao conhecimento do território em termos da distribuição dos usos do solo e as suas repercussões. Importantes pela sua influência na distribuição dos elementos bióticos e condições físicas do território. O conhecimento da capacidade potencial deste recurso é importante para evitar os efeitos negativos de certas actuações humanas que a prazo limitam a disponibilidade de água. A vegetação é um dos indicadores mais importantes das condições ambientais do território porque é o resultado da interação entre os demais componentes do meio e é também o produto primário de que dependem, directa ou indirectamente, todos os outros organismos. A fauna é fortemente condicionada pela combinação da vegetação com os factores físicos. O seu estudo é particularmente relevante para determinar acções de conservação ou desenvolver actividades cinegéticas e recreativas. Trata-se de um recurso que pode necessitar de protecção e pode e deve intervir na determinação da capacidade e fragilidade do território para o desenvolvimento das actividades humanas. II Anexo 1. Informação a Inventariar em Estudos de Ordenamento __________________________________________________________________________________________ Quadro 3 Parâmetros de caracterização do território Parâmetros Geologia Clima Relevo Água Solo Vegetação Fauna Informação relevante Lito-estratigrafia, geomorfologia, recursos subterrâneos, condicionamentos geotécnicos e susceptibilidade a efeitos sísmicos e recursos não renováveis. Elementos climáticos e factores regionais e/ou locais responsáveis por modificações das características climáticas gerais. Hipsometria, linhas e pontos fundamentais do relevo, declives, orientações do terreno, síntese fisiográfica. Águas superfíciais, ciclo hidrológico, caracterização qualitativa, utilização por parte das comunidades humanas. Deve ser considerado numa dupla perspectiva, como recurso essencial à vida (incluindo a produção de alimentos e fibras indispensáveis à sobrevivência do homem e animais terrestres) e como suporte a estruturas e infraestruturas. Cartografia das áreas com relativa homogeneidade quanto a coberto vegetal, caracterização de cada uma dessas unidades e indicações sobre as características e qualidades da vegetação. Inventário de espécies e definição de habitats. Usos e funções Descrição de cada uso e função, do território conjuntos ou combinações deles, distribuição no espaço e variação no tempo, exigências e consequências relativamente ao meio e comunidades humanas, interrelações com outros usos e funções. Percepção Definição de espaços com relativa homogeneidade visual e sua caracterização através de parâmetros de reconhecida influência nas preferências relativamente a paisagens. Síntese de Valores são os elementos que dão valores e resposta às necessidades e aos degradações desejos fundamentais e permanentes das comunidades humanas. Degradações é o que reduz as aptidões, capacidades e potencialidades de uso e fruição do território. Fonte: Adaptado de Cancela d’Abreu, 1989. Importância para os estudos de ordenamento do território Factor chave na compreensão do território já que corresponde ao que este tem de mais permanente, determina outros importantes atributos (como o relevo e o solo) e fornece indicações sobre os recursos e riscos que são condicionantes sobre alguns usos e funções do território. Permite equacionar alguns dos processos biofísicos mais importantes como o ciclo hidrológico, os processos pedogenéticos, os mais importantes fluxos energéticos, as condicionantes aos processos produtivos que envolvem animais e plantas, as condições mais propícias para os estabelecimentos humanos e/ou as técnicas utilizadas para alterar situações existentes. Influencía muitos dos elementos e processos fundamentais do sistema biofísico (clima, sistema hídrico, solos, usos e funções, etc) sendo por isso determinante nas aptidões, capacidades e potencialidades do território para todas as utilizações e funções úteis ao homem. Condiciona drasticamente tanto os processos biológicos como os tecnológicos e também usos e funções de carácter cultural, contribuindo directamente para a localização de actividades humanas em sítios seguros que permitam o aproveitamento dos recusos existentes sem os degradarem ou destruirem. É essencial o seu conhecimento para fundamentar as opções de distribuição de usos e funções, particularmente os que envolvem qualquer tipo de produção vegetal (agrícola, florestal, pastoril e suas combinações), sendo também bastante importante quanto a quase todos os usos urbanos, industriais e recreativos, bem como às funções de protecção, recuperação e regulação, pelo que integra grande parte dos critérios a aplicar na detecção de aptidões, capacidades e potencialidades. Contribui para a definição e compreensão global do actual sistema ambiental, influindo na tomada de decisões, no que se refere a aptidões, capacidades e potencialidades, por informar acerca da presença de elementos naturais e resultantes da acção humana que justificam medidas de protecção e/ou valorização, de ambientes de características especiais, de capacidades directamente produtivas, de riscos e disfunções que afectam pessoas e bens. Permite fundamentar mais correctamente propostas de ordenamento que integrem medidas de protecção/promoção dos recursos faunísticos. São essenciais na definição de sínteses ambientais com vista ao ordenamento, particularmente na elaboração de critérios para se chegar às aptidões, capacidades e potencialidades do espaço, detecção de valores e de degradações, avaliação de impactes biofísicos, socioeconómicos e culturais provocados por alterações à situação actual (situação de referência). É importante na definição de valores e de degradações (e portanto em propostas a eles associadas) bem como na previsão de comportamentos envolvendo mudanças de uso e funções do território ou de reacção a essas mudanças. A existência de valores muito interessantes ou de degradações muito significativas, condiciona decisivamente as opções de ordenamento em termos dos critérios utilizados na determinação de aptidões, capacidades e potencialidades do território para os vários usos e funções, realçando particularmente as funções de protecção e recuperação. Quando os valores e degradações têm um significado menor, essa informação deve ser usada numa fase posterior, para afinação das opções já tomadas. III Anexo 1. Informação a Inventariar em Estudos de Ordenamento __________________________________________________________________________________________ Quadro 4 Informação geográfica física a considerar Tipo de infomação Cartografia topográfica e/ou corográfica Cadastro geométrico da propriedade rústica e urbana Componentes fisiográficas Parâmetros climáticos Divisão administrativa Solo e subsolo sob os pontos de vista geológico, geotécnico e hídrico Solo e meio aquático sob os pontos de vista vegetal e animal Redes de infra-estruturas Indústrias Património arqueológico ou histórico Áreas sujeitas a servidões administrativas Aglomerados urbanos Fontes poluidoras e áreas sujeitas a poluição Relações inter-regionais e/ou inter-municipais Fonte: Adaptado de Marini Portugal, 1982. Descrição BASE Caracterização genérica do território. Ocupação do solo, hidrografia, declives, hipsometria, exposições. Estações ou postos metereológicos e/ou estações de controlo de poluição atmosférica e/ou sismográficas; temperaturas, precipitações, marés, cheias, inundações, insolação, nebulosidade, nevoeiro, humidade, evaporação e evapotranspiração, orvalho, geada, ventos, classificação climática. ESPECÍFICA Recursos em exploração e potenciais, riscos naturais, aptidão dos solos à construção, aspectos geologicamente notáveis. Recursos em exploração e potenciais, vegetação natural, Reserva Agrícola Nacional, Reserva Ecológica Nacional, fauna, áreas protegidas ou a proteger, áreas degradadas a recuperar, estrutura fundiária, evolução da ocupação do solo. Abastecimento de água, esgotos de águas residuais e/ou pluviais, recolha e deposição e/ou tratamento e/ou aproveitamento de detritos, redes rodoviária, ferroviária, eléctrica, de telecomunicações e de gás, aeroportos e portos. Dados gerais da instalação; matérias primas utilizadas; produtos, subprodutos e resíduos; tipos de poluição potencial e sistemas de tratamento Domínio público marítimo, instalações nucleares, quarteis, prisões, paióis, faróis, aeroportos, monumentos nacionais, etc.. Infra-estruturas, equipamentos, indústrias, classificação de zonas construídas, zonas verdes e terrenos livres, planos de urbanização ou de pormenor, edifícios com interesse público, etc.. Dados gerais da fonte, tipo e nível de poluição, alterações já verificadas no equilíbrio da área, etc.. IV Anexo 1. Informação a Inventariar em Estudos de Ordenamento __________________________________________________________________________________________ Quadro 5 Informação necessária ao planeamento e gestão urbanística Informação Base geográfica População Habitação Economia Planos Gestão Lesgislação Características físicas Características legais e administrativas Características do solo e do subsolo sob os pontos de vista geológico, geotécnico e hídrico Características do solo e do meio aquático sob os pontos de vista vegetal e animal Património arqueológico e histórico Infra-estruturas de saneamento básico, energia e telecomunicações Infra-estruturas transportes de circulação e Equipamentos Fontes poluidoras e áreas sujeitas a poluição Ocupação do solo e dos edifícios Fonte: Adaptado de Mendes, 1993. Descrição INFORMAÇÃO ALFANUMERICA Identificação das freguesias, lugares e relações de pertença. Informação sobre a estrutura da população nomeadamente sobre a idade, o sexo, a instrução e a ocupação. Informação sobre os edifícios e os alojamentos. Informação sobre o emprego, as empresas e o volume de negócios das empresas. Regulamentos dos planos em vigor. Informação relativa à gestão dos processos de pedido de informação prévia e de licenciamento de loteamentos e obras. Identificação dos diplomas que constituem o corpo da legislação urbanística portuguesa e dos diplomas que, directa ou indirectamente, influenciam a actividade autárquica. INFORMAÇÃO CARTOGRAFICA Topografia (planimetria, altimetria e rede geodésica) e componentes fisiográficas (características do relevo). Informação sobre a divisão administrativa (concelhos, freguesias, lugares, quarteirões e perímetros urbanos), a estrutura fundiária (elementos do cadastro da propriedade rústica e urbana, os terrenos estatais ou municipais e os baldios) e os instrumentos de planeamento (PDM, PU, PP, loteamentos e obras e outros planos de ordenamento). Servidões e restrições de utilidade pública, recursos existentes, avaliação das potencialidades e riscos, potencialidades e riscos. Servidões e restrições de utilidade pública, utilização do solo e do meio aquático, potencialidades. Valores a preservar e respectivas áreas de protecção. Sistemas de infra-estruturas de saneamento básico (abastecimento de água, esgotos e lixos), de distribuição de energia, de telecomunicações e de infra-estruturas de segurança (combate a incêndios e iluminação pública). Servidões e restrições de utilidade pública, rede rodoviária nacional, municipal e urbana, rede ferroviária, rede fluvial, portos e rotas de navegação, aeroportos e rotas de navegação e transportes colectivos. Servidões e restrições de utilidade pública, equipamentos colectivos e mobiliário urbano. Poluição sonora, do ar, da água e do solo. Classes de uso dominante, categorias dominantes e ocupação dos edifícios. Quadro 6 Informação necessária à realização de estudos em planeamento municipal Estudos a Desenvolver Estudos de caracterização física Estudos de caracterização social Estudos de caracterização económica Estudos de caracterização urbanística Fonte: Adaptado de Neves, 1996. Informação Necessária Componentes fisiográficas do terreno; Ocupação actual do solo; Capacidade de uso do solo; Caracterização de tipos de solo; Recursos do subsolo e jazidas minerais; Recursos hídricos de superfície; Recursos hidrogeológicos. Propriedade rústica e urbana; Indicadores de caracterização demográfica; Indicadores de caracterização social. Propriedade rústica e urbana; Indicadores de caracterização do tecido produtivo; Caracterização das relações de interdependência do tecido produtivo. Limites dos aglomerados; Sistema de infra-estruturas de comunicações entre aglomerados urbanos; Relações entre aglomerados urbanos; Áreas de identidade urbana; Relações entre áreas intra-urbanas; Património arquitectónico e urbanístico; Características funcionais dos edifícios; Características das redes de infra-estruturas; Características de processos de planeamento de nível superior e inferior. V