1. Introdução É bem estabelecido que diferentes alimentos contribuem com diferentes nutrientes o que, potencialmente, enriquece o dia alimentar de cada pessoa. A opção por hábitos alimentares mais saudáveis, não significa abdicar totalmente daqueles alimentos menos saudáveis de que tanto se gosta. O importante é que o consumo desses alimentos constitua a excepção e não a regra do dia a dia alimentar. A forma mais fácil de educar é ensinar a escolher tendo por lema a ideia de que tudo se pode comer desde que na hora e na quantidade correctas. Não há alimentos totalmente maus; há dietas totalmente erradas, e são estas que se devem desencorajar totalmente junto das crianças e dos adolescentes. Classificar os alimentos em categorias de acordo com as suas propriedades nutricionais em termos quantitativos e qualitativos no que concerne os teores de proteína, sal, açúcar e gordura é importante para ajudar as crianças e os jovens a fazer uma escolha alimentar adequada. Critérios como, o tamanho da porção individual, o teor de cálcio, o teor de fibra, vitaminas e minerais e a quantidade de sódio, podem também ser utilizados para definir o valor nutricional dos alimentos/bebidas e a sua consequente exclusão/inclusão em pontos de venda. É necessário que as escolas, os pais e os encarregados de educação estejam esclarecidas sobre qual o tipo de géneros alimentícios que, de acordo com o seu valor nutricional, deve ser ou não promovido e qual o tipo de géneros alimentícios que não deve ser disponibilizado em meio escolar nem fornecidos pelos pais ou encarregados de educação. Conforme mencionado anteriormente não se pode afirmar que há “maus alimentos”, mas há sem dúvida alimentos que, pelas suas características nutricionais, não podem ser promovidos. Tendo em conta as especificidades do desenvolvimento físico, intelectual e emocional das crianças e dos adolescentes, o fácil acesso a alimentos que, pelas suas características, são indutores ou facilitadores da obesidade, deve ser dificultado ou mesmo evitado (Baptista, 2006). Inclusivamente, a Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular elaborou em 2006, e distribuiu por todos os estabelecimentos de ensino do país, um guião para os ajudar a disponibilizar serviços cada vez mais em sintonia com os princípios da educação alimentar e da alimentação saudável. 1 Semáforo dos Alimentos Uma imagem como “o semáforo” poderá ajudar as crianças e os adolescentes a escolher os alimentos de uma forma fácil e compreensiva. O semáforo pode ser interpretado da seguinte forma: SEMÁFORO VERDE: É PARA ANDAR SEMPRE a consumi-los, diariamente, para nosso crescimento e saúde Fruta e legumes Iogurte (natural ou aromatizado), leite (sem adição de açúcar), queijo meio gordo/magro Cereais (pão) Amiláceas (arroz, massa, etc.) Leguminosas secas Água Porquê esta categorização? Os alimentos classificados no âmbito do semáforo verde são caracterizados por: • Baixo teor de açúcares, sobretudo adicionados e de absorção rápida; • Reduzido teor de gorduras (lípidos), sobretudo saturadas; • Elevado teor de fibras e de antioxidantes; • Reduzido teor de sal. SEMÁFORO AMARELO: Usar com PRUDÊNCIA podendo ser consumidos mais do que uma vez por semana (manteiga, ovos, cereais) ou diariamente (carne ou peixe) MAS com moderação. Ovos Manteiga Cereais de pequeno-almoço Carne Peixe 2 Os alimentos classificados no âmbito do semáforo amarelo são caracterizados por: •Teor de gorduras (lípidos), sobretudo saturadas, em particular nos alimentos de origem animal; •Teor de açúcares simples significativo, nomeadamente nos cereais de pequeno-almoço, mesmo os mais equilibrados; • Teor razoável de sódio. É importante recordar que as porções recomendadas são essenciais cumprir para que estes alimentos mantenham as suas características saudáveis. O não respeito pelas porções recomendadas, poderá implicar que se ultrapasse a barreira do aceitável. SEMÁFORO VERMELHO: ALTO! São proibidos diariamente, devendo apenas ser consumidos em situações de festa ou de vez em quando ao fim-de-semana. Sumos e refrigerantes Sobremesas (pudim, mousse etc.) Queijo gordo, fiambre e outros enchidos Batatas fritas e outros fritos rissóis, croquetes, etc. Pastéis de massa folhada chamuças etc. Produtos de charcutaria chouriço, salsicha, mortadela etc. Natas, margarina, maionese, ketchup Bombons, chocolate em barra, açúcar, caramelos, bolachas, biscoitos, bolos de pastelaria. Porquê esta categorização? Os alimentos classificados no âmbito do semáforo vermelho são caracterizados por: • • • • • • Elevado teor de açúcares, sobretudo adicionados e de absorção rápida; Elevado teor de gorduras (lípidos), sobretudo saturadas e/ou de adição; Reduzido ou mesmo nulo teor de fibras; Excessivo teor de sal; Existência em doses elevadas de corantes e conservantes; Presença de edulcorantes em doses significativas. É bem estabelecido que a ingestão excessiva de açúcar e/ou gordura pode contribuir para a sobrecarga ponderal, entre outros malefícios. 3 Material educativo auxiliar: 1. Machado Baptista, M.I. Educação Alimentar em Meio Escolar Referencial para uma Oferta Alimentar Saudável. Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular. 2006. Neste guião, destinado aos estabelecimentos de ensino, para os ajudar a disponibilizar serviços cada vez mais em sintonia com os princípios da educação alimentar e da alimentação saudável, é apresentada uma componente explicativa sobre a selecção de alguns alimentos em detrimento de outros. 2. Rego, C., Peças, M.A. 2007. Crescer para cima: como prevenir ou tratar a obesidade da criança e do adolescente. Neste livro encontrará uma descrição do semáforo dos alimentos como ferramenta de educação alimentar. 4