BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Núcleo de Epidemiologia Hospitalar [email protected]; vigilâ[email protected] Tel/Fax: 3335-7124 Editorial O papel do Núcleo de Epidemiologia Hospitalar no HUCAM. As Informações em saúde subsidiam as tomadas de decisões pelos gestores e contribuem para o planejamento em todos os níveis do Sistema Único de Saúde-SUS. A partir do ano de 2004, através da portaria nº 2.529/ da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), foi instituído o Subsistema Nacional de Vigilância Epidemiológica em Âmbito Hospitalar com a criação da rede dos Núcleos Hospitalares de Epidemiologia-NEH tendo como objetivo à notificação e investigação das Doenças de Notificação Compulsória- DNC na rede pública hospitalar. O Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes-HUCAM a partir de 1990 passou a contar com a Unidade de Vigilância Epidemiológica– UVE, que em 2005 após reformulações passou-se a denominação de Núcleo de Epidemiologia Hospitalar- NEH. Contando com profissionais compromissados com o desenvolvimento das ações de Vigilância em Saúde obteve reconhecimento intra e extramuros alcançando cobertura junto aos setores dos ambulatórios e enfermarias do HUCAM. Manifestamos nossos agradecimentos a todos que contribuíram para esta construção, em especial a Dra. Guilhermina pela dedicação e esforço pessoal. Em abril de 2013, o HUCAM passou a ser administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares-EBSERH, de natureza pública vinculada ao Ministério da Educação, criada pelo governo federal com a finalidade de gerenciar os hospitais Universitários do país. Uma das iniciativas da atual administração foi a de retomar as ações do NEH que se encontravam paralisadas devido a vários entraves administrativos (mudanças de local) como também aposentadoria da coordenadora do setor. Atualmente em conformidade com a portaria Nº 2.254, de 05 de agosto de 2010; o HUCAM dispõe do Núcleo de Epidemiologia Hospitalar- NEH em pleno funcionamento, localizado na sala anexa ao prédio do Arquivo Médico-SAME, cujas dependências contam com equipamentos de computação e comunicação destinados as ações de Vigilância em Saúde. O NEH dispõe ainda de equipe técnica de profissionais qualificada na área de Epidemiologia (Quadro 01) com atuação na Vigilância Epidemiológica com a proposição de estabelecer parceria com os demais setores do HUCAM. Quadro 1: Equipe Técnica do NEH Profissionais Romildo L M Andrade Juliana Lopes Fávero Viviane de Moura Basilio Marcilene da V. Snatana Ana Paula F. de Souza Helanine Jacinta S.Mocelin Karolina Rosa Teófilo Tereza Cristina E. Silva Cargo Médico Sanitárista Enfermeira da Vigilância Auxiliar Administrativo Estagiária de Enfermagem Estagiária de Enfermagem Estagiária de Enfermagem Estagiária de Enfermagem Estagiária de Enfermagem Dentre as competências preconizadas para o NEH merecem destaques aquelas que delimitam a atuação inter-setorial envolvendo equipe técnica do NEH e demais setores assistenciais do HUCAM com propósito de: 1- realizar a investigação epidemiológica das doenças, eventos e agravos constantes na Portaria 1.271 de 6 de junho de 2014, em articulação com as Secretarias Municipais e Estadual de Saúde, com objetivo de interrupção da cadeia de transmissão das DNC, segundo as normas e procedimentos estabelecidos pela SVS/MS; 2 - participar da investigação de óbitos de mulheres em idade fértil, dos óbitos infantis e fetais ocorridos no HUCAM, em conjunto com a comissão de análise de óbitos e em articulação com as Secretarias Municipais e Estadual de Saúde (Portaria 1.119/GM/MS, de 5 de junho de 2008, e 72/GM/MS, de 11 de janeiro de 2010); 3- incentivar a realização de necropsias e coleta de amostras para exames microbiológicos e anatomopatológicos, em caso de óbitos por causa mal definida ocorridos no ambiente hospitalar. No âmbito do HUCAM a equipe técnica do NEH estabeleceu as prioridades de atuação, contemplando o desenvolvimento das ações de vigilância, ensino e pesquisa, confluindo com a missão estabelecida pela atual administração de: “Viabilizar o ensino, a pesquisa e a extensão por meio de assistência interdisciplinar ao cidadão interagindo com as políticas de saúde e de educação”. Com satisfação apresentamos o Boletim Epidemiológico, a primeira iniciativa da nova equipe a frente do NEH, que contem os resultados das ações da Vigilância em Saúde no âmbito do HUCAM. Por fim, convidamos aos profissionais dos diversos setores a interagirem e estabelecerem parcerias com o NEH, com vistas ao aprimoramento das ações de vigilância em Saúde no enfrentamento do Processo Saúde-Adoecimento-Cuidado. Contatos institucionais podem ser efetivados através do Tel/Fax: 3335-7124 e dos endereços eletrônicos: vigilâ[email protected]; [email protected] Saúde e Educação Pública Pública de qualidade! qualidade Luiz Alberto Sobral Vieira Junior Superintendente do HUCAM BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Núcleo de Epidemiologia Hospitalar [email protected]; vigilâ[email protected] Tel/Fax: 3335-7124 A DOENÇA DO VÍRUS EBOLA NOTIFICAÇÕES EPIDEMIOLÓGICAS No HUCAM até a data de 18/09/2014, ocorreram 996 notificações atingindo uma média mensal de 110 notificações/mês. A tendência temporal representada no Gráfico 01 contém a média mensal de notificações, e seus limites superiores e inferiores (±1DP) para o período de 2005 a 2013. Excluído ano de 2012, por tratar-se de possível “comportamento epidêmico”. O ano corrente comparado ao período estudado apresentou o número de notificações/mensais superior, exceto para o mês de março. Identifica-se um declínio nos três primeiros meses, seguido de um acréscimo de 23-47% nas notificações. O limite superior foi atingido nos messes de agosto e setembro com 130-149 notificações respectivamente. Gráfico 1- Média mensal de notificações (2004-2013) no HUCAM; 2014 . Os Filovírus, como o Ebola, estão entre os patógenos mais virulentos aos seres humanos, causando febre hemorrágica grave, que se assemelha a um choque séptico fulminante. A doença é frequentemente caracterizada pelo início repentino de febre, fraqueza, dor muscular, dores de cabeça e inflamação na garganta. Seguido por vômitos, diarreia, coceiras, deficiência nas funções hepáticas e renais e, em alguns casos, sangramento interno e externo. Os sintomas podem aparecer de dois a 21 dias após a exposição ao vírus. Alguns pacientes podem ainda apresentar erupções cutâneas, olhos avermelhados, soluços, dores no peito e dificuldade para respirar e deglutir. De acordo com a OMS, até 03 de outubro de 2014, ocorreram 7.492 casos de Ebola e 3.439 óbitos desde o início da epidemia que começou na nação do Oeste Africano da Guiné no final de 2013. PAÍS CASOS ÓBITOS 1.199 739 Guinea 3.834 2.069 Liberia 2.437 623 Serra Leoa 20 8 Nigeria 1 0 Senegal 1 0 EUA Fonte: OMS, acesso em 03/10/2014 Quanto à natureza dos agravos notificados até 18/09/14, destaca-se a Violência Doméstica com 97 notificações (11,4%), Hepatite viral B com 95 (11%) e Acidentes com Material Perfuro cortante com 90 notificações (10,3%), o que descortina a necessidade se fortalecer as boas práticas de biossegurança junto às atividades desenvolvidas no HUCAM. Os agravos de HIV, AIDS e a Tb aparecem a seguir atingindo os valores de 10,2%, 9,6% e 8,8% respectivamente. Cabe informar a metodologia de notificação que incorpora os registros dos soros positivos para HIV com indicação de notificação compulsória partir de 06/06/2014. Se agruparmos HIV/AIDS verificamos a ocorrência de 171 notificações, e no caso das Hepatites B e C, totalizam 154 notificações. O elenco das notificações realizadas caracteriza o HUCAM com perfil de atendimento para agravos transmissíveis de evolução crônica como HIV/Aids, Hepatite Crônica; e seus quadros de agudizações/complicações. Gráfico 2 – Proporção de agravos notificados no HUCAM de janeiro a setembro de 2014. OUTROS GESTANTE HIV ESQUIST. CRÔNICA 8,7 1,5 1,6 LEISH.TEG. 1,7 HPV SUBCLÍNICO 1,7 SÍFILIS GESTANTE 1,9 SÍFILIS CONGÊNITA 1,9 HANSENÍASE 1,9 DENGUE LEPTOSPIROSE COND. ACUMINADO SÍFILIS ADULTO HCV TB AIDS HIV+ ACID.MAT. BIOLÓGICO HBV VIOL.DOMEST. E SEXUAL 2,0 2,1 2,4 5,1 6,0 8,8 9,6 10,2 10,3 11,0 11,4 O potencial de disseminação do vírus é alto, sendo conhecidas várias formas de transmissão: • Contato direto com o sangue, secreções, órgãos ou outros fluidos corporais de animais infectados; • Transmissão acidental em laboratórios de experimentos em animais que estejam contaminados com o vírus; • No preparo do corpo pós morte; • Transmissão nosocomial, pelo uso indevido de material não esterilizado; • Contato com animais selvagens (caça, abate, preparação e ingestão de carne de animais que possa estar contaminados). Os reservatórios mais comuns são os morcegos e chimpanzés; Para prevenir a infecção, os produtos alimentares devem ser devidamente cozidos posto que o vírus Ebola é inativado através da cocção. Associados as medidas básicas de higiene como, lavar as mãos, trocar de roupa e botas depois de tocar os animais (de caça ou abate) deve ser seguido. Medidas de segurança para interrupção dos vírus estão sendo tomadas como, por exemplo: triagens de saída de pessoas na África Ocidental, com intuito de evitar os viajantes doentes trafeguem livremente em aviões; uso de EPIs no manuseio dos casos suspeitos devido sua transmissão ocorrer em várias portas de entrada incluindo a ingestão (alimento), inalação (gotículas), ou solução de continuidade (feridas na pele). Até o presente momento, nenhuma terapia específica encontra-se aprovada e em disponibilidade para o tratamento medicamentoso, embora progressos tenham sido alcançados em abordagens experimentais em seres humanos. Maiores informações: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs103/en/