6 Economia - [email protected] Economia [email protected] Panorama econômico Miriam Leitão Velho inimigo A América Latina está de novo ameaçada pelo autoritarismo. Nesta ameaça, o golpe em Honduras é apenas um caso. A Argentina está tentando aprovar num Congresso moribundo uma lei de tendência claramente autoritária para controlar os meios de comunicação. Em outros países da região os governantes tentam suprimir pilares importantes da democracia. Nas minhas férias em Nova York dei uma passadinha no Centro de Estudos Brasileiros na Universidade de Columbia. O economista Tom Trebat me perguntou: — A censura está voltando no Brasil? Em seguida falou da sua preocupação com a suspensão judicial da publicação de reportagem no “Estadão”. Ele sabe a diferença do que está acontecendo em outros países, mas acha que a região está passando por um momento estranho. O caso da Argentina é preocupante. Conversei sobre isso com o jornalista Ariel Palácios no prêmio Comunique-se. A manobra do casal Kirchner é aprovar a Lei dos Serviços Audiovisuais no Senado antes de dezembro. Na Câmara já foi aprovada. A lei é ruim e essa pressa é pior. Na Argentina, há uma distância de seis meses entre eleição do Congresso e sua posse. A eleição já aconteceu, o governo perdeu a maioria, muita gente não teve o mandato confirmado. Ou seja, deputados e senadores já quase sem mandato vão decidir um assunto dessa relevância. A lei impede a formação de redes nacionais de TV, mas abre exceções para o governo, os sindicatos e a Igreja Católica. É esse monstrengo que o governo que tem baixa popularidade tenta aprovar num Congresso com os dias contados para acabar. Se houvesse alguma dúvida sobre o caráter autoritário das intenções dos Kirchner bastaria lembrar a tentativa de intimidação do jornal “Clarín”. Na Venezuela, inspirador dos governos neopopulistas, o projeto de desmonte da imprensa já está bem mais adiantado; no Equador o caminho traçado é o mesmo. O princípio da alternância do poder está demolido na Venezuela e sob ameaça na Colômbia, Bolívia e Equador. Foi uma tentativa do presidente Manuel Zelaya de ameaçar esse princípio que detonou o desmoronamento institucional de Honduras. Nada justifica os atos dos atuais governantes, mas o que está ocorrendo tem que ser visto pelos dois lados: os neopopulistas avançam sobre as instituições, solapando a democracia, e a direita reage à velha moda. Os golpes, como o de Honduras, têm uma dinâmica conhecida. Ao tomarem o poder, os ditadores usam pretextos. No Brasil foi o de que o presidente João Goulart incitara os militares de baixa patente e planejava instituir uma república sindicalista. Em Honduras foi a tentativa de Zelaya de fazer uma consulta popular inconstitucional. A declaração do governante de Honduras ontem parecia saída do túnel do tempo. “Zelaya foi deposto por ser esquerdista”, disse. Aqui, possíveis excessos e erros de Jango seriam corrigidos pela eleição presidencial prevista para 1965. Lá as eleições já estavam marcadas para novembro. Normalmente os golpes têm apoio em vários setores da sociedade, do contrário não ocorreriam e isto também não os legitima. Em Honduras empresários, Igreja e uma parte da sociedade apoiam o governo. No Brasil, em 64, os militares tiveram o apoio da classe média e de vários outros setores. Ocorre depois uma fase em que os golpes escalam. Aconteceu no Brasil no AI-5. Acaba de acontecer em Honduras esta semana. O que levou 21 anos para acabar no Brasil pode acabar em pouco tempo em Honduras, se acontecer o cenário benigno. Mas o episódio, seja qual for o desfecho, traz lições preciosas para o Brasil. A diplomacia brasileira tem sido tão criticada internamente porque o caso Honduras exibiu uma síntese dos defeitos da política externa dos últimos anos. O Brasil quebrou o princípio da não ingerência, deixou-se liderar por Hugo Chávez, improvisou em assunto sério, exibiu um julgamento com dois pesos e duas medidas e fez pouco da inteligência dos brasileiros. É difícil escolher qual das duas versões é mais desonrosa para a mais profissional diplomacia da América Latina. A oficial, de que o país nada sabia; ou a que parece mais óbvia que é ter concordado com o plano de Chávez. A política de não-intervenção em assuntos internos não significa um simples lavar as mãos. Há muito tempo evoluiu para uma defesa de princípios. É correto o Brasil fazer o que fez no início: não reconhecer o governo resultado da quebra da ordem institucional, manter o embaixador no Brasil, esfriar as relações, defender nos organismos internacionais a volta do presidente eleito e cortar programas de ajuda. Nada disso é intervenção, mas ao mesmo tempo não é lavar as mãos. O erro foi entrar na refrega política interna deixando a embaixada virar centro de agitação partidária. O mais sensato seria ter feito esforços com outros países para garantir uma eleição de um novo governo que unisse os hondurenhos. A indignação do governo Lula com o governo Micheletti é justa. Só não é coerente com o silêncio que o Brasil fez diante das sucessivas investidas contra os princípios democráticos. Na América Latina todo o cuidado é pouco. Esta é uma região que já errou demais. [email protected] O Estado do Maranhão - São Luís, 1º de outubro de 2009 - quinta-feira BOVESPA +0,46% DÓLAR -1,17% EURO +1,41% OURO -0,89% NASDAQ -0,07% A bolsa encerrou dia em 61,517 pontos A moeda americana foi cotada em R$ 1,7720 A moeda européia foi cotada em R$ 57,500 Commoditie se desvalorizou e foi vendida por R$ 2,59215 A bolsa fechou com a marca de 2122,42 pontos Maranhão tem 2ª maior área agropecuária do NE Extensão é de 12,9 milhões de hectares ocupados com atividades do setor agropecuário, segundo dados do 10º Censo Agropecuário, divulgado ontem D ados do 10º Censo Agropecuário, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), informam que o Maranhão, com uma área de 12,9 milhões de hectares, reúne a segunda maior área territorial ocupada com atividades agropecuárias no Nordeste e está em quarto lugar, no mesmo contexto regional, em número de estabelecimentos (287.037). Segundo o censo, desses 287.037 estabelecimentos catalogados pelo IBGE no estado, 91,3% foram enquadrados dentro da agricultura familiar, dos quais 34,8% das terras envolvidas na atividade agropecuária. Os 8,7% dos estabelecimentos não familiares englobavam o restante da área total, 65,2%, o que é indicador do poder absorvedor desses estabelecimentos. Um dado que mostra bem a diferença do processo produtivo no que se refere à pequena e à grande agricultura é que enquanto 88,7% da produção de arroz maranhense é oriunda da agricultura familiar, o cultivo da soja é feito por produtores de maior porte, responsáveis por quase 98% da produção e da área colhida de soja no estado. Em termos de posse das áreas produtivas, do total de produtores, 43% são proprietários, enquanto os ocupantes somam 15,6% e os arrendatários 11,4%. Há os produtores sem área, que correspondem a 20,5% dos estabelecimentos. De acordo com o Censo, 90% das terras são controladas por produtores-proprietários. Do total da área que tem o proprietário como produtor, 68,4% das terras pertencem aos proprietários enquadrados como praticantes da agricultura não familiar. É a única situação em que a agricultura não familiar se sobrepõe, em termos de área, à agricultura familiar. Com efeito, nas outras condições do produtor (assentados sem titulação definitiva, arrendatário, parceiro e ocupante), a agricultura familiar ocupa maior percentual de terras no confronto com o seu oposto, a agricultura não familiar. Produtores - Com relação aos produtores que dirigem os trabalhos dos estabelecimentos, 17,2% são mulheres e 82,8% homens. Na agricultura familiar, de um total de 262.089 estabelecimentos, 17,9% são dirigidos por mulheres, ao passo que na agricultura não familiar esse percentual desce para 9,5%. Isso indica que a agricultura não familiar é a atividade mais típica do gênero masculino no que se refere à direção dos trabalhos. Números 41,5% do plantel bovino do estado estão na agricultura familiar 5,5 milhões É o total de cabeças da pecuária bovina Já o pessoal ocupado (incluindo o produtor) pelos estabelecimentos recenseados, 86,6% estão radicados no contexto da produção familiar. Os homens são maioria, com 71% do pessoal ocupado. Na agricultura familiar, a participação feminina é mais significativa do que na agricultura não familiar. Naquele primeiro tipo, 30,4% da força de trabalho é composta por mulheres. No segundo tipo, o percentual cai para 20,3%. É percebido, então, que 7,4% do pessoal ocupado tem menos de 14 anos de idade. Do total de 58.406 estabelecimentos em que o produtor declarou ter atividade fora dele, 83% (48.510) referem-se à agricultura familiar. Desses 48.510 estabelecimentos, em 46% os produtores declararam desenvolver atividade extra-agropecuária. Na agricultura não familiar, de 9.896 estabelecimentos em que os produtores declararam ter atividade fora do domicílio, o percentual sobe para 60%. Observando-se a variável “Valor da Produção”, os estabelecimentos enquadrados na agricultura familiar detêm maior participação. Do total de 3,12 bilhões de reais, 64,1% advieram da citada estrutura produtiva. As lavouras temporárias desenvolvidas pela agricultura familiar geram 34,2% do valor total da produção dos estabelecimentos. Do total dos estabelecimentos que obtiveram financiamento voltado para investimento, 17.647 ao todo, 90% são do tipo familiar. Quanto ao financiamento para a finalidade custeio, 87% dos estabelecimentos contemplados (6.096 unidades produtivas) são do tipo familiar. Dos 258.703 estabelecimentos agropecuários que não obtiveram financiamento, 43% declararam não ter precisado, 24,3% declaram ter receio de contrair dívida, 11,6% alegaram trâmite burocrático, 2,9% indicaram não saber como conseguir, 2,3% responderam que não tinham garantia pessoal e 2,2% por falta de pagamento do empréstimo anterior. Feira estimula produção e consumo solidário na cidade de Chapadinha Biné Morais Fórum Estadual de Economia Solidária promoveu feira onde foram vendidos produtos fabricados artesanalmente Cachaça artesanal, tintura de urucum e objetos de decoração em fibras naturais. Estes e outros produtos, fabricados artesanalmente, estiveram à disposição do público na 1ª Feira Territorial da Agricultura Familiar e Economia Solidária do Baixo Parnaíba, realizada na cidade de Chapadinha, no último fim de semana. A feira foi uma promoção do Fórum Estadual de Economia Solidária e parceiros, com o apoio do Governo do Estado, por meio das secretarias de Estado do Trabalho e Economia Solidária e do Desenvolvimento Agrário. Dezesseis cidades foram representadas na ação. O secretário de Trabalho e Economia Solidária, José Antônio Heluy, que visitou a feira representando a governadora Roseana Sarney, afirmou que a Economia Solidária é uma prática que deve ser cada vez mais estimulada, dada a sua dimensão social. “É uma maneira justa e responsável de gerar e distribuir renda”, avaliou o secretário. As feiras territoriais surgiram este ano para viabilizar as feiras de Economia Solidária no Maranhão, garantindo que todas as regiões maranhenses tenham o escoamento do que foi produzido em empreendimentos solidários. “É um espaço privilegiado para a comercialização dos nossos produtos”, explicou Mariana Nascimento, articuladora de comercialização estadual do Fórum. “Fomentar a Economia Solidária no Maranhão ainda é uma tarefa difícil, mas esse é o nosso desafio”, acrescentou. A Economia Solidária é fruto da organização de trabalhadores na construção de práticas econômicas e sociais, fundamentada em valores como cooperativismo, autogestão, justiça social e o desenvolvimento local, sustentável e solidário, reunidos no que se convencionou chamar de empreendimentos soli- José Antônio Heluy participou de feira solidária em Chapadinha dários. É incentivada pelo Ministério do Trabalho e Emprego pela Secretaria Nacional de Economia Solidária. No Maranhão, onde foram identificados 783 empreendimentos solidários em 86 municípios, a Secretaria de Trabalho e Economia Solidária (Setres) cumpre esse papel. Rosário é a próxima cidade a receber uma das feiras territoriais de agricultura familiar e economia solidária, dessa vez reunindo empreendimentos solidários da região do Munim/Lençóis. Até dezembro, as regiões do Vale do Itapecuru, Tocantina e dos Cocais terão suas feiras territoriais.