DIVULGANDO A PESQUISA TRABALHO CONTEMPLADO COM O PRÊMIO IPNI BRASIL EM NUTRIÇÃO DE PLANTAS, CATEGORIA JOVEM PESQUISADOR – 2016 OS ÁCIDOS HÚMICOS DE VERMICOMPOSTO MODIFICAM A ABSORÇÃO DO AMÔNIO EM PLANTAS DE ARROZ1 nitrogênio (N) é um dos nutrientes requeridos em maiores quantidades pelas plantas. As concentrações de N do solo podem variar em muitas ordens de grandeza e, em muitos ecossistemas, o amônio (NH4+) costuma ser a forma nitrogenada predominante. Entre os efeitos dos ácidos húmicos (AH) sobre a nutrição das plantas está a sua capacidade de atuar positivamente na absorção de diversos nutrientes. O objetivo do presente estudo foi avaliar a indução do pré-tratamento com AH, aplicado via radicular, sobre a cinética de absorção do NH4+ em plantas de arroz submetidas a baixo e alto ressuprimento desse íon. Sementes de arroz da variedade Piauí foram inicialmente desinfetadas com hipoclorito de sódio a 2% e, em seguida, lavadas com água destilada. Seis dias após a germinação (DAG) em água destilada, as plântulas foram transferidas para potes contendo solução de Hoagland modificada. Aos 21 DAG as plantas foram submetidas a uma solução nutritiva sem N por 96 h. Após as primeiras 48 h de privação de N, as plantas foram separadas em dois grupos, sem aplicação e com aplicação de 80 mg L-1 de AH, durante as 48 h restantes. Em seguida, dois grupos de plantas foram submetidos a soluções nutritivas sem AH, contendo doses de 0,2 mM ou 2,0 mM de NH4+, abrangendo, respectivamente, os sistemas de alta e baixa afinidade de transporte (HATS e LATS). As plantas foram coletadas e pesadas e foram feitas determinações de N-NH4+ na solução nutritiva e de parâmetros cinéticos pelo método de depleção. Resultados: A absorção de NH4+ reduziu o pH, principalmente em alta concentração, quando as plantas foram tratadas previamente com AH (Figura 1). O pH da solução externa é fortemente influenciado pela forma de N devido às diferenças na razão de absorção entre cátions e ânions. A taxa de absorção de N nas plantas sob 2,0 mM de N-NH4+ foi estimulada pelo pré-tratamento com AH, enquanto nas plantas com 0,2 mM de NH4+ não houve diferenças em ambos os tratamentos. Entre os tratamentos, não houve diferenças significativas no valor de Vmax (Tabela 1). Por outro lado, o valor de Km foi significativamente menor para as plantas tratadas previamente com AH em relação ao controle, na concentração de 2,0 mM de NH4+. Contudo, o Cmin não apresentou diferenças entre os tratamentos. Estes resultados indicam que o tratamento prévio das plantas com AH possivelmente aumenta a afinidade de absorção pelos íons NH4+ no sistema radicular, especialmente no sistema de baixa afinidade (LATs), o que não ocorreu quando as plantas foram submetidas a 0,2 mM de NH4+. 5,5 Ácidos húmicos (AH) 5,0 Controle 4,5 pH O Matheus Motta Gomes2, Orlando Carlos Huertas Tavares3, Leandro Azevedo Santos4, Sonia Regina de Souza5, Manlio Silvestre Fernandes6 0,2 mM NH4+ 4,0 3,5 2,0 mM NH4+ 3,0 2,5 4 8 12 16 20 24 26 Tempo (h) Figura 1. Variação do pH na solução nutritiva influenciado pela forma de N aplicado às plantas de arroz, pré-tratadas com ou sem ácido húmico e supridas com NH4+. Teste F, **p < 0,01, *p < 0,05, barra = ± erro padrão. Tabela 1. Parâmetros cinéticos (Vmax, Km e Cmin ) observados na absorção de amônio (NH4+) por plantas de arroz da variedade Piauí, sob dois níveis de NH4+ (0,2 e 2,0 mM) quando as plantas foram pré-tratadas com ácido húmico (AH) ou controle (Cont) sem ácido húmico. NH4+ (mM) Vmax Cont Km AH (µmol gmf-1 h-1 N) Cont Cmin AH Cont AH - - - - - - - - - (µmol L-1 N) - - - - - - - - - - 0,2 12,58 a 10,26 a 78,16 a 65,65 a 2,0 12,56 a 12,87 a 475,57 a 288,07 b 42,17 a 41,7 a - Médias seguidas por letras diferentes entre tratamentos são estatisticamente diferentes pelo teste F (p < 0,05). arte da Tese de Doutorado do segundo autor, apresentada ao PPG-Fitotecnia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Rio de Janeiro, RJ. P Graduando em Engenharia Química pela UFRRJ; email: [email protected] Pós-Doutorando em Nutrição Mineral de Plantas e Bioquímica de Plantas, UFRRJ. 4 Professor Adjunto de Nutrição Mineral de Plantas, UFRRJ. 5 Professora Titular de Bioquímica, UFRRJ. 6 Professor Emérito de Nutrição Mineral de Plantas, UFRRJ. 1 2 3 32 - INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 156 – DEZEMBRO/2016