Aspectos Psicológicos da gravidez, parto e

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Aspectos Psicológicos da Gravidez, Parto e Puerpério
Por Dra Flávia da Silva Nicácio 12 de Abril de 2005
Inicio da gravidez
É fácil supor, em vista das grandes transformações provocadas pela gravidez, que todas
as mudanças emocionais devem-se à existência de conflitos normalmente presentes
neste período. Estudos feitos com animais e seres humanos mostram que os hormônios
sexuais exercem efeitos definidos no comportamento, sugerido que as grandes
mudanças dos níveis de estrogênio e progesterona podem influir enormemente na
psicologia da gravidez. A percepção da gravidez pode ocorrer bem antes da
confirmação pelo exame clínico e até mesmo antes da data em que deveria ocorrer a
menstruação. Não é rara a mulher captar em nível inconsciente as transformações
bioquímicas e corporais que assinalam a presença de gravidez e expressar esta
percepção através de sonhos ou "intuições". Em contraposição, há mulheres que só
descobrem a gravidez no quarto ou quinto mês ou porque têm pouca sintonia com o
próprio corpo e negam a existência das transformações da gestação, ou porque na
história ginecológica há episódios de amenorréia prolongada, ou porque sangramentos
eventuais no primeiro trimestres são confundidos com menstruação.
A partir do momento de percepção, consciente ou inconsciente, a gravidez inicia uma
formação da relação materno-filial. A partir deste momento se instala a vivência básica
da gravidez, que é a ambivalência afetiva, onde este fenômeno significativo. Além dessa
a gravidez implicam na perspectiva de grandes mudanças, interpessoais, intrapsíquicas,
etc. O que evidentemente envolve perdas e ganhos, e isso justificaria a existência de
sentimento oposta entre si.
No primeiro trimestre da gravidez os sintomas mais comuns são as náuseas e os
vômitos, alguns estudos mostram que esses sintomas não são comuns em todas as
mulheres e através de estudos em alguns lugares são eles bem desconhecidos.
Na gravidez é comum o aumento de apetite, que ás vezes atinge graus de extrema
veracidade com o conseqüente aumento de peso, ocorre também oscilações de humor,
tão freqüente desde o inicio da gravidez, estão intimamente relacionadas com alterações
do metabolismo.
O aumento da sensibilidade está intimamente ligado a estas oscilações de humor, além
de haver, em geral, maior sensibilidade nas áreas de olfato, paladar e audição, isto se
expressa também na área emocional através do aumento da irritabilidade, a mulher fica
mais irritada e vulnerável a certos estímulos externos que anteriormente não a afetavam
tanto, chora e ri mais facilmente.
O segundo trimestre é considerado o mais estável do ponto de vista emocional. O
impacto dos primeiros movimentos fetais é um fenômeno central neste trimestre é a
primeira vez que a mulher sente o feto como uma realidade concreta dentro de si, com
um ser separado dela e, no entanto tão dependente, mas já com características próprias.
No terceiro trimestre, o nível de ansiedade tende a elevar-se novamente com a
proximidade do parto e da mudança de rotina da vida após a chegada do bebê.
O Parto: Como fenômeno psicossomático
Se a gravidez pode ser considerada como período de maior vulnerabilidade, o parto
pode ser também encarado como um momento crítico que marca o início de uma série
de mudanças significativas.
Um dos temores mais comuns que surgem é o de não saber reconhecer os sinais do
parto e se pega de surpresa. O parto se constitui como momento crítico por varias
razões: é sentido como situação de passagem de um estado a outro, cuja principal
característica é a irreversibilidade, ou seja, é uma situação que precisa ver enfrentada de
qualquer forma, e tudo isso contribui para o aumento da ansiedade e da insegurança
com a proximidade da data prevista é a incapacidade de saber como vai ser o desenrolar
no trabalho de parto.
Dessa forma, o parto é, vivido como um "salto no escuro", um momento imprevisível e
desconhecido sobre o qual não se tem controle.
Toda esta tensão na hora do parto não é só vivenciado pela mulher, mas o homem
também vivencia ansiedade em ralação ao parto, em todos esses componente de medo
do desconhecido da imprevisibilidade do risco. Esta ansiedade freqüente é expressa pelo
temor de entrar na sala de parto, surgem fantasias de ficar nervoso, no entanto, mesmo
quando fica fora da sala, quase sempre sente angústia e inquietação, especialmente
quando pelo contexto assistencial, fica a mercê de que alguém da equipe saia da sala
para dar-lhe notícias. Estes temores costumam estar bastante presentes no final da
gravidez. Mesmo sabendo que tudo isso poderá acontecer, é difícil prever como
efetivamente a mulher e o homem não se sentir na hora do parto.
Aspectos psicológicos do puerpério
O puerpério, assim como a gravidez, é um período bastante vulnerável à ocorrência de
crises. O primeiro dia após o parto é carregado de emoções intensas e variado.
A puérpera sente-se em geral debilitada e confusa. A sensação de desconforto físico
devido a náuseas, dores e ao sangramento pós - parto é particularmente intensa, isso
ocorre lado a lado com a excitação pelo nascimento do filho. A habilidade emocional é
o padrão mais característico da primeira semana após o parto, onde surge o medo da
responsabilidade de ser mãe, medo de não ter a capacidade de cuidar daquele ser que no
momento é tão dependente da mãe, principalmente, ou totalmente.
A euforia e a depressão alternam-se rapidamente, esta última (depressão) podendo
atingir grande intensidade. Todos esses fatores ocorrem também pela súbita queda dos
níveis hormonais.
Às vezes é difícil determinar a linha divisória entre a normalidade e a patologia, no caso
da depressão pós - parto. Porém, em todo caso, a intensificação ou a permanência dos
sintomas depressivos após algumas semanas depois do parto merece ser vistas com
maior cuidado. A depressão pós - parto tende a ser mais intensa quando há uma quebra
muito grande da expectativa em relação ao bebê, a si própria como mãe, e ao tipo de
relação que se estabelece com a presença do filho. Essa depressão que se prolonga pelos
primeiros meses pós - parto é comum persistir a sensação de decepção consigo mesma,
desilusão, fracasso.
Em suma, o bebê a nascer se constitui num enigma, representa esperança de auto realização para os pais e ao mesmo tempo, ameaça de expor as dificuldades ou
deficiência dos pais, implica, portanto, numa promessa de aumentar a auto - estima dos
pais, e, ao mesmo tempo de "denunciá-los" como pais maus.
Texto retirado de: http://www.portaldeginecologia.com.br/
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