Maria do Céu Pinto (coordenadora) João Casqueira Cardoso José Pedro Teixeira Fernandes Célia Belim Sandra Liliana Costa José Augusto do Vale Faria Titulo O Islão na Europa face ao Islão global: dinâmicas e desafios Autores Maria do Céu Pinto (coordenadora) João Casqueira Cardoso José Pedro Teixeira Fernandes Célia Belim Sandra Liliana Costa José Augusto do Vale Faria Prefácio José Manuel M. Anes Todos os Direitos Reservados © 2012 Diário de Bordo Edição Diário de Bordo Lda. Paginação e Capa Jorge Vicente Impressão Europress – Editores e Distribuidores de Publicações Lda. Rua João Saraiva, 10ª 1700-249 Lisboa Tiragem 1000 exemplares 1ª edição Junho 2012 ISBN 978-989-8554-05-5 Depósito Legal Diário de Bordo Rua Pedro Álvares Cabral nº24 6º A Infantado 2670-391 Loures Telf. 219 833 051 www.diariodebordo.pt [email protected] índice Prefácio Introdução Modelos jurídicos e comunidades islâmicas no espaço público europeu João Casqueira Cardoso 1.O desafio da compreensão do Direito Islâmico 2.O desafio da aplicação jurídica do Direito Islâmico Conclusão Genealogia do Islamismo radical: de Ibn Taymiyya a Sayyid Qutb José Pedro Teixeira Fernandes O Islamismo como ideologia política Dois precursores: Ibn Taymiyya e Mohamed ibn Abd al-Wahhab Ibn Taymiyya Mohammed inb Abd al-Wahhab A (re)configuração moderna: Hassan al-Banna e os Irmãos Muçulmanos Os ideólogos incontornáveis: Abul Ala Mawdudi e Sayyid Qutb Abul Ala Mawdudi Sayyid Qutb 7 11 17 20 30 39 49 52 54 54 59 61 64 64 67 A Al-Qaeda: o discurso de Alá Célia Belim 1.Notas preliminares 1.1.Achega metodológica 1.2.Discurso e ideologia 1.3.A ideologia islamista 1.4.O actor político e discursante 2.O discurso islamista 2.1.Sacralização e simplificação da religião 2.2.Antevisão reflectora da confiança na vitória 2.3. Visão maniqueísta: bom (nós) vs. mau (eles) 2.4. Transfusão e grão de verdade 2.5.Inimigos únicos / bodes expiatórios 2.6.Contrapropaganda 2.7.A construção de uma imagem de força Considerações finais 75 78 78 79 83 85 87 87 90 91 92 93 94 98 100 Manifestações do Islamismo na Europa: as correntes políticas e missionárias 129 Sandra Liliana Costa Introdução131 A institucionalização do Islão na Europa e a mobilização política dos Muçulmanos europeus 133 O(s) Islamismo(s) na Europa 137 1.O Islamismo político 139 Organizações na esfera do Islamismo político 141 O Wahabismo 147 2.O Islamismo missionário ou apolítico 149 Tabligh Jamaat 150 O Salafismo 151 Das correntes não violentas à violência: que trajecto? 154 Conclusão 157 As novas tendências do pensamento islamista e as redes radicais jihadistas 167 Sandra Liliana Costa Introdução169 A evolução do Islamismo de 1980 aos nossos dias 172 O Salafismo Jihadismo na Europa 182 As figuras da jihad global186 Abdullah Azzam: o coração e o cérebro da jihad afegã 187 Ayman al-Zawahiri: o ideólogo egípcio do Islamismo radical sunita contemporâneo 191 Abu Mus’ab al-Suri: o intelectual do Jihadismo 197 Abu Mus’ab al-Zarqawi: o revolucionário anti-xiita 200 O trio “Europeu”: Abu Qatada, Abu Hamza al-Masri e Omar Bakri Muhammed 205 Conclusão209 O processo de radicalização no Ocidente José Augusto do Vale Faria A pré-radicalização A auto-identificação O doutrinamento A jihadização 232 235 237 239 Conclusão 249 219 Prefácio Foi-me dada honra de escrever estas linhas de introdução ao novo livro coordenado pela Professora Maria do Céu Pinto, investigadora de renome, tanto a nível nacional como internacional nestes domínios do islamismo, particularmente do radical. Tratam-se de reflexões muito importantes e úteis para os estudiosos, mas também para os políticos e responsáveis destas vertentes de segurança, reflexões realizadas por colegas e colaboraores seus, professores e investigadores universitários. Um bom conhecimento destas correntes do islamismo é indispensável a acções tendentes a conter estes fenómenos, particularmente no espaço europeu, procurando ao mesmo tempo integrar essas comunidades que por vezes, em situações de fragilidade, são presa fácil desse islamismo Houve tempos não muito distantes em que se profetizou o fim do terrorismo jihadista, a propósito da eclosão da “Primavera Árabe”. Ora a presença da al-Qaeda no Magrebe Islâmico no Sahel, aproveitando as novas oportunidades decorrentes dessa decomposição de regimes autoritarios, juntamente com outras manifestações ligadas à presença e espalhamento do Islão quer político quer missionário, não só na Europa mas em regiões vizinhas, levam-nos a crer que o perigo do jihadismo não passou, antes permanece como uma ameaça. Por tudo isso se saúdam vivamente os diversos contributos que constituem o livro coordenado pela Professora Maria do Céu Pinto, insigne investigadora, o qual vai certamente contribuir, uma vez mais para um melhor conhecimento dos fundamentos e das manifestações do Islão radical, nas suas diversas vertentes e consequentemente para acções preventivas e correctivas mais inteligentes e eficazes. José Manuel M. Anes 7 Livro realizado no âmbito do projecto POCI/CPO/56994/2004, “O pensamento muçulmano radical na Europa e as redes terroristas islâmicas (uma comparação com o Magrebe)” aprovado pela FCT e pelo POCI 2010 e comparticipado pelo POCI 2010. Introdução Após 2001, o Islamismo de tendência radical assumiu-se como um importante actor das relações internacionais, considerando as suas acções no palco global. Assim sendo, as comunidades muçulmanas, na parte ocidental do continente europeu, começaram a ser objecto de um interesse renovado por parte da comunidade científica, dos meios de comunicação social e dos decisores políticos. Nas últimas décadas, a Europa tornou-se “Terra do Islão” devido à presença de cerca de 15 milhões de Muçulmanos. Simultaneamente, estas comunidades minoritárias atraíram a atenção dos líderes, ideólogos e estrategas do movimento islamista jihadista. A análise destas comunidades revela-nos um panorama muito diversificado em termos de composição nacional, étnica, cultural e religioso. As diferentes condições sociais e económicas e países de origem dessas comunidades explicam a sua heterogeneidade. Ora, é esta diversidade, bem como factores potenciadores da alienação em relação à sociedade envolvente, causadores de tensões motivados pela sua condição minoritária, que as organizações islamistas radicais procuram explorar de modo a servir os seus objectivos. O Islamismo ou Islão político é um conceito que se aplica aos movimentos activistas islâmicos não violentos, os quais têm uma visão peculiar da política e da sociedade. De um modo geral, pode-se caracterizá-los pelo facto de terem um projecto político, estarem organizados como movimentos sociais ou partidos, terem actividades políticas e exigências específicas delas decorrentes e actuarem no respeito do quadro constitucional dos Estados onde estão sediados. Importa salientar que a primeira característica do Islamismo político em solo europeu é a pluralidade dos movimentos que o compõem. 11 Introdução Os atentados do 11 de Setembro alteraram completamente o panorama sócio-político europeu e revelaram a implantação na Europa de núcleos extremistas e terroristas islâmicos prosseguindo a causa da Jihad Global. A presença de vários ideólogos e militantes desta causa atribuiu à Europa um papel de relevo enquanto sede de emanação de ideias que redefiniram o panorama ideológico do mundo muçulmano e do Islão europeu, em particular. Na Europa, existem hoje importantes franjas de um Islão politicizado, o qual reveste múltiplas formas e oferece diferentes perspectivas sobre temas como, a natureza do Estado, a Sharia (lei islâmica), o sistema democrático, a subversão da ordem vigente, a coexistência com outros grupos ou a igualdade entre os géneros. Os atentados terroristas de Londres, de Julho de 2005, e de Madrid, de Março de 2004, reforçaram a percepção que a ameaça terrorista é endógena e já não é exclusivamente o resultado de elementos terroristas vindos do exterior. Eles reforçaram a percepção da necessidade de dar prioridade à luta contra a radicalização violenta enquanto elemento principal de uma abordagem global da prevenção do terrorismo. Consciente desta dimensão fundamental da problemática do terrorismo, a União Europeia, apresentou uma estratégia europeia a longo prazo visando combater os factores que contribuem para a radicalização e o recrutamento, especialmente dos jovens, para actividades terroristas. Conceitos que na cultura política do Ocidente são sinónimo de terrorismo e violência política, são centrais na ideologia da Jihad Global. A Jihad Global é o fenómeno de solidariedade entre grupos díspares que partilham interpretações limitadas e extremistas do Islão. Elas conheceram uma grande divulgação, criando um ambiente e um caldo de cultura que aceita e promove a confrontação violenta com as instituições europeias e valores ocidentais. Os movimentos islamistas conseguiram, nas três últimas décadas, implantar a noção de uma guerra cultural entre o mundo muçulmano e o Ocidente, convencendo muitos Muçulmanos que o Islão está sob ameaça. Estas interpretações são o resultado de desenvolvimentos que tiveram origem no Médio Oriente, mas que se expandiram para a Europa nas últimas décadas. O movimento da Jihad Global reflecte a consolidação de tendências e doutrinas multinacionais no seio do mundo árabe e da sua expansão e amplificação entre as comunidades muçulmanas do Ocidente. 12 O Islão na Europa face ao Islão global: dinâmicas e desafios Desde 2001, o fenómeno da radicalização e recrutamento de elementos para a causa da Jihad Global conheceu uma evolução constante. Para melhor se compreender este universo radical, pode-se dividir estes movimentos, organizações e grupos em três tipos, seguindo a classificação do Serviço Geral de Informações e Segurança da Holanda (Algemene Inlichtingen-en Veiligheidsdienst, AIVD) que tem trabalhado sobre este tema. A primeira tipologia do Islão radical, que se pode designar Islão político-radical, caracteriza-se pela resistência que opõe ao que considera a política “opressiva” do Ocidente e tem como alvo o sistema político democrático. Estes islamistas pretendem substituir a democracia por um sistema político baseado na sua própria interpretação do Islão e instituir o Califado, com o predomínio da Ummah, a Comunidade dos crentes muçulmanos, o que pressupõe uma ideologia totalitária. A segunda tipologia do Islão radical, conhecida por puritanismo radical-islâmico ou Salafismo, coloca a ênfase na resistência à “opressão” da cultura ocidental, centrando as suas críticas no estilo de vida ocidental que esta tendência repudia, considerando-o uma ameaça à pureza do Islão. Estes militantes defendem uma sociedade regida pelo Alcorão e pela Sharia à semelhança dos salaf, os “antepassados pios”, contemporâneos do Profeta Maomé. Desprezam a concepção ocidental sobre a igualdade de direitos entre homens e mulheres, a liberdade de expressão, o respeito pela diversidade ideológica, a noção de privacidade e a natureza secular da sociedade, entre outros assuntos. A terceira variante é o nacionalismo radical muçulmano (ou comunitarismo radical muçulmano) que reage contra o predomínio político e cultural do Ocidente, mas é menos motivado pela religião. Nesta vertente, predominam as formas, muitas vezes ignoradas, do radicalismo que não se concentram no Islão como religião, mas sim, sobre o que significa ser Muçulmano, nomeadamente a “comunidade imaginada” da “nação muçulmana” e a solidariedade entre os Muçulmanos de todo o mundo. O risco nestas visões exclusivistas e intolerantes, é considerar que todos os valores e contributos de organização sócio-política que enformam e caracterizam as sociedades ocidentais contemporâneas, tais como, a democracia, a secularização, a laicidade, e o Estado-Nação, são ilegítimos. A ideia de soberania do Estado-Nação é incompatível com a crença na soberania de Allah e com o primado da Ummah, pelo que, os movimentos islamistas 13 Introdução rejeitam o conceito de Estado-Nação em prol da unidade do Islão. O conceito de soberania de divina (hukm) reconhece a soberania exclusivamente a Deus, em oposição aos sistemas políticos-partidários que estes movimentos desprezam, defendendo que a legitimidade de qualquer poder não pode ser obtida através de uma maioria democraticamente eleita, nem da consulta popular e, muito menos ainda, de uma aristocracia, de uma república laica, ou de uma monarquia secular. Deste modo, os direitos humanos, que são o fundamento da sociedade, só adquirem eficácia se estiverem submetidos à lei de Deus. Ora, o perigo destas visões islamistas é favorecer a criação de guetos e socialidades paralelas, tribunais e polícias islâmicas à margem da legalidade vigente, assim como o abandono escolar das jovens muçulmanas e casamentos forçados, entre outras questões. Como exemplo vivo desta realidade, pode-se apontar o caso da Grã-Bretanha, onde foi adoptada oficialmente, como alternativa aos tribunais comuns, a aplicação da lei islâmica nos designados tribunais da Sharia. Estes tribunais foram dotados de poderes e encarregados de julgar assuntos do foro cível entre cidadãos muçulmanos, tais como divórcios, disputas financeiras, heranças e casos de violência doméstica. Tal precedente pode marcar o início de um sistema jurídico paralelo baseado na Sharia com consequências como a discriminação das mulheres. A presença na Europa de pessoas de confissão muçulmana coloca questões jurídicas ao espaço público europeu em construção. Em “Modelos jurídicos e comunidades islâmicas no espaço público europeu”, João Casqueira Cardoso reflecte sobre os desafios de compatibilização das regras islâmicas com as leis europeias. Existem semelhanças gerais, ou mais específicas, entre o(s) Direito(s) Islâmico(s) e os principais sistemas jurídicos europeus. No entanto, a questão de fundo é saber se os Direitos europeus estão todos igualmente preparados para aceitar as especificidades dos conceitos e dos métodos dos Direitos de raiz islâmica. A compreensão dos conflitos jurídicos potenciais entre as comunidades islâmicas e as ordens públicas dos Estados europeus, passa, assim, pela análise comparada das fontes e dos métodos dos respectivos modelos jurídicos. As duas áreas charneiras do espaço público europeu onde os conflitos jurídicos já se manifestam, são a escola e a família. As autoridades europeias tendem a limitar a aplicação do Direito islâmico por receio de pôr em causa princípios tidos por basilares e superiores para os Estados europeus, como é o caso da laicidade. 14 O Islão na Europa face ao Islão global: dinâmicas e desafios Em “Genealogia do Islamismo radical: de Ibn Taymiyya a Sayyid Qutb”, José Pedro Teixeira Fernandes analisa algumas das raízes mais longínquas do pensamento islâmico radical de matriz sunita. Partindo de uma distinção conceptual entre Islão e Islamismo, o autor passa em revista o pensamento dos precursores do Islamismo contemporâneo, como o jurista e sábio muçulmano Ibn Taymiyya (séc. XIII-XIV) e Mohamed ibn Abd al-Wahhab (séc. XVIII). Examina-se assim o pensamento do fundador do Wahabbismo, bem como a influência e expansão do Wahhabismo/Salafismo que, de movimento radical periférico, se transformou em movimento com crescente influência um pouco por todo o mundo muçulmano sunita e no seio da própria diáspora muçulmana na Europa. Esta expansão deve-se, em grande parte, aos enormes rescursos financeiros petrolíferos provenientes do Golfo a partir dos anos 70 e postos à disposição da expansão desta forma de Islão. A análise incide ainda sobre o Islamismo radical, que começou a esboçar-se na década de 1920 do século XX. Aborda-se o contributo de figuras-chave do mesmo: Hassan al-Banna, fundador da Sociedade dos Irmãos Muçulmanos, bem como ideólogos muçulmanos, como Abul Ala Mawdudi e Sayyid Qutb. O autor centra a sua análise na influência exercida pelos Irmãos Muçulmanos na configuração e estratégia dos actuais movimentos islamistas radicais. Em «Al-Qaeda: O Discurso de Alá», Célia Belim procura identificar “as receitas” do discurso político e espelhar as linhas de pensamento principais da liderança daquela organização islamista: Osama bin Laden e Ayman al-Zawahiri. Recorrendo à técnica da análise de conteúdo, a autora estudou os discursos dos seus líderes e as suas linhas de força. As ideias, posicionamentos e crenças dos líderes da al-Qaeda são-nos desvendados sob a forma de palavras. As suas mensagens revelam a devoção a Alá e a crença absoluta e inabalável na religião. A cruzada violenta da al-Qaeda é retratada como uma reacção forçada e legítima, justificada pelas provocações do Ocidente. Usando uma configuração dualista Bem-Mal, em que a al-Qaeda representa o Bem, estes líderes prevêem a vitória das suas forças sobre o maléfico inimigo. Em “Manifestações do Islamismo na Europa: as correntes políticas e missionárias” e “As novas tendências do pensamento islamista e as redes radicais jihadistas”, Sandra Costa analisa como o Islamismo contemporâneo é pautado pela heterogeneidade em termos de correntes de pensamento, estratégias e modos de acção. O carácter flexível do Islamismo permite a contínua 15 Introdução renovação das suas ideias, bem como a sua evolução. Apesar do Islamismo radical constituir uma minoria dentro do universo islâmico, goza na actualidade de grande visibilidade. A tal, não são estranhos os desenvolvimentos políticos e ideológicos que tiveram lugar a partir da década de 1980. A fusão do Islamismo radical egípcio com o puritanismo salafita-wahhabita saudita durante o conflito afegão, deu origem à tendência jihadista. Esta assumiu foros de doutrina global durante os anos 1990 por defender a oposição aos governos estrangeiros, vistos como apoiantes dos regimes muçulmanos corruptos. A exposição da Europa à ideologia jihadista é recente e é a consequência do aparecimento de células autónomas que subscrevem a ideologia salafita jihadista. Em “O processo de radicalização no Ocidente”, José Vale Faria analisa o fenómeno do terrorismo jihadista interno, o surgimento do “terrorismo doméstico” (homegrown terrorism) e as dinâmicas da radicalização e recrutamento para o terrorismo islâmico. O processo de radicalização, como todos os fenómenos sociais, é complexo e dinâmico, sendo influenciado por múltiplas causas e factores, e por isso é variável de indivíduo para indivíduo. O processo que conduz um militante jihadista à realização de acções terroristas, não é o resultado de um único factor que, de per se, possa ser considerado a causa catalisadora do processo de radicalização, mas sim, o corolário de uma combinação de factores que, no seu conjunto, explicam a razão pela qual jovens muçulmanos, homens e mulheres, se predispõem a realizar ataques terroristas e operações de martírio. Embora a radicalização se afigure como um processo predominantemente íntimo e psicológico, para ela contribui de sobremaneira uma série de estímulos políticos, socioeconómicos e culturais, seja endógenos ou exógenos, que transformam a motivação individual em acção efectiva. O estado da investigação actual no domínio dos estudos do terrorismo permite-nos identificar algumas tendências e esboçar um perfil típico padrão do jihadista europeu. 16