UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA DARLAN DE OLIVEIRA ANDRADE Fatores associados às doenças respiratórias em menores de cinco anos no Centro-Oeste brasileiro Goiânia - GO 2011 i TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES E DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS (TEDE) NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás (UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UFG), sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data. 1. Identificação do material bibliográfico: 2. Identificação da Tese ou Dissertação Autor (a): Darlan de Oliveira Andrade E-mail: [email protected] Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? [X] Dissertação [X]Sim [ ] Tese [ ] Não Vínculo empregatício do autor Agência de fomento: Sigla: País: UF: CNPJ: Título: Fatores associados às doenças respiratórias em menores de cinco anos no Centro-Oeste brasileiro Palavras-chave: Doenças respiratórias infantis, infecções respiratórias, clima Título em outra língua: Factors associated with respiratory diseases in children under five years in the Brazilian Midwest Palavras-chave em outra língua: Childhood respiratory diseases, respiratory infections, climate Área de concentração: Doenças Infecciosas e Parasitarias Data defesa: (dd/mm/aaaa) 30/05/2011 Programa de Pós-Graduação: Medicina Tropical Orientador (a): Dr. Marcelo Fouad Rabahi. E-mail: [email protected] Co-orientador (a):* E-mail: *Necessita do CPF quando não constar no SisPG 3. Informações de acesso ao documento: Concorda com a liberação total do documento [x] SIM [ ] NÃO1 Havendo concordância com a disponibilização eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s) arquivo(s) em formato digital PDF ou DOC da tese ou dissertação. O sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações garante aos autores, que os arquivos contendo eletronicamente as teses e ou dissertações, antes de sua disponibilização, receberão procedimentos de segurança, criptografia (para não permitir cópia e extração de conteúdo, permitindo apenas impressão fraca) usando o padrão do Acrobat. ________________________________________ Assinatura do (a) autor (a) Data: ____ / ____ / _____ 1 ii Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita justificativa junto à coordenação do curso. Os dados do documento não serão disponibilizados durante o período de embargo. i DARLAN DE OLIVEIRA ANDRADE Fatores associados às doenças respiratórias em menores de cinco anos no Centro-Oeste brasileiro Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de PósGraduação em Medicina Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás para obtenção do Título de Mestre em Medicina Tropical e Saúde Pública. Orientador: Dr. Marcelo Fouad Rabahi. Goiânia - GO 2011 iii Dados Internacionais de Catalogação na Publicação na (CIP) GPT/BC/UFG A553f Andrade, Darlan de Oliveira. Fatores associados às doenças respiratórias em menores de cinco anos no Centro-Oeste brasileiro [manuscrito] / Darlan de Oliveira Andrade. - 2011. xiv, 104 f. : il., tabs. Orientador: Prof. Dr. Marcelo Fouad Rabahi. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública , 2011. Bibliografia. Inclui lista tabelas, figuras, símbolos, siglas e abreviaturas. Anexos. 1. Doenças respiratórias infantis – Goiânia (GO). 2. Infecções respiratórias em crianças – Goiânia (GO). I. Título. CDU 616.2-053.4(817.3) I Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás BANCA EXAMINADORA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Aluno (a): DARLAN DE OLIVEIRA ANDRADE Orientador (a): Dr. Marcelo Fouad Rabahi Membros: 1. Profª.Drª. Menira Borges de Lima 2. Profª.Drª. Melissa Ameloti Gomes Avelino 3. Prof. Dr. Paulo Sérgio Sucasas da Costa 4. Prof. Dr.. João Alves de Araújo Filho 5. Profª.Drª . Ana Paula Junqueira Kipnis Data:30/05/2011 iv DEDICATÓRIA Dedico esta vitória à Deus e à meus pais: José Leite e Maria José, além de meu irmão Guilherme, que com todo amor estiveram sempre ao meu lado em todos os momentos da minha vida. À minha noiva, Ana Carolina, pelo apoio, compreensão e incentivo na busca dos meus sonhos e desejos. Gratidão eterna! v AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, por fazer da minha vida uma vitória diária, por iluminar o meu caminho, cuidar de mim, me permitir sonhar e me dar forças para buscar a realização deste sonho. À minha mãe Maria José, meu pai José Leite e à meu irmão Guilherme, que me apoiaram, cada qual a sua maneira, sem querer ou saber, tornaram-se grandes fontes propulsoras de energia, para realização deste trabalho. À minha noiva, Ana Carolina, agradeço por estar presente em minha vida e ser base de minhas grandes realizações atuais e futuras. Ao Orientador, Prof. Dr. Marcelo Foaud Rabari, por toda dedicação e amizade, com quem pude contar nos momentos decisivos deste trabalho. Aos professores que passaram por minha vida, pelo grande conhecimento compartilhado durante esta caminhada, em especial ao meu mestre Dr. Wilson Rocha Filho e equipe, pela contribuição importantíssima na minha formação, bem como as Professoras: Patrícia Nagib Loyola e Viviane Miranda Rocha e Marina Oliveira Lopes Coelho, pela grande contribuição na conclusão deste trabalho. À equipe médica e de enfermagem, bem como a diretoria do Cais Novo Mundo, que nos receberam de braços abertos para realização do estudo. Aos acadêmicos que participaram deste estudo, fazendo sua iniciação científica: Barbara, Breno, Bruna, Bruno, Gustavo, Henrique e Isabela, exemplos de futuros grandes profissionais. Aos professores da banca, que dedicaram seu tempo e conhecimentos para avaliarem esse trabalho. Aos meus amigos, por tudo que já passamos juntos e pela saudade que ficará. Afinal Deus não pode estar em todos os lugares, por isso inventou os amigos. À todos aqueles que contribuíram de forma direta ou indireta para realização deste trabalho, de maneira particular, expresso minha gratidão em especial à Clayson e Nayara. Enfim, à todos que não foram aqui citados, mas que contribuíram para o meu projeto de vida, agradeço e dedico este estudo. À todos, agradeço de coração!!! vi SUMÁRIO Lista de Tabelas, Figuras e Anexos ...................................................... viii Lista de Símbolos, Siglas, Abreviaturas ................................................. xi Resumo .................................................................................................. xiii Abstract ................................................................................................. xiv 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................15 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 EPIDEMIOLOGIA ........................................................................................... 16 2.2 FATORES DE RISCO 1 Idade ........................................................................................................................ 18 2 Gênero ..................................................................................................................... 18 3 Imaturidade Imunológica ........................................................................................ 19 4 Nutrição .................................................................................................................. 21 5 Aleitamento materno ............................................................................................... 23 6 Antecedentes de doença respiratória pessoal e familiar .........................................24 7 Imunização .............................................................................................................. 25 8 Renda familiar .........................................................................................................29 9 Aglomeração intra e extradomiciliar ...................................................................... 29 10 Escolaridade dos pais ............................................................................................ 31 11 Agentes Etiológicos .............................................................................................. 32 12 Tabagismo 12.1 Tabagismo passivo ............................................................................................. 34 12.2 Tabagismo gestacional ....................................................................................... 35 vii 13 Exposição à poluentes ambientais ........................................................................36 14 Fatores climáticos .................................................................................................39 3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 40 4 OBJETIVO ........................................................................................................... 41 4.1 Objetivo Geral .....................................................................................................41 4.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 41 5 MÉTODOS 5.1 Período de estudo .................................................................................................43 5.2 População do estudo ............................................................................................ 43 5.3 Tamanho da amostra ........................................................................................... 44 5.4 Critérios de inclusão ............................................................................................ 44 5.5 Critérios de exclusão ............................................................................................ 44 5.6 Análise estatística ................................................................................................ 45 5.7 Definição das variáveis ........................................................................................ 45 5.8 Questionários .......................................................................................................48 5.9 Considerações Éticas ........................................................................................... 48 6 RESULTADOS 6.1 Fatores Ambientais e climáticos ..........................................................................50 6.1.1 Análise estatística dos Fatores Ambientais e climáticos ..................................57 viii 6.2 Fatores socioeconômicos 6.2.1 Gênero ............................................................................................................... 58 6.2.2 Idade .................................................................................................................. 58 6.2.3 Características Nutricionais .............................................................................. 59 6.2.4 Procura por atendimento médico ......................................................................60 6.2.5 Sintomatologia ..................................................................................................63 6.2.6 Antecedentes pessoais........................................................................................ 61 6.2.7 Aleitamento materno......................................................................................... 62 6.2.8 Antecedentes familiares ..................................................................................... 62 6.2.9 Imunização ........................................................................................................ 62 6.2.10 Aglomeração ................................................................................................... 63 6.2.11 Escolaridade dos pais ...................................................................................... 64 6.2.12 Renda familiar .................................................................................................65 6.213 Tabagismo ........................................................................................................66 6.2.14 Animais intradomiciliares ............................................................................... 67 6.2.15 Hipóteses Diagnósticas ................................................................................... 68 6.2.16 Desfecho Clínico ............................................................................................. 69 6.2.17 Análise estatística dos Fatores socioeconômicos ............................................ 70 7 DISCUSSÃO.......................................................................................................... 72 8 CONCLUSÕES .....................................................................................................83 9 REFERÊNCIAS ...................................................................................................84 ix FIGURAS, GRAFICOS, TABELAS E ANEXOS FIGURAS Figura 1 Distribuição dos focos de incêndio no município de Goiânia- GO ............ 56 Figura 2 Renda familiar dos menores com doenças respiratórias ........................... 66 GRÁFICOS Gráfico 1 Distribuição das patologias respiratórias e não respiratórias .................... 50 Gráfico 2 Percentual de atendimentos por doenças respiratórias em menores de cinco anos em relação aos meses do ano .............................................................................. 51 Gráfico 3 Prevalência das doenças respiratórias segundo as estações do ano ..........52 Gráfico 4 Distribuição mensal dos atendimentos por doenças respiratórias, segundo à localização de acometimento do trato respiratório ................................................ 53 Gráfico 5 Distribuição dos índices de precipitação média pluviométrica mensal ....54 Gráfico 6 Distribuição dos índices de umidade relativa média mensal .................... 54 Gráfico 7 Distribuição das temperaturas média, máxima e mínima mensais ........... 55 Gráfico 8 Distribuição percentual das crianças com doenças respiratórias segundo a idade ............................................................................................................................ 58 Gráfico 9 Distribuição percentual entre o tempo de início dos sintomas e a procura de atendimento médico dos menores com doenças respiratórias ............................. 60 Gráfico 10 Distribuição percentual, segundo os sintomas dos menores atendidos com doenças respiratórias .................................................................................................61 x TABELAS Tabela 1 Coeficientes de correlação para as variáveis analisadas climáticas em correlação as doenças respiratórias ............................................................................. 57 Tabela 2 Distribuição percentual, segundo o estado nutricional dos menores com doenças respiratórias ..................................................................................................59 Tabela 3 Imunização dos menores com doenças respiratórias .................................63 Tabela 4 Dados sobre aglomeração intra e extradomiciliar dos menores com doenças respiratórias ..................................................................................................64 Tabela 5 Distribuição dos menores com doenças respiratórias segundo o nível de escolaridade ................................................................................................................ 65 Tabela 6 Percentagem de Tabagismo gestacional e passivo entre os menores com doenças respiratórias ..................................................................................................67 Tabela 7 Distribuição da frequência dos diagnósticos clínicos e classificação anatômica dos menores com doenças respiratórias ................................................... 68 Tabela 8 Distribuição conforme o desfecho clínico dos menores com doenças respiratórias ................................................................................................................ 69 Tabela 9 – Coeficientes de correlação para as variáveis analisadas, em relação ao trato respiratório superior............................................................................................ 70 Tabela 10 – Coeficientes de correlação para as variáveis analisadas, em relação ao trato respiratório superior inferior .............................................................................. 71 xi ANEXOS Anexo 1 – Calendário de análise de prontuários ..................................................... 101 Anexo 2 - Questionário ............................................................................................ 102 Anexo 3 - Termo de Consentimento Livre Esclarecido .......................................... 103 Anexo 4 - Aprovação no comitê de ética ................................................................ 104 xii SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS AGMA ............................................................. Agência Goiana de Meio Ambiente ANTHRO ......... Programa estatístico para avaliação do estado nutricional, NCHS ASBAI .................................... Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia BCG ..................................... Bacilo de Calmette-Guérin (vacina para tuberculose) BPN ............................................................................... Baixo Peso de Nascimento BVA ................................................................................... Bronquiolite viral aguda CAIS ..................................................... Centro de Atendimento Integrado a Saúde CPTEC ...................................Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos DATASUS ..........................................Banco de dados do Sistema Único de Saúde DP ..................................................................................................... Desvio Padrão DRA ............................................................................. Doença Respiratória Aguda GROG ..................................................... Grupo Regional de Observação da Gripe IBGE ................................................ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IC95% .................................................................... Intervalo de Confiança de 95% IgA .............................................................................................. Imunoglobulina A IgG .............................................................................................. Imunoglobulina G IL -6 .................................................................................................... Interleucina 6 IL -8 .................................................................................................... Interleucina 8 INPE .......................................................Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais IRA ............................................................................. Infecção Respiratória Aguda IRAI ............... Infecções das Vias Aéreas Inferiores (do trato respiratório inferior) IRAS ........... Infecções das Vias Aéreas Superiores (do trato respiratório superior) ISAAC ................................... Estudo Internacional de Asma e Alergia na Infância MP ............................................... Material Particulado em suspensão no ambiente NCHS ................................................... National Center for Health Statistics, USA NO2 .......................................................................................Dióxido de nitrogênio O3 ................................................................................................................. Ozônio xiii OMS .......................................................................Organização Mundial da Saúde OPAS ............................................................. Organização Panamericana de Saúde OR ........................................................................................................... Odds ratio PNCA ........................................................... Plano Nacional de Controle da Asma PNI .................................................................... Programa Nacional de Imunização PPA .............................................................................. Punção pulmonar aspirativa RP .......................................................................................... Razão de Prevalência RR ..................................................................................................... Risco Relativo SBCM ........................................................Sociedade Brasileira de Clínica Médica SBP ...................................................................... Sociedade Brasileira de Pediatria SIMEHGO .................. Sistema de Meteorologia e Hidrologia do Estado de Goiás SEMARH ................................ Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos SPBT ........................................ Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia SO2 ............................................................................................ Dióxido de enxofre SM ................................................................................................Salários Mínimos TNF45 ....................................................................... Fator de Necrose Tumoral 45 UNICEF ......................................................................... Fundo das Nações Unidas UFG ........................................................................ Universidade Federal de Goiás US$ ........................................................................................... Dólares americanos UTI ..................................................................... Unidade de Tratamento Intensivo VSR ............................................................................. Vírus Sincicial Respiratório χ 2 ......................................................................................... Teste do Qui-quadrado xiv RESUMO OBJETIVO: Descrever a prevalência das doenças respiratórias identificando a influência dos fatores climáticos e socioeconômicos, entre os menores de cinco anos, atendidos em uma unidade emergência básica na cidade de Goiânia- GO- Brasil. MÉTODO: Realizou-se um estudo corte transversal e descritivo, do tipo inquérito populacional, em menores de cinco anos, atendidos em pronto atendimento pediátrico, no período de março de 2010 à fevereiro de 2011, por meio de análise por amostragem sistemática dos prontuários de atendimento médico e da aplicação de um questionário padronizado, respondido pelos pais ou responsáveis nas diferentes estações climáticas . O programa SPSS Windows 16.0, foi utilizado de modo a determinar uma estatística descritiva dos fatores investigados. RESULTADOS: Ao analisarmos 7285 fichas de atendimento do pronto atendimento pediátrico em menores de doze anos, constatamos 4711 pacientes menores de cinco anos e destes 2675 pacientes apresentavam doenças respiratórias, com taxas percentuais variando entre 45,9% a 70,1% do total de atendimentos, a depender do período do ano. Ao distribuirmos estes atendimentos segundo as estações climáticas, encontramos os seguintes resultados: verão 59,9% (765/1278), outono 63,5% (764/1205), inverno 50,6% (578/1143) e primavera 52,4%(568/1085). Quanto a localização de acometimento do trato respiratório nestas crianças, observamos que a maioria das doenças respiratórias, independentemente da estação climática, correspondiam ao trato superior (63 a 79%) e uma maior incidência de afecções do trato inferior foi registrada durante o outono (35%), representado, principalmente, por pneumonias e afecções brônquicas agudas. Realizando a análise dos fatores climáticos no período chuvoso (primavera/verão) constatamos significância em relação ao período seco (outono/inverno) para doenças respiratórias (RR 1,08 IC95% 1,02-1,15), além disso, verificamos um risco das doenças respiratórias neste período em decorrência da umidade (RR 1,04 IC95% 1,01-1,09). A temperatura amena durante todo ano apresentou-se como fator de proteção em ambos os períodos: chuvoso (RR 0,67 IC95% 0,47-0,96) e seca (RR 0,66 IC95% 0,48-0,90). Ainda de modo a conhecermos o perfil sócio-econômico de nossas crianças influênciadas pela variabilidade climática, entrevistamos 623 crianças ao longo das quatro estações climáticas e encontramos as seguintes associações: desmame precoce associado com a gripe (RR 1,89 IC95% 1,35-2,63), otite (RR 2,96 IC95% 1,17-7,54) e amigdalite (RR 2,58 IC95% 1,55-4,29); vacinação não atualizada com gripe (RR 0,01 CI95% 1.19-4.73); rinite com a gripe (RR 1,57 IC95% 1,03-2,41) e afecções obstrutivas agudas (RR 1,96 IC95% 1,13-3,40); fumo durante a gravidez e afecções obstrutivas (RR 2,0 IC95% 1,03-3,88 ), tabagismo passivo e sinusite (RR 2,67 IC95% 1,365,78), frequência em creche / escola e da gripe (RR 1,78 IC95% 1,28-2,48); história de afecções obstrutivas e afecções obstrutivas atuais (RR 4,23 IC95% 2,59-6,90); história de pneumonia associada afecções obstrutivas (RR 1,88 IC95% 1,09-3,25) e pneumonia atuais (RR 2,87 CI95% 1,33-6,19), história de alergia alimentar e tonsilites (RR 2,51 IC95% 1,28-4,93); aglomeração e sinusite (RR 2,79 IC95% 1,266,07) e história familiar com afecções obstrutivas agudas (RR 1,89 IC95% 1,153,10). CONCLUSÃO: Nossos resultados demonstram altas prevalências de doenças respiratórias em menores de cinco anos, durante todo período de estudo, com destaque no período chuvoso. Além disso, os fatores socioeconômicos: desmame precoce, aglomeração, tabagismo e histórias patológicas pregressa/familiar, demonstraram importância para o risco de doenças respiratórias. xv ABSTRACT OBJECTIVE Describe the prevalence of respiratory diseases by identifying the influence of climatic and socioeconomic factors among children under the age of five enrolled in a basic emergency care in Goiânia- GO- Brazil. METHOD It has been conducted a cross-sectional and descriptive study, populationbased survey of children under five years old treated in pediatric emergency care during the period of March 2010 to February 2011 through analysis by systematic sampling of patient records and medical application by a standardized questionnaire answered by parents or legal guardians in different seasons. SPSS Windows 16.0 was used to determine descriptive statistics of the variable factors investigated. RESULTS The analysis of 7285 medical records of pediatric emergency care in less than twelve years, we found 4711 patients younger than five years and of these 2675 patients had respiratory diseases, these were the main responsible for medical care during the study period, with rates varying from 45.9% to 70.1% depending on the time of the year . To distribute these medical cares, according to the seasons we find the following results: summer 59.9% (765/1278), fall 63.5% (764/1205), winter 50.6% (578/1143) and spring 52.4% (568/1085). Regarding the location of respiratory tract involvement in these children, we observed that most of respiratory diseases regardless the season corresponded to the upper tract (63% to 79%) and a higher incidence of diseases of the lower tract was recorded during autumn (35%), represented mainly by bronquial pneumonia and acute diseases. In the analysis of climatic conditions during the rainy season (spring / summer) found significance in relation to the dry season (fall / winter) for respiratory diseases (OR 1.08 95% CI 1.02 to 1.15), moreover, we found a risk of respiratory diseases in this period due to the humidity (OR 1.04 95% CI 1.01 to 1.09). The mild temperatures all year long presented itself as a protective factor in both seasons: rainy (OR 0.67 95% CI 0.470.96) and dry (OR 0.66 95% CI 0.48 to 0.90 ). In order to know the socio-economic profile of the affected children by climate variability we have interviewed 623 children during the four seasons and find the following associations: early weaning associated with flu (OR 1.89 CI 1.35 to 2.63 ), otitis (OR 2.96 CI 1.17 to 7.54) and tonsillitis (OR 2.58 CI 1.55 to 4.29); non-updating vaccine with flu (OR 0.01 CI1.19 to 4.73); history of rinitis disorders with flu ( OR 1.57 CI 1.03 to 2.41) and obstructive affections (OR 1,96 CI 1.13 to 3.40);smoking during pregnancy and obstructive affections (OR 2.0 CI 1.03 to 3.88); passive smoking and sinusitis (OR 2.67 CI 1.36 to 5.78); frequency in daycare / school and flu (OR 1,78 CI 1.28 to 2.48); history of obstructive affections and present obstructive affections (OR 4,23 CI 2,59 to 6,90); history of pneumonia associated obstructive affections (OR1,88 CI 1.09 to 3.25) and present pneumonia (OR 2,87 CI 1.33 to 6.19); history of food allergy and tonsilites (OR 2,51 CI 1,28 to 4,93); crowding and sinusitis (OR 2,79 CI 1,26 to 6,07) and family history of atopic and bronchial affections (OR 1,89 CI 1,15 to 3,10). CONCLUSION:The results demonstrate a high prevalence of respiratory diseases in children under five years old throughout the study period, especially during the rainy season. In addition, socioeconomic factors: early weaning, overcrowding, smoking and past medical history and family demonstrate significance for the risk of respiratory diseases. xvi 1 INTRODUÇÃO / REVISÃO DA LITERATURA INTRODUÇÃO As Doenças Respiratórias Agudas ocupam um papel predominante dentre os agravos infantis, tanto pela morbidade, quanto pelo seu potencial para mortalidade. Caracterizam-se por eventos mórbidos de diferentes etiologias (infecciosas ou não infecciosa) e de distinta severidade, capazes de comprometer uma ou mais regiões do trato respiratório da criança, com duração menor que três semanas (Peña 2008). o diagnóstico dos quadros respiratórios pode ser feito segundo a sua localização na via respiratória em alta e baixa; as altas acometem as vias aéreas que se localizam entre as fossas nasais e a laringe, e as baixas acometem as regiões a partir da laringe até os pulmões. As síndromes clínicas infecciosas que acometem as vias aéreas superiores, compreendem a: amigdalite, otite média aguda, sinusite, rinofaringite aguda, epiglotite, laringite; o acometimento das vias aéreas inferiores compreende a: pneumonia, a bronquite, a bronquiolite e traqueobronquite, já as não infecciosas destatacam-se a rinite nas vias respiratórias superiores e as doenças obstrutivas como asma nas vias inferiores (Benguigui 2002; Ministério-da-Saúde 2002). Em uma época onde as enfermidades emergentes e re-emergentes recebem maior atenção da comunidade científica, por causa da enorme repercussão social, particularmente as infecções respiratórias, principalmente em crianças abaixo de cinco anos representam um grande desafio da saúde pública mundial , resultando em elevados ônus, tanto diretos quanto indiretos (Benguigui 2002; Antunano 2003). Uma análise de Antuano e colaboradores da situação, demonstrou haver um conjunto de causas e fatores que determinam a magnitude da mortalidade e da morbidade grave, devido a essas doenças. Existem fatores associados aos conhecimentos da família e da comunidade sobre o processo da doença na criança, como por exemplo, o reconhecimento imediato ou tardio e adoção de medidas adequadas ou inadequadas para o tratamento, bem como a consulta a um serviço de 17 saúde. Fatores outros, relacionados com as características da assistência dispensada àquelas crianças levadas aos serviços de saúde por causa de alguma dessas doenças, tais como a realização de uma avaliação completa e adequada e a indicação e prestação do tratamento mais conveniente. Além disso, fatores associados às condições básicas de vida da criança e de sua família, podem influenciar na suscetibilidade ao contágio e no agravamento (Antunano 2003). REVISÃO DA LITERATURA EPIDEMIOLOGIA Mesmo com o avanço nas últimas décadas no desenvolvimento de estratégias para controle das infecções respiratórias agudas e disponibilidade de novos, seguros e potentes anti-microbianos, a incidência das doenças respiratórias é semelhante em todo o mundo, tanto em países desenvolvidos, como em países em vias de desenvolvimento. Entretanto esta dicotomia se fará presente na frequência e gravidade dos casos, principalmente em crianças menores de um ano de idade, além disso, dados de tendência de mortalidade demonstram também esta evolução, quanto a variabilidade geográfica (Benguigui 2002). A Organização Mundial de Saúde estima que aproximadamente 15 milhões de crianças morrem a cada ano antes dos cinco anos de idade e que um terço destas mortes sejam devidas à infecção respiratória aguda. Destas mortes, 98% ocorrem em países em desenvolvimento, sendo que as mais elevadas taxas de mortalidade para todas as idades encontram-se nos países da África, América do Sul e Central (Garenne 1992; Antunano 2003). No continente americano, estima-se que aproximadamente 70.000 crianças com menos de cinco anos morre anualmente no continente americano em consequência de infecções respiratórias agudas. Essas doenças causam, aproximadamente, 15% destas mortes que ocorrem anualmente de crianças com menos de cinco anos, porém sua importância como causa de óbito difere entre os países. Enquanto no Canadá e nos Estados Unidos da América elas são responsáveis por 2% das mortes de crianças de zero a cinco anos, em outros países americanos menos desenvolvidos, elas representam uma parcela maior e são a causa, por exemplo, de 21% (Guatemala) e de 39% (Haiti) das mortes neste grupo etário (Benguigui 2002). 18 No Brasil, de acordo com as informações do Ministério da Saúde, as afecções originadas no período peri-natal, correspondem à principal causa de morte em crianças de até cinco anos, seguida pelas malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas. As doenças respiratórias perfazem a terceira maior causa deste grupo etário país, apresentando no entanto, a exemplo do restante do mundo, desigualdades regionais, sociais e culturais entre as taxas de mortalidade infantil por pneumonias, onde as mais altas encontram-se nos estados no Norte e Nordeste e mais baixas no Sul e Sudeste. (70/1.000 a 17/1.000) (Paiva 1998; Ferreira 2004; Ministério-da-Saúde 2010) De acordo com os dados da OPAS/OMS (Organização Pan Americana de Saúde /Organização Mundial de Saúde), dispõe-se de pouca informação sobre incidência e prevalência das distintas doenças respiratórias que compõem o grupo das infecções respiratórias agudas. No entanto, em 37 países da América Latina, todos concordam que a causa principal de consulta externa pediátrica, estão representadas pelas infecções respiratórias agudas (OPS/OMS 1994). Estima-se nos países em desenvolvimento, que ocorra em decorrência de doenças respiratórias, cerca de um óbito a cada sete segundos em crianças menores de cinco anos de idade. Dentre elas, a pneumonia assume papel de preponderante (OPS/OMS, 1994; Benguigui 1998; Enarson & Chretien 1999). Prevalências apontam que as doenças respiratórias agudas contribuem com cerca de 30% à 50% das crianças que procuram atendimento médico e entre 20% a 40% das hospitalizações pediátricas, a depender dos diferentes períodos do ano (Duarte 2000). Dados de 2005 no Brasil (DATASUS), indicam que as infecções respiratórias foram a primeira causa de internação hospitalar em menores de cinco anos (351.341mil), correspondendo a 43% do total de internações e por 3380 óbitos neste grupo de causa (Ministério-da-Saúde 2005a). 19 FATORES DE RISCO Vários são os fatores implicados na gênese das doenças respiratórias agudas, envolvendo tanto hospedeiro, meio ambiente e o agente etiológico (físicos, fisiológicos, ecológicos, biológicos, econômicos e/ou sociais), de modo a influenciar a morbidade, mortalidade, prognóstico e evolução (Fiterman 2001). 1 Idade Estudos relatam que as infecções respiratórias baixas, principalmente as pneumonias, predominam em crianças menores de um ano, principalmente nos menores de 6 meses (Galvão 2009; Paiva 1998). Na maioria dos países em desenvolvimento, dentre as mortes atribuídas a infecções respiratórias agudas em menores de cinco anos, 20 a 30% ocorrem nos primeiros dois meses de vida, sendo a correlação entre baixa idade e morbidade/mortalidade por pneumonia explicada, principalmente pelas crianças mais jovens apresentarem fatores anatômicos, como vias aéreas mais estreitas e fisiológicos de defesa ainda em desenvolvimento (Botelho 2003; Goya 2005; Galvão 2009). 2 Gênero Em relação ao gênero, alguns estudos mostram que o sexo masculino apresenta 1,5-2,0 vezes maior incidência em relação ao sexo feminino de doença respiratória aguda, embora a baixa idade ainda se constitua em fator de risco muito mais importante (Venetz 1998; Goya 2005). Outro estudo demonstrou que o predomínio masculino observado, foi inversamente relacionado com a idade: enquanto 74% dos casos em crianças menores de 6 meses foram de meninos, esta proporção foi de apenas 51% entre crianças maiores de um ano (Nielsen 1996). 20 3 Imaturidade imunológica O sistema imunológico é constituído por componentes celulares e humorais que se desenvolvem em ritmos e períodos diferentes durante a vida, desde a fase intrauterina até a senescência. Na infância, alguns destes componentes ainda encontram-se em fase de desenvolvimento, o que torna as crianças mais susceptíveis a infecções. Contudo, a história de vida de cada indivíduo também influencia no desenvolvimento e maturação do sistema imune, pois leva em conta a exposição individual a diferentes antígenos, as respostas geradas em cada exposição e o desenvolvimento da memória imunológica gerada nestes eventos. Dessa forma, pode-se dizer que a grau de maturação do sistema imune pode ser diferente em determinadas fases da vida e entre indivíduos de uma mesma fase, como por exemplo nas crianças (Grumach 2009). Desde o nascimento, a criança é constantemente exposta a antígenos estranhos, incluindo os de origem microbiana (bactérias, vírus, fungos e protozoários), além de agentes inertes inalados da atmosfera ou ingeridos durante a alimentação. Uma vez que o contato ocorra, haverá a ativação de determinados componentes do sistema imunológico que variam de acordo com a natureza do antígeno. Por isso, o histórico de infecções pode determinar as diferentes fases de maturação imunológica da criança (Grumach 2009). Geralmente, uma criança normal apresenta de 6-10 infecções respiratórias anualmente, reduzindo gradualmente com a idade para uma média de 3-4 eventos por ano na adolescência (Richard Stiehm 2004; Roxo Junior 2009). De acordo com Conley e Stiehm, aproximadamente metade das crianças com processos respiratórios de repetição são saudáveis, 30% têm alergia, 10% patologias crônicas e 10% podem ter algum tipo de imunodeficiência (Conley 1996). No combate às infecções, o trato respiratório possui eficientes mecanismos de defesa de natureza mecânica e imunológica. Desde o trato respiratório superior, a anatomia das vias aéreas favorece a impactação e a filtração de material particulado, o que se complementa com a bifurcação brônquica. Outras defesas mecânicas importantes são os reflexos da tosse e do espirro, destacando-se o papel da barreira epitelial mucosa e em especial, do transporte mucociliar. Quando partículas estranhas ou microorganismos transpõem as defesas mecânicas, os macrófagos pulmonares são 21 acionados para atuar em sua inativação ou remoção, com participação do sistema complemento e das imunoglobulinas e ênfase para a ação da IgA secretora. A ruptura desses mecanismos, seja por deficiência do hospedeiro, ou pelo tipo do agente infeccioso, leva à penetração do antígeno no epitélio e à sua apresentação pelos macrófagos aos linfócitos do sistema imunológico associado à mucosa brônquica ou do tecido linfóide sistêmico. Inicia-se, assim, a ativação da resposta imunológica específica, que, ao propiciar a eliminação do agente agressor, também leva ao processo de inflamação pulmonar com consequente dano tecidual (Galvão 2009; Grumach 2009). O recém-nascido apresenta redução progressiva dos níveis séricos de IgG, adquiridos passivamente através de passagem transplacentária. Essa redução se dá por catabolismo e se inicia por volta do quarto mês de vida, estendendo-se até o oitavo mês, na maioria dos lactentes. Esse período, que coincide com uma baixa capacidade de síntese própria de imunoglobulinas pelo lactente, é denominado hipogamaglobulinemia fisiológica (Grumach 2009), no qual a criança pode apresentar infecções respiratórias de repetição, na maioria das vezes sem repercussão clínica importante. Eventualmente, essa hipogamaglobulinemia pode se estender até 4 ou 5 anos de vida, normalizando-se após essa idade (Walker 2004). Ainda no contexto da maturação imunológica, sabe-se que o lactente apresenta níveis bastante reduzidos, principalmente de imunoglobulina IgA presente nas mucosas dos tratos respiratório e gastrintestinal (Tagliabue 1983; Kilic 2000). Dessa forma, níveis reduzidos de IgA em mucosas, podem facilitar a penetração de alérgenos e patógenos através desses epitélios. Sob esse aspecto, o estímulo ao aleitamento natural é de suma importância, na medida em que o colostro e o leite materno fornecem grandes quantidades de IgA específica contra alguns patógenos respiratórios, como Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae e vírus sincicial respiratório, especulando-se que esses anticorpos espalhados pela mucosa do trato respiratório possam impedir a aderência e a proliferação de tais patógenos, tanto em vias aéreas superiores quanto inferiores (Dogu 2004; Latiff & Kerr 2007). Sabe-se, ainda, que lactentes têm capacidade limitada de produzir anticorpos específicos contra patógenos dotados de cápsula polissacarídica, como pneumococos, neissérias e hemófilos tipo B, o que os torna suscetíveis a infecções causadas por estes microorganismos nessa fase da vida, além imaturidade funcional em relação aos demais dos mecanismos de defesa específicos e inespecíficos (Mozafarinia 2008). 22 Outros aspectos incluem a colonização das crianças por flora patogênica de portadores ou doentes, especialmente nas escolas e jardins de infância, devido a uma idade muito precoce a esses locais, além do uso indiscriminado de antibióticos para a seleção de flora (Prietsch 2003; Nudelman 2004). Também cabe ressaltar, principalmente nos grandes centros urbanos o aumento da influência dos fatores ambientais adversos, principalmente poluição ambiental, tanto intradomiciliar (predominantemente fumaça do cigarro) quanto extradomiciliar (ozônio, monóxido de carbono, partículas em suspensão, etc.), cujos efeitos nocivos sobre o organismo em desenvolvimento são bem conhecidos (Douglas 1966; AmericanThoracic-Society 1991; Jaakkola 1991). 4 Nutrição A desnutrição infantil constitui um dos problemas mais importantes de saúde pública do mundo atual, devido a sua magnitude e consequências desastrosas para o crescimento, desenvolvimento e sobrevivência das crianças. A OMS estima que mais de 20 milhões de crianças nascem com baixo peso. A cada ano, cerca de 150 milhões de crianças, menores de cinco anos têm baixo peso para a sua idade e 182 milhões (32,5%) têm baixa estatura (ACC/SCN 2000; Monte 2000). Índices de desnutrição infantil, no Brasil e no mundo, nos últimos vinte anos apresentam redução, porém preocupantes, principalmente nas camadas populacionais de nível socioeconômico mais baixo. Dentre as diversas causas que podem levar à desnutrição estão o consumo inadequado de alimentos, tanto em quantidade como em qualidade e o alto índice de infecções e infestações parasitárias na infância (Nascimento-Carvalho 2002; Ricceto 2003; Caulfield 2004). As crianças desnutridas apresentam o mesmo número de infecções respiratórias agudas que as crianças eutróficas, contudo com duração mais prolongada e maior número de complicações. Tal dado deve-se ao fato de que a desnutrição energéticoproteica apresenta-se como uma das causas de imunodeficiência secundária o que diminui a efetividade do sistema imunológico. A desnutrição grave encontra-se associada à incidência de infecções com risco de óbito vinte vezes maior. Estima-se que parcela significante das mortes por pneumonia em crianças possam ser atribuídas à desnutrição (Caballero 2002; Ministério-da-Saúde 2002; PNDS 2008). 23 Mesmo em países em desenvolvimento, com escassez de recursos, a ênfase em ações de orientação alimentar podem conduzir a melhores práticas alimentares, levando ao melhor estado nutricional. A partir dos seis meses de idade, a alimentação complementar, conforme o nome sugere, tem a função de complementar a energia e micronutrientes necessários para o crescimento saudável e o pleno desenvolvimento das crianças. As situações mais comuns relacionadas à alimentação complementar oferecida de forma inadequada são: anemia, excesso de peso e desnutrição. A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (2006), divulgada no ano de 2008 de diferentes municípios e regiões brasileiras, mostrou que a prevalência de baixo peso para a estatura em crianças menores de cinco anos no Brasil é de 1,9%, baixa estatura para a idade é de 7% e excesso de peso é de 6,6%. Em comparação aos dados de 1996, evidencia-se uma diminuição da desnutrição infantil (Guimarães 2001; Ministério-daSaúde 2008). A desnutrição pode ocorrer precocemente na vida intra-uterina (baixo peso ao nascer) e frequentemente no lactente, em decorrência da interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo e alimentação complementar inadequada nos primeiros dois anos de vida, associada muitas vezes à privação alimentar ao longo da vida e à ocorrência de repetidos episódios de doenças infecciosas, diarréicas e respiratórias (Monte 2000). O déficit estatural é melhor que o ponderal como indicador de influências ambientais negativas sobre a saúde da criança, sendo o indicador mais sensível de má nutrição nos países. A baixa estatura é mais freqüente nas áreas de piores condições socioeconômicas e quatro vezes mais prevalente em crianças com baixo peso ao nascimento (Guimarães 2001; Giugliani 2004; Ministério-da-Saúde 2005b; Cruz 2009). Quanto à fisiopatologia, cabe ressaltar que a desnutrição protéico-energética pode afetar os mecanismos de defesa antígeno específicos e não-específicos. A resposta celular é particularmente afetada, com atrofia do timo e de outros tecidos linfóides, redução dos linfócitos T, depressão da ativação linfocitária e redução da reação de hipersensibilidade tardia. Já o comprometimento da resposta humoral é menor, mas a concentração de imunoglobulina IgA secretora em vários órgãos, incluindo o trato respiratório encontra-se diminuída. Além disso, outros componentes do sistema imunológico podem estar afetados, como o sistema complemento, desfavorecendo o processo de fagocitose e a lise de microorganismos (Grumach 2009). 24 Ações de promoção da saúde ainda representam uma das melhores alternativas de combate da desnutrição, destacando-se entre elas: acompanhamento pré-natal, vigilância do crescimento da criança, incentivo ao aleitamento materno, educação nutricional, melhores condições sanitárias e socioeconômicas (Monte 2000; Caulfield 2004; Ministério-Da-Saúde, 2008). 5 Aleitamento materno O leite materno é o alimento mais adequado para conferir o suporte nutricional necessário ao crescimento e desenvolvimento infantil nos primeiros meses de vida, vindo a proporcionar inúmeras vantagens nutricionais, imunológicas e psicológicas aos lactentes (Giugliani 2004; Ciampo 2008). Diversos estudos relatam a capacidade protetora da amamentação contra diversas doenças, sendo capaz de reduzir a mortalidade e morbidade infantil e demonstrando a importância desta prática principalmente em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, onde a mortalidade infantil ainda é alta, pela desnutrição e doenças infecciosas (Hanson 2002; OWH 2003; Carvalho 2005). A OMS recomenda amamentação exclusiva por 6 meses e complementada por 2 anos ou mais. As taxas de amamentação, apesar de apresentarem aumento desde 1990 na maioria dos países, inclusive no Brasil, o número de crianças amamentadas ainda é pequeno. Dados nacionais mostram que 96% das mulheres iniciam a amamentação, contudo apenas 11% amamentam exclusivamente até 4 a 6 meses (Venancio 2002; Corona 2009). Devido à imaturidade do sistema imune, já exposta anteriormente, o recém nascido é vulnerável à processos infecciosos, sendo fundamental a amamentação nesta fase da vida, pois o leite materno contém inúmeros fatores protetores, como células, anticorpos específicos e componentes inespecíficos, que interagem entre si e com a mucosa intestinal e respiratória, promovendo proteção ativa e passiva. Fazem parte dos fatores anti-infecciosos do leite materno: imunoglobulinas (principalmente as IgAs, o isótipo predominante no leite humano, que provê proteção contra todos os microorganismos que a mãe tenha ou não no seu tubo digestivo), lisozima, lactoferrina (o principal componente protéico do leite maduro é relativamente resistente à digestão enzimática, possui efeitos microbicidas, imuno-estimulatórios e 25 antiinflamatórios, pela indução de menor síntese de citocinas pró-inflamatórias, tais como IL-6, IL-8 e TNF45), componentes do sistema complemento, peptídeos bioativos, oligossacarídeos (análagos a vários receptores para micróbios no epitélio mucoso), lipídeos, células do sistema imunológico e o fator bifidus que inibe a colonização por microrganismos Gram-negativos. Dessa maneira, a presença do leite humano durante a colonização neonatal e a subsequente expansão da microbiota intestinal é um fator fundamental, não somente para a prevenção de infecções, mas também para induzir a maturação do sistema imunológico (Cesar 1999; Succi 2007). Entretanto, as vantagens do aleitamento materno são prejudicadas com a introdução precoce de produtos industrializados, muitas vezes sem atender às necessidades fisiológicas do recém-nascido. Assim, pela não amamentação natural, os recém-nascidos estão expostos a maior risco de mortes e doenças decorrentes da perda de fatores de proteção encontrados no leite humano (Lamonier 2007). No entanto, apesar das inúmeras evidências científicas da superioridade do leite materno sobre outros tipos de leite, ainda é baixo o número de mulheres que amamentam os seus filhos de acordo com as atuais recomendações da Organização Mundial de Saúde. E assim, consequentemente, há elevação nos índices de desmame precoce , o qual pode acarretar prejuízos à saúde da criança (Bachrach 2003; Lamonier 2007). 6 Antecedentes de doença respiratória pessoal e familiar Em vários estudos, merece destaque a história pregressa de doenças atópicas, como asma e rinite na gênese das doenças respiratórias agudas, sobretudo em decorrência das exacerbações, principalmente quando associadas a outros sintomas alérgicos como dermatite, sintomas gastrintestinais e sibilância (Sole 2006; Ferreira 2007; Stephan 2010). Estudos também evidenciam que crianças com episódios anteriores de doença respiratória apresentam maior chance de contrair pneumonia e uma hospitalização prévia por pneumonia pode aumentar em três vezes o risco de um episódio subseqüente (Barata 1996; Cavinatto 1997; Fonseca 1996; Litonjua 2001; Riceto 2003; Rodrigues 2008). 26 Quanto ao histórico familiar sabe-se da existência de uma importante tendência em alguns grupos familiares para o desenvolvimento de asma, embora os mecanismos ainda não estejam elucidados, sendo questionada a participação genética. Filhos de pais com história prévia de atopia, particularmente relacionadas à hiper-reatividade das vias aéreas, apresentam maior prevalência de asma na idade pré-escolar e escolar, enquanto que filhos de pais com antecedente de asma apresentam maior ocorrência de sibilância nos primeiros meses de vida (Tariq 1998; Bosken 2000). 7 Imunização A imunização constitui uma das medidas mais eficazes no controle das doenças respiratórias, cabendo ressaltar o papel desempenhado pelas vacinas no combate às infecções e suas complicações. Assim, ocorreu principalmente com as vacinas contra difteria, coqueluche e sarampo. Infelizmente, temos uma triste lembrança das consequências do sarampo em nosso país, em decorrência da imensa mortalidade no início dos anos 70, principalmente em crianças menores de cinco anos, devido às complicações respiratórias da virose e também por conta de um sinergismo entre o vírus do sarampo e a desnutrição, que comprometia com maior frequência a população infantil brasileira. Hoje, graças ao Programa Nacional de Imunização (PNI), temos sob controle o sarampo, a difteria, a coqueluche e outras doenças (Farhat 2002). Após a grande pandemia da Gripe espanhola, com estimativa de 50% da população mundial infectada e de 30 milhões de óbitos, o vírus influenza segue tendo importância universal e sendo motivo de constante preocupação para a Organização Mundial de Saúde (OMS) (Forleo 2003). A morbidade da infecção por vírus influenza, em crianças no Brasil, não tem sido sistematicamente analisada, no entanto há vários estudos publicados onde este agente aparece como causa de infecções respiratórias agudas nas unidades de pronto atendimento em 2% a 22% dos pacientes e como causa de hospitalização em até 13% dos pacientes menores de cinco anos com pneumonia ou bronquiolite (Nascimento 1991; Straliotto 2002; Moura 2003; Kuse 2006; Souza 2006; Albuquerque M. C 2009). As vacinas contra o vírus influenza são alteradas anualmente, com base nas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Elas contêm três cepas de 27 vírus, sendo uma influenza A H3N2, uma influenza A H1N1 e uma B. Ao final do mês de fevereiro de cada ano, um grupo de especialistas da OMS reúne-se para avaliar os dados epidemiológicos coletados no ano anterior e recomendar as cepas de vírus influenza, que terão maior chance de causar epidemias no ano subseqüente e que deverão compor a vacina a ser utilizada no inverno daquele ano em países do hemisfério Norte. O mesmo procedimento é realizado no final de setembro em Melbourne, Austrália, para definir a composição da vacina para o hemisfério Sul (MissouriDepartment-of-Health-and-Senior-Services 2009). Nas últimas décadas, a imunização anual contra influenza tem sido a principal medida para a profilaxia da doença e redução da morbimortalidade, devendo ser aplicada anualmente sempre nos meses de outono, antes do período epidêmico do vírus, que geralmente ocorre no inverno, sendo aprovada para crianças acima dos 6 meses de vida (Farhat 2002; Missouri-Department-of-Health-and-Senior-Services 2009). Recentemente, presenciamos uma nova pandemia de gripe (inicialmente designada como gripe suína e em abril de 2009 como gripe (A), cujos primeiros casos ocorreram no México em meados do mês de março de 2009. O vírus foi identificado como uma nova cepa do vírus já conhecido Influenza A subtipo H1N1, o mesmo vírus responsável pelo maior número de casos de gripe entre humanos, o que tornou possível também a designação nova gripe A, em oposição à gripe A comum. A primeira vacina para a nova gripe foi anunciada para o início do outono de 2009 no hemisfério Norte e no Brasil presenciamos seu início de administração em março de 2010 (Dutkowski 2010; Ministério-da-Saúde 2010). Quanto ao Haemophilus influenzae, antes da introdução da vacina no Programa Nacional de Imunização este vírus era um importante agente causador de meningite, pneumonia, otite média aguda, sinusite, epiglotite e acometia, na sua maioria, crianças menores de cinco anos em nosso país. (Farhat 2002; Simões 2004) As cepas capsuladas da bactéria são divididas em vários tipos, designados de a até f, sendo o mais importante o tipo b. O H. influenzae tipo b (Hib) é o responsável pela quase totalidade das infecções invasivas produzidas por esta bactéria. Já as cepas não capsuladas, não tipáveis, são responsáveis, principalmente, por otite média, sinusite e por pneumonias (Farhat 2002; Simões 2004). Desde 1999 as vacinas conjugadas contra Hib fazem parte do calendário de vacinação do PNI, podendo-se notar uma queda acentuada do número de casos de meningite causados por este agente. A avaliação do impacto da introdução da vacina 28 conjugada contra o Haemophilus influenzae tipo B no calendário oficial, mostrou efetividade de 31% na redução de pneumonias em lactentes (Farhat 2002; Simões 2004). Outro agente bacteriano de grande importância passível de imunização é o Streptococcus pneumoniae, um dos principais agentes causadores de bacteremia, meningite, pneumonia e infecções do trato respiratório em todo o mundo. As doenças invasivas causadas pelo pneumococo afetam sobremaneira as crianças. A incidência anual de bacteremia por pneumococo é estimada em 150/100000 habitantes em crianças abaixo de dois anos de idade (Farhat 2002). A resistência do S. pneumoniae às principais classes de antibióticos (penicilinas, cefalosporinas e macrolídeos) vem aumentando a cada dia, criando a necessidade de prevenir adequadamente as infecções invasivas causadas por esse agente nos grupos mais afetados, notadamente a população infantil. Estima-se que, nos países mais pobres, aproximadamente 4 milhões de crianças abaixo de cinco anos de idade morrem, anualmente, de pneumonia. Destas, 1 milhão acometidas pelo pneumococo, vindo a responder por 27% dos casos de pneumonia em crianças nos países em desenvolvimento e por 70% dos casos de doenças invasivas em menores de dois anos de idade (Barricarte 2007; World-Health-Organization-Geneva 2007). Quanto a imunização para o Streptococcus, dispomos de uma vacina composta de polissacáride capsular de 23 sorotipos de pneumococos, que são responsáveis pela maioria dos quadros que acometem o homem, apresentando indicações restritas para grupos de risco, mais propensos em contrair infecção pneumocócica, e para aqueles que, adquirindo a infecção, têm grande chance de desenvolver um quadro mais grave. Porém, em decorrência de sua imunogenicidade, esta vacina só pode ser utilizada a partir dos dois anos, sendo ineficaz para menores de dois anos, faixa etária em que a infecção pneumocócica é mais frequente e grave (Bricks 2006). No entanto, atualmente, as vacinas conjugadas antipneumocócica 7-valente, 10-valente e 13-valente conjugada, hoje disponíveis em nosso meio, são mais imunogênicas e possibilitam sua utilização a partir do segundo mês de vida, sendo úteis para a prevenção da doença invasiva e pneumonia, além de exibir algum impacto sobre otite média e suas conseqüências (Black 2002; Bricks 2006) O Estudo PAE Brasil (Pneumococo: Avaliação Econômica), foi primeiro a avaliar os custos das doenças pneumocócicas em nosso país, verificando que ao vacinar cada criança brasileira contra o pneumococo poderia se prevenir 1,3 milhão de casos da 29 doença e evitar 7 mil mortes por ano no país, justificativa mais que plausível para o Ministério da Saúde no Brasil vir a incluir no PNI a vacina anti-pneumococica 10valente no calendário básico de vacinação, a partir de março de 2010 e de rotina, a partir de 2011, a qual será grande o impacto epidemiologico para os próximos anos (Black 2002). A tuberculose (TB) continua a ser uma doença de grande importância pública, com mais de 90% dos casos ocorridos nos países em desenvolvimento. Infelizmente a tuberculose é uma das doenças associada a países pobres em recursos, historicamente pouca atenção e investimento para o desenvolvimento de novos medicamentos, vacinas e diagnósticos. Calcula-se que a tuberculose já infectou cerca de 2 bilhões de indivíduos em todo o mundo, em torno de um terço da população. Cerca de 8.000.000 novos casos ocorrem anualmente e 80% dos casos ocorrem em apenas vinte e dois países, principalmente na África e Ásia. Além disso, mais de 2 milhões de mortes por TB ocorrem anualmente, sendo responsável por mais mortes do que qualquer outro doença infecciosa curável, sendo um assassino principal dos jovens adultos em seus anos mais produtivos. A tuberculose associada com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), a malária e outras doenças, tem sido frequentemente chamada de "doença negligenciada" (Hussey 2007) Apesar da disponibilidade e utilização generalizada do bacilo Calmette-Guérin (BCG), a vacina BCG protege apenas contra manifestações graves da primoinfecção por Micobacterium, como as disseminações hematogênicas e a meningoencefalite, mas não evita a infecção, vindo o mundo, deste modo, necessitar urgentemente de uma nova vacina para combater este problema mundial (Comissão-de-Tuberculose-da-SBPT 2009). Em relação ao vírus respiratório sincicial (VRS), várias pesquisas sobre o desenvolvimento de vacinas encontram-se em andamento, devido a sua enorme importância epidemiológica, decorrente do risco de hospitalizações e óbitos em menores de dois anos, porém até o momento não se dispõe de nenhuma vacina licenciada, sendo tentado o controle, principalmente nos grupos de risco específicos, segundo recomendações da Academia Americana de Pediatria (AAP) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com imunoglobulina humana específica ou com anticorpos monoclonais humanizados (Palivizumab), porém indisponível na grande parte das cidades brasileiras até o presente momento devido ao elevado custo (Tavares 2005). 30 8 Renda familiar A pobreza e a miséria atingem grande parte da população mundial, principalmente em países em desenvolvimento, sendo elemento essencial na determinação da saúde infantil e tópico básico em vários estudos que tratam sobre a determinação da doenças respiratória na infância, uma vez que indica a disponibilidade de recursos familiares para os cuidados das crianças. A maior parte dos óbitos por causas evitáveis está concentrada nos estratos sociais de baixa renda, para os quais deveriam ser direcionados ações mais efetivas de vigilância e controle da mortalidade infantil pós-neonatal. Estudos revelam que a renda familiar inferior a um salário mínimo está associada ao dobro de internações por todas as causas em crianças e aumenta em três vezes o risco de internação por pneumonia (Niobey 1992; Franca 2001). Estudos observaram uma nítida relação entre baixa renda e mortalidade por pneumonia, na faixa de renda mensal, maior que 300 dólares, não houve mortes por pneumonia, enquanto que nos com renda inferior a 50 dólares mensais, faleceram 12/1.000 nascidos vivos (Fonseca 1996, César 1997). 9 Aglomeração intra e extradomiciliar A aglomeração é um fato extremamente comum entre as famílias de baixa renda, devido à elevada taxa de natalidade, associada a condições sócio-sanitárias inadequadas proporcionam o aumento do risco de infecções (Paiva 1998). O tamanho da família, avaliado pelo número de irmãos ou densidade de moradores por domicílio ou cômodo, tem sido destacado por vários autores como fator importante na transmissão de doenças respiratórias, devido à maior oportunidade de contatos (Nascimento 2004). Estudos observaram um risco 1,44 vezes maior para infecções respiratórias baixas, quando há a presença de duas ou mais pessoas por cômodo, enquanto a presença de sete ou mais crianças no mesmo domicílio aumenta o risco de infecções respiratórias baixas em 2,36 vezes, quando se compara a residências com até duas crianças (Fonseca 1996; Nascimento 2004). Pesquisas apontam que a aglomeração aumenta as taxas de internação hospitalar e quanto maior a presença de pessoas, maior é a exposição a patógenos e o risco de 31 adquirir infecções respiratórias agudas (Nascimento 2004; Amaral 2004). No Brasil, fato semelhante foi observado ao se constatar que crianças cujas casas apresentavam seis ou mais moradores, tinham risco de serem internadas por pneumonia 50% superior àquelas moradoras em casas com até três pessoas, sendo a mortalidade por pneumonia até 2,6 vezes mais frequente em crianças vivendo em casas com cinco ou mais moradores (Ricceto 2003; Lopes 2009). Mais recentemente, cabe destaque a aglomeração extra domiciliar, que no Brasil, assim como em outros países, tem sofrido profundas transformações sócio-econômicas e culturais, as quais têm provocado uma crescente incorporação da mulher no mercado de trabalho. Esse fato decorre, principalmente, da necessidade da mulher contribuir com o sustento financeiro da família. A saída da mulher e mãe para trabalhar fora de casa tem obrigado famílias a procurar soluções alternativas para cuidar e educar os filhos, dessa forma .nas últimas décadas, cabe destaque o aparecimento de aglomerações extra familiares como as creches e berçários, onde o número de crianças que recebem diariamente cuidados fora do lar de forma coletiva vem aumentando significativamente no mundo todo. O impacto que esta realidade vem apresentando no comportamento das doenças infecciosas na comunidade, através do risco aumentado para a aquisição de doenças transmissíveis a que estão expostos os envolvidos neste cuidado, tem sido amplamente reconhecido como problema de saúde pública. Estabelecimentos que dão assistência à criança em idade pré-escolar fora do domicílio são reconhecidos como ambientes com características epidemiológicas especiais, por abrigar população com perfil característico e sob risco específico para a transmissão de doenças infecciosas: crianças aglomeradas recebendo assistência de forma coletiva. O risco relaciona-se a qualquer instituição ou estabelecimento que dê assistência diurna a crianças em grupo, independente de ser chamado de creche ou escola ou de ser público ou privado (Celedon 1999; Maria 2007). Existe um grande número de doenças e agentes infecciosos, cuja ocorrência já foi descrita em associação a creches e desde a década de 1940, admite-se maior frequência de doenças transmissíveis em crianças que recebem assistência de forma coletiva fora de casa. O risco é independente de fatores como idade, raça, classe social e outros que possam ser relevantes para a incidência das doenças em questão (Celedon 1999). Crianças pequenas apresentam hábitos que facilitam a disseminação de doenças, tais como levar as mãos e objetos à boca, contato interpessoal muito próximo, 32 incontinência fecal na fase pré-controle esfincteriano, falta da prática de lavar as mãos e de outros hábitos higiênicos, necessidade de contato físico direto constante com os adultos. Estudo americano mostrou que a frequência à creche no primeiro ano de vida estava associada à maior incidência de infecções respiratórias baixas (Celedon 1999; Vico 2004). Pesquisas realizadas em Fortaleza evidenciaram que a freqüência à creche foi o principal fator associado à pneumonia com risco relativo de 5,22 e atingindo 11,75 em Porto Alegre (Fonseca 1996; Riceto 2003). Quanto à mortalidade de crianças usuárias de creche na cidade de São Paulo, a pneumonia é responsável por 29,6% dos óbitos, constituindo a principal causa de morte (Vico 2004). Outro estudo realizado em Porto Alegre por Fuchs e colaboradores, com filhos de funcionários de um hospital com disponibilidade de creche, expostas por 12 a 50 horas semanais, conseguiu demonstrar um risco aproximadamente três a cinco vezes maior de ter uma infecção respiratória aguda, detectando-se o efeito relacionado a permanência prolongada (Fuchs 1996). 10 Escolaridade dos pais e/ou responsáveis A contribuição da educação dos pais para a saúde da criança e sua sobrevivência é reforçada por especialistas em saúde pública, medicina da comunidade e por pediatra (Duarte 2000). Eliot e colaboradores, demonstraram estudando os feitos da educação e sua influência na melhora da qualidade de vida e diminuição da mortalidade infantil (Eliot 2006). Primeiramente, a educação da mulher altera o tradicional papel dentro da família, trazendo-lhe maior poder de decisão nas questões relacionadas à criança. Em segundo lugar, a educação modifica o conhecimento da mulher e suas opiniões sobre causa, prevenção e tratamento das doenças, influenciando os cuidados em saúde. Por fim, mães com melhor nível educacional procuram serviços de saúde mais precoce e frequentemente para o tratamento dos filhos e mantêm as recomendações médicas de modo mais adequado. Um quarto mecanismo estudado por antropólogos, veem na educação um meio de introduzir novos códigos de comportamento entre as crianças, como a insistência em medidas de higiene, o que persiste ao longo da idade adulta, como ideia socialmente aceita e desejável. 33 Estudos demonstram que o grau de instrução dos pais, em particular das mães, tem sido diretamente relacionada ao risco de morbidade e mortalidade por pneumonia ( Ibiapina 2004; Dela 2010) Enquanto a escolaridade das mães inferior a 8 anos de estudo, aumenta em até 2,39 vezes a chance de a criança ter pneumonia, além disso, existe um fator protetor de 1,73 vezes maior para os filhos de genitores que concluíram ao menos o Ensino Médio (Shah 1994). Trabalho realizado em Pernambuco, por Vasquez, revelou que a escolaridade materna estaria inversamente relacionada a um maior risco para infecções respiratórias, vindo a confirmar a exemplo de outros estudos, que o grau de escolaridade materna é um fator social relacionado à sobrevivência infantil, onde quanto menor esta escolaridade, maiores são as taxas da IRA e a sua gravidade (Monteiro 1987; Broeck 1996; Harrison 1995; Sutmoller 1995; Ginneken 1996; Vasquez 1999). 11 Agentes etiológicos associados às doenças respiratórias Os vírus são os agentes responsáveis por infecções respiratórias agudas e exacerbações de doenças pulmonares crônicas em crianças em todo mundo, os quais apresentam distribuição universal, podendo causar várias síndromes clínicas no trato respiratório tanto alto, quanto baixo com potencial risco de vida (Belshe 1983; Hemming 1994). Apesar de acometerem pessoas de todas as idades, as características clínicas dos tipos de infecções respiratórias virais, podem diferir conforme a faixa etária. Crianças com menos de dois anos de idade apresentam IRA baixa com maior frequência e também maior mortalidade por IRA relativamente às demais faixas etárias. Nessas mesmas faixas etárias, também, são mais comuns as infecções bacterianas secundárias, principalmente otite média aguda (OMA), sinusite e pneumonia. Além disso, pessoas que apresentam doenças de base, tais como cardiopatias, pneumopatias e imunodeficiências, também apresentam doenças mais graves, quando infectadas por vírus respiratórios (Hopp 1996; Couch 1997; Cintra 1999). Os agentes virais são responsáveis por 50% a 90% das infecções do trato respiratório inferior em crianças pequenas, sendo que os vírus mais frequentemente identificados são: vírus respiratório sincicial humano (VSRH), vírus Parainfluenza humana (VPIH) I, II, e III, Influenza A e B (afeta entre 10% a 20 % da população 34 mundial a cada ano, sendo a sexta causa de morte no mundo, principalmente em pacientes com doenças crônicas e idosos), Adenovírus e Metapneumovírus humano (MPVH) (Cintra 2001; Straliotto 2002; D’Elia 2005). Estudos sobre IRAs virais em crianças brasileiras, têm sido realizados, em sua maioria, em cidades das regiões Sudeste e Sul, havendo poucas informações procedentes de outras regiões brasileiras (John 1991; Santos 1997; Miyao 1999; Prietsch 2002; Macedo 2003; Moura 2003; Amaral 2004; Coelho 2007;; Manoha 2007; Oliveira 2004; Rodrigues 2004; Sudbrack 2007; Thomazelli 2007). Na maioria dos estudos destaca-se o vírus sincicial respiratório (VSR), em função de ser o mais frequente dentre as IRAs das vias aéreas inferiores, tais como bronquiolite e pneumonia, especialmente em crianças menores de um ano de idade ( Weissembacher 1998; Hall 2009). Em estudo prospectivo conduzido por Vieira e colaboradores, avaliaram 239 crianças admitidas por infecção respiratória aguda e as comparou com 175 de um grupo controle internadas por outras doenças não respiratórias. Pesquisou-se antígenos virais por imunofluorescência indireta em secreções de nasofaringe e fez-se cultura para isolamento viral identificados em 111 crianças do grupo doença. O VSR foi identificado em 100 casos (41,8%), adenovírus em 11 (4,6%), seguidos pelo influenza A e parainfluenza 3. Pneumonia e bronquiolite foram os diagnósticos clínicos mais associados ao VSR (Vieira 2001). Outro estudo prospectivo realizado por Miyao, com objetivo de avaliar a frequência dos vírus respiratórios que acometem crianças internadas por doença do trato respiratório inferior hospitalizadas, comparou com setenta cinco crianças do grupo controle (sem quadros respiratórios) com 126 crianças internadas por doenças respiratórias aguda. Realizou-se coleta de material para pesquisa de vírus respiratórios, utilizando-se imunofluorescência direta. Os vírus respiratórios foram identificados em 71 crianças do grupo doença (56,4%). Desses, 66 casos foram o VSR, quatro casos o adenovírus e em um caso o influenza. O VSR esteve mais associado à presença de sibilância ao exame físico (78,7% versus 33,3%). Este agente também esteve associado a maior parte dos casos de bronquiolite (85%) e a metade das pneumonias (46,4%) (Miyao 1999). Entre os agentes bacterianos de infecções adquiridas na comunidade na infância destaca-se: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Staphylococcus 35 aureus. Outros agentes causais são: Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia, fungos e Rikectsias ( Fortes 1985; Fiterman 2001; Ibiapina 2004). Estudos de Ejzenberg e colaboradores, avaliaram pneumonias agudas não complicadas em 102 crianças internadas, estudando a etiologia bacteriana por meio de culturas e exame bacterioscópico do material obtido por punção pulmonar aspirativa (PPA). O agente etiológico foi encontrado em 63 pacientes (61,8%), sendo que em 6 casos foram isoladas duas bactérias. Ao se correlacionar com as faixas etárias, percebeu-se uma menor detecção das bactérias entre crianças com 6-12 meses de idade. As bactérias mais encontradas foram: Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae que, isoladamente ou em associação, foram responsáveis por 69,8% dos casos de pneumonia (Ejzenberg 1986). 12 Exposição ao Tabagismo 12.1 Exposição passiva ao fumo O tabagismo é atualmente uma grande questão de saúde pública, havendo evidências de que fumantes passivos apresentam risco elevado de morbidade e mortalidade respiratória, principalmente quanto poluente doméstico. Como a prevalência do hábito de fumar é alta, especialmente nas áreas urbanas dos países menos desenvolvidos, onde cerca de um terço das mulheres e quase a metade dos homens são fumantes, as taxas de exposição ao fumo passivo, para as crianças, estão entre 38% a 45% (Gergen 1998; Pereira 2000; Lotufo 2005; Yolton 2005). Um estudo americano que avaliou mais de sete mil crianças abaixo de 5 anos evidenciou aumento na prevalência de asma, chiado e bronquite crônica nas crianças expostas ao fumo. Além disto, estudos demonstram que o fato da mãe ser fumante foi um fator mais importante do que o número de cigarros consumidos dentro do domicílio. (Pereira 2000; Yolton 2005) A comprovação de que crianças inalam elementos tóxicos do tabaco consumido pelos familiares foi obtida por estudos que mediram a cotinina (metabólito da nicotina) na urina e na saliva das mesmas. Crianças menores de 1 ano, cujos pais são fumantes, têm o dobro do risco de ter pneumonia do que aquelas cujos pais não fumam, além de 36 apresentarem maior risco para internação. Entre crianças abaixo de cinco anos de idade, cerca de 115.000 a 190.000 episódios de pneumonia podem ser atribuídas ao tabagismo passivo (Lotufo 2005; Dherani 2008). 12.2 Tabagismo gestacional O tabagismo durante a gestação tem implicações que vão além dos prejuízos à saúde materna. Os malefícios sobre a saúde fetal são tantos, que justifica dizer que o feto é um verdadeiro fumante ativo (Leopércio 2004). O fumo na gravidez é responsável por 20% dos casos de fetos com baixo peso ao nascer, 8% dos partos prematuros e 5% de todas as mortes perinatais (Müller 2002). Estudos mostram que o tabagismo na gestação pode contribuir para a síndrome da morte súbita do bebê, além de causar importantes alterações no desenvolvimento do sistema nervoso fetal (Adams 1997). Estimativas econômicas indicam que os custos com as complicações perinatais são 66% maiores nos casos de mães que fumaram durante a gravidez do que nos de mães não fumantes (Melvin 2000). Embora os maiores benefícios para o desenvolvimento fetal ocorram se a cessação do tabagismo se fizer ainda no início da gestação, a interrupção em qualquer momento da gravidez, ou mesmo no pós-natal, tem significativo impacto na saúde da família (Neto 1990). Em torno de 27% das crianças americanas são expostas ao tabagismo passivo em suas residências e os custos médicos anuais com os parentes de fumantes são estimados em 4,6 bilhões de dólares. A manutenção da abstinência no decorrer da gestação e no pós-parto tem papel fundamental na prevenção de doenças materno-infantis relacionadas ao tabaco. Nos países em desenvolvimento, o tabagismo durante a gestação, é ao lado da desnutrição materna e da falta de assistência pré-natal, a principal causa de broncopneumonia, já nos países e centros urbanos desenvolvidos é a primeira causa isolada (Aligne 1997; Tomson 2004). Em trabalho publicado por Melvin, Adams e colaboradores, afirmam que o fumo na gestação eleva em 20% o risco de assistência em UTI neonatal e que o tempo de permanência e os gastos com estas crianças na UTI neonatal são maiores do que aqueles cujas mães não fumaram durante a gravidez. Concluem que o tabagismo durante a gestação aumenta em $700,00 os custos com a assistência neonatal e a manutenção do hábito de fumar durante o primeiro ano de vida da criança, agrava os prejuízos 37 respiratórios, neurológicos e psico-motores que se iniciaram ainda intra-útero (Neto 1990; Melvin 2000; Tomson 2004). 13 Exposição à Poluentes ambientais O aparelho respiratório é um dos aparelhos do corpo humano com maior relação com o meio ambiente. Dada a grande quantidade de ar que o ser humano respira, qualquer modificação na composição do ar ou mesmo em suas propriedades físicas (como a temperatura e umidade), pode constituir num verdadeiro problema para o indivíduo (Souza 2009). Pesquisas têm demonstrado que as substâncias poluentes do ar, ou até mesmo as pequenas alterações na temperatura ou umidade, agem sobre os mecanismos de defesa da mucosa respiratória, alterando o transporte mucociliar e a atuação dos macrófagos alveolares, propiciando infecções pulmonares e aumentando a resposta alérgica aos antígenos inaláveis. A poluição do ar contribui para o aumento de morbidade e mortalidade independentemente da faixa etária, apontado que alguns efeitos estudados estão relacionados a pequenas exposições e outros à exposição a longo prazo. Vários são os fatores que contribuem, interferem ou guardam uma relação direta com a concentração de poluentes na atmosfera (Souza 2009). Existem provas inequívocas que a contaminação atmosférica também está relacionada a quadros respiratórios na infância, deste modo, também cabem destacar as emissões de poluentes produzidas pela indústria, transporte, atividades domésticas, gerenciamento de dejetos e agricultura se concentram no ambiente, tanto no ar, quanto na água, nos alimentos e no solo (Nascimento 2006). Aliadas a essas fontes poluidoras, as atividades humanas contribuem também para a exposição do homem, provocando efeitos à saúde que podem ser sub-clínicos, com morbidade ou até mesmo mortalidade. Concentrações de diferentes elementos químicos, biológicos ou radioativos fora dos limites de tolerância dos organismos vivos têm sido associados à morbidade e mortalidade humana em muitas partes do mundo. Sabe-se também que fatores metereológicos, aspectos demográficos, índices de desenvolvimento humano, urbanização, padrões de industrialização e pobreza, dentre outros, afetam a qualidade do ar (Prietsch 2003; World-Health-Organization 2005). 38 As condições atmosféricas podem influenciar o transporte de microorganismos, assim como de poluentes oriundos de fontes fixas e móveis e a produção de pólen. Os efeitos das mudanças climáticas podem ser potencializados, dependendo das características físicas e químicas dos poluentes e das características climáticas, como temperatura, umidade e precipitação. Estas características definem o tempo de residência dos poluentes na atmosfera, podendo ser transportados a longas distâncias em condições favoráveis de altas temperaturas e baixa umidade. Estes poluentes, associados às condições climáticas podem afetar a saúde de populações distantes das fontes geradoras de poluição. Alterações de temperatura, umidade e o regime de chuvas podem aumentar os efeitos das doenças respiratórias, assim como alterar as condições de exposição aos poluentes atmosféricos. Dada a evidência da relação entre alguns efeitos na saúde, devido às variações climáticas e aos níveis de poluição atmosférica, tais como os episódios de inversão térmica, aumento dos níveis de poluição e o aumento de problemas respiratórios, parece inevitável que as mudanças climáticas de longo prazo possam exercer efeitos à saúde humana a nível global (Cohen 2005). Segundo a OMS, 50% das doenças respiratórias crônicas e 60% das doenças respiratórias agudas estão associadas à exposição a poluentes atmosféricos (Ministérioda-Saúde 2008). A maioria dos estudos relacionando os níveis de poluição do ar com efeitos à saúde foi desenvolvida em áreas metropolitanas, incluindo as grandes capitais da região Sudeste do Brasil e mostram associação da carga de morbimortalidade por doenças respiratórias, com incremento de poluentes atmosféricos, especialmente de material particulado. O tamanho da partícula, superfície e a composição química do material particulado determinam o risco para a saúde humana que a exposição representa a este agente (Martins 2002, Bakonyi 2004; Farhat 2005; Bueno 2008 ; Ministério-da-Saúde. 2008). Quanto à influência da sazonalidade, está bem clara a associação de taxas mais altas de morbidade e mortalidade por doença respiratória com os meses mais frios do ano (Botelho, 2003; Rosa 2008). Não está claro, no entanto, que isso seja diretamente provocado pelo frio, sendo possível que diversos fatores ligados ao clima frio, como a aglomeração, a baixa qualidade de construção das residências e o aumento da exposição a poluentes domésticos sejam os verdadeiros responsáveis pelo incremento das doenças respiratórias no inverno (Vico 2004; Valenca 2006). 39 Aspectos demográficos também devem ser considerados ao se analisar a concentração de poluentes atmosféricos. As crianças muito pequenas possuem mecanismos de defesas imaturos e desenvolvimento, aumento das taxas de ventilação por unidade de massa corporal e tendência para passar mais horas ao ar livre do que os adultos, expondo-se, portanto, mais aos poluentes (Nascimento 2006). A exposição aos poluentes atmosféricos como Ozônio (O3), Dióxido de Enxofre (SO2), Material Particulado10 (MP10), Óxidos de Nitrogênio e outros, estão associados com o prejuízo da saúde respiratória, tais como asma e rinites (World-HealthOrganization 2005). Ao estimarem a prevalência e a distribuição social da doença respiratória na infância na cidade de São Paulo, Brasil, em 1984/85 e 1995/96, constatou-se que, em média, em um dia qualquer do ano, uma em cada duas crianças da cidade apresentará um problema respiratório; uma em cada oito terá comprometimento respiratório inferior e uma em cada trinta cinco terá ausculta pulmonar com sibilos. Também o acometimento maior se dá durante o outono e o inverno e a frequência maior de crianças doentes está na faixa etária entre 6 e 24 meses (Benicio 2000). Na região do arco do desmatamento brasileiro, que abrange os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, parte do Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, foram detectados em 2005 mais de 73% dos focos de queimadas do país. Destes, o Estado de Mato Grosso foi o que concentrou o maior percentual de área desmatada e focos de queimadas, com 38% e 30% respectivamente. No Estado de Mato Grosso, as doenças do aparelho respiratório foram as principais causas das internações em crianças menores de cinco anos, respondendo por 70% dos casos na região de Alta Floresta. Dentre as principais categorias de internações por doenças do aparelho respiratório nessa faixa etária, estão a pneumonia, responsável por 73% das internações no Estado, seguida da asma, respondendo por 14% das internações por doenças do aparelho respiratório no Estado de Mato Grosso. No Rio Branco, Acre, um dos principais impactos negativos ocasionados pela poluição do ar através das queimadas está na taxa de mortalidade, que no período de 1998 a 2004 apresentou uma diferença de cerca de 21% no período de queimadas em relação ao período de não-queimadas (Garcia 2002). A poluição ambiental encontra-se associada a uma grande variedade de efeitos adversos na saúde das crianças como: aumento da mortalidade em regiões altamente poluídas, aumento generalizado da mortalidade infantil, aumento da morbidade 40 pulmonar aguda, agravamento da asma, aumento de consultas ou admissões em unidades de emergências hospitalares, aumento de sintomas infantis predominantemente respiratórios, episódios infecciosos de longa duração, diminuição da função pulmonar relacionada ao aumento da poluição atmosférica, aumento de faltas escolares. Segundo Fonseca, a saúde vincula-se, diretamente, com o ambiente (compreendido por meio da interação da sociedade com a natureza, de forma indissociável), já que as condições e/ou alterações do meio natural só têm importância, para o homem, quando passam a ser percebidas ou afetam seu bem-estar e modo de vida. E o clima por suas alterações cíclicas e variações inesperadas e danosas para o homem e meio social é, certamente, um fator que interage de maneira direta com a saúde humana (Pio 1984; Caetano 2002; Garcia 2002). 14 Fatores Climáticos Algumas doenças introduzidas pelo clima afetam o homem em tempos diferentes, tendo correlações entre as condições climáticas e com as estações do ano. As doenças respiratórias têm estreita correlação com a temperatura do ar baixa e umidade relativa do ar, pois aumentam as infecções no aparelho respiratório (Prietsch 2003). Uma estreita relação entre temperatura ambiente e saúde é observada, pois ocorre um aumento da mortalidade em dias muito frios ou muito quentes. Em regiões de clima temperado, os efeitos da queda de temperatura são mais marcantes do que em países muito frios. Em dias quentes, há o aumento do volume inalado, em consequência da quantidade de poluentes inalados. Os padrões de exposição pessoal podem variar em dias quentes, por se passar mais tempo em atividades ao ar livre e pela possibilidade de abrir e arejar as moradias, propiciando a diminuição da inalação de poluentes típicos de ambientes fechados. No entanto, a qualidade do ar torna-se pior nos meses de inverno, pois a dispersão dos poluentes é prejudicada (Garcia 2002). A incidência das doenças respiratórias associadas a vírus podem apresentar padrões sazonais, sendo no Brasil mais frequente no inverno, principalmente na região Sul do país, porém a razão para sazonalidade dos vírus ainda não é bem compreendida. Alguns autores sugerem que o clima possa ter uma influência direta na sobrevida dos vírus, na eficiência da transmissão, na suscetibilidade do hospedeiro, além de proporcionar a aglomeração da população (Silva 2006; Oliveira 2010). 41 3 JUSTIFICATIVA O atendimento de crianças com sintomas respiratórios em unidades de emergência, representa uma expressiva parcela dos atendimentos médicos em todo mundo, inclusive no Brasil. Em decorrência da escassez de publicações científicas, referentes a epidemiologia das doenças respiratórias em crianças no Centro-Oeste e mais especificadamente em Goiânia-GO, este estudo propicia uma avaliação das crianças com sintomas respiratórios menores de cinco anos, nas diferentes estações climáticas do ano, de modo a identificar os principais fatores envolvidos no atendimento desta criança pelo serviço de saúde, com o intuito de contribuir com informações valiosas para elaboração de futuros programas de saúde pública que visem um melhor controle, tratamento e prevenção. 42 4 OBJETIVO Objetivo geral: Avaliar a prevalência das doenças respiratórias em menores de cinco anos, atendidos com doenças respiratórias no setor de emergência de uma unidade básica de saúde na cidade de Goiânia- GO, bem como correlacioná-las a possíveis fatores de risco. Objetivos Específicos: 1. Estimar prevalência das doenças respiratórias entre os pacientes menores de cinco anos atendidos em uma unidade de emergência básica, CAIS Novo Mundo, na cidade de Goiânia- GO; 2. Identificar os sintomas respiratórios mais frequentes segundo idade, sexo e estado nutricional; 3. Identificar os sintomas respiratórios mais comuns para o motivo da consulta médica; 4. Correlacionar possíveis fatores de risco na gênese dos sintomas respiratórios; 5. Correlacionar a influência da sazonalidade e dos aspectos atmosféricos à prevalência das doenças respiratórias agudas; 6. Identificar as hipóteses diagnósticas mais prevalentes entre as crianças estudadas; 43 5 MÉTODOS Trata-se de um estudo corte transversal e descritivo, do tipo inquérito populacional para estimar a prevalência das doenças respiratórias no serviço de emergência pediátrica do Cais Novo Mundo, Goiânia- GO, por meio da análise de prontuários médicos. A fim de determinar uma estimativa de prevalência das doenças respiratórias entre as estações climáticas (outono, inverno, primavera e verão), o pesquisador responsável analisou os prontuários do serviço de emergência médica nos dias determinados, de modo padronizado e sistemático, elegendo-se uma amostra de 10 dias para cada mês e respeitando um intervalo de vinte dias entre cada amostragem durante um ano, sem limites quantitativos, conforme calendário de coleta (anexo I). Deste modo, verificou o número de atendimentos total realizado naquele período especificado e registrou-se as hipóteses diagnósticas declaradas pelos médicos pediatras, vindo a classificar os seguintes grupos de hipóteses diagnósticas: doenças de vias aéreas superiores, doenças de vias aéreas inferiores, doenças de vias inferiores/superiores e outros diagnósticos (doenças não respiratórias). Os dados climáticos como: temperaturas médias, precipitação e umidade relativa do ar média da cidade de Goiânia- GO no período de interesse da pesquisa foram fornecidos pelo Sistema de Meteorologia e Hidrologia do Estado de Goiás (SIMEHGO). Quanto aos dados sobre focos de queimadas no Estado de Goiás, ocorreram no período de estudo foram originados por pesquisa online do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC)/Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Além disso, de modo a conhecer a população acometida pelos fatores climáticos, realizou-se também entrevistas com os pais e/ou responsáveis de menores de cinco anos (59 meses) com sintomas respiratórios, que procuraram espontaneamente a emergência de um serviço básico de saúde, de modo a conhecer sobre os fatores socioeconômicos. 44 As entrevistas foram coletadas conforme a disponibilidade de tempo dos entrevistadores, não havendo um calendário determinado para coleta, porém obedecendo o limite mínimo de entrevistas por estação climática, conforme tamanho da amostra. Durante as quatro estações climáticas um total de 623 crianças menores de cinco anos, concordaram em participar do nosso estudo, sendo distribuídas da seguinte maneira: 153 no outono de 2010, 155 no inverno de 2010, 148 na primavera de 2010 e 167 referentes ao verão 2010/2011. 5.1 Período de estudo Os pacientes foram selecionados no período de março de 2010 a fevereiro de 2011, ou seja, um ano de acompanhamento, sendo dividida a amostra entre as quatro estações climáticas do ano. 5.2 População do estudo O estudo foi realizado em Goiânia, capital do Estado de Goiás- Brasil, localizada no Centro-Oeste, Brasil, apresentando uma área de 739,492 km quadrados e 1.244.645 hab. IBGE/2007, apresentando clima tropical semi-úmido. No geral, este clima é caracterizado por apresentar inverno seco (quando a massa de ar tropical continental fica estacionada na região) e verão chuvoso (quando a massa de ar equatorial continental predomina em todo o Estado), com médias anuais em torno de 22o C. O Centro de Saúde, Cais (Centro de atendimento integral a saúde) Novo Mundo, escolhido para o estudo, localiza-se no Distrito Leste da capital, o qual engloba 115 bairros de Goiânia, com uma população estimada em 168.807 habitantes, possui uma boa infra estrutura de saneamento básico, nível de instrução bom, porém com renda familiar baixa (163). 45 5.3 Tamanho da amostra Para cálculo do tamanho da amostra utilizou-se o nível de significância de 5% e o poder do teste de 80%, sendo uma população presumida para cada estação climática de 1500 crianças e margem de erro de aproximadamente 7%, o tamanho mínimo estimado da amostra de 149 crianças por estação. Assim, utilizamos este tamanho mínimo estimado para determinação do número de entrevistas a serem realizadas por estação e não determinamos limites ao número de prontuários de atendimentos médicos analisados. 5.4 Critérios de Inclusão . 1. Crianças com queixas de sintomas respiratórios (tosse, cansaço, chieira , sintomas nasais, dor de garganta, dor de ouvido), com o tempo de evolução menor que três semanas. 2. Ter idade menor de cinco anos (59 meses). 3. Consentimento livre e esclarecido dos pais ou responsáveis pela criança (resolução 196/96 item IV- anexo II). 5.5 Critérios de Exclusão 1. Assinatura do termo de consentimento. 2. Falha em não completar suas entrevistas. 3. Não preencher os requisitos de inclusão. 4. Tempo de evolução dos sintomas maior que três semanas. 46 5.6 Análise Estatística/Dados Os dados coletados mediante entrevista foram analisados por meio do programa SPSS Windows 16.0, sendo a análise bivariada realizada através do cruzamento das variáveis dependentes (Gripe/resfriado, otite, sinusite, pneumonia, afecções respiratórias obstrutivas) com as variáveis independentes (nutrição, portador de doença respiratória e alérgica, aleitamento, renda, aglomeração, escolaridade dos pais, imunização e animais intra-domiciliares). Para calcular a significância estatística das associações qualitativas, foram utilizadas a análise regressiva para avaliação dos fatores climáticos e o teste exato de Fisher para os fatores socioeconômicos. 5.7 Definição das Variáveis Variável dependente: Criança com sintoma respiratório: Incluimos crianças com presença de um ou mais dos seguintes sintomas respiratórios: tosse, taquipnéia/dispnéia, chieira, dor de garganta, dor ou secreção do ouvido e ou sintomas nasais, além da averiguação da associação a sintomas sistêmicos como febre, que procuraram de modo espontâneo o centro de saúde para atendimento médico. Estas crianças foram, posteriormente, estratificadas de acordo com o exame clínico nas principais patologias respiratórias a saber: doenças respiratórias superiores (Gripe/resfriado, otite, sinusite, tonsilite), doenças respiratórias baixas (pneumonia, afecções respiratórias obstrutivas,tuberculose) e outras (patologias respiratórias não descritas anteriormente e outras patologias presentes em associação). 47 Variáveis independentes: 1) Características demográficas: Gênero e idade. Para as variáveis gênero e idade da criança, foi solicitada comprovação, se possível, por certidão de nascimento ou, na falta desta, pelo cartão de registro do hospital no momento do parto. A idade foi estabelecida pela diferença entre a data da entrevista e a data de nascimento, posteriormente, transformada em meses. 2) Nutrição: O estado nutricional foi avaliado a partir do peso, altura e sinais clínicos de desnutrição. A caracterização desse estado foi baseado nos índices: peso/estatura (P/E) e (E/I) estatura/peso expressos em média de escore z, adotando-se o padrão de referência da OMS (WHO 2006). 3) Antecedentes pessoais e de atopia: Antecedentes pessoais de doenças respiratórias agudas ou crônicas e doenças alérgicas atuais e pregressas. 4) Amamentação: Foi registrada a duração do período de amamentação exclusiva da criança relatada pelo responsável. Considerou-se desmame precoce caso a criança não tivesse sido amamentada, predominantemente ao seio, pelo menos até os seis meses de idade ou para menores de seis meses, se não recebeu aleitamento materno. 5) Antecedentes familiares de atopia: Foram registradas também a presença de antecedentes de doenças atópicas em parentes de primeiro grau, ou seja, pais e irmãos. 6) Imunização: Foi realizado um interrogatório, com questionário padronizado, com o intuito de caracterizar as imunizações como atualizadas ou não, segundo as normativas: Programa Nacional de Imunizações, além do questionamento sobre a imunização contra Influenza (Sazonal e H1N1) e anti-pneumocócicas, preconizadas pela Sociedade Brasileira de 48 Pediatria. Sempre que possível houve a confirmação pela carteira ou cartão de acompanhamento da secretaria de saúde do município. 7) Características dos pais: escolaridade e convivência com ambos os pais. A escolaridade foi medida através do total de anos escolares completos em escola formal, sendo estratificados da seguinte forma em: primeiro grau imcompleto, segundo grau incompleto e terceiro grau incompleto/completo. A convivência com ambos os pais, foi questionada para avaliar o grau de assistência dos progenitores ao menor. 9) Aglomeração familiar e extradomicilar: Foi registrado o número de moradores por domicílio, bem como se as crianças que frequentavam creches, escolinhas e berçários. 10) Nível socioeconômico: renda familiar: Considerou-se como renda familiar o montante mensal de proventos dos pais e ou/responsáveis e demais pessoas residentes no domicílio. 11) Tabagismo: Foram coletadas informações sobre a existência de pessoas fumantes no domicílio, tabagismo gestacional e passivo. 12) Animais domésticos: Foi investigada a presença de animais domésticos e seu livre acesso ao interior dos domicílios. Considerou-se exposição a permanência do animal doméstico dentro da casa e/ou no compartimento onde dorme a criança. 49 5.8 Questionários Após triagem do serviço de enfermagem na sala de acolhimento da emergência do Cais Novo Mundo, Goiânia- GO, os responsáveis pelas crianças com sintomas respiratórios que preenchiam os critérios de inclusão e exclusão, receberam um esclarecimento e foram consultados sobre a inserção dos menores na amostra de estudo. Nos casos de concordância, os responsáveis assinaram o termo de consentimento (anexo II). Após termo assinado, foram realizadas medidas de peso e estatura das crianças e uma entrevista por meio de um questionário padrão com perguntas sobre: características demográficas, nível socioeconômico, antecedentes pessoais para doenças respiratórias e sibilância, duração da amamentação, antecedentes familiares de doença respiratória atual e passada e possíveis fatores de risco (antecedentes neonatais, familiares e ambientais), que poderiam contribuir para gênese do processo. Além disso foi inserido o registro das hipóteses diagnósticas registradas pelos pediatras pósatendimento e o destino do menor pós-consulta. Todas as entrevistas foram efetuadas de maneira a não interferir com o atendimento normalmente prestado pelo serviço de urgência e realizadas por acadêmicos de enfermagem, nutrição e medicina da Universidade Federal de Goiás, devidamente treinados e orientados pelo pesquisador, nas quatro estações do ano de acordo com a disponibilidade dos mesmos, de modo a coletar amostra com um mínimo de 149 crianças estimadas pelo cálculo da amostra. 5.9 Considerações Éticas O estudo foi desenvolvido seguindo os aspectos éticos recomendados pela resolução 196/96, sobre pesquisa envolvendo seres humanos, mediante a aprovação do Comitê de Ética do Hospital das Clínicas da UFG Goiás- GO, sob o número de protocolo CEPMHA/HC/UFG 021/09 e após a assinatura do termo de consentimento pós-informação (Anexo III). Todos os resultados ficarão disponíveis para os participantes do estudo através de contato direto com os pesquisadores, por meio dos telefones fornecidos aos responsáveis no momento da assinatura do consentimento esclarecido. Ficou garantido a 50 todos os possíveis participantes do estudo e aos seus responsáveis legais o direito de recusar sua participação a qualquer momento. A todos os sujeitos fica garantido o sigilo de identidade durante toda pesquisa, sendo que os resultados, quando divulgados, não irão apresentar nomes ou fotos dos participantes, exceto com novo consentimento esclarecido para este propósito específico. Os resultados deste estudo serão divulgados através de congressos ou revistas científicas independentemente de seus resultados, sejam favoráveis ou não (Ministério-da-Saúde 1996). 51 6 RESULTADOS 6.1 Fatores Ambientais O presente estudo analisou 7285 prontuários de atendimentos pediátricos de menores de doze anos, sendo 4711 (64,7%) de menores de cinco anos e 2574 (35,3%) de maiores de cinco anos no período de 20 de março de 2010 à 28 de fevereiro de 2011. Avaliando-se os menores de cinco anos constatou-se que 2675 (56,7%) prontuários correspondiam a pacientes com sintomas respiratórios e os demais pacientes 2036 (43,3%), a outros diagnósticos clínicos, não relacionados a patologias do trato respiratório (Gráfico 1). Gráfico 1 Patologias respiratórias e não respiratórias em menores de cinco anos, CAIS Novo Mundo, Goiânia- GO, março de 2010 à fevereiro de 2011. 52 Efetuando a discriminação mensal dos atendimentos das crianças menores de cinco anos, com sintomas respiratórios, verificou-se variações entre 45,9 a 70,1% ao longo do período estudado (Gráfico 2). Gráfico 2 Percentual de atendimentos por doenças respiratórias em menores de cinco anos em relação aos meses do ano, CAIS Novo Mundo, Goiânia- GO, março de 2010 à fevereiro de 2011. 80% 70% 60% 50% 40% Doenças respiratórias 30% 20% 10% fev/11 jan/11 dez/10 nov/10 out/10 set/10 ago/10 jul/10 jun/10 mai/10 abr/10 mar/10 0% 53 Distribuindo as prevalências segundo a estação climática do ano obtemos os seguintes percentuais: verão 59,9% (765/1278), outono 63,5% (764/1205), inverno 50,6% (578/1143) e primavera 52,4% (568/1085) (gráfico 3). Gráfico 3 Prevalência das doenças respiratórias segundo as estações do ano, CAIS Novo Mundo, Goiânia- GO, março de 2010 à fevereiro de 2011. 70,0% 60,0% Percentagem % 50,0% Outono 40,0% Inverno 30,0% Primavera Verão 20,0% 10,0% 0,0% Outono Inverno Primavera Verão 54 De modo a verificar a distribuição percentual mensal das patologias respiratórias quanto a localização no trato respiratório, ao longo do período estudado, obtivemos respectivamente: doenças das vias respiratórias superiores entre 63% a 79%, doenças das vias aéreas inferiores, entre 13% a 35% e acometendo ambos os tratos entre 1% a 11% dos atendimentos (Gráfico 4). Gráfico 4 Distribuição mensal dos atendimentos por doenças respiratórias em menores de cinco anos, segundo a localização de acometimento do trato respiratório, CAIS Novo Mundo, Goiânia- GO, março de 2010 à fevereiro de 2011. 90% 70% 60% 50% Superior+Inferior 40% inferior 30% Superior 20% 10% fev/11 jan/11 dez/10 nov/10 out/10 set/10 ago/10 jul/10 jun/10 mai/10 abr/10 0% mar/10 %Doenças Respiratórias 80% 55 Analisando os aspectos meteorológicos, destacamos índices de precipitação pluviométrica, média de zero a 389,6 mm ao longo do período estudado, com consequente correlação com índices de umidade que apresentaram variações médias entre 31,1% a 78,4% ( Gráficos 4 e 5). Gráfico 5 Distribuição dos índices de precipitação média pluviométrica mensal, Goiânia- GO, março de 2010 à fevereiro de 2011. 450 Precipitação (mm) 400 350 300 250 200 150 Precipitação 100 50 0 Meses Gráfico 6 Distribuição dos índices de umidade relativa média mensal, Goiânia- GO, março de 2010 à fevereiro de 2011. 90 80 60 50 40 30 Umidade relativa do ar 20 10 fev/11 jan/11 dez/10 nov/10 out/10 set/10 ago/10 jul/10 jun/10 mai/10 abr/10 0 mar/10 Umidade % 70 Meses 56 Quanto as variações de temperaturas, as médias mensais variaram entre 22,1 a 26,6º.C, sendo a maior máxima de 32,5 ºC e menor mínima de 16,9 ºC (Gráfico 7). Gráfico 7 Distribuição das temperaturas média, máxima e mínima mensais, Goiânia- GO, março de 2010 à fevereiro de 2011. 57 Verificando os fatores ambientais relacionados a poluição, destacamos abaixo um histograma dos 53.604 focos de incêndios registrados pelo CPETEC/INPE, no município de Goiânia-GO, entre o período de março de 2010 à março de 2011, com e sua distribuição ao longo deste (Figura 1). Figura 1 Distribuição dos focos de incêndio no município de Goiânia- GO, março de 2010 à fevereiro de 2011. Além disso, cabe destacar o grande crescimento segundo dados do Departamento de Trânsito de Goiás, da frota de veículos automotores, chegando em dezembro de 2010 a 2.534.436 no Estado de Goiás e destes 970.369 em Goiânia- GO (DETRAN-GO 2011). 58 6.1.1 Análises de correlação entre variáveis meteorológicas e as doenças respiratórias . Tabela 1 – Coeficientes de correlação para as variáveis analisadas climáticas em correlação as doenças respiratórias. Doenças Respiratórias Doenças Respiratórias Trato superior Doenças Respiratórias Trato inferior Doenças Respiratórias Mistas Doenças não respiratorias Precipitação Umidade Temperatura Focos de incêndio Outono/Inverno Período seco <0,006* OR 0,91 (0,85-0,97) 0.076* Verão/Primavera Período chuvoso 0,011* OR 1,08 (1,02-1,15) 0,028* OR 1,10 (1,01-1,19) 0,002* OR 0,73 (0,60-0,89) 0,018* OR 1,22 (1,03-1,44) 0,549* 0,014* OR 1,60 (1,10-2,33) 0,016* OR 1,13 (1,02-1,26) 0,054* 0,03* OR 0,60 (0,44-0,84) 0,010* OR 0,66 (0,48-0,90) 0,208* 0,929* 0,654* 0,026* OR 1,04 (1,01-1,09) 0,027* OR 0,67 (0,47-0,96) 1,000* *Regressão logística multivariada *Nível de significância p <0,05 59 6.2 Fatores Sócio-econômicos 6.2.1 GÊNERO As crianças estão semelhantemente distribuídas conforme o gênero, havendo um discreto predomínio do sexo masculino 334(53,6%). 6.2.2 IDADE A média de idade foi de 2 anos e 2 meses, com desvio padrão de 1,45 meses dos 616 menores avaliados para este parâmetro. Quanto a distribuição estratificada dos menores, segundo a idade, identificamos 64 (10,4%) crianças de zero a 6 meses, 402 (12,5%) crianças entre 7 e 36 meses e 150 (26,4%) crianças entre 37 e 60 meses (Gráfico 8). Gráfico 8 Distribuição percentual das crianças com doenças respiratórias segundo a idade - CAIS Novo Mundo Goiânia- GO, março de 2010 à fevereiro de 2011. 70 60 50 40 Idade 30 20 10 0 < 6 meses 7m-36meses 37m-60meses 60 6.2.3 CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS Um total de 599 crianças foram avaliadas antropométricamente. A Tabela 2 indica que 355 (59,3%) das crianças estudadas eram eutróficas, porém 9 (1,5%) das crianças apresentaram desnutrição acentuada, desnutrição 12 (2,0%), além de 117 (11,9 %) risco para de sobrepeso, sobrepeso 51 (8,5%) e obesidade 55 (9,2%). Quanto a avaliação da estatura 604 crianças foram avaliadas e constatamos adequação estatural em 551 (91,2%). Tabela 2 Distribuição percentual, segundo a idade dos menores com doenças respiratórias - CAIS Novo Mundo Goiânia- GO, março de 2010 à fevereiro de 2011. Percentual% Percentil P/E (n=599) (< -3) Desnutrição acentuada (n=9) 1,5 (> -3 e < -2) Desnutrição (n=12) 2,0 (≥ -2 e < +1) Eutrófico (n=355) 59,3 (≥ +1 e < +2) Risco de sobrepeso (n=117) 19,5 (≥ +2 e < +3) Sobrepeso (n=51) 8,5 (> +3) Obesidade (n=55) 9,2 Percentil E/I (n=604) (< -3) Muito baixa estatura para a idade (n=32) 5,3 (≥ -3 e < -2) Baixa estatura para a idade (n=21) 3,5 ( ≥ -2 ) Estatura adequada para a idade(n=551) 91,2 TOTAL 61 6.2.4 PROCURA POR ATENDIMENTO MÉDICO Informações coletadas sobre tempo entre o inicio dos sintomas e procura do atendimento médico revelou que 289 (47,1%) dos responsáveis procuravam por atendimento médico nas primeiras 72 horas dos sintomas, 239 (38,9%) entre 3 a 7 dias e 86 (14%) acima de uma semana de evolução dos sintomas (Gráfico 9). Gráfico 9 Distribuição percentual entre o tempo o inicio dos sintomas e a procura de atendimento médico dos menores com doenças respiratórias - CAIS Novo Mundo Goiânia- GO, março de 2010 à fevereiro de 2011. 50 45 Percentagem % 40 35 30 25 Procura por atendimento médico 20 15 10 5 0 < 3 dias 3d-7 dias > 7 dias Dias 62 6.2.5 SINTOMATOLOGIA Quanto aos sintomas apresentados pelos menores pode-se observar que a tosse, chieira no peito e a falta de ar, foram referidos respectivamente em 521 (83,6%) , 261 (41, 9%) e 222 (35,6%) dos menores, além disto 495 (78,3%) apresentavam sintomas nasais e 495 (79,5%) haviam apresentado algum episódio febril (Gráfico 10). Gráfico 10 Distribuição percentual, segundo os sintomas dos menores atendidos com doenças respiratória - CAIS Novo Mundo Goiânia- GO, março de 2010 à fevereiro de 2011 Tosse S i Febre n t Sintomas nasais o chieira no peito m a Falta de ar s 83,6 79,5 78,3 41,9 35,6 % 63 6.2.6 ANTECEDENTES PESSOAIS Dados sobre os antecedentes pessoais pulmonares referidos pelos responsáveis revelam que 136 (22,4%) apresentaram antecedentes de afecções obstrutivas brônquica e 105 (17,0 %) para pneumonia. Sobre os antecedentes pessoais alérgicos 103 (16,8%) referiram antecedentes de rinite, 59 (9,6%) de alergia alimentar e 44 (7,2%) para dermatite atópica. 6.2.7 ALEITAMENTO MATERNO Sobre o aleitamento materno somente 243 (39,4%) das mães referiam amamentar seus filhos até o sexto mês, de forma predominante ao seio materno. 6.2.8 ANTECEDENTES FAMILIARES Sobre os antecedentes familiares, seja pulmonar ou alérgico, registramos que 318 (53,0%) menores apresentavam algum familiar de primeiro grau com história positiva. 64 6.2.9 IMUNIZAÇÃO Na Tabela 3, observa-se que 567 (91,0%) dos responsáveis alegavam que as crianças apresentavam a carteira de vacinação atualizada e quando indagados sobre a administração de alguma dose das vacinas mais específicas existentes na atualidade para para doenças respiratórias, somente 84 (13,9% ) haviam recebido a pneumo 23, 106 (17,5%) pneumo conjugada , influenza sazonal 167 (27,5%) e 413 (70,8%) Influenza H1N1. Tabela 3 Imunização dos menores com doenças respiratórias CAIS Novo Mundo Goiânia- GO, março de 2010 à fevereiro de 2011 Percentual Vacinação Programa Nacional de Imunização (n=623) Atualizada (n= 567) 91,0% Não atualizada (n= 56) 9,0% Vacinas especiais SBP Pneumo 23 (n=623) Sim (n=84) 13,9% Pneumo conjugadas * (n=623) Sim (n=106) 17,5% Influenza sazonal (n=623) Sim (n=167) 27,5% H1N1**(n=623) Sim (n=413) 70,8% TOTAL * Ministério da Saúde Brasil – inclusão no programa nacional de vacinação em junho/2010 para pneumococcus 10 em menores de 2 anos de idade. **Ministério da Saúde Brasil- Campanha nacional de Influenza H1N1 realizada entre 22 de março à 02 de junho de 2010. 65 6.2.10 AGLOMERAÇÃO A Tabela 4 revela dados sobre a aglomeração extradomiciliar, ou seja, creches e/ou escolinhas, onde 257 (41,7%) menores frequentavam de modo regular estas instituições. Ao analisar a aglomeração domiciliar 279 (45,4%) das famílias apresentavam menos de 3 pessoas, 284 (46,3%) entre 4 e 5 pessoas e 51 (8,3%) mais de 6 pessoas respectivamente. Tabela 4 Dados sobre Aglomeração intra e extradomiciliar dos menores com doenças respiratórias - CAIS Novo Mundo Goiânia- GO, março de 2010 à fevereiro de 2011. Percentual Extradomicilar (n=616) Escolinha/creche Sim (n=257) 41,7% Domiciliar (n=614) <3 pessoas (n=279) 45,4% 4-5 pessoas (n=284) 46,3% 6-8 pessoas (n=51) 8,3% TOTAL 100,0 66 6.2.11 ESCOLARIDADE DOS PAIS Avaliando se a escolaridade dos pais, encontramos que 269 (44,7%) das mães possuiam o Ensino Fundamental incompleto, 320 (53.2%) o Ensino médio incompleto e 13 (2,2%) o Ensino Superior incompleto/completo, já a escolaridade paterna apresentou taxas de 265 (45,5 %) para o Ensino Fundamental incompleto, 307 (52,7%) Ensino médio incompleto e 10(1,7%) Ensino Superior incompleto/completo (Tabela 5). Tabela 5 Distribuição dos menores com doenças respiratórias segundo o nível de escolaridade - CAIS Novo Mundo Goiânia- GO, março de 2010 à fevereiro de 2011. Percentual Escolaridade Materna (n=602) Ensino Fundamental incompleto n=269 44,7 Ensino médio incompleto n=320 53,2 Ensino Superior incompleto/completo n=13 2,2 Escolaridade Paterna (n=582) Ensino Fundamental incompleto n=265 45,5 Ensino médio incompleto n=307 52,7 Ensino Superior incompleto/completo n=10 TOTAL 1,7 100,0 67 6.2.12 RENDA FAMILIAR A maioria das crianças estudadas apresentaram renda familiar de até um salário mínimo 480 (78,7%) (figura 2). Figura 2 Distribuição segundo a renda familiar dos menores com doenças respiratórias - CAIS Novo Mundo Goiânia- GO, março de 2010 à fevereiro de 2011. 68 6.2.13 TABAGISMO A Tabela 6 revela que 60 (9,7%) das mães referiam ter fumado algum período durante a gestação, já 196 (32,0%) dos responsáveis alegavam tabagismo passivo e destes somente 116 (59,1%) admitiam fumar dentro de seus domicílios. Tabela 6 Percentagem de Tabagismo Gestacional e passivo presente entre os menores com doenças respiratórias - CAIS Novo Mundo Goiânia- GO, março de 2010 à fevereiro de 2011. Percentual Tabagismo Gestacional (n=623) Passivo (n=623) Não n=563 90,3% Sim n=60 9,7% Não n=427 68,0% Sim n=196 32,0% TOTAL 100,0 6.2.14 ANIMAIS INTRADOMICILIRES Constatamos que uma parcela considerável dos menores 288 (46,2%), possuíam animais domésticos no interior de seus domicílios. 69 6.2.15 HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS A Tabela 7 representa a distribuição dos diagnósticos clínicos registrados pelo pediatra pós atendimento dos menores, onde gripe/resfriado representaram a maioria dos atendimentos, correspondendo a 238 (49,8%) dos atendimentos, tonsilite 77 (13,8%), sinusite 37 (6,6%), Otite média aguda 20 (3,6%), afecções obstrutivas brônquicas 81 (14,6%), pneumonias 31 (5,6%), além de 77 (12,8%) pacientes registrados como outros, cabendo ressaltar que 46 destes, possuíam o diagnóstico de IVAS, porém não especificavam qual a entidade clínica. Utilizando-se a classificação anatômica observa-se que 464 (80,5%) dos diagnósticos são referentes ao trato respiratório superior e 112 (19,5%) ao trato respiratório inferior (Tabela 7). Tabela 7 Distribuição da Frequência dos diagnósticos clínicos e classificação anatômica dos os menores com doenças respiratórias - CAIS Novo Mundo GoiâniaGO, março de 2010 à fevereiro de 2011. n Percentual Diagnósticos Clínicos (n=555) Gripe/resfriado 238 42,9% Tonsilite 77 13,9% Sinusite 37 6,6% Otite 20 3,6% Asma/bronquite/bronquiolite 81 14,6% Pneumonia bacteriana 31 5,6% Tuberculose ---- Outros/Ignorados* 71 Classificação Anatômica (n=576) ---12,8% Doença respiratória superior 464 80,5% Doença respiratória inferior 112 19,5% TOTAL *46 pacientes apresentavam o diagnóstico de IVAS, sem especificação clínica. 70 6.2.16 DESFECHO CLÍNICO A Tabela 8 revela que 554 (90,4%) dos sintomaticos atendidos tiveram alta pós consulta médica, 45 (7,3%) permaneram em observação pós primeiro atendimento e 9 (1,5%) foram encaminhados para internação hospitalar, sendo cinco em decorrência de pneumonia e quatro por asma. Tabela 8 Distribuição conforme o Desfecho Clínico dos menores com doenças respiratórias - CAIS Novo Mundo Goiânia-GO, Março de 2010 a Fevereiro de 2011 Percentual Alta (n=554) 90,4% Observação (n=45) 7,3% Internação (n=9) 1,5% Óbito Outros* (n=5) TOTAL (n=613) 0,8% 100,0 *O item Outros foi considerado quando de algum modo (prontuario, médico e/ou paciente) não foi encontrado para registrar seu destino. 71 6.2.17 Análises de correlação entre variáveis sócio-econômicas e as doenças respiratórias Tabela 9 – Coeficientes de correlação para as variáveis analisadas, em relação ao trato respiratório superior*. Gripe/Resfriado Otite Média aguda Sinusite Tonsilite Desnutrição 0,656 1,000 0,627 0,496 Desmame Precoce História pregressa Rinite História pregressa alergia alimentar <0,001 OR 1,89(1,35-2,63) 0,021 OR 2,96 (1,17-7,54) 0,164 <0,001 OR 2,58 (1,55-4,29) 0,045 OR 1,57(1,03-2,41) O,125 0,373 0,865 1,000 0,710 0,355 0,015 OR 2,51(1,28-4,93) 0,260 0,639 0,328 0,807 0,402 0,261 0,863 0,796 0,011 OR 2,37(1,19-4,73) 1,000 0,351 0,998 0,225 0,141 0,221 0,319 0,387 0,447 0,297 0,786 0,019 1,000 0,537 0,278 0,580 0,245 0,774 1,000 0,247 0,468 0,006 OR 2,67(1,36-5,78) 1,000 0,300 0,178 0,001 OR 2,79(1,26-6,07) 0,343 0,001 OR 1,78(1,28-2,48) 0,494 1,000 0,368 1,000 0,865 1,000 História pregressa dermatite atópica História familiar de atopia Vacinação não atualizada Escolaridade materna Ensino Fundamental Escolaridade Paterna Ensino Fundamental Renda familiar <1 salário mínimo Tabagismo gestacional Tabagismo Passivo Aglomeração > 3 pessoas/domicílio Frequência Creche/Escolinha 0,408 Animais intradomiciliares *Teste Exato de Fisher *Nível de significância p <0,05 72 Tabela 10 – Coeficientes de correlação para as variáveis analisadas, em relação ao trato respiratório inferior*. Afecções Respiratórias Obstrutivas Pneumonia Desnutrição 1,000 0,617 Desmame precoce História pregressa asma/bronquite 0,272 0,133 <0,001 OR 4,23 (2,59-6,90) 0,145 História pregressa pneumonia História pregressa rinite História pregressa alergia alimentar História pregressa dermatite atópica História familiar de atopia 0,027 OR 1,88 (1,09-3,25) 0,011 OR 2,87 (1,33-6,19) 0,023 OR 1,96(1,13-3,40) O,334 0,550 0,752 1,000 1,000 0,012 OR 1,89 (1,15-3,10) 0,460 Vacinação não atualizada Escolaridade materna Ensino Fundamental Escolaridade paterna Ensino Fundamental Renda familiar <1salario mínimo Tabagismo gestacional 0,520 0,167 0,368 0,077 0,043 0,686 0,560 0,824 0,045 OR 2,00(1,03-3,88) 0,758 0,368 Tabagismo passivo 0,265 Aglomeração > 3 pessoas/domicílio 0,334 Frequência Creche/Escolinha Animais 0,122 intradomiciliares *Teste Exato de Fisher *Nível de significância p <0,05 0,555 0,847 0,712 0,461 73 7 DISCUSSÃO As doenças respiratórias ainda permanecem entre os principais motivos de atendimentos médicos em menores de cinco anos, nos países em desenvolvimento, também vindo a demonstrar esta predominância em nosso estudo. Demonstramos em nossa análise, uma elevada prevalência para doenças do trato respiratório, em menores de cinco anos, durante todo período de estudo, independente da estação ou mês do ano, com taxas acima de 45%, vindo a registrar percentuais até de 70,1% a depender do período, ressaltando mais uma vez, a importância das patologias respiratórias em nosso meio. Além disto, nossa investigação revelou taxas mais elevadas quando comparado a outros estudos realizados, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, onde registraram prevalências em torno de 25,6% a 59,19% dos atendimentos pediátricos ( Benicio 2000; Duarte 2000; Macedo 2003; Monte 2000; Amaral 2007 ; Brandão 2010; DATASUS-Brasília 2011), porém similar a um poucos estudos realizados no Nordeste brasileiro, onde Façanha reportou que 70% dos atendimentos da população pediátrica em Fortaleza seriam decorrentes de doenças respiratórias agudas (Façanha 2004). Esta variabilidade pode ser explicada devido as diferentes metodologias empregadas, síndromes clínicas analisadas, duração do estudo, idade dos pacientes e local de atendimento dos mesmos. Caracteristicamente, Goiás e mais especificamente a cidade de Goiânia- GO o clima não apresenta as quatros estações climáticas bem definidas como: verão, outono, inverno e primavera, mas sim uma variabilidade climática marcada por primavera e verão chuvosos, com altos índices de precipitação/umidade e estações outono e inverno com baixos índices de precipitação/umidade notadamente um período seco (maio à setembro) e outro chuvoso (outubro a abril), com temperaturas amenas no inverno (Garcia 2002; Prietsch 2003; Silva 2006; Souza 2008; Oliveira 2010). Ao distribuirmos nossas prevalências segundo as estações do ano verificamos as maiores taxas de prevalência de doenças respiratórias durante as estações chuvosas, ou 74 seja, verão e outono. Assim, correlacionando as doenças respiratórias ao longo do período de estudo com variabilidades climáticas, podemos observar a importância, principalmente da precipitação pluviométrica e umidade em nossa região, diferentemente de outras regiões do país, onde o fator temperatura é fator de destaque na maioria dos estudos para elevação nas taxas de atendimento por doenças respiratórias (Barata 1996; Moura 2003). Esta ocorrência também aumentada de doenças respiratórias nos meses mais chuvosos, tem sido relatada em estudos de países de clima tropical e estudos brasileiros, realizados na região Norte e Nordeste (Mello 1986; Cherian 1990; Moura 2003). Assim há a necessidade de mais estudos para possibilidade de uma ocorrência de uma sazonalidade viral diferenciada em nossa região em relação as demais regiões do Brasil, com consequente diferenciações nas políticas de saúde pública, como por exemplo, a imunização para Influenza e Vírus Sincicial Respiratório. Ao avaliarmos a distribuição das doenças respiratórias segundo a localização no trato respiratório, podemos constatar dados similares a outros estudos (Monteiro 1987; Barata 1996; Duarte 2000; Moura 2003; Prietsch, 2003; Amaral 2004), sendo a maior parcela representada, respectivamente, pelas doenças do trato respiratório superior (6379%), inferior (13 a 35%) e em ambos 1-11%, cabendo ressaltar que poucos estudos como os de Cintra citam sobre importância e acometimento de ambos os tratos, bem como prevalência desta associação (Cintra 1999). Dados do Ministério da Saúde sobre internações hospitalares no Estado de Goiás, no período de janeiro de 2010 à fevereiro de 2011, reafirmam nossos dados locais quanto a maior ocorrência de doenças respiratórias em trato respiratório inferior nas estações de verão e outono, apresentando um discreto aumento nas internações no tato superior, uma vez que as doenças do trato respiratório alto são em grande parcela tratadas de modo ambulatorial e não requerem hospitalização (DATASUS 2011). Estudo longitudinal, realizado por Nascimento na cidade do Rio de Janeiro, avaliando o comportamento dos vírus respiratórios, demonstrou que o Vírus Respiratório Sincicial (VRS), durante quatro anos consecutivos, foi o principal responsável etiológico encontrado na estação de outono, indicando uma ocorrência sazonal, vindo a ser associado aos picos de internação hospitalar e casos mais severos de doenças respiratórias (Nascimento 1991). Já estudos realizados em regiões de clima temperado demonstram maior prevalência deste vírus durante os meses mais frios do ano (Moura 2006). 75 Infelizmente, aguardamos estudos sobre o comportamento dos vírus respiratórios em nosso meio que possam confirmar tais achados, uma vez que poderiam nos ajudar explicar a ocorrência de patologias respiratórias mais graves no outono. O período de seca, predominantemente nos meses de maio à setembro, associase a volumosas quantidades de partículas em suspensão no ar, principalmente provenientes da poluição atmosférica nos grandes centros urbanos, consequente a queima de combustíveis fósseis, provocadas pela circulação de veículos e também o pelo aumento do números de focos de incêndios registrados neste período (Pasqualeto 2008). Estudos sobre monitorização atmosférica de poluentes, realizados na cidade de Goiânia- GO, por Brait e colaboradores, demonstraram que os mais altos índices de poluentes atmosféricos, principalmente: Crômio, Ferro, Manganês, Zinco, Chumbo e Cádmio, foram encontrados em regiões com maior fluxo de veículos automotores nesta cidade (Brait 2009). Além disso, outro estudo realizado também na cidade de Goiânia- GO por Pasqualleto, sobre qualidade do ar entre 2000 a 2008, refere níveis de material particulado acima dos níveis permitidos pela legislação federal, nos meses de estiagem, principalmente julho e agosto. (Pasqualeto 2008). Assim, nosso panorama apresenta em resumo um período chuvoso, ou seja, de outubro à abril, associado a altas umidades, determinada pelas intensas chuvas, com registro altos picos de doenças respiratórias graves, principalmente do trato respiratório baixo, associado aos maiores índices de atendimentos e hospitalizações e um período seco entre maio e setembro, associado a má qualidade do ar e quadros respiratórios com elevados índices, principalmente as custas de doenças respiratórias altas, com queda do número de hospitalizações. Ao avaliar nossa população, por meio de entrevistas, nota-se uma preponderância do sexo masculino semelhante a relatada na literatura na morbidade das doenças respiratórias agudas (Conley 1996; Roxo Junior 2009). Em nosso estudo, não notamos diferença estatisticamente significante entre os gêneros para as doenças respiratórias. Verifica-se em nossa população, que a maior ocorrência de doenças respiratórias ocorre na faixa etária média de idade entre 7 e 36 meses, dos quais 402 (65,3%), ou seja, o maior número de atendimentos, situa-se abaixo dos três anos de idade, similar a 76 outros estudos que correlacionam este fator a uma maior ambientais, desmame e exposição a fatores ―imunodeficiência‖ fisiológica (César 1997; Conley 1996; Roxo Junior 2009). Segundo a Organização Mundial e Panamericana de Saúde, nos diversos estudos que procuram correlacionar o estado nutricional a patologias respiratórias, ainda existem divergências quanto ao método utilizado para avaliar o estado nutricional. Na maioria dos estudos o indicador peso/idade menor que menos dois escores Z é o mais utilizado pela maioria dos estudos (Benguigui 1998; Cruz 2009; Cantagalli 2010). Apesar de não encontrarmos correlação estatística entre desnutrição e doenças respiratórias, nossas prevalências de desnutrição 21(3,5%) e baixa estatura para idade 53(8,8%) estão de acordo com estimativas do Ministério da Saúde (Ministério-da-Saúde 2008). Neste estudo, destaca-se que o tempo de início dos sintomas e a procura voluntária pelo atendimento médico, ocorreu nas primeiras 72 horas 289 (47,1%) de evolução dos sintomas, demonstrando uma importante preocupação e orientação dos responsáveis em procurarem um atendimento médico para diagnóstico precoce, afim de evitarem complicações, principalmente de infecções respiratórias baixas de acordo com a literatura ( Paiva 1998; Galvão 2009; Oliveira 2010). Dentre os sintomas respiratórios mais frequentes apresentados pelas crianças atendidas, a tosse (521/83,6%) e os sintomas nasais (495/78,3%) foram os mais prevalentes, enquanto aos sinais sistêmicos, destacou-se a febre (495/79,5%), confirmando a benevolência das doenças respiratórias principalmente nas fases iniciais do processo (Duarte 2000). A chieira torácica também foi relatada em uma proporção considerável de nossa amostra (261/41,9%), onde além de fatores anatômicos, genéticos e ambientais estão envolvidos a faixa etária do nosso estudo, confirmando achados Martinez num estudo de coorte onde os autores observaram que em torno de 50% das crianças apresentavam episódios de sibilância nos primeiros anos de vida e essa prevalência decrescia nos anos seguintes (Martinez 2002). Observa-se que a falta de ar foi o sintoma com menor referencia entre os analisados (222/35,6%), porém segundo a Organização Mundial de Saúde a presença deste sintoma, muitas vezes indicativa de taquipnéia pode ser considerada um sintoma de grande sensibilidade para o diagnóstico clínico de pneumonia em crianças e 77 associação a quadros respiratórios de maior gravidade (Duarte 2000; Ibiapina 2004; Galvão 2009). Ao estudarmos os antecedentes pessoais para os doenças pulmonares, encontramos 136 (22,4%) dos menores com histórico para as afecções obstrutivas brônquicas, dados semelhantes aos estudos realizados por Stephan e colaboradores em Pelotas, onde lactentes apresentavam prevalências de 28,7% e pré escolares 20,2%, uma vez que a maioria dos inquéritos e mais relevantes como o International Study of Asthma and Allergies (ISAAC), contempla, principalmente crianças acima de seis anos. (Sole 2006; Stephan 2010). Além disso, constata-se dados fortemente significativos ao correlacionar as afecções obstrutivas atuais. Ainda avaliando os antecedentes pulmonares cabe ainda ressaltar que cerca de 105 (17%) das crianças já haviam apresentado algum quadro pneumônico, importante dado ao considerar que estudos demonstram uma maior chance da criança adquirir novo quadro e, principalmente se associado com hospitalização prévia por pneumonia (Cavinatto 1997; César 1997). Importante dado, uma vez que também registramos significância estatística em nosso estudo. Quanto aos antecedentes alérgicos, a prevalência de rinite encontrada em nosso estudo 103(16,8%) está de acordo com estimativa na literatura de 20% no Brasil, porém nossos dados ainda necessitam de estudos comparativos, uma vez que a maioria dos estudos foram realizados em crianças com idade escolar e adolescentes, tanto âmbito nacional, quanto internacional (Sole 2006; Grumach 2009). Destaca-se neste contexto estudo realizado em Curitiba-PR, em menores de 2 anos com asma, encontra-se dados interessantes ao constatar uma prevalência de 74% de rinite entre os menores, sendo 34% de etiologia alérgica (Chong 2009). Em nossos estudos, encontramos uma significância estatística para quadros gripais e afecções respiratórias obstrutivas, ressaltando que muitos quadros gripais poderiam ser quadros de exacerbação de uma rinite e que segundo a literatura 70%-80% dos quadros de rinite alérgica associam-se a asma (Sole 2006; Grumach 2009). A prevalência de alergia alimentar em crianças abaixo de 3 anos tem sido reportada em torno de 5%-8%, havendo grande associação e maiores prevalências quando associadas a outras doenças alérgicas, como a dermatite atópica e asma (Eigenmann 2000; Grumach 2009). No entanto, apesar da prevalência de 9,6% encontrada em nossa investigação, estar um pouco acima das estimativas da literatura, 78 deve-se alertar a respeito de estudos de confiabilidade das informações colhidas com os pais sobre a suspeita de alergia alimentar, apontam que somente 20%-25% dos diagnósticos acabam sendo confirmados (Burks 1992). Nossos dados demonstraram uma significância estatística para os quadros de tonsilites, os quais devem ser analisados com cautela, uma vez que não existem estudos que relatam tal associação. Dados da literatura sobre dermatite atópica apontam o Reino Unido, Itália e Noruega com estimativas de prevalência entre 5% a 20% na infância. No Brasil, por meio do questionário ISAAC, foram relatadas prevalências variáveis de eczema (3,8% em Salvador e 12,6% em São Paulo e Porto Alegre), assim nossa investigação encontramos uma prevalência de dermatite atópica de 44 (7,2%) compatíveis a literatura (Sole 2006; Grumach 2009). Em relação ao aleitamento materno, a maioria de nossos menores apresentaram um desmame precoce, uma vez que somente 243 (39,4%) dos responsáveis referiram aleitamento até o sexto mês de vida, exclusivo. Além disso, também evidenciamos uma correlação significativa para diagnósticos de gripe, otite e tonsilites (tabela 09), reafirmando outros estudos sobre morbidade das doenças respiratórias, onde uma menor duração do aleitamento estaria relacionada a uma maior prevalência e gravidade contra diversas morbidades, inclusive nas doenças respiratórias no primeiro semestre de vida ( Venancio 2002; Department-of-Health-and-Human-Service-Office-on-Women’s-Health 2003 ; Carvalho 2005; Corona 2009). Ao avaliarmos a possibilidade de uma possível correlação genética para os quadros respiratórios dos menores, encontramos 318 (51%) dos menores com algum familiar de primeiro grau com história pulmonar ou alérgica e constatamos, após análise estatística dos dados, resultados semelhantes a literatura mundial, onde o histórico familiar para asma, poderia vir a contribuir para morbidade de seus filhos (Tariq 1998; Bosken 2000). Quanto ao estado de imunização das crianças, a grande maioria, 567 (91%) delas, apresentavam carteira de vacinação atualizada de acordo com Programa Nacional de Imunização, segundo informação dos pais ou responsáveis, traduzindo um interesse dos pais na saúde de seus filhos e facilidade ao acesso ao serviço de saúde (Farhat 2002). Verificamos em nossa análise estatística um maior risco entre os menores que não apresentavam cartão de vacina atualizada, principalmente para os quadros de gripes/resfriado e tonsilites. 79 No entanto, ao questionar sobre as vacinas existentes para quadros respiratórios, principalmente para influenza e pneumococo, revela-se que grande parte das crianças não apresentavam imunização para tais, provavelmente em decorrência de motivos financeiros. Porém cabe ressaltar que nossa pesquisa foi realizada em um período onde ocorria introdução no calendário básico pneumo conjugada e H1N1, principalmente para menores de dois anos. Assim, os dados coletados por este estudo, provavelmente serão alterados ao longo dos anos, contribuindo futuramente para uma melhor proteção das crianças. Outro dado interessante a ser destacado seria uma baixa cobertura vacinal tanto para o influenza sazonal 167 (27,5 %) quanto H1N1 413 (70,8%), principalmente para esta última, onde metas do governo federal com a realização de campanha de imunização nacional seria imunizar pelo menos 90% das crianças. Deste modo, pode-se presumir para tal fato, a ocorrência de vários fatores ainda a serem melhor investigados como: culturais, socioeconômicos e disponibilidade da vacina na rede, acesso aos serviços de saúde e etc (Missouri-Department-of-Health-and-Senior-Services 2009; Dutkowski 2010; Ministério-da-Saúde 2010a). Quanto as vacinas anti-pneumocócicas conjugadas ou não, destaca-se a baixíssima imunização de nossos pacientes, onde somente dos menores, 84 (13,9%) e 106 (17,5%) haviam recebido imunização, respectivamente para pneumo 23 e pneumo conjugada, colaborando para o risco destas crianças de desenvolverem doenças invasivas e reafirmando estudos também realizados no município de Goiânia- GO sobre o benefícios da introdução destas vacinas e uma mudança no panorama epidemiológico e etiológico das doenças causadas por pneumococo ( Black 2002; Bricks 2006; WorldHealth-Organization 2005; Andrade 2008). O efeito da aglomeração, associado as doenças respiratórias, apareceu como um importante fator em nossa investigação, similar ao evidenciado em vários estudos, onde um maior contato, seja ele intra ou extradomiciliar, poderia expor a criança em questão a um maior número de patógenos e consequentemente a possibilidade de aquisição de um maior número de infecções, principalmente no que diz respeito a aquisição de doenças respiratórias agudas (César 1997; Nascimento 2004; Lopes 2009). Além disso é importante destacar a influência do tempo de exposição a estes fatores para possibilidade de aquisição de uma doença respiratória como relatado por Fuchs e colaboradores (Fuchs 1996; Celedon 2002). 80 Em nosso estudo, apesar de não avaliar a densidade de moradores por dormitório, a exemplo de outros estudos, observa que 335 (54,6%) dos domicílios apresentava mais de 3 pessoas e uma significância estatística significativa para quadros de sinusopatia, semelhantes a literatura ( Fuchs 1996; Caetano 2002; Prietsch 2002) Ao abordarmos a aglomeração extra-domicilar (creche/escola), limitamos nossa pesquisa somente a criança entrevistada, não sendo questionada uma possível influência de transmissão por outras crianças de convívio íntimo (irmãos mais velhos, parentes e vizinhos), onde constatamos que 257 (41,3%) dos menores eram institucionalizadas e apresentaram uma significância estatística para quadros gripais, demonstrando a importância deste fator na transmissão de patógenos respiratórios (Fuchs 1996; Celedon 2002). A escolaridade é fator de grande importância nas doenças respiratórias, pois muitas das vezes encontramos uma boa correlação com melhores condições sociais e culturais, bem como no cuidado com a criança. Estudos revelam que a escolaridade do pai estaria fortemente associada na determinação da renda familiar e a materna aos cuidados com o menor. Atualmente a mulher apresenta grande importância na renda familiar, após nos últimos tempos conquistar seu espaço no mercado de trabalho e na responsabilidade das despesas domésticas (Ginneken 1996; Vasquez 1999; Ibiapina 2004). Em nossa avaliação, a escolaridade fundamental dos pais, foi semelhante a outros estudos, sendo de 269 (44,7%) das mães e 265(45,5%) dos pais (Monteiro 1987; Sutmoller 1995; Duarte 2000). Ao correlacionarmos a escolaridade dos pais as doenças respiratórias, não encontramos significância estatística para constituição de um fator de risco, como também não foi observado no estudo realizado com lactentes sibilantes no Sul do país (Prietsch EA 2003). Estudos sugerem forte associação entre quadros respiratórios graves como os pneumônicos e uma relação inversa entre renda e risco para doenças respiratórias (Conley 1996; Nascimento 2004). Em nossa investigação a renda familiar da maioria dos menores 480 (78,7%) eram pertencentes a famílias com renda familiar bruta, menor do que um salário mínimo por mês. Nesse estudo não evidencia associação as doenças respiratórias, porém devemos destacar que a maior parte da amostra era constituída por crianças de baixo poder financeiro, o que pode em parte, seria responsável pela ausência da significância 81 estatística de maneira semelhante a investigações realizadas por Fleming , relacionando as incidências de renda e infecções respiratórias agudas (Fleming 1987; Sole 2006). Na análise desses dados, também devemos levar em consideração, apesar de não significativos, uma baixa renda esta frequentemente associada a uma maior aglomeração, menor escolaridade, desnutrição, desmame precoce e higiene precária, fatores determinantes para uma maior incidência de doenças respiratórias (Celedon 1999; Cesar 1999; Amaral 2004; Cruz 2009; Cantagalli 2010). O tabagismo no período gestacional, foi outro importante fator de risco analisado, onde pode-se destacar que 60 (9,7%) mães que fumaram durante a gravidez, índices baixo dos estudos realizados por Becerra e Smith (1988) em Porto Rico, onde a taxa foi de 15,2% e Gergen 23,8%, porém nossos dados revelam que mais programas visando a saúde da gestante relacionada ao fumo deveriam ser implementados, em decorrência das inúmeras consequências perinatais como: baixo peso ao nascer, prematuridade, malformações, óbitos e também pós natais estarem relacionadas a este hábito, além do crescimento do número de gestantes tabagistas (Gergen 1998; WorldHealth-Organization 2005; Menezes 2008). Ao correlacionarmos o tabagismo gestacional com as doenças respiratórias, encontra-se menores, apresentando uma significância estatística, principalmente para doenças respiratórias obstrutivas, condizente com estudos que evidenciam uma forte relação entre fumo na gestação e crianças desenvolverem hiper-reatividade brônquica e asma durante a infância (Gilliland 2001; Leopércio 2004; Pattenden 2006; Raherison 2007). Quando avaliamos o tabagismo passivo, constatamos que 196 (32,0%) das crianças eram fumantes passivas, níveis inferiores aos 55% encontrados por Duarte, aos 50% média nacional, além de outros estudos realizados em outros países e de estudos internacionais, como na Inglaterra e Turquia, com taxas de 50 e 70%, respectivamente (Aligne 1997; Gergen 1998; Duarte 2000; Dherani 2008). No entanto, nossos dados são similares aos encontrados por Gergen, 38% no acompanhamento de crianças menores de cinco anos, entre 1988 e 1994 em Maryland Estados Unidos. Apesar de apresentarmos uma prevalência mais baixa em relação a literatura, após análise estatística, demonstra uma significância do tabagismo passivo associados aos quadros de sinusopatias em nossas crianças, dados que reafirmam nossa preocupação em saúde pública, onde uma exposição prolongada destes elementos tóxicos ao longo da vida desta crianças, poderiam vir a contribuir para um risco 82 substancial de morbidades presentes e futuras (Gergen 1998; Pereira 2000; Yolton 2005; Dherani 2008). Ao investigar a possível influência dos animais domésticos intra-domiciliares presentes em 288 (46,2%) dos lares com os quadros respiratórios, não encontramos correlação significativa, porém nos alertamos para um risco de sensibilização respiratória e por fim, agirem como potenciais desencadeadores, principalmente de doenças alérgicas futuramente. Entretanto, este assunto ainda encontra-se como um ponto de muitas discussões na literatura, uma vez que a teoria da higiene, postula que a exposição precoce aos animais domésticos seria um fator de proteção, pois postula que uma menor exposição a microorganismos seria fator de risco para desenvolvimento de doenças alérgicas (Jaakkola 1991; Ferreira 2007). Durante a avaliação das principais hipóteses diagnósticas, verifica-se que grande maioria doenças respiratórias abordadas em nosso estudo tratavam-se de doenças do trato superior em 464 (80,5%) dos casos e 112 (19,5%), correspondentes ao trato inferior, taxas semelhantes relatadas em outros estudos realizados em nosso país (Monteiro 1987; Duarte 2000; Fiterman 2001). Importante destacar que maioria dos diagnósticos foram compostos por quadros benignos, como gripe e resfriado 238 (49,8%), porém esta evolução benigna dependerá muitas vezes dos fatores nutricionais e imunológicos do hospedeiro, que podem determinar complicações em fases mais tardias, como otite média aguda, sinusite e pneumonia (Harrison 1995; Galvão 2009). Encontra-se 31 (5,6%) dos casos de pneumonia em nossas crianças, dados similares aos encontrados por Duarte e colaboradores, em trabalho realizado em CuiabáMT, e abaixo dos 12% atendimentos ambulatoriais estimados no I Consenso de Pneumonia na Infância (Venetz 1998; Duarte 2000). Infelizmente, durante todo o período de coleta não se realizou nenhuma suspeição clínica de tuberculose dentre as crianças investigadas, fato a ser questionado, apesar da grande maioria das crianças serem constituídos por quadros agudos. Quanto ao desfecho, verificou-se neste centro de atendimento básico uma boa resolutibilidade dos casos, com 554 (90,4%) crianças obtendo alta hospitalar pós consulta médica, sendo somente 9 (1,5%) dos menores hospitalizadas em decorrência de doenças respiratórias do trato inferior. Das crianças encaminhadas para internação, cinco menores (55,5%) correspondiam a pneumonia, índice abaixo dos 77,8% encontrados por Duarte e 83 Botelho, e quatro (44,5%) menores por asma, com taxas semelhantes a de outros estudos onde evidenciam que 40% a 60% do total de hospitalizações em menores de 5 anos por esta afecção (Duarte 2000; Ibiapina 2004; Brandão 2010; DATASUS-Brasília 2011). Ao discutirmos nossos resultados, devemos ter em mente que o delineamento transversal utilizado para averiguar os fatores sócio-econômicos em nosso estudo, não é o mais apropriado para mediar a relação de causalidade, no entanto devido ao custo rapidez e facilidade de execução, foi o eleito para tal finalidade, sendo pouco provável que tais limitações tenha afetado nossos objetivos finais (Beagleahole 1996). Além disso, outras limitações do nosso trabalho podem ser destacadas como o correto e completo preenchimento de todos os itens dos questionários, aplicados pelos entrevistadores, entretanto tais perdas não foram significantes após análise estatística que pudessem vir a comprometer a confiabilidade das informações. 84 8 CONCLUSÕES Nossos resultados demonstram altas prevalências de doenças respiratórias em menores de cinco anos, sendo estas as principais responsáveis pelos atendimentos de emergência durante todo período de estudo, destacando haver uma maior incidência das mesmas durante o verão e outono, demonstrando a influência dos fatores climáticos, principalmente precipitação e umidade, presentes predominantemente nestas estações. Além disso, os fatores socioeconômicos: desmame precoce, aglomeração, tabagismo e histórias patológicas pregressa/familiar, demonstraram importância para o risco de doenças respiratórias. 85 REFERÊNCIAS ACC/SCN 2000. 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Environ Health Perspect, 113, 98-103. 102 Anexo I Calendário de análise de prontuários 2010 MARÇO 1 ABRIL T Q Q S S D 2 3 4 5 6 7 S T Q Q S S D 1 2 3 4 8 9 10 11 12 13 14 5 6 7 8 9 10 11 15 16 17 18 19 20 21 12 13 14 15 16 17 18 22 23 24 25 26 27 28 19 20 21 22 23 24 25 29 30 31 26 27 28 29 30 MAIO JUNHO 1 2 1 2 3 4 5 6 3 4 5 6 7 8 9 7 8 9 10 11 12 13 10 11 12 13 14 15 16 14 15 16 17 18 19 20 17 18 19 20 21 22 23 21 22 23 24 25 26 27 24 25 26 27 28 29 30 28 29 30 31 JULHO AGOSTO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 19 20 21 22 23 24 26 27 28 29 30 31 1 2 3 4 5 6 7 8 18 9 10 11 12 13 14 15 25 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 1 2 3 SETEMBRO 1 OUTUBRO 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 4 5 6 7 8 9 10 13 14 15 16 17 18 19 11 12 13 14 15 16 17 20 21 22 23 24 25 26 18 19 20 21 22 23 24 27 28 29 30 25 26 27 28 29 30 31 NOVEMBRO DEZEMBRO 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 8 9 10 11 12 13 14 6 7 8 9 10 11 12 15 16 17 18 19 20 21 13 14 15 16 17 18 19 22 23 24 25 26 27 28 20 21 22 23 24 25 26 29 30 27 28 29 30 31 1 2 3 4 5 6 2011 JANEIRO FEVEREIRO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 7 8 9 10 11 12 13 10 11 12 13 14 15 16 14 15 16 17 18 19 20 17 18 19 20 21 22 23 21 22 23 24 25 26 27 24 25 26 27 28 29 30 28 Legenda: dias de análise 103 Anexo II Entrevistador: Data ____/____/____ Hora__________ 1 Nome do paciente 2 Nome do responsável 3 4 Gênero Endereço 5 Telefones ( ) 0= masculino Peso:_______ Kg Altura ________ cm Idade____ anos_____meses Data de nascimento / / ( ) 1= feminino Pessoas existentes no domícilio <3 4-5 6-8 9 ou mais Tempo de doença:_______ dias Tosse Não Febre Não Sim Sim Falta de ar Não Sim Renda per capita <1 salario 1-3 salários 3-5 salários >5 salários NSI Fumo durante a gestação Não Sim Tabagismo passivo Não Sim* (responda a próxima) Chiado no peito* Não Sim Sintomas nasais Não Sim Animais intra-domiciliares Não Sim Sabe ser portador de alguma doença respiratória atual ou no passado? Asma/Bronquite Não Pneumonia Não Sim Sim Sabe ser portador de alguma doença alergica: Rinite Não Sim; Alergia alimentar Não Sim Pós consulta médica Gripe/resfriado Otite Sinusite Tonsilite Asma/bronquite/bronquiolite Pneumonia bacteriana tuberculose Outro ______________________________________ ignorado Dermatite atópica Não Sim Aleitamento materno exclusivo até o 6 mês de vida Não Sim História Alergica/Respiratória em pais e/ou irmãos Não Sim Desfecho Alta Observação Internação Óbito outro __________________ ignorado Cartão de vacinação PNI em dia Não Sim Influenza Não Sim H1N1 Não Sim Pneumo conj. Não Sim Pneumo 23 Não Sim Escolaridade Mãe______Pai____ Sua criança freqüenta creche/berçário/escolinha Não Sim 104 Anexo II TERMO DE CONSETIMENTO SINTOMATICOS RESPIRATORIOS NO ATENDIMENTO EM UNIDADE DE EMERGENCIA NA CIDADE DE GOIANIA A) O que você deve saber sobre a pesquisa: Seu filho está sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa. Este termo de consentimento livre e esclarecido explica o projeto de pesquisa. Por favor leia-o cuidadosamente e faça perguntas sobre qualquer coisa que você não entenda.. Se você não tiver perguntas agora, você pode perguntar depois. B) Proposta Darlan de Oliveira Andrade mestrando do Instituto de Patologia e Medicina Tropical (Universidade Federal de Goiás) está realizando uma pesquisa para saber, quantas crianças estão procurando o setor de atendimento de emergência do CIAMS Novo Mundo por apresentarem sintomas respiratórios como tosse e/ou falta de ar e/ou chiado no peito, além de sintomas nasais , dor de garganta e dor de ouvido. Se no momento o seu filho tem um deste sintomas ele está sendo convidado a participar do estudo. C) Procedimento Se ele e você concordarem que ele participe do estudo, os seguintes fatos ocorrerão: 1) Seu filho/filha irá responder a uma entrevista padronizada que investigará aspectos da história médica e condições socioeconômicas. 2) Seu filho/filha será normalmente examinado pelo médico da Unidade de Emergência. 3) A participação neste estudo gastará um total de 15 a 30 minutos em um período de um dia. C) Riscos/Desconfortos 1) Caso seu filho/filha se sinta desconfortável com as perguntas que forem feitas, poderá interromper a entrevista em qualquer momento. 2) Confidencialidade: a participação em pesquisa pode resultar na perda da privacidade. O prontuário do seu filho/filha será manuseado tão confidencialmente quanto for possível. As informações obtidas neste estudo serão guardadas sob código e somente os responsáveis pelo estudo terão acesso aos arquivos e questionários. Não será identificado nenhum dos pacientes em qualquer relato ou trabalho resultante deste estudo. D) Benefício Os médicos aos quais seu filho/filha se submeterá aumentarão os conhecimentos científicos com conseqüente melhoria no diagnóstico e tratamento futuro de pessoas que estejam na mesma condição que eu. E) Alternativa Caso seu filho/filha optar por não participar do estudo, ou mesmo sair dele durante o seu andamento, a situação presente ou futura do seu filho/filha como paciente não será afetada. F) Custos Nenhum dos procedimentos realizados no estudo será cobrado. G) Reembolso Seu filho/filha não será reembolsado por participar deste estudo. H) Questões O estudo foi explicado pelo entrevistador e todas as minhas perguntas foram respondidas. Para qualquer informação adicional ao Dr. Darlan de Oliveira Andrade devera ser contatados nos telefones 3878-1076 ou 9295-7707. I) Consentimento A PARTICIPAÇÃO EM PESQUISA É VOLUNTÁRIA. Eu tenho o direito de não concordar que meu filho/filha participe ou mesmo de retirar meu filho/filha do estudo em qualquer momento que eu ou que ele/ela queira, sem riscos para o atendimento médico. Se eu desejar e concordar que meu filho/filha participe, devo datar e assinar nas linhas abaixo. Goiânia, _____/_____/_____. ________________________________________________________ Nome do paciente ______________________________ Nome do responsável legal ____________________________ Assinatura do responsável legal ______________________________ Nome do entrevistador __________________________ Assinatura do entrevistador 105 106 1