Foucault e Deleuze: filosofia como “dermatologia” Jorge Alberto da Costa * * Professor assistente de filosofia da Universidade Estadual de Feira de Santana, dourando em Ensino, Filosofia e História das Ciências (UFBA/UEFS) e mestre em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) _______________________________________________________________________________ O objetivo do trabalho proposto é buscar identificar uma certa convergência entre Michel Foucault e Gilles Deleuze. Os filósofos em causa foram muito afins nos seus trabalhos. Um, Foucault, buscando uma reflexão filosófica com mais mediações – quer dizer, o fundo filosófico das suas análises terminam aportando no solo da história, das suas instituições e demais eventos; o outro, Gilles Deleuze, fazendo uma filosofia pura, por assim dizer, uma filosofia que visava do início ao fim, trabalhar com conceitos, criar “máquinas abstratas” puras, como diria o filósofo francês. Naquela convergência acima referida, portanto, buscamos partir não de filósofos como Nietzsche, algo já realizado por diversas vezes, como por Rebello Cardoso Júnior, citando aqui apenas um representante de uma lista bem mais longa. Nosso intento foi tomar Kant como autor privilegiado para fazer a conexão Foucault/Deleuze, autor alemão que de forma alguma passou despercebido pelos pensadores franceses. A conclusão e mote do nosso trabalho busca se aproximar da ideia da filosofia como dizer da superfície, daí o termo "dermatologia". Em outras palavras, caberia ao saber filosófico não mais buscar a essência das coisas, a sua substância ou princípio universal. Será preciso pegar as coisas de onde elas brotam, na dinâmica dos acontecimentos – sempre fortuitos e momentâneos. Afinal, como pensaram eles, talvez "o mais profundo seja a pele...".