Perfil das Instâncias de Referência do Sistema de Garantia de Direitos na Prevenção e Enfrentamento da Violência Infânto- Juvenil Marília de Matos Amorim1, Maria Conceição Oliveira Costa2 1- Ex- Bolsista PROBIC/UEFS, Graduanda em Odontologia, Universidade Estadual de Feira de Santana, email: [email protected] 2- Orientadora, Departamento de Saúde, Universidade Estadual de Feira de Santana, email: [email protected] PALAVRAS-CHAVE: Violência, Instâncias, Infanto-juvenil INTRODUÇÃO A violência contra crianças e adolescentes é um fenômeno biopsicossocial complexo devido a sua heterogeneidade, presente em todas as esferas das relações sociais e interpessoais, que decorre de problemas políticos, econômicos, éticos e psicológicos (MINAYO, 2005). Sendo a violência considerada um dos mais graves problemas sociais e de saúde pública, como preconiza a OMS, é preciso prevenir e controlar os efeitos na medida em que são reconhecidos fatores a comportamentos agressivos. No Brasil, o desenvolvimento e execução das políticas públicas de segurança e de prevenção à violência e criminalidade tem contado com o envolvimento do poder público, assim como da sociedade civil organizada, na implementação de estratégias voltadas à descentralização das ações, através das prefeituras municipais. O Sistema de Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes (SGDCA) é uma concepção de reforma, proposta pelo ECA, como espaço estruturador social que busca garantir os serviços públicos básicos, de modo prioritário às crianças e aos adolescentes, tem por objetivo fazer cumprir deveres da família, da comunidade e da sociedade para com as crianças e adolescentes (BRASIL, 2005). MATERIAIS E MÉTODOS Estudo de corte transversal a partir de dados primários, obtidos com coordenadores/gestores e profissionais das Instâncias que integram o Sistema de Garantia de Direitos (Conselhos Tutelares e Conselho de Defesa/CMDCA) em Feira de Santana. Foram utilizados registros primários com informações obtidas de dois questionários, de caráter sigiloso, elaborado a partir de instrumentos validados em outros estudos nesta área: a) questionário direcionado para Coordenador Gestor; b) Questionário direcionado para os profissionais das instancias estudadas, elaborados a partir de pesquisas nesta área do conhecimento. Os dados foram processados utilizando o Programa Statistical Package for Social ScienceSPSS, versão 12.0 for Windows (1998). O nível de significância a ser adotada para a análise estatística foi de =0,05 e o intervalo de confiança de 95%. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela abaixo, estão descritos as características da estrutura e organização das instâncias do Sistema de Garantia de Direitos, conforme previsto na tabela abaixo. De acordo com os resultados, do total de 11 instâncias pesquisadas, 90,9% (10) tinham a infra-estrutura adequada, 81,9% (9) foram consideradas com suporte operacional adequado e 63,6% (7) possuíam fácil acesso. A maioria das Instituições prestava assistência individual/privativa às vítimas, 73,3% (66); faziam distribuição de material didático para a comunidade sobre prevenção e enfrentamento da violência, 75,6% (68). Tabela 1 Características da estrutura e organização das Instâncias do Sistema de Garantia de Direitos, Feira de Santana/BA, 2012. Estrutura e organização das Instâncias Infra-Estrutura (N=11) Adequada Inadequada Suporte operacional Com suporte operacional Sem suporte operacional Localização /acesso Fácil acesso e centralizada Acesso regular ou difícil Privacidade no Atendimento (N=90) Sim Não Distribuição de material didático contra violência (N=90) Sim Não Contra-referência (N=90) Sim Não Às vezes Reunião com outras instâncias (N=90) Sim Não n % 10 1 90,9 9,1 9 2 81,9 18,2 7 4 63,6 36,1 66 24 73,3 27,7 68 22 75,6 24,4 33 31 26 36,7 34,4 28,9 38 52 42,2 57,8 . Sobre o fluxo do atendimento intra-setorial e interinstitucional, os resultados apontaram que o instrumento de cadastro mais utilizado era o livro de registros, com 74,4% (67), seguido do boletim de ocorrência, com 61,1% (55); a origem mais freqüente das denúncias era da comunidade / disque 100 em 48,9% (44), assim como das respectivas famílias com 33,3% (30) e os casos eram encaminhados, principalmente para o Conselho Tutelar, em 73,3% (66) e Poder Judiciário, com 50,0% (45). Entre as Instâncias do SGDCA pesquisadas, 90,9% (10) tinham parcerias e desenvolviam ações de prevenção na comunidade. Os entrevistados relataram, em questões de múltipla escolha, que os principais parceiros são os hospitais e a universidade (70%) e a Estratégia da Saúde da Família (ESF) e a polícia (60%), as principais ações articuladas foram palestras e orientações na escola (80,0%), assim como a orientação familiar (70%). Como mostra no gráfico abaixo. Gráfico 1Entidades parceiras as ações desenvolvidas com as parcerias nas Instâncias do Sistema de Garantia de Direitos, Feira de Santana/ BA, 2010. Neste estudo de Feira de Santana, os resultados do fluxo intra-setorial mostraram que os instrumentos de registros de dados são diversificados, sendo o livro de registro (74,4%) e o boletim de ocorrência (61,1%) os mais utilizados. Vale assinalar que esses instrumentos atendem, em parte, às especificidades das instâncias, pois esta prática contraria princípios norteadores do processo de articulação interinstitucional, que prioriza a integração entre os Sistemas de Informação, ferramenta fundamental na agilidade dos encaminhamentos e resolutividade dos casos. A respeito das Instituições parceiras que colaboram com o SGDCA e que desenvolvem ações conjuntas, a maioria dos resultados foi satisfatória (entre 60 e 70%). Segundo técnicos e coordenadores, o setor saúde foi representado pelos hospitais e pelo Programa Saúde da Família (PSF), o setor educação, pela Universidade, além da Polícia local. As principais ações desenvolvidas foram palestras e orientações na escola e às famílias, sugerindo a preocupação da Rede interinstitucional, incentivando a participação e o controle social, diante do desafio de enfrentar e prevenir a violência. CONCLUSÃO Segundo os profissionais/técnicos e coordenadores participantes, a maioria das Instâncias do município integrantes do SGDCA possui infra-estrutura e suporte operacional adequados para oferecer atendimento às vítimas de violência; entretanto necessita investir esforços na articulação e fluxo interinstitucional, ampliando os intercâmbios, através da contra-referência, trocas de experiências e conhecimentos entre técnicos e gestores. REFERÊNCIAS 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Violência Faz Mal a Saúde. 1. Ed. Brasília: Secretaria de Atenção à Saúde, 2005. (Série B. Textos Básicos de Saúde). 2. MINAYO, M. C. S. Violência: um problema para a saúde dos brasileiros. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Impacto da violência na saúde dos brasileiros / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2005. p. 340