Revisão da Literatura Medidas de Proteção em Quimioterapia Antineoplásica Protection Measures in Antineoplastic Chemoterapy Suely RODASKI* Andrigo Barboza de NARDI** RODASKI, S.; NARDI, A.B. de. Medidas de proteção em quimioterapia antineoplásica. Rev Bras Med Vet – Pequenos Anim Anim Estim, Curitiba, v.1, n.1, p.44-52, jan./mar. 2003. Considerando-se a crescente incidência de câncer em animais e, conseqüentemente, um maior número de pacientes submetidos à quimioterapia antineoplásica, essa revisão visa a fornecer subsídios para que os Médicos Veterinários se conscientizem sobre a quimiotoxicidade de ordem ocupacional e também sobre a necessidade de se adotarem medidas de proteção. As principais complicações de natureza ocupacional estão associadas a anormalidades cromossômicas, a alterações hematológicas, a lesões hepáticas e a maior incidência de deformidades e abortos. Paradoxalmente, os fármacos antiblásticos também podem ser carcinogênicos, pois foi observado o desenvolvimento de um segundo tumor em pacientes submetidos à quimioterapia. Visando à proteção ambiental e pessoal nas unidades de preparação e administração de quimioterápicos, o Instituto Nacional do Câncer, nos Estados Unidos, em 1975, estabeleceu diretrizes para a manipulação segura dos agentes antiblásticos. As normas de segurança estabelecidas são relacionadas com o armazenamento, preparação e administração dos agentes antiblásticos, com a manipulação do material envolvido nas aplicações e o manuseio do paciente, prevenindo-se assim a contaminação ambiental e, conseqüentemente, das pessoas que freqüentam esses locais. De acordo com as recomendações estabelecidas, os cuidados envolvem as várias etapas da administração do fármaco, orientando desde o local de armazenamento até o destino correto dos resíduos. Considerando o crescente número de animais tratados com fármacos antiblásticos e o fato de que a quimiotoxicidade possa ser dose-dependente, conclui-se sobre a necessidade de prevenir os efeitos deletérios dos antineoplásicos, pois a falta de medidas profiláticas pode acarretar prejuízos incalculáveis e irreparáveis, como mutagenicidade, teratogenicidade e carcinogenicidade de natureza ocupacional. PALAVRAS-CHAVE: Quimioterapia/toxidade; Neoplasias/veterinária; Cão; Gato. *Professora de Técnica Operatória e Oncologia Veterinária do Departamento de Medicina Veterinária/ Universidade Federal do Paraná – UFPR; Rua Cap. Zeppin, 132, Uberaba – CEP 80530-540, Curitiba, PR; e-mail: [email protected] **Médico Veterinário; e-mail: [email protected] MedveP - Revista Brasileira de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.44-52, 2003 Medidas de Proteção em Quimioterapia Antineoplásica INTRODUÇÃO Apesar de não estar bem definido o real efeito tóxico dos vários agentes antineoplásicos nas pessoas que manipulam esses fármacos, muitas pesquisas relatam sobre os riscos de natureza ocupacional (NORPPA et al., 1980; WAKSVIK et al., 1981; GOLINI-BERTOLLO et al., 1992). Segundo FALCK et al. (1979), SELEVAN et al. (1985) e BONASSA (1992), as toxicidades constatadas em pessoas que atuam nas unidades de quimioterapia antiblástica são várias, sendo que a primeira observação refere-se à mutagenicidade no urotélio de enfermeiras que manipulavam os fármacos citostáticos. Além disso, a exposição contínua a esses agentes tem sido associada a anormalidades cromossômicas, a alterações hematológicas, a lesões hepáticas e a maior incidência de deformidades e abortos. Paradoxalmente, os fármacos antiblásticos também podem ser carcinogênicos, pois foi observado o desenvolvimento de um segundo tumor em pacientes submetidos à quimioterapia antineoplásica (SOTANIEMI et al., 1983). Alguns pesquisadores (BONASSA, 1992; HENRY, 1996; WATSON, 1997; PARHAM, 2001) comentaram que a quimiotoxicidade de ordem ocupacional também está associada à exposição a outros fatores de risco. Sendo assim, a toxicidade está relacionada com as propriedades químicas dos agentes antiblásticos, predisposição genética, fatores nutricionais e tipo de exposição. Os efeitos adversos desses fármacos podem ser agravados pela ingestão de bebidas alcoólicas, tabagismo, pela magnitude de exposição (intensidade e tempo de exposição aos citostáticos) e vias de contaminação (oral, respiratória e cutânea). Os sintomas mais freqüentemente observados na toxicidade aguda decorrente de exposição ocupacional incluem cefaléia, náusea, êmese, vertigem, irritação de pele e mucosa, reações alérgicas e alopecia (BONASSA, 1992). De acordo com BONASSA (1992), OGILVIE (1996), MORRISON (1998), MASSUNGA & JÚNIOR (2000), a exposição aos agentes antiblásticos pode ocorrer através das vias respiratórias quando existe contaminação ambiental e pode ser decorrente do contato direto com a pele, e também da ingestão acidental dos fármacos, através de alimentos e cigarros contaminados. A liberação desses agentes para o ar acontece, principalmente, através de aerossóis que são produzidos durante as manipulações. Por exemplo, nas dispersões, quando se remove a solução do frasco, na abertura de ampolas, na transferência de soluções e na retirada de ar das seringas, quando se mensura o volume preciso a ser administrado. A contaminação também pode ocorrer durante o manuseio de secreções e excretas dos pacientes que recebem ou receberam os fármacos durante as últimas 48 horas. A exposição do operador à toxicidade dos citostáticos também pode acontecer através de procedimentos objetivando o fracionamento de comprimidos, tabletes, etc. (BAKER & CONNOR, 1996; MORRISON, 1998). Visando à proteção ambiental e pessoal nas unidades de preparação e administração de quimioterapia (BONASSA, 1992), o Instituto Nacional do Câncer, nos Estados Unidos, em 1975, estabeleceu diretrizes para a manipulação segura dos agentes antiblásticos (ZIMMERMAN, 1981). As normas têm como objetivos evitar a contaminação do operador e manter a esterilidade dos fármacos administrados. É importante salientar que os agentes antineoplásicos, em geral, além de serem mielossupressivos, são destinados a pacientes imunodeprimidos pela própria doença, tornando-se assim imprescindível a condição de esterilidade para a administração desses fármacos. As normas de segurança estabelecidas por YODAIKEN & BENNETT (1986), SWANSON (1988), POWER (1990) e MASSUNGA & JÚNIOR (2000) são relacionadas com armazenamento, preparação e administração dos agentes antiblásticos, com a manipulação do material envolvido nas aplicações e o manuseio do paciente, prevenindo-se assim a contaminação ambiental e também das pessoas que freqüentam os locais destinados a este tipo de tratamento. Recomendações para o armazenamento dos medicamentos antineoplásicos Os quimioterápicos antiblásticos devem ser mantidos em áreas seguras, devidamente identificadas e com acesso limitado aos técnicos orientados e treinados para a manipulação desses fármacos (POWER, 1990; BONASSA, 1992). Para que os medicamentos não sofram alterações que possam comprometer o tratamento, faz-se necessário que o local de armazenamento desses fármacos apresente todas as condições exigidas pelo fabricante no que se refere a luminosidade, temperatura, ventilação e umidade. É importante salientar que todas as recomendações dos laboratórios fabricantes devem ser rigorosamente seguidas. De acordo com SWANSON (1988) e BONASSA (1992), quando houver necessidade de refrigeração, os agentes citostáticos devem ser mantidos em refrigeradores específicos e, se isso não for possível, os fármacos devem ser armazenados em embalagens plásticas seguras ou em caixas apropriadas para evitar o extravasamento. Segundo BONASSA (1992), alguns quimioterápicos de uso endovenoso devem ser refrigerados antes de sua administração e outros não (Tabela1). Após a reconstituição, determinados agentes mantêm suas características e podem ser preservados para aplicações posteriores. Para isso, alguns itens, como temperatura e tempo após a diluição, devem ser rigorosamente obedecidos (Tabela 2). As caixas, prateleiras ou recipientes utilizados para armazenamento dos fármacos antitumorais MedveP - Revista Brasileira de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.44-52, 2003 45 Medidas de Proteção em Quimioterapia Antineoplásica TABELA 1: Forma de conservação do quimioterápico antineoplásico antes de diluição. Quimioterápico Antineoplásico Antes da diluição ASPARAGINASE BLEOMICINA CARBOPLASTINA CICLOFOSFAMIDA CISPLATINA DOXORRUBICINA EPIRRUBICINA 5-FLUOROURACIL IFOSFAMIDA METOTREXATO VIMBLASTINA VINCRISTINA Refrigeração (2 a 8o C) Refrigeração (2 a 8o C) Temperatura ambiente Temperatura ambiente Refrigeração (2 a 8o C) Temperatura ambiente Temperatura ambiente Temperatura ambiente Temperatura ambiente Temperatura ambiente Refrigeração (2 a 8o C) Refrigeração (2 a 8o C) TABELA 2: Tempo máximo de conservação dos quimioterápicos antineoplásicos, após a diluição em temperatura ambiente e em refrigeração. Quimioterápico Antineoplásico Após a diluição Temperatura Refrigeração Ambiente (2 a 8o C) ASPARAGINASE BLEOMICINA CARBOPLASTINA CICLOFOSFAMIDA CISPLATINA DOXORRUBICINA EPIRRUBICINA 5-FLUOROURACIL IFOSFAMIDA METOTREXATO VIMBLASTINA VINCRISTINA Até 6 horas Até 24 horas Até 8 horas Até 24 horas Até 20 horas Até 24 horas Até 7 dias Até 10 dias Não há conservação Não há conservação Não há conservação Não há conservação Até 24 horas Até 24 horas Até 24 horas Até 6 dias Não refrigerar Até 48 horas Até 4 semanas Não refrigerar Até 24 horas Até 8 horas Até 30 dias Até 24 horas devem dispor de proteções que impeçam a queda e fragmentação dos frascos, diminuindo assim a contaminação do ambiente (BONASSA, 1992; DICKINSON & OGILVIE, 1995). Os medicamentos antiblásticos (BONASSA, 1992; DICKINSON & OGILVIE, 1995) não devem ser mantidos em áreas próximas a locais em que se armazenam ou manipulam alimentos. Considerando que os fármacos em aerossóis podem contaminar o ambiente e acidentalmente expor o pessoal aos efeitos deletérios (BONASSA, 1992), deve-se evitar a presença de pessoas fumando, alimentando-se ou aplicando cosméticos em locais destinados ao armazenamento de quimioterápicos antitumorais. Recomendações para a preparação dos fármacos antiblásticos Conforme OGILVIE (1996) e SILVA & ALMEIDA (2000), as normas para a preparação dos agentes anti46 blásticos devem ser estabelecidas e afixadas nos locais de manipulação dos citostáticos. Todas as pessoas que preparam ou manipulam esses fármacos devem ser adequadamente treinadas e conscientizadas sobre a toxicidade dos quimioterápicos antineoplásicos. A dispersão de gotículas ou partículas no ambiente durante a manipulação dos citostáticos é a principal forma de exposição ocupacional. Sendo assim, para que o operador não seja contaminado através da inalação ou do contato direto com a pele e a membrana mucosa, faz-se necessário que toda a manipulação dos fármacos antineoplásicos seja efetuada em capela de fluxo laminar vertical classe II. Esse tipo de equipamento, de acordo com SWANSON (1988) e SANCHEZ (1992), evita a contaminação pessoal e ambiental, pois o ar ultra-filtrado incide verticalmente sobre a superfície de trabalho e na seqüência é totalmente absorvido por orifícios laterais e frontais da bancada. Além disso, um anteparo frontal impede a saída do ar para o ambiente. Os fluxos laminares do tipo II são dotados de filtros com alta eficiência para ar particulado, também chamados filtros absolutos. Dentre os equipamentos da classe II, os do tipo B2 são os mais indicados, pois são dotados de exaustão externa, não recirculando o ar (Figura 1). Segundo SWANSON (1988), SANCHEZ (1992) e MASSUNGA & JÚNIOR (2000), os aparelhos de classe III são totalmente fechados e todo o ar admitido ou expelido é filtrado. FIGURA 1: Esquema de circulação do ar no fluxo laminar classe II, tipo B2. O operador deve estar adequadamente protegido durante a preparação dos medicamentos antineoplásicos. De acordo com as normas comentadas por BONASSA (1992), ANDRADE et al. (1999) e SILVA & ALMEIDA (2000), as pessoas envolvidas devem usar paramentação apropriada, como avental longo, de material descartável com baixa permeabilidade e que não libere fiapos. Para conferirem maior proteção ao MedveP - Revista Brasileira de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.44-52, 2003 Medidas de Proteção em Quimioterapia Antineoplásica operador, os aventais devem ser fechados frontalmente e ter mangas longas com punhos elásticos, evitando-se assim contato dos citostáticos com a pele. Os aventais usados devem ser descartados dentro da área de preparação. Convém alertar que a utilização de aventais laváveis pode expor o pessoal da lavanderia aos efeitos deletérios dos quimioterápicos. Para BONASSA (1992), além do avental adequado, o operador deve usar óculos de proteção, gorros, máscaras com filtro e luvas de látex (Figuras 2 e 3). Convém salientar que a máscara cirúrgica não oferece proteção adequada para prevenir a contaminação com os quimioterápicos. Para diminuir a inalação das partículas em aerossol, recomenda-se a utilização de um protetor plástico facial (SILVA, 1998). Apesar de haver vários tipos de respiradores que diminuem a aspiração dos aerossóis, nenhum confere proteção absoluta, não devendo nunca ser excluído o uso do fluxo laminar durante a preparação dos fármacos citostáticos. Para a proteção das mãos, aconselha-se o uso de luvas especiais de látex (LAIDLAW, 1984; SILVA & ALMEIDA, 2000), sem talco, descartáveis e longas, protegendo até o punho. As luvas devem ser livres de talco, pois essas partículas contaminadas pelos citostáticos podem ser facilmente inaladas. Quando não se dispõe de luvas de látex, as de vinil não oferecem proteção adequada, pois são mais porosas (LAIDLAW et al., 1984). Além da paramentação, o operador deve ficar atento, pois alguns eventos no decorrer da preparação dos fármacos antiblásticos podem levar à exposição acidental. Freqüentemente, constata-se aumento de pressão no interior dos frascos após a injeção do diluente. A diluição e a aspiração do quimioterápico devem ser cuidadosas, respeitando-se o equilíbrio das pressões de dentro e de fora do frasco, evitando-se assim a dispersão de aerossóis no local de trabalho. Aconselha-se evitar a injeção de pressão positiva no interior do frasco, infundir lentamente o diluente e permitir o escape de ar excessivo para o interior da seringa antes de desconectá-la do frasco-ampola. Para se evitar a dispersão de gotículas (Figura 4), recomendase o uso de um quimiodispensador (Figura 5) colocado entre a seringa e a ampola, o qual mantém o equilíbrio de pressão e evita a liberação de aerossóis que contaminam o ambiente e o operador (ROSENTHAL & CROW, 1991; DICKINSON & OGILVIE, 1995). Segundo SANCHEZ (1992) e McDIARMID & PRESSON (1996), o uso de conexões com rosca (luer-locks) diminui a possibilidade de contaminações através da separação acidental entre agulhas e seringas. A desconexão eventual entre seringa e êmbolo também pode ser prevenida, evitando-se preencher mais que ¾ da capacidade da seringa. A presença de bolhas de ar no interior da seringa pode ser minimizada através de aspiração lenta do fluido. A movimentação brusca da seringa para concentrar as bolhas de ar deve ser evitada, pois pode dispersar gotículas do citostático no ambiente. A eliminação do ar presente no interior da seringa pode ser feita injetando-o em algodão embebido em álcool a 70%, o qual, na seqüência, deve ser encaminhado para o lixo tóxico (BONASSA, 1992). O excesso de medicação que eventualmente for aspirado deve retornar ao próprio frasco do quimioterápico (BONASSA, 1992; MASSUNGA & JÚNIOR, 2000). Segundo BONASSA (1992), quando o fármaco estiver contido em ampolas, estas devem ser inclinadas em direção oposta ao corpo, envoltas em gaze ou algodão umedecidos em álcool e, finalmente, quebradas. Este procedimento permite a absorção de aerossóis pelas compressas de gaze com álcool e diminui a possibilidade de os fragmentos de vidro provocarem lesões de pele. O ajuste das doses dos quimioterápicos antineoplásicos para pequenos animais, muitas vezes, obriga o Médico Veterinário a fracionar os comprimidos. Essa prática pode resultar em exposição do operador, por inalação ou por absorção cutânea das partículas que se desprendem dos comprimidos. A utilização adequada da paramentação e dos acessórios de proteção, como luvas, óculos e máscaras, previnem a contaminação decorrente das manobras efetuadas para reduzir o tamanho do comprimido, conforme indicado por HENRY (1996). FIGURA 2: Material de proteção: óculos, luvas e máscara com filtro. FIGURA 3: Avental plástico, avental de polipropileno e gorro: paramentação mínima para manipulação dos quimioterápicos. MedveP - Revista Brasileira de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.44-52, 2003 47 Medidas de Proteção em Quimioterapia Antineoplásica Para GILSON & PAGE (1998) e MORRISON (1998), o fato de que os agentes citotóxicos de uso oral podem facilmente fragmentar-se ou sofrer abrasões e liberar partículas determina que essa medicação seja devidamente acondicionada em embalagens plásticas fechadas e seladas. Dessa maneira, evita-se a contaminação do ambiente hospitalar e também de outros fármacos. Concluída a preparação dos quimioterápicos, o operador deve proceder à limpeza da área de trabalho. Todo o material utilizado para a preparação dos fármacos e para a proteção deve ser descartado em embalagem apropriada, selada, devidamente identificada através de etiqueta para lixo contaminado e encaminhado para a incineração. Finalmente, a lavagem das mãos após a preparação dos medicamentos remove resíduos em potencial dos quimioterápicos, evitando-se a contaminação pessoal e ambiental (BONASSA, 1992; MASSUNGA & JÚNIOR, 2000). FIGURA 4: Contaminação ambiental durante o processo de remoção do quimioterápico do interior da ampola. FIGURA 5: Chemomini-spike®, dispositivo que impede a liberação de aerossóis que contaminam o ambiente e operador. 48 Recomendações para a administração dos quimioterápicos antitumorais De acordo com ZIMMERMAN et al. (1981) e BONASSA (1992), os procedimentos e acessórios para proteção utilizados durante a preparação dos fármacos devem, similarmente, ser empregados durante a administração dos quimioterápicos citostáticos. A dispersão de gotículas ou aerossóis durante a administração dos fármacos ou no momento de remover-se as agulhas, cateteres ou equipos pode ser reduzida envolvendo-se as conexões do material de aplicação com gaze umedecida em álcool a 70% (MASSUNGA & JÚNIOR, 2000). Outra opção para se prevenir a contaminação durante a aplicação dos citostáticos, segundo MASSUNGA & JÚNIOR (2000), é o emprego da conexão de três vias denominada dânula (Figura 6). FIGURA 6: Seringa com quimioterápico acoplada a uma dânula (torneira de 3 vias) para aumentar a segurança durante a administração. A injeção perivascular de alguns fármacos, como o sulfato de vincristina, doxorrubicina, etc., pode provocar grave necrose tecidual. O ato de liberar o fluxo das soluções no cateter antes e após a aplicação dos agentes antiblásticos previne a lesão extravascular. Além disso, MORRISON (1995) relatou que os resíduos dos fármacos no interior do cateter são eliminados, evitando-se assim a exposição de ordem ocupacional. Concluída a aplicação, a agulha não deve ser desconectada da seringa e não se recomenda a recolocação do dispositivo protetor. Dessa maneira, evita-se a pulverização dos citostáticos e lesões acidentais do operador. O material pontiagudo utilizado na aplicação deve ser acondicionado em recipiente impermeável e resistente à perfuração, identificado como lixo tóxico e encaminhado à incineração (Figuras 7 e 8). Os demais objetos devem ser descartados em embalagens plásticas seladas, identificadas e enviadas à calcinação, conforme comentaram BONASSA (1992) e SILVA et al. (2000). MedveP - Revista Brasileira de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.44-52, 2003 Medidas de Proteção em Quimioterapia Antineoplásica e cisplatina, dentro de 24 horas após a administração. Esses resíduos podem ser mutagênicos em pessoas com exposições cutâneas repetidas. Portanto, todo o material contaminado por secreções e excreções de animais tratados com citostáticos, nas últimas 24 horas, deve ser removido juntamente com os demais resíduos da quimioterapia (MORRISON, 1995; OGILVIE, 1996). FIGURA 7: Recipiente adequado para descarte de material perfuro-cortante contaminado com resíduos de quimioterápicos. FIGURA 9: Descarte do material utilizado durante a preparação e administração do antineoplásico em recipiente plástico individual e identificado. FIGURA 8: Identificação do recipiente alertando o perigo dos resíduos de quimioterápicos. Recomendações para normatizar o destino do material utilizado durante a quimioterapia antineoplásica Todos os resíduos decorrentes da preparação e administração dos agentes antiblásticos devem ser removidos em embalagens específicas, separadamente do lixo hospitalar restante. Os resíduos da quimioterapia incluem seringas, agulhas, cateteres, algodão, gaze, frascos, ampolas, restos de fluidos, luvas, aventais, máscaras, plásticos e papéis absorventes e medicamentos que não podem ser retornados aos frascos (ZIMMERMAN et al., 1981; BONASSA, 1992; MASSUNGA & JÚNIOR, 2000). Os objetos puntiformes contaminados pelos citostáticos (BONASSA, 1992; GILSON & PAGE, 1998; MASSUNGA & JÚNIOR, 2000) devem ser acondicionados em embalagens resistentes à punção, lacradas e de cor diferente, podendo estas serem vermelha ou amarela. Além disso, faz-se necessário a identificação de lixo tóxico. De acordo com BONASSA (1992), o material não-cortante, como luvas, aventais, etc., deve ser removido em embalagens plásticas seladas e devidamente identificadas (Figura 9). As secreções e excreções do paciente humano apresentam contaminações até 48 horas após as aplicações dos fármacos antiblásticos. Em Medicina Veterinária, apesar de poucas investigações, constatou-se em cães a excreção de metabólitos de doxorrubicina As pessoas responsáveis pela remoção de excreções e secreções de animais submetidos à quimioterapia nas últimas 48 horas necessitam proteger-se com aventais e luvas, durante esse procedimento. Os materiais contaminados devem ser manipulados com cuidado (MORRISON, 1995) para evitar respingos e disseminação dos resíduos tóxicos. No que se refere às roupas e cobertores contaminados, BONASSA (1992) recomendou o manuseio com luvas. Além disso, esses artigos devem ser embalados em saco plástico fechado e identificados como roupa contaminada, antes de ser encaminhado à lavanderia, seguindo as recomendações de MORRISON (1998). Para concluir, é consenso na literatura que todos os resíduos obtidos durante a manipulação e aplicação dos agentes antineoplásicos devem ser eliminados através de incineração. Para aqueles hospitais veterinários que têm dificuldades em efetuar a calcinação dos dejetos quimiotóxicos, alguns autores aconselham que este procedimento seja realizado em hospitais, após prévio acordo e normatização (BONASSA, 1992; MORRISON, 1995; OGILVIE, 1996). Recomendações frente às contaminações por extravasamento acidental dos fármacos antiblásticos Segundo BONASSA (1992), SANCHEZ (1992), MASSUNGA & JÚNIOR (2000), a Sociedade Americana de Farmacêuticos Hospitalares recomenda o uso de um kit (spill kit), ou seja, um pacote contendo material específico para a limpeza de áreas contaminadas. Esse pacote contém dois pares de luvas (látex), óculos de proteção, saco plástico selável, máscara especial com MedveP - Revista Brasileira de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.44-52, 2003 49 Medidas de Proteção em Quimioterapia Antineoplásica filtro, avental e propés descartáveis, uma concha para remover fragmentos de vidro e uma etiqueta especial para identificação de lixo contaminado e perigoso. A contaminação acidental pode ocorrer nas áreas destinadas ao armazenamento, preparação e administração dos fármacos citostáticos. Sendo assim, faz-se necessário que essas unidades disponham do kit com material para remoção dos detritos contaminados pelos medicamentos antiblásticos (BONASSA, 1992). De acordo com a Sociedade Americana de Farmacêuticos Hospitalares, os acidentes com pequenos vazamentos, ou seja, até 5ml, quando fora do fluxo laminar, requerem limpeza por pessoal devidamente equipado com óculos de proteção, gorro, máscara, luvas e avental, além do kit para extravasamentos (BONASSA, 1992; SILVA, 1998; MASSUNGA & JÚNIOR, 2000). Segundo BONASSA (1992), SILVA (1998) e MASSUNGA & JÚNIOR (2000), quando ocorrer derramamento acidental de fármaco antineoplásico, imediatamente remove-se da área atingida os animais e as pessoas não envolvidas diretamente com a quimio­ terapia. O medicamento derramado é absorvido com o auxílio de compressa ou papel, quando líquido, sendo que os fármacos em forma de pó devem ser removidos com gaze umedecida. Em seguida, a área atingida recebe a aplicação de produtos químicos para minimizar a toxicidade dos agentes antiblásticos e é lavada três vezes com detergente e água limpa. Os agentes utilizados para a degradação dos citostáticos são vários, além de serem específicos para os diversos quimioterápicos antineoplásicos. Nas contaminações com metotrexato, sulfato de vincristina, vimblastina e carmustina, empregam-se soluções de permanganato de potássio (0,3 M) com ácido sulfúrico (3 M). As superfícies atingidas por doxorrubicina são tratadas com hipoclorito de sódio, enquanto as áreas expostas à cisplatina recebem pó de zinco. Finalmente, nas superfícies contaminadas com ciclofosfamida, aplica-se dimetilformamida. É importante considerar (BONASSA, 1992; SILVA & ALMEIDA, 2000) que estes produtos degradam os fármacos antineoplásicos, mas não eliminam a mutagenicidade em potencial desses medicamentos. Apesar dos métodos de inativação química dos fármacos citostáticos estarem descritos, a OSHA (Occupational Safety and Health Administration) (SWANSON, 1988) não recomenda este procedimento, pois pode ocorrer a formação de subprodutos tóxicos, além de cada substância inativadora ser específica para cada fármaco. Quando ocorre extravasamento de maior proporção, a área deve ser isolada, sendo que a região contaminada deve ser protegida com papéis absorventes e gaze, para impedir o fluxo do medicamento. Nos casos de grandes contaminações com pós, remover o medicamento com pano umedecido. Após o tratamento das áreas contaminadas, estas devem ser lavadas com solução de detergente e enxaguadas 50 com água. Recomenda-se recolher todo o material usado nesse procedimento em recipiente destinado aos objetos descartáveis contaminados (YODAIKEN & BENNETT, 1986). BONASSA (1992) alertou que a contaminação por determinados agentes antiblásticos exige tratamentos adicionais, sendo estes descritos pelo fabricante. Os fragmentos de frascos e ampolas quebrados acidentalmente devem ser recolhidos com o auxílio de um instrumento, como uma colher, por exemplo, e não com a mão. Em seguida, esses fragmentos são acondicionados em caixa rígida para expurgo de material perfuro-cortante, juntamente com o restante do lixo contaminado (BONASSA, 1992; MASSUNGA & JÚNIOR, 2000). Quando os animais ou as pessoas são contaminados acidentalmente (ROSENTHAL & CROW, 1991; BONASSA, 1992; MORRISON, 1998), aconselha-se a lavagem imediata da superfície cutânea atingida, com água e sabão. Nos casos de exposição dos olhos aos fármacos, aconselha-se a irrigação com solução fisiológica durante cinco minutos. Além disso, recomenda-se que as pessoas contaminadas procurem atendimento médico imediato. Nos Estados Unidos, a maioria das instituições documenta os episódios de contaminação ambiental, registrando detalhes como local, fármaco e quantidade, pessoas envolvidas e procedimentos de limpeza adotados (MORRISON, 1995). Recomendações ao pessoal responsável pela manipulação dos quimioterápicos antineoplásicos Muitos hospitais têm claramente definidas as normas e diretrizes que visam à preservação da saúde das pessoas que trabalham nas unidades de quimioterapia. Além do registro detalhado de todas as exposições, acidentais ou não, nesses setores, rotineiramente, o pessoal é submetido a avaliações clínicas. Dessa maneira, para BONASSA (1992) e MASSUNGA & JÚNIOR (2000), é possível detectar-se precocemente a toxicidade potencial de natureza ocupacional. Paralelamente, devem ser instituídas algumas normas visando à profilaxia de exposição aos fármacos citostáticos (BONASSA, 1992; CHABNER et al., 1996; MASSUNGA & JÚNIOR, 2000), entre elas: • desenvolver programas de treinamento e reciclagem dirigidos às pessoas que manipulam medicamentos antiblásticos, salientando os aspectos relacionados com os riscos ocupacionais e com a redução da contaminação; • restringir unicamente ao pessoal treinado as atividades referentes à manipulação e administração dos agentes antitumorais; • supervisionar o cumprimento de todas as normas de segurança; • limitar o número de pessoas que manuseiam os fármacos antiblásticos; MedveP - Revista Brasileira de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.44-52, 2003 Medidas de Proteção em Quimioterapia Antineoplásica • impedir o envolvimento de gestantes e nutrizes com atividades relacionadas à quimioterapia anticâncer. Recomendações aos proprietários de animais submetidos à quimioterapia antineoplásica É de responsabilidade do Médico Veterinário (HAHN & MORRISON, 1991; ROSENTHAL & CROW, 1991; BONNEY & KNAPP, 1993; HENRY, 1996) a orientação aos proprietários de seus pacientes sobre a gravidade da contaminação com medicamentos antineoplásicos. Todos os procedimentos que previnem a quimiotoxicidade devem ser claramente explicados aos clientes, enfatizando-se a necessidade de todas as normas serem rigorosamente seguidas. De acordo com ROSENTHAL & CROW (1991) e HENRY (1996), cabe ao oncologista veterinário solicitar ao cliente para agir com precaução nas seguintes situações: • armazenar os quimioterápicos antineoplásicos em locais seguros, fora do alcance de crianças e separados de outros medicamentos; • manter os fármacos em embalagens íntegras, evitando-se assim a contaminação ambiental; • evitar abrasões e fragmentações de comprimidos; • impedir que gestantes, nutrizes e crianças administrem os fármacos e manipulem os resíduos, dejetos, etc.; • utilizar luvas de látex para administração oral dos fármacos; • as luvas utilizadas devem ser descartadas em embalagens plásticas seladas, sendo enviadas ao hospital veterinário para proceder à incineração; • com o uso de luvas, recolher os dejetos e acondicioná-los em pacotes plásticos seguramente fechados; • descartar roupas e cobertores contaminados por secreções eliminadas durante a quimioterapia; • lavar abundantemente as superfícies contaminadas com os dejetos; • todo o material e resíduos procedentes da administração oral dos fármacos devem ser devidamente acondicionados em embalagens plásticas fechadas e encaminhadas ao hospital veterinário, para proceder à incineração; • lavar as mãos após as atividades relacionadas com a administração dos fármacos e com a manipulação dos dejetos e material contaminado. Para concluir, em Medicina Veterinária algumas precauções, como por exemplo o uso de fluxo laminar, são pouco empregadas em função dos custos. Com essas deficiências, o oncologista veterinário tem maiores preocupações e dificuldades no que diz respeito à segurança ocupacional das pessoas que manipulam os fármacos em seu estabelecimento (CHABNER et al., 1996; HENRY, 1996). Atualmente, o crescente número de animais acometidos por afecções neoplásicas faz da Oncologia Veterinária uma área emergente em Medicina Veterinária. Com isso, cada vez mais o oncologista veterinário depara-se com animais que necessitam de quimioterapia antiblástica. Conseqüentemente, o elevado número de tratamentos dessa natureza sem as devidas precauções, cada vez mais, expõe os operadores aos fármacos citostáticos. Os riscos ocupacionais são muito preocupantes, pois algumas pesquisas informam que a quimiotoxicidade é dose-dependente. Sendo assim, os efeitos deletérios podem ser mais nocivos à medida que se expõe aos fármacos citostáticos com maior freqüência (BONASSA, 1992; HENRY, 1996; WATSON, 1997; MASSUNGA & JÚNIOR, 2000). Através das informações propostas por YODAIKEN & BENNETT (1986), BONASSA (1992) e WATSON (1997), rapidamente conclui-se que a falta de equipamentos de proteção, em função de custos relativamente altos, pode acarretar prejuízos incalculáveis e irreparáveis, representados pela mutagenicidade, teratogenicidade e carcinogenicidade de natureza ocupacional. RODASKI, S.; NARDI, A.B. de. Protection measures in antineoplastic chemoterapy. Rev Bras Med Vet – Pequenos Anim Anim Estim, Curitiba, v.1, n.1, p.44-52, jan./mar. 2003. Considering the increase of the number of animals with cancer, and consequently the higher incidence of patients submitted to chemotherapy, this revision intends to provide orientation, so veterinarians become aware about chemotoxicity and the necessity to adopt safety measures. The main occupational complications are related to chromosomal abnormalities, hematologic alterations, hepatic lesions and a higher incidence of fetal deformities and abortions. Paradoxically, the chemotherapeutic drugs can also be carcinogenic, since the development of a second tumor was observed in patients submitted to chemotherapy. Setting the environmental and personal protection in the preparation and administration units of chemotherapy, the National Institute of Cancer, in the United States, in 1975, established guidelines for the manipulation holds of antiblastic agents. The established safety rules are associated with the storage, preparation and administration of the antiblastics agents; with the manipulation of the material involved in the applications and the patient’s handling, preventing the environmental contamination and, consequently, the people who access those places. According to the established orientations, the cares involve several stages of drugs administration, from storage to the correct destination of residues. Considering the increasing number of animals treated with chemotherapeutic drugs and the fact that the chemotoxicity can be dose-dependent phenomenon, it is concluded about the need of preventing the harmful effects of chemotherapy, since the lack of safety measures can cause incalculable and irreparable damages, such as mutagenicity, teratogenicity and carcinogenicity. KEYWORDS: Drug therapy/toxicity; Neoplasms/veterinary; Dog; Cat. MedveP - Revista Brasileira de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.44-52, 2003 51 Medidas de Proteção em Quimioterapia Antineoplásica REFERÊNCIAS ANDRADE, S.F.; OLIVEIRA, C.M.N.L.; COTTA-LUIZARI, F.; HADDAD, R.R.; BARBOVR, L.F.; SANCHES, J.C.; MENDONÇA, M.F. Normas de segurança para o uso da vincristina no tratamento de tumor venéreo transmissível em cães. Clínica Veterinária, São Paulo, n.18, p.32-33, 1999. Baker, E.S.; Connor, T.H. Monitoring occupational exposure to cancer chemotherapy drugs. Am J Health System Pharmacol, v.53, p.2713-2723, 1996. BONASSA, E.M.A. Aspectos relativos à segurança do operador e do ambiente. In:______. Enfermagem em quimioterapia. São Paulo: Atheneu, 1992. p.29-36. BONNEY, P.T.; KNAPP, D.W. Chemoterapy safety: a guide for veterinary practitioners. Veterinarian Cancer Society Newsletter, v.17, n.2, p.10-11, 1993. CHABNER, B.A.; ALLEGRA, C.J.; CURT, G.A.; CALABRESI, P. Antineoplastic agents. In: GOODMAN, A; GILMANS, B. The pharmacological basis of therapeutics. 9.ed. New York: McGraw-Hill, 1996. p.1259-1260. DICKINSON, K.; OGILVIE, G.K. Safe handling and administration of chemotherapeutic agents in veterinary medicine. In: KIRK, R.W.; BONAGURA, J.D. Current Veterinary Therapy XII. Small Animal Practice. Philadelphia: W.B. Saunders, 1995. p.475-478. FALCK, K.; GROHN, P.; SORSA, M. Mutagenicity in urine of nurses handling cytostatic drugs. Lancet, v.1, p.1250-1251, 1979. GILSON, S.D.; PAGE, R.L. Princípios de oncologia. In: BICHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Manual Saunders: clínica de pequenos animais. Roca: São Paulo, 1998. p.209-217. GOLONI-BERTOLLO, E.M.; TABAJARA, E.H.; MANZATO, A.J. Sister cromatid exchanges and chromosome aberrations in lymphocytes of nurses handling antineoplastic drugs. Int J Cancer, v.50, p.341-344, 1992. HAHN, K.A.; MORRISON, W.B. Safety guidelines for handling chemotherapeutic drugs. Vet Med, v.86, p.1094-1099, 1991. HENRY, C.J. Comparison of chemoterapy safety procedures used in veterinary teaching hospitals and human oncology centers. J Am Vet Med Assoc, v.209, n.5, p.974-976, Sept. 1996. LAIDLAW, J.L.; CONNOR, T.H.; THEISS, J.C. Permeability of latex and polyvinyl chloride gloves to 20 antineoplastic drugs. Am Hosp Pharmacy, v.41, p.2618-2623, 1984. MASSUNGA, V.M.; JÚNIOR, W.R. Segurança no trabalho e garantia de qualidade. In: FONSECA, S.M. da, et al. Manual de quimioterapia antineoplásica. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso, 2000. p.71-80. McDiarmid, M.A.; Presson, A.C. Controlling occupational exposure to hazardous drugs. Am J Health System Pharmacol, v.53, p.1669-1685, 1996. MORRISON, W.R. Chemotherapy safety. In: HAHN, K.A.; RICHARDSON, R.C. Cancer chemotherapy – A veterinary handbook. Malvern: Williams & Wilkins, 1995. p.63-75. MORRISON, W.B. Chemotherapy. In: _____. Cancer in dogs and cats. Baltimore: Williams & Wilkins, 1998. p.351-358. 52 NORPPA, H.; SORSA, M.; VAINIO, H. Increased sister chromatid exchange frequencies in lymphocytes of nurses handling cytostatic drugs. Scand J Work Environ Health, v.6, p.299-301, 1980. OGILVIE, G.K. Chemotherapy. In: WITHROW, S.J.; MacEWEN, E.G. Small animal clinical oncology. Philadelphia: W.B. Saunders Company, 1996. p.70-86. PARHAM, P. Manipulação da resposta imune. In: PARHAM, P. O sistema imune. Porto Alegre: Artmed, 2001. p.327-372. POWER, L.A. ASHP technical assistance bulletin on handling cytotoxic and hazardous drugs. Am J Hosp Pharm, v.47, p.1033-1049, 1990. ROSENTHAL, R.C.; CROW, S.E. Appropriate handling of chemotherapeutic agents in private practice. In: ROSENTHAL, R.C.; CROW, S.E. Cancer chemotherapy in veterinary pratice. Denver: American Animal Hospital Association, 1991. p.47-49. SANCHEZ, D.O. Manual de precedimientos. Madrid: Serviço de Farmácia, 1992. p.171-196. SELEVAN, S.G.; LINDBOHM, M.L.; HORNUNG, R.W. A study of occupational exposure to antineoplastic drugs and fetal loss in nurses. N England J Med, v.313, p.1173-1178, 1985. SILVA, A.C.P. Gerenciamento de enfermagem em quimioterapia. Rev Soc Bras Cancerologia, v.1, n.4, p.3-8, 1998. SILVA, M.J. da; ALMEIDA, L.A. de. Quimioterapia. In: BARACAT, F.F. et al. Cancerologia atual. São Paulo: Roca, 2000. p.120-133. SOTANIEMI, E.A.; SUTINEN, S.; ARRANTO, A.J. Liver damage in nurses handling cytostatic agents. Acta Med Scand, v.214, p.181-189, 1983. SWANSON, L.V. Potential hazards associated with low-lose exposure to anti-neoplastic agents: Part I. Evidence for concern. Compend Contin Educ Pract Vet, v.10, p.293-300, 1988. WAKSVIK, H.; KLEPP, O.; BROGGER, A. Chromosome analyses of nurses handling cytostatic agents. Cancer Treatment Reviews, v.65, p.607-610, 1981. WATSON, A.D.J. Guidelines for handling antineoplastic and immunosupressive drogs. Aust Vet J, v.75, n.12, p.868-879, Dec. 1997. YODAIKEN, R.E.; BENNETT, C. OSHA work-practice guidelines for personnel dealing with cytotoxic (antineoplastic) drugs. Am J Hosp Pharm, v.43, p.1193-1204, 1986. ZIMMERMAN, P.F.; LARSEN, R.K.; BARKLEY, E.M. Recommendations for the safe handling of injectable antineoplastic drugs products. Am J Hospl Pharm, v.38, p.1693-1695, 1981. Recebido para publicação em: 10/09/02 Enviado para análise em: 17/09/02 Aceito para publicação em: 18/10/02 MedveP - Revista Brasileira de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.44-52, 2003