Probióticos, Fibra Alimentar e Prebióticos Vanessa C. Gallo Graduanda em Nutrição da FMRP-USP Estagiária curricular em Marketing na Nutrociência – Assistência em Nutrologia e Larissa Christine Puglia Nutricionista da Nutrociência Assessoria em Nutrologia SS Ltda, Especialista no Tratamento Multidisciplinar da Obesidade pelo Departamento de Psicobiologia da UNIFESP-EPM Alimentos funcionais são aqueles que trazem algum benefício à saúde de quem os consome, além de suas propriedades nutricionais. Dentre os alimentos funcionais que foram e continuam sendo estudados e aprimorados, vamos tratar nesse artigo apenas dos probióticos, fibras e prebióticos. Probióticos Quando nascemos, nosso trato gastrointestinal é estéril, não apresenta nenhuma bactéria em seu interior. No entanto, a partir do nascimento, nossa flora intestinal passa a ser colonizada por bactérias do meio ambiente, comumente conhecida como flora bacteriana. Fatores como as condições higiênico sanitárias do meio ambiente e o tipo de alimento que a criança recebe, são determinantes no processo de formação da flora intestinal. Nosso sistema imune tem uma resposta controlada a essas bactérias, que em quantidades normais podem inclusive ser benéficas para a saúde. Alguns tipos de bactérias podem ser adicionados em alimentos que consumimos, podendo proporcionar (quando em quantidades adequadas) um maior benefício ao indivíduo. Esses alimentos acrescidos de organismos que podem ajudar o consumidor são conhecidos como alimentos probióticos. Os probióticos têm efeito em casos de diarréia, conseguindo normalizar o trato gastrointestinal; além de efeito antiinflamatório; controle e normalização de constipação; e efeito contra agentes mutagênicos, auxiliando na prevenção de alguns tipos de câncer e resistência a infecções por patógenos. Interessadas cada vez mais em desenvolver produtos que sejam mais saudáveis e apresentem propriedades positivas à saúde, as empresas de alimentos têm procurado utilizar probióticos nas formulações de seus produtos. Os probióticos devem sobreviver em todas as etapas de elaboração e armazenagem do produto, por isso, a escolha do alimento no qual serão adicionados depende do teor de sal, do ph, da umidade, entre outros fatores que podem influenciar sua efetividade. O efeito dos probióticos não é cumulativo, ou seja, não aumenta com um maior consumo de alimentos probióticos. Desta forma, conseguem normalizar a função intestinal e o risco de ocorrência de diarréia é mínimo. Fibra Alimentar e Prebióticos A fibra alimentar também é um carboidrato e está presente nos alimentos de origem vegetal, como os cereais integrais, as frutas, as verduras e os legumes. Infelizmente o consumo dos alimentos fontes de fibras tem diminuído cada vez mais pela população em geral, em resposta à maior busca por alimentos prontos para consumo, que facilitam na correria das atribulações diárias. São normalmente divididas em fibras solúveis e fibras insolúveis. No nosso estômago, as fibras solúveis formam géis quando em contato com a água, tornam os alimentos mais viscosos e levam a uma menor absorção dos lipídeos, podendo auxiliar na diminuição do colesterol e triglicérides. Já as fibras insolúveis passam intactas por todo o processo digestivo, aumentam o bolo fecal e a motilidade intestinal, sendo muito úteis nos casos de constipação; aumentam a biodisponibilidade de certas vitaminas e minerais, como o cálcio; e têm um possível efeito hipocolesterolêmico e anticarcinogênico. As fibras podem ser extraídas dos vegetais, por exemplo, a inulina e os frutooligossacarídeos, e acrescidas em outros alimentos, com a finalidade de também melhorar a função intestinal. No entanto, as fibras têm ação diferente dos alimentos probióticos, já que são constituídas por diferentes estruturas, com propriedades diversas, as quais geralmente não são digeridas e nem absorvidas, mas são fermentadas por algumas das bactérias benéficas presentes na flora intestinal, propiciando sua proliferação. Como efeitos adversos do consumo exagerado de fibras, podem acontecer flatulências, diarréia e estufamento. Estes efeitos indesejados também podem ocorrer, quando o consumo de fibras não é acompanhado por uma adequada ingestão diária de água e líquidos, como chás e sucos de frutas naturais (de 8 a 10 copos por dia). Os alimentos adicionados por essas estruturas específicas das fibras são chamados de prebióticos. O grande desenvolvimento nas técnicas de utilização das fibras alimentares tem descoberto muitas formas de uso. A inulina, por exemplo, tem sido explorada como substituto de gordura em sorvetes, oferecendo os benefícios intestinais e na saúde, além de retirar o alto teor de gordura dos alimentos. Já os frutooligossacarídeos podem ser empregados em vários tipos de alimentos, por não influenciarem no sabor e agregam as fibras, auxiliando na flora intestinal. Os efeitos dos alimentos probióticos e prebióticos podem ser potencializados se os microorganismos de um forem aliados aos ingredientes do outro em um mesmo alimento. Esse alimento é então chamado de simbiótico. Para se atingir o efeito esperado desses alimentos é necessário que sejam consumidos diariamente. Deve-se ficar atento ainda para o fato de que um alimento só pode ser atribuído como probiótico, prebiótico, ou simbiótico se os seus benefícios para a saúde humana forem comprovados cientificamente. Apesar de comprovados os benefícios desses alimentos, é muito importante ressaltar que além do seu consumo, deve-se procurar sempre consumir também os alimentos in natura, como as frutas, verduras, legumes e cereais integrais, por serem muito ricos em diversos tipos de vitaminas e minerais. Referências bibliográficas: - Cichoski AJ, Cunico C, Di Luccio M, Zitkoski JL, Carvalho RT. Efeito da adição de probióticos sobre as características de queijo prato com reduzido teor de gordura fabricado com fibras e lactato de potássio. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 2008; 28(1): 114-119. - Moraes FP, Colla LM. Alimentos funcionais e nutracêuticos: definições, legislação e benefícios à saúde. Revista Eletrônica de Farmácia, 2006; 3(2): 109-122. - Silva ASS, Haas P, Sartori NT, Anton AA, Francisco A. Frutooligossacarídeos: Fibras alimentares ativas. B. Ceppa, 2007; 25(2): 295-304. - Saad SMI. Probióticos e prebióticos: O estado da arte. 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