No 53 Maio/2016 CEFAL- Centro de Farmacovigilância da UNIFAL/MG Site: www2.unifal-mg.edu.br/cefal Email: [email protected] Tel: (35) 3299-1273 Equipe editorial: Prof. Dr. Ricardo R. Rascado; Profª. Drª. Luciene Alves Marques; Bernadete Rocha, Marcela Forgerini. EXCESSO DE ÁCIDO FÓLICO NA GRAVIDEZ ASSOCIADO AO RISCO DE AUTISMO Gestantes e mulheres que espinha bífida - doença em que o canal pretendem engravidar são orientadas a espinhal não é fechado - que pode aumentar a ingestão de ácido fólico, seja provocar pela alimentação ou suplementação, uma inferiores, incontinência urinária e até vez que esse nutriente estimula o diferentes graus de retardo mental e desenvolvimento neurológico do feto. O dificuldades de aprendizagem escolar1. ácido fólico é uma versão sintética do folato, vitamina B9, encontrada naturalmente em frutas e vegetais e usado no enriquecimento de cereais e pães, além de ser um suplemento vitamínico bastante popular1. paralisia dos membros No Brasil, segundo o presidente da Comissão de Perinatologia, o maior problema na suplementação é a dose fornecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pois o ácido fólico não está disponível na rede pública para A suplementação de ácido fólico prevenção de defeitos no tubo neural na na dosagem e período adequados pode gestação, mas sim para o tratamento de reduzir em até 75% dos riscos de anemia. complicações para o feto e é a maneira Medicamentos mais eficaz para prevenir a má formação que o medicamento esteja disponível em no tubo neural, estrutura embrionária que gotas na rede pública de saúde e em uma originará o sistema nervoso central do dosagem bebê. Qualquer alteração nesse processo recomendada diariamente para gestantes de desencadear é de 0,4 – 0,8 miligramas, diariamente. consequências graves, como anencefalia, Porém, as unidades básicas de saúde que leva à morte. Outros problemas que disponibilizam o suplemento apenas na podem ser evitados com a suplementação dose de 5mg, o que pode levar a uma é o lábio leporino, a fenda palatina, e a superdosagem formação pode A Relação de Nacional (RENAME) 0,2mg/ml, de ácido dos determina pois a fólico, 1 ocasionando repercussões negativas na acompanhadas, saúde do feto1. níveis de folato no sangue das mães por De acordo uma pesquisa realizada na Escola Bloomberg de Saúde Pública da Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, há relação entre o consumo excessivo de ácido fólico e o aumento do risco de autismo nos bebês. Segundo os autores da pesquisa, níveis de folato quatro vezes mais altos do que o considerado adequado na mãe, logo após dar à luz, estão associados a um risco duas vezes maior de o filho desenvolver o verificação dos vários anos, entre 1998 e 2013. Os pesquisadores descobriram que uma em cada dez mulheres possuía uma quantidade excessiva de ácido fólico, e 6% uma quantidade excessiva de vitamina B9 3. Durante a pesquisa, a grande maioria das mães relatou fazer uso de multivitamínicos, que incluíam o ácido fólico e vitamina B9, durante toda a que os pesquisadores desconhecem o exato motivo, Transtorno do Espectro Autista2. com podendo estar associado à ingestão de frutas e vegetais com folato, Embora os nutrientes sejam ou ao consumo exagerado de alimentos importantes para o desenvolvimento do fortificados feto e aconselhado por especialistas, suplementos, ou ainda que algumas principalmente no primeiro trimestre da mulheres gravidez, predispostas para o estimulo do com ácido sejam a fólico ou geneticamente absorver maiores desenvolvimento neurológico do feto, a quantidades de folato ou metabolizá-lo de ingestão de folato e ácido fólico precisam forma mais lenta, levando ao excesso ou ser na dose certa. A deficiência desses ainda, uma combinação dos dois fatores2. nutrientes em gestantes é prejudicial no Os suplementos vitamínicos não desenvolvimento dos bebês, mas o são prejudiciais, mesmo em excesso, excesso também pode ser, e o risco de porque o organismo absorve a quantidade uma criança desenvolver a doença pode necessária e elimina o excedente. Porém, aumentar em 17,6 vezes3. isso não ocorre com o ácido fólico e a A pesquisa foi realizada com 1391 vitamina B9, indica o estudo3. mães e seus filhos na cidade americana Apesar dos resultados desse estudo, é de Boston. O grupo era formando recomendado que mulheres grávidas principalmente, por pessoas de baixa aumentem a ingestão de folato ou ácido renda, e as mães foram recrutadas no fólico, principalmente durante o primeiro momento do nascimento do seu bebê e trimestre da gestação, com o 2 acompanhamento médico, que fornecerá as informações necessárias, como dosagem e tempo de uso corretos. Ressalta-se também a necessidade da continuidade das pesquisas, para fornecer recomendações precisas sobre a dosagem ideal desse nutriente durante toda a gestação, para garantir a boa formação do Referências bibliográficas 1. Conselho Federal de Medicina Saúde da mulher e da criança: CFM recomenda o uso de ácido fólico para gestantes. Disponível em: <http://portal.cfm.org.br/index.php?op tion=com_content&id=24374:saudeda-mulher-e-da-crianca-cfmrecomenda-o-uso-de-acido-folicopara-gestantes>. Acesso em 15 de maio de 2016. feto e não causar danos à saúde do mesmo2. Caso queira notificar reação adversa a algum medicamento, desvio de qualidade ou erro de medicação, acesse o portal do CEFAL (http://www.unifal-mg.edu.br/cefal) e preencha o formulário. https://www.facebook.com/cefal.unifal 2. Veja.com. Excesso de ácido fólico na gravidez dobra risco de autismo. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/saude /excesso-de-acido-folico-na-gravidezdobra-o-risco-de-autismo>. Acesso em 15 de maio de 2016. 3. O Globo.com. Excesso de ácido fólico na gravidez aumenta risco de autismo. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/sociedade/s aude/excesso-de-acido-folico-nagravidez-aumenta-risco-de-autismodiz-estudo-19278299>. Acesso em 15 de maio de 2016. [email protected] (35) 3299-1273 3