impactos de uma desvalorização cambial nos preços setoriais da

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO SÓCIOECONÔMICO
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
ALEXANDRE SOLESINSKI
IMPACTOS DE UMA DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL NOS PREÇOS SETORIAIS DA
ECONOMIA BRASILEIRA
FLORIANÓPOLIS
2013
ALEXANDRE SOLESINSKI
IMPACTOS DE UMA DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL NOS PREÇOS SETORIAIS DA
ECONOMIA BRASILEIRA
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Economia e Relações
Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para obtenção do
título de bacharel em ciências econômicas.
Orientador: Prof. Dr. Arlei Luiz Fachinello.
FLORIANÓPOLIS
2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO SÓCIOECONÔMICO
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
A banca examinadora resolveu atribuir a nota 7,0 ao aluno Alexandre Solesinski na
disciplina CNM 5420 – Monografia, pela apresentação deste trabalho.
Banca Examinadora:
___________________________________
Prof. Dr. Arlei Luiz Fachinello
___________________________________
Prof. Dr. Pablo Felipe Bittencourt
___________________________________
Profa. Msc. Liana Bohn
AGRADECIMENTOS
Em primeiro gostaria de agradecer ao professor Arlei Luiz Fachinello, meu orientador,
por toda sua ajuda e dedicação nesta etapa da minha vida acadêmica. Gostaria também de
agradecer à banca pela atenção e tempo disponibilizados.
Agradeço profundamente à minha mãe Tânia por toda sua atenção, amor e disposição
nesta etapa de minha vida. À Thabata, por sua enorme compreensão e paciência, seu amor e
dedicação.
Agradeço ao corpo docente da UFSC, ao qual além da formação acadêmica, tiveram
grande impacto na formação de meu caráter. Agradeço também meus colegas, economistas,
sociólogos, internacionalistas, advogados, engenheiros, sem os quais ficaria restringido a só
uma forma de pensar o mundo.
A verdadeira dificuldade não está em aceitar idéias novas,
mas em escapar das velhas idéias.
John Maynard Keynes (1883 – 1946)
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo a análise do impacto de uma depreciação da taxa de câmbio
sobre os custos das principais atividades da economia brasileira e por consequência a variação
dos níveis de preços, através da elaboração da matriz insumo-produto e modelo de preços
para o ano de 2008. É estabelecida uma metodologia que focaliza os efeitos da pressão de
custos no setor produtivo, e indica-se intersetorialmente a pressão de custos, na variável
importação, das estruturas de custos setoriais aos movimentos da taxa de cambio em uma
economia aberta. A mudança cambial promove uma elevação direta e indireta dos custos dos
setores que dependem de insumos importados. Os custos são pressionados pelo efeito da taxa
de câmbio sobre os preços dos fornecedores domésticos que demandam de insumos
importados, ou mesmo de forma direta através da importação. Pelo trabalho estimou-se que
um choque cambial de 20% nos insumos importados deva elevar em 2,03% à inflação ao
consumidor no médio prazo.
Palavras-chave: depreciação cambial, matriz insumo-produto, pressão nos custos importados,
elevação da inflação.
ABSTRACT
This paper has the purpose to review a depreciation of the exchange rate on the cost of the
main activities of the Brazilian economy through the development of input-output matrix and
model of prices for the year of 2008. It is established a methodology that focuses on the
effects of cost pressure in the productive sector, and shows the cost pressure intersectorally, in
the variable import, from the structures of sectorial costs to the motions of exchange rate in
the open economy. The change of currency promotes a direct and indirect increase of the cost
of sectors that rely on imported inputs. The costs are pressured by the effect of the exchange
rate on the prices of domestic suppliers that demand imported inputs, or even directly through
imports. Through this study it was estimated that a 20% exchange rate shock in imported
inputs must raise at 2.03% the inflation to the consumer.
Keywords: exchange rate depreciation, input-output matrix, pressure on the imported cost,
rising inflation.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Desvalorização cambial no médio e longo prazo ...................................................16
Figura 2 – Curva de oferta e demanda agregada ......................................................................17
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Desvalorização trimestral, IPA industrial e IPCA...................................................31
Gráfico 2 Variação Mensal, IPCA, INPC e Câmbio...............................................................32
Gráfico 3 Variação percentual dos preços das atividades.........................................................34
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.....................................................................................................................................35
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................11
1.1 OBJETIVOS.......................................................................................................................12
1.1.1 Objetivo Geral................................................................................................................12
1.1.2 Objetivos Específicos.....................................................................................................12
2 REVISÃO DA LITERATURA...........................................................................................13
2.1 A INFLAÇÃO E SUAS INTERPRETAÇÕES..................................................................13
2.2 INFLAÇÃO DE DEMANDA VERSUS INFLAÇÃO DE CUSTO....................................13
2.3 TEORIA MONETARISTA................................................................................................17
2.4 TEORIA ESTRUTURALISTA DA INFLAÇÃO..............................................................19
2.5 DIVERGÊNCIA MONETARISTA E ESTRUTURALISTA............................................22
3 METODOLOGIA................................................................................................................25
3.1 O MODELO DE INSUMO-PRODUTO............................................................................25
3.2 MODELO DE PREÇOS.....................................................................................................28
4 ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.............................................................31
5 CONCLUSÃO......................................................................................................................46
REFERÊNCIAS......................................................................................................................48
11 1 INTRODUÇÃO
Desde o começo do ano de 2013 o real vem perdendo valor frente ao dólar, podendose observar uma depreciação de 14,46% no período de março a setembro de 2013. Atenta-se
que o mercado e as autoridades governamentais foram surpreendidas pela rapidez e
intensidade com a qual o real perdeu valor. Nota-se que a alteração cambial está
correlacionada a anúncios feitos pelo Banco Central norte-americano, o qual sinalizou com a
possibilidade de retirada de medidas de incentivo à economia estadunidense.
Antes disso, devido às incertezas em relação ao mercado financeiro norte-americano, a
entrada de capitais e ativos advindos do mercado internacional teve impacto direto na moeda
brasileira. Em busca de maior segurança, o mercado brasileiro foi superabundado por capitais
internacionais, sobretudo por investimentos de curto prazo. Nota-se uma valorização quase
que instantânea do real onde ocorreu significativo aumento de importações e alterações no
balanço de pagamentos doméstico.
Em junho de 2013, o Federal Reserve, Banco Central norte-americano, sinalizou que
poderia retirar progressivamente os incentivos à economia dos EUA. Este anuncio afetou de
forma incisiva o câmbio em muitos países, dentre eles o Real. Observa-se que desde o
momento do anuncio do Fed até meados de setembro de 2013, segundo o IPEA (2013), a
média do dólar comercial variou de R$ 2,17/US$ 1,00 em junho de 2013 para R$ 2,34/US$
1,00 em agosto do mesmo ano, o que representa uma variação de 7,83% em apenas dois
meses.
Segundo Loschiavo e Iglesias (2003), o impacto de uma desvalorização sobre os
preços é direto através do aumento dos preços dos importados. O aumento é tanto pela
participação dos importados no índice de preços como pelo aumento causado nos custos dos
insumos. Além disso, a desvalorização também gera pressões por aumento dos salários
nominais, devido à mudança do salário real. Nota-se que inflação medida em 12 meses pelo
Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terminará 2013, segundo o IPEA (2013), em
5,8%, e recuará ligeiramente para 5,7% em 2014, na hipótese de a taxa básica de juros da
economia permanecer em 9% ao ano. Considera-se que as projeções pressupõem uma taxa de
câmbio estacionada em R$ 2,35 para o ano de 2013.
Este trabalho procura avaliar o impacto da desvalorização cambial nos custos e preços
das atividades divulgadas pelo IBGE, integradas com o Sistema de Contas Nacionais (SCN),
tendo como conjunto de informações básicas as Tabelas de Recursos e Usos (TRU). Para
12 tanto, a análise parte da elaboração da matriz insumo-produto desenvolvido por Wassily W.
Leontief (1906 – 1999). Ela procura formalizar o modelo de produção, que permite obter o
valor da produção necessário ao atendimento de uma determinada demanda final, e o modelo
de preços, que possibilita mensurar o impacto sobre os preços setoriais de variações, por
exemplo, nos salários, pessoal ocupado, importações etc.
Para tanto utilizou-se a variação de importações que, através de um dado choque
cambial de 20%, possibilitará a análise do comportamento das mudanças nos preços das
atividades, tanto podendo ser verificado seu impacto direto de importações e a verificação da
elevação de preços pelo efeito indireto, denominado feedback.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
v O trabalho tem como objetivo geral analisar o impacto de uma desvalorização cambial
de 20% sobre os preços setoriais do Brasil, demonstrando como o câmbio impacta
sobre a inflação.
1.1.2 Objetivos Específicos
v Discutir diferentes teorias acerca do processo inflacionário, procedimento que dará
suporte à análise nas mudanças no nível de preços;
v Elaborar o modelo de preços partindo da MIP brasileira capaz de avaliar os possíveis
efeitos sobre os preços setoriais diante de um choque cambial;
v Aplicar um choque cambial sobre os custos dos produtos importados;
v Discutir os principais mecanismos pelos quais as mudanças da taxa de câmbio afetam
os preços intersetoriais em uma economia aberta.
13 2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 A INFLAÇÃO E SUAS INTERPRETAÇÕES
A inflação tem sido definida nas mais diversas formas como, por exemplo, muito
dinheiro em busca de muitos bens, ou ainda, um aumento de quantidade de moeda em
circulação. Como aborda Griffiths (1981) pode ser como uma condição de demanda excessiva
generalizada de estoques de bens e de fluxos de rendimento real; um aumento de reserva
monetária per capita ou do fluxo de renda monetária; queda do poder aquisitivo da moeda e
excesso de reivindicações salariais, acima do crescimento da produtividade.
Assim a inflação se constitui no aumento do nível de preços, não significando com
isto que os preços de todos os bens e serviços cresça em igual medida. Tais motivos desta
desordem no nível de preços são destacados por Griffiths (1981) como sendo por
especulações, mudanças na tecnologia, colheitas deficitárias, subsídios conferidos pelo
governo, impostos, tarifas e controles governamentais, ou ainda pela questão cambial. Desta
forma, é destacado que enquanto os preços relativos podem alterar-se, por inúmeras razões, o
nível médio de preços tende a continuar elevando-se.
A inflação não só é definida de diversas formas como também é classificada por
inúmeras designações, conseguindo com isto transmitir o ritmo das diversas formas
inflacionárias. Usa-se, deste modo, adjetivos como: galopante, rápida, crônica, explosiva,
desenfreada ou ainda de hiperinflação.
2.2 INFLAÇÃO DE DEMANDA VERSUS INFLAÇÃO DE CUSTO
A macroeconomia tradicional, inspirada fundamentalmente nas contribuições
keynesianas, estabelece as origens inflacionárias em duas principais fontes: demanda e custos.
A inflação de demanda é resultante da elevação do nível geral de preços a partir do
deslocamento da curva de demanda agregada, permitindo a elevação tanto no nível geral de
preços como no nível de produto.
14 Observa-se que a inflação de demanda tem sua característica fundamental no excesso
de procura em relação a oferta disponível, desta forma, pode-se encontrar diversos fatores que
são o gatilho da elevação de preços. Vale destacar em primeiro o aumento da renda disponível
que pode ocorrer via aumento de salários reais, efeito-riqueza ou ainda através de uma
redução de carga tributária. Outra forma se da via expansão dos gastos públicos, sendo válido
lembrar que o governo tem a característica de demandar uma grande parcela de bens e
produtos na economia, desta forma uma aumento dos gastos públicos pressiona o nível de
demanda agregada.
Ainda se pode destacar a expansão do crédito e a redução das taxas de juros
interferindo na demanda de consumo e de investimentos; via de regra, quando o crédito é
farto, pode ocorrer uma tendência a elevação de consumo, da mesma forma que pode ocorrer
um maior nível de investimento; de modo semelhante, a diminuição das taxas de juros
estimulam o consumo, facilitando o agente econômico na obtenção de bens ou mesmo
incentivando a um maior investimento. Por último pode-se tomar a expectativa do agente
econômico como tendo um papel influenciador no nível demandado da economia, podendo
desta forma em momentos de expectativas positivas, aumentar seu nível de demanda, por
exemplo antecipando compras, pressionando com isto o nível de demanda. Já em sentido
oposto, um pessimismo sobre o futuro econômico pode levar a uma redução de consumo
presente, induzindo a uma baixa na quantidade demandada.
No esquema IS-LM, o deslocamento da demanda agregada produz um translado da
curva IS para a direita. Mantendo-se a oferta de moeda ocorre um deslocamento da LM para a
esquerda, ocorrendo esta última em consequência da elevação de preços, que reduz a oferta
real de moeda. Analisando-se estaticamente, o modelo exige um nível geral de preços, uma
taxa de juros e produto mais elevados.
Na inflação de custos, ocorre o deslocamento da curva de oferta agregada que, no
nível de preços iniciais, provocam um excesso de demanda. Para o entendimento desta
questão faz-se analisar a elevação dos salários nominais acima da produtividade da mão de
obra, tendo firmas maximizadoras de lucros, que igualam o salário ao valor da produtividade
marginal do trabalho, uma elevação do salário nominal provoca um deslocamento da curva de
oferta agregada, tendo portanto a situação final, dada a oferta de moeda, um nível de produto e emprego - um nível de preços e de taxa de juros maiores que a situação inicial. Segundo
Keynes (2010) a inflação de demanda refere-se ao excesso de demanda agregada em relação à
produção disponível de bens e serviços na economia, é causada pelo crescimento dos meios
de pagamento que não é acompanhado pelo crescimento da produção, ocorrendo apenas
15 quando a economia está próxima do pleno-emprego, ou seja, não pode aumentar
substancialmente a oferta de bens e serviços no curto prazo.
A inflação de custos tem suas origens na oferta de bens e serviços. Pode-se observar,
que o nível de demanda permanece inalterado, entretanto os custos de determinados fatores se
elevam. Portanto, a inflação de custos tem sua origem na pressão exercidas sobre os custos e
repassadas aos preços. Argumenta-se que determinados fatores podem elevar os custos. Em
primeiro destaca-se a taxa de juros, onde se percebe que além de reduzir a demanda, causa a
elevação dos custos de produção. Em segundo, destaca-se o custo da mão de obra, sendo
compostos por encargos e salários; quando ocorre um aumento salarial, seja por acordos
sindicais ou fatores de politicas salariais, os custos elevam-se, ao menos que se tenha ganho
em produtividade. Em terceiro, ocorre pressão nos níveis de preços ocorridos pelos impostos.
Em quarto, destaca-se o aumento dos preços dos produtos importados como, por exemplo,
bens de consumo final, matéria-prima e equipamentos. A elevação dos preços é
prioritariamente causada pela desvalorização cambial.
Lopes et al. (2000) ressalta o impacto a médio e longo prazos de uma desvalorização
cambial, ressaltando que um resultado padrão do modelo keynesiano a curto prazo é que
desvalorizações cambiais são expansionistas.
Uma desvalorização de câmbio desloca a IS para a direita, elevando o produto e a taxa
de juros, assim uma desvalorização cambial eleva a demanda pelo bem doméstico; no curto
prazo, a oferta responde passivamente, o que gera uma elevação no nível do produto. Já no
médio ou longo prazos, o recuo da oferta agregada, depois de uma desvalorização cambial,
mais que compensa o efeito expansionista da desvalorização sobre a demanda. Lopes et al
(2000, p. 328) ilustra que: “suponhamos que após uma desvalorização câmbio, o governo
aumente os gastos e a oferta de moeda na mesma proporção. Dado que todas as variáveis
nominais exógenas variam na mesma proporção, os preços internos vão variar nesta
proporção, e a renda, portanto, permaneceu constante.”
Assim, como mostra a Figura 1, a oferta e a equação de equilíbrio simultâneo IS x LM
deslocam-se na mesma proporção, do ponto A para o ponto B. Se posteriormente a
desvalorização de câmbio não houver elevação dos gastos nominais do governo e da
quantidade de moeda, o deslocamento da demanda será menor, desta forma situando-se em C
onde constata-se menor produto.
16 Figura 1: Desvalorização Cambial no Médio e Longo Prazo.
Fonte: Elaboração própria.
Salienta Lopes et al. (2000) que a moral da história é que, quando uma economia se
depara com problemas externos e desta forma necessita desvalorizar o câmbio, possivelmente
o produto reduzir-se-á. A desvalorização do câmbio terá impacto negativo sobre o índice de
preços, ou seja, ocorrerá pressão sobre o índice de preços, e os ofertantes de fatores
produtivos reduzirão sua oferta.
De outra maneira, a inflação de demanda seria provocada por fatores restritos na
demanda enquanto que a inflação de custo teria seus condicionantes na oferta. Na Figura 2,
são representadas as curvas de oferta agregada (O,O’) e a curva de demanda agregada (D,D’),
de forma que no eixo das abscissas à reta horizontal temos o nível do produto, (Y), e no eixo
das ordenadas temos o nível de preços (P). Desta forma, um deslocamento da demanda DD’
provocará um aumento no nível de produto para P1 em relação a sua posição inicial (Y0, P0).
Desta forma, tal mudança seria associada a uma inflação de demanda, por outra via, se,
diferente da demanda, a oferta agregada fosse deslocada para OO’ o novo equilíbrio se
situaria no ponto (Y2, P2) com um nível de inflação (P2-P0)/P0 tendo ainda uma queda no
produto, sendo deste modo uma inflação de oferta.
De acordo com Moraes (1991), o que pode ser levado com mais importância neste
caso da relação, inflação de demanda e inflação de custo, fica restrito a dois pontos
fundamentais. Em primeiro, em ambos os casos o deslocamento original cria um excesso de
demanda ao preço P0, sendo esse excesso observado na medida das distâncias horizontais AB
e AC.
17 Figura 2: Curva de Oferta e Demanda Agregada.
Fonte: Elaboração própria.
No caso da inflação de demanda, o excesso de demanda foi criado por um aumento na
soma das reivindicações sobre o produto cuja as condições de produção permanecem
constantes hipoteticamente. No caso da inflação de custos, o excesso de demanda foi
provocado por um aumento nos custos de produção associados a cada nível de produção sem
contudo, alteração na soma das exigências sobre o produto. O ajustamento se realiza via
variação de preços e quantidades. O nível de produção muda em direções que são opostas de
um caso em relação ao outro. Segundo Moraes (1991) este é o caso geral de discernimento
entre a inflação de custo e inflação de demanda: recessão com inflação, estagflação, esta
indicando uma inflação de custo, no outro sentido, crescimento com inflação indica uma
inflação de demanda.
2.3 TEORIA MONETARISTA
A quantitativa da moeda é um importante meio de análise da inflação, de modo que, a
teoria supõe uma relação proporcional entre a moeda demandada e a produção nacional.
Observa-se que qualquer que seja o acréscimo de meios de pagamento deverá ocorrer em
mesma magnitude um acréscimo de produção. Uma elevação de meios de pagamento
18 determina, como primeiro impulso, um encaixe demasiado nas mãos dos agentes econômicos
que, na posse deste excedente, tenderam a aumentar seu nível de gasto. O aumento de gastos
deverá provocar em mesma proporção no produto nominal, via aumento de preços ou
produção, elevando desta forma a demanda por moeda. A elevação dos gastos continuará até
o momento em que a nova demanda por moeda tenha equilíbrio com sua nova oferta.
Admitindo-se que o mercado se ajuste de modo a equilibrar a oferta e a procura a
equação de equilíbrio nos fornece tal análise:
M = k.Py
(1)
onde: M= oferta de moeda;
K = 1 / Vy onde Vy = velocidade - renda da moeda;
P = nível de preços;
y = fluxo físico e serviços finais no período.
O corolário da equação quantitativa de equilíbrio é a interpretação da inflação como
resultado do crescimento excessivo dos meios de pagamento em relação ao aumento do
produto real, ou seja, com um fluxo monetário maior ou então um menor volume de
mercadorias e serviços, mais altos serão os preços. Deste modo, como aponta Fürstenau
(1981) a equação de equilíbrio M = k.Py, a teoria monetarista define, automaticamente, que o
Governo, emitindo meios circulantes, é responsável pela inflação, ou seja, o Governo cria
inflação ao emitir um excesso de oferta de moeda, gerando um aumento da demanda de bens
e serviços. Por definição esta demanda, não podendo ser satisfeita, dada certa rigidez da oferta
de produtos, ocasionará um aumento de preços, restabelecendo o equilíbrio da equação de
trocas em outro nível de preços.
De mesmo modo, Friedman (1969) salienta que o processo inflacionário ocorre oferta
de meios de pagamento ocorre muito rapidamente, acima da velocidade produtiva. Quanto
maior for o aumento ofertado de meios de pagamento relativo ao nível produtivo, maior será a
inflação.
Desta forma, no modelo monetarista, a expectativa inflacionária vincula-se
exclusivamente a informações sobre o passado. A Equação 2 é um dos exemplos de formação
de expectativas consistentes com o modelo, que são chamadas de expectativas adaptativas.
P!! = P!!!
19 (2)
Em que a expectativa de inflação para o período t é exatamente a inflação do período
imediatamente anterior.
De acordo com Carvalho et al (2007) as expectativas adaptativas que caracterizam o
modelo friedmaniano podem assumir uma forma mais geral do que a apresentada
anteriormente. Os agentes econômicos, por exemplo, os trabalhadores, podem corrigir suas
expectativas levando em consideração o erro que cometeram no último período, desta forma
as expectativas podem ser formadas com base em uma média ponderada entre a expectativa e
a inflação efetiva do último período, tal como indicado a seguir:
!
P!! = P!-­‐! + (1 – α )(P!-­‐! - P!!!
)
0≤ α < 1
!
P!! = (1- α) P!!! + α P!!!
(3)
(3’)
Quando α = 0, os agentes somente levam em conta a inflação do período anterior para
a formação de expectativas de preço. Então, tem-se que P!! = P!-­‐!
O parâmetro α não pode ser igual a 1. Neste caso, os agentes teriam uma expectativa
de inflação constante, deste modo bastante irreal. Em cada período formam-se expectativas
corrigindo a expectativa que foi formada no período anterior por uma fração de erro que
cometeram neste mesmo período. Então, por repetidas substituições das expectativas de
inflação em cada período, obtém-se da duas equações passadas o seguinte resultado:
!
P!! = P (1 - α) Σ!!!
α j-1 Pt-1
(4)
2.4 TEORIA ESTRUTURALISTA DA INFLAÇÃO
A teoria estruturalista inflacionária, encontra-se ligada a pontos de estrangulamento na
oferta de determinados bens, sendo este ponto de estrangulamento um mecanismo autoprotetivo dos agentes econômicos. Nesta forma de análise, se destaca o lado da oferta,
20 diferente do mainstream1 monetarista ou mesmo, com ressalvas, da teoria Keynesiana de que
a inflação seja causada pela demanda efetiva, acelerando-se em momentos que a economia se
aquece, e desacelerando quando tende ao desaquecimento; esta controvérsia é destacada a
seguir:
O exame destes critérios é justificado porque a natureza muito especial do fenômeno
inflacionário colocou nos últimos anos em xeque os enfoques tradicionais a respeito, tanto no
que se refere ao diagnóstico de sua realidade e de suas causas como no que se relaciona às
terapêuticas a aplicar. A respeito do primeiro elemento, talvez o que mais sobressaia seja
aquilo que o professor Paul Samuelson denominou a crise das monistic explanations, isto é,
da procura e da preferência em identificar uma única causa dominante ou responsável. Pelo
contrário, para explicar as diversas modalidades da experiência atual tem que se realizar uma
atrevida combinação de motivações. Por outro lado, é comum que se aluda a uma ampla
variedade de causas, de natureza e peso muito diferentes, que não chega a constituir uma
explicação integrada e coerente do fenômeno. O problema reside, então, em desvendar,
hierarquizar e organizar esse feixe de fatores que de forma simultânea, sucessiva ou
escalonada vem dando corpo e ritmo ao processo inflacionário. Da perspectiva da
investigação latino-americana, é fácil distinguir, de início, um conjunto de elementos
econômicos, sociais e institucionais que constituem o pano de fundo do problema, o leito de
procusto em que germinam as tendências pró-inflacionárias que afloram com maior ou menor
vigor segundo o cariz das circunstâncias políticas. (PINTO, 1978, p. 43)
A inflação estrutural se dá, como colocado por Rangel (1963), por desequilíbrios da
economia, onde se manifesta por meio da recessão e da própria inflação. O chamado enfoque
estruturalista da principal importância ao diagnóstico da inflação, ou seja, ainda que não se
tenha dúvidas do que a inflação é uma só, suas manifestações e suas causas imediatas, não o é
no que se refere ao seu elemento, suas origens, natureza ou combinação causal.
Não seria exagero sustentar que o núcleo da posição estruturalista e, portanto, da
discordância com outra abordagem pode ser expressado ou resumido numa interrogação: por
quê? Isto é, não é suficiente para ela a comprovação do óbvio (os fatores imediatos e sua
relação com a alta dos preços), porque o essencial reside em indagar e descobrir as razões
desse comportamento, o por quê dos déficits, emissões, desajustes cambiais, etc. (PINTO,
1978, p. 42)
O processo inflacionário ocorrido na América Latina desde meados dos anos quarenta,
definido como o início da fase de industrialização por substituição de importações, chamou
atenção, naquele momento, não somente pelos elevados índices observados, comparando-se
1 MAINSTREAM. Termo em inglês que significa a corrente central ou mais importante do pensamento econômico numa
determinada época. 21 aos dos países centrais, mas por sua persistência aos diferentes planos de estabilização, tendo
inspiração principalmente nas formas tradicionais de combate, como por exemplo,
monetarista.
Assim, no âmbito latino-americano, e por ventura brasileiro, se iniciou esforços para
um método alternativo de combate ao nível persistente de crescimento do nível de preços.
Como destacado por Lopes (1988) os esforços foram motivados principalmente pelos
fracassos dos planos de contenção inflacionária comumente aplicados na área e por suas
consequências em termos de desemprego, recessão e distribuição recessiva de renda,
resultados comuns a todos os planos de estabilização aplicados e conferidos, ao menos no
curto prazo. Deste esforço alternativo surgiu uma corrente denominada estruturalismo. Lopes
(1988, p. 45) define que “[...] a raiz de sua concepção do fato inflacionário se situou nos
desajustes de rigidez do setor real que uma economia de crescimento para fora sofre quando
se industrializa”. Entende-se a economia com crescimento para fora, aquela cujo o setor
dinâmico pode ser constituído pelas atividades ligadas ao mercado externo, tendo portanto,
nível de atividade ligado a demanda internacional, fato encontrado na economia brasileira,
sendo que suas atividades eram prioritariamente agrícolas ou mineiras, tendo as medidas
destinadas a substituir importações se confundindo com as políticas de industrialização.
Desta forma, a nova teoria aplicada a realidade de países subdesenvolvidos, seria
distinta e muito mais complexa do que aquela tradicionalmente empregada no caso dos países
desenvolvidos. É um erro considerar a inflação como um fenômeno simplesmente monetário,
a inflação explica-se pelos inadequações e tensões econômicas e sociais que surgem no
desenvolvimento econômico dos países latino-americanos e somente concebem uma política
antiinflacionária como parte integrante da política de desenvolvimento.
O desenvolvimento econômico necessita de sucessivas transformações no modo de
produzir, na estrutura econômica e social e na distribuição da renda. Não realizar a tempo
estas transformações ou realiza-las de modo imparcial e incompleto leva aos desajustes ou às
tensões que promovem o aparecimento de forças inflacionárias sempre concentradas e muito
influentes no seio da economia latino-americana. Dentro destes desajustes, pode ser
conveniente salientar a crescente concentração-organização dos grupos sociais decisivos, ou
de outra forma, a crescente tendência a oligopolização de grupos essenciais ao modo de
produção capitalista nacional. Assim define Pinto (1978):
22 À medida que as elevações de remunerações, mais ou menos generalizadas, excedessem os
aumentos de produtividade e diminuíssem os recursos que as empresas necessitam para sua
renovação e/ou ampliação, caberia à alta dos preços suprir tal deficiência, redistribuindo, por
exemplo, incentivos a favor das empresas. Nesta perspectiva, a inflação poderia ser
considerada não como uma anormalidade, mas sim um mecanismo de funcionamento das
modernas economias de mercado. Como é natural, esta análise não nega que o processo
implique em sérias perturbações para o desenvolvimento do sistema, as quais já foram
suficientemente demostradas na literatura comum e acadêmica acerca do problema. (PINTO,
1978, p. 49)
Dessa forma, em economias pouco desenvolvidas, o nível de preços é reflexo
prioritariamente do maior ou menor êxito dos reajustes econômico-sociais necessários à
dinâmica de crescimento.
Como saliente Fürstenau (1981), o setor externo, especificamente as exportações, são
um elemento central na diversificação e transformação da estrutura produtiva. Pressões
inflacionárias podem surgir quando ocorrem movimentos abruptos do setor externo.
Tratando-se de uma contração que não pode ser enfrentada com o auxilio de reservas, o país
deverá escolher entre a deflação ou política compensatória. Quando se escolhe a política
compensatória, o aumento do nível de renda e demanda geraria pressão no nível de preços.
Por outro lado, se o poder de compra das exportações não aumenta o suficiente
problema de mercado para os bens para satisfazer os novos pedidos de bens importados
decorrentes do aumento da renda, haverá uma pressão crônica sobre o Balanço de Pagamento
e as consequências previsíveis sobre os preços, podem ser realizadas via desvalorização que,
por um meio diminuem a pressão, por outro auxiliam na pressão e propagação inflacionário
não resolvendo a principal causa do desequilíbrio.
2.5 DIVERGÊNCIA ENTRE MONETARISTAS E ESTRUTURALISTAS
A relação entre a concepção monetarista e estruturalista apresenta algumas
divergências fundamentais para o delineamento do processo inflacionário. Considerando-se
em um primeiro momento, a teoria monetarista da inflação, podemos observar que a teoria
parte de uma visão imediatista, priorizando apenas questões superficiais do meio econômico,
estabelecendo soluções que visão apenas o controle das manifestações, não atacando as reais
causas do problema inflacionário, propondo deste modo medidas monetárias de contração de
meios de pagamento através de uma menor emissão, controle do crédito e de possíveis
23 aumentos salariais. Neste sentido, Guimarães (1963) ainda levanta uma observação
ideológica, partindo da proposição de que a análise monetarista tem um caráter classista, ao
colocar que aumentos salariais são a causa e não uma consequência da inflação, faz-se o
controle da inflação por meio de sacrifícios justamente da parcela populacional mais atingida
pelo processo inflacionário.
Na mesma linha conceitual, pode-se exemplificar através Sá Jr. (1970 Apud
Fürstenau, 1981, p. 34) que o método monetarista, no caso de países subdesenvolvidos como
o Brasil, se baseiam em um movimento de atração de capital internacional.
Para fazer coincidir os instrumentos de combate à inflação com as facilidades e incentivos ao
capital estrangeiro, atribuiu-se papel de destaque, a contenção do crédito e dos salários. A
restrição do crédito viria a ter o efeito inevitável de acentuar a concentração do capital nas
mãos das grandes empresas (na maioria estrangeiras) e manter as finanças do pais sob a
dependência de entidades financeiras internacionais. A contenção salarial iria contar sempre
com o apoio da classe patronal, prejudicada com a restrição do crédito, e que assim podia
transferir essa restrição sobre as costas das assalariados. Sá Jr. (1970 Apud Fürstenau, 1981,
p. 34)
Diferentemente a isto Rangel, (1963), analisando a concepção monetarista e
estruturalista, conclui que ambos os aspectos podem ser equivocados, salientando que o
processo inflacionário em uma insuficiência ou inelasticidade da oferta global no caso
monetarista e setorial no caso estruturalista, deveriam se ocupar no comportamento da
demanda agregada. Segundo Rangel, não é na afirmação de que a variação do volume do
meio circulante é proporcional à variação do nível de preços que se encontra o erro dos
chamados ortodoxos ou monetaristas, seu erro esta em haverem pretendido inferir desta
verdade universal à toda uma política monetária e, mais do que isso, toda uma política
econômica para países distintos. A política sugerida pelos monetaristas parte da conclusão de
que se há correlação entre os preços e os meios de pagamento são as emissões as responsáveis
pela inflação. Havendo um aumento do nível geral de preços, a política monetária
recomendada baseia-se na contenção dos meios de pagamento, o que faria com que os preços
voltassem ao nível anterior.
Assim, em uma economia monopolista como a brasileira o que ocorre é a retirada do
mercado de parte da produção, bem como a retenção de estoques que, no caso da firma,
implica em crescimento do ativo realizável à custa do seu ativo disponível. A empresa reage
buscando no sistema bancário empréstimos.
24 Isso, não obstante, vai afetar negativamente o equilíbrio de caixa do sistema bancário,
movimento esse que, direta ou indiretamente, se vai exprimir como problema de caixa do
Banco do Brasil. É para socorrer a caixa do Banco do Brasil que o governo emite, o que quer
dizer que a inflação não se gera no nível do orçamento da União, uma vez que tem origem no
bojo da economia, por efeito de movimentos autônomos da empresa privada. O governo,
ordinariamente, apenas presta-se a fazer o serviço que dele exige, através do mecanismo
descrito, o sistema econômico. Noutros termos, a emissão não é o ponto de partida da
inflação, mas o seu ponto de chegada, isto é, sua culminação. (RANGEL, 1963, p. 25)
A teoria estruturalista explica que a elevação dos preços não compreende o que leva a
firma a retirar uma parcela de sua produção do mercado. A compreensão estruturalista para a
elevação dos preços consiste na identificação de pontos de estrangulamento na economia,
responsáveis pela insuficiência de oferta que desse modo tende a pressionar o nível geral de
preços.
25 3 METODOLOGIA
A metodologia é determinante para o desenvolvimento de pesquisas, sendo a definição
do método, o instrumento analítico que dará suporte ao processo investigativo desejado.
Na análise se deu opção pelo uso do método dedutivo, tendo em vista que choques
cambiais afetam diretamente e indiretamente a variação de preços. Max (1971 apud
MUNHOZ, 1989, p. 25) nos remete a questão: “enquanto a indução chega a conclusões
empíricas, extraídas da experiência, a dedução estabelece conclusões lógicas”.
Tendo em vista o caráter analítico do trabalho, faz-se necessário a obtenção de métodos
auxiliares adotados à investigação. Munhoz (1989, p. 27) nos leva a conclusão de que a
economia, tendo como regra geral, se utiliza de evidências empíricas, entretanto baseadas em
dados quantitativos.
Diante deste aspecto, a utilização de métodos auxiliares, matemáticos, estatísticos e
contábeis, estabelecem a condução do processo investigativo da melhor maneira possível,
visando a obtenção de forma clara e concisa os objetivos que motivam o trabalho. Para tanto,
faz-se o uso da matriz-insumo produto e o modelo de preços.
Observa-se que a matriz de insumo-produto, é de extrema utilidade para a definição de
políticas setoriais e para as atividades de planejamento. Tecnicamente, a matriz insumoproduto implica a desagregação, por ramo de atividade, de vários dos agregados presentes
num sistema usual de contas nacionais, particularmente na conta de produção. Entretanto,
além do valor adicionado e da demanda final, a desagregação atinge também demanda
intermediária. Faz-se a ressalva que a partir da matriz insumo-produto, pode, por exemplo,
estimar qual é o impacto sobre o nível de produção e emprego além das demandas setoriais,
de um aumento ou retração na produção de um determinado ramo.
O modelo de preços, mede o impacto de variações nos componentes, por exemplo, do
valor adicionado ou nas importações sobre o nível de preços das atividades. Para tanto, optouse por um choque cambial de 20%. Observa-se que a variação cambial no período de março a
agosto de 2013 foi de 17,53% onde foi registrado inflação de 1,92% no índice IPCA e 1,85%
no INPC.
3.1 MODELO DE INSUMO-PRODUTO
26 Se atribui à que Wassily Leontief os primeiros trabalhos de organização, formalização e
aperfeiçoamento da matriz insumo-produto, ou como também ficou conhecida, análise
intersetorial ou interindustrial, tendo suas origens em Quesnay e sua Tableau économique2 de
1758. Desta forma podemos entender que Leontief pretendia sintetizar o funcionamento de
uma economia agregando produção e circulação das mercadorias. Ainda de acordo com Feijó
et al (2013) Leontief utilizou de Quesnay a ideia da organização dos fluxos entre atividades
econômicas em um esquema de quadros contábeis detalhados.
De acordo com Bulmer-Thomas (1982), o modelo básico da matriz insumo-produto
descreve o comportamento da produção em função de variações da demanda final, sendo que
neste tipo de modelagem econômica, a economia tem a característica abrangente de tentativa
de equacionar oferta e demanda agregada. Assim, como salienta Bulmer-Thomas (1982)
expandindo-se para n setores, seria possível demonstrar o equilíbrio entre a oferta de cada
setor i e sua demanda por:
Xi = Sendo
demanda final.
!
!!! !!" !
!!! X !" + Yi , com i = 1, 2, ... , n
!
!!!
(5)
a demanda intermediária pelos produtos do setor i e Yi a
Pela via dos insumos a Equação (6) representa a origem das compras dos agentes e o
equilíbrio entre valor do produto e as despesas de cada setor da atividade. Tendo contudo
incluso as despesas setoriais com insumos intermediários (Xij), com insumos primários
(trabalho (Lj) e outros fatores (Vj) e com insumos importados (Mj), tendo desta forma o total
Xj. Desta forma o total das despesas do setor j é exposto como:
Xj = !
!!! !!" + Lj + Vj + Mj, com j = 1, 2, ... , n
2 TABLEAU ÉCONOMIQUE (“quadro econômico”).
(6)
Modelo de sistema econômico criado pelo economista francês François
Quesnay. Publicado pela primeira vez em 1758, consistia em mostrar o processo de circulação do produto líquido entre as diferentes
classes da sociedade sob a forma simplificada de um quadro. Tinha dois objetivos: mostrar como circula o produto líquido total da
sociedade e o modo pelo qual ele se reproduz a cada ano. O tableau desconhece a circulação do produto líquido dentro de cada
classe social e supõe preços constantes e a reprodução anual do mesmo produto líquido. Quesnay pretendia demonstrar que só a
agricultura pode produzir um excedente econômico. Discutido e popularizado por muitos economistas, o tableau tornou-se
importante por tratar-se do primeiro modelo de um sistema de troca que revelou a distribuição e a reprodução dos valo- res de uso do
produto líquido; além disso, estimulou o desenvolvimento do estudo dos problemas do valor de troca e dos preços e, posteriormente,
da teoria do valor-trabalho. Sandroni (1999). Onde
!
!!! !!" representando
27 o consumo intermediário do setor j e Mj as compras
realizadas pelo setor j do resto do mundo.
Sendo o valor total da oferta setorial igual ao valor total das despesas, tem-se:
Xi = Xj para todo i = j
(7)
Com base nesse equilíbrio, o modelo de insumo-produto pode ser apresentado definindo
inicialmente o coeficiente técnico, Equação (8). Feijó et al (2013) ressalta que Leontief (1986)
desenvolveu o modelo da matriz intersetorial admitindo que a relação entre os insumos
consumidos em cada atividade e a produção total desta atividade é constante e medida no que
ficou conhecido como coeficiente técnico de produção, notado como !!" sendo definido
como:
!!"
!!" = !
!!" = !!" . !!
!
Com i, j = 1,2,…,n
(8)
Em que: !!" = valor produzido na atividade i e consumido pela atividade j para produzir
uma unidade monetária, !!" = é o valor total da produção na atividade i consumido na
atividade j, e !! = valor total da produção da atividade j.
Segundo Feijó et al (2013) a concepção básica de um coeficiente técnico seria
apresentar relações em quantidade, já que várias medidas de quantidade possuem diferentes
unidades de mensuração. O modelo é desenvolvido em valores. O uso do preço básico
procura encontrar a medida mais próxima possível das quantidades, eliminando a influência
das margens dos impostos.
O calculo do valor da produção, !! , de cada atividade é definido como:
!! = ! g !"
+ f!
(9)
Substituindo a Equação (8) em (9), obtém-se a equação básica, em valor, do modelo
de insumo-produto.
!! = !
!!" x !! + f!
(10)
28 Usando representação por matrizes, é possível escrever:
! = ! . ! + f
! − ! . ! = f
! = (I – A)-1 . f
(11)
Considerando Z = (I – A)-1, temos:
! = Z . f
(12)
A matriz A é conhecida como matriz dos coeficientes técnicos diretos e (I – A)-1 de
matriz de Leontief ou matriz de coeficientes técnicos diretos mais indiretos. Observa-se, que
Equação (12) representa o chamado modelo de insumo-produto, assim, essa equação permite
calcular a produção ! necessária para atender à demanda final f.
3.2 MODELO DE PREÇOS
Segundo Feijó (2013) o valor da produção das atividades econômicas, também pode
ser calculado como:
!! =
! !!"
+ (mj + yj)
(13)
Rescrevendo os valores da Equação (13) como produto das quantidades por preços, obtém-se:
qj . pj =
! !!"
. pi + (mj +yj)
Em que:
qj = quantidade produzida pela atividade j;
pj = preço da atividade j.
Dividindo a Equação (14) pela quantidade produzida na atividade i, obtemos:
(14)
!! × !!
!!
= !!"
! ! . !!
!
+ !! ! !!
29 (15)
!!
Considerando:
pj =
! !"!"
. pj + dj
em que se define: dj =
(16)
!! ! !!
!!
No sistema de equações, a Equação (16) relaciona os preços pj das atividades com
custos dos insumos importados e dos fatores primários por unidade física produzida.
Tendo a representação matricial:
p = AQ’ . p + d
(17)
p – AQ’ . p = d
p = (I – AQ’)-1 . d
Entretanto, Feijó et al. (2013)
ressalta que na prática não é possível utilizar a
formulação, pois as matrizes de coeficientes técnicos calculam as relações em valor. Portanto,
para a viabilidade de aplicações práticas desse modelo de preços, deverá ser admitido que é
sempre possível admitir um sistema preço-quantidade no qual os preços são iguais à unidade.
Para que isso seja realizado corretamente, basta que sejam escolhidas adequadamente
unidades que medem as quantidades.
Considerando os preços iguais a 1, as matrizes A e AQ’ são idênticas, e o sistema de
preços anteriormente definido pode ser reescrito como:
p = (I – A’)-1 . d
(18)
Nesse sistema preço-quantidade, d é interpretado como o custo de insumos importados
e o do valor agregado por unidade monetária produzida.
30 O vetor d pode ser obtido considerando as seguintes variáveis: valor adicionado a
preços básicos (yj), importações (mj), impostos sobre produtos (ipj).
Assim, para cada atividade j teremos:
d! = !! ! !! ! !"!
!!
(19)
Pela Equação (18) o produto de d pela transposta de Z seria igual a 1. Como pode ser
observado:
d = y + m + ip
(20)
A participação de cada uma das variáveis na formação do preço pode ser apresentado
da seguinte forma:
d . Z’ = (y + m + ip) . Z’= y . Z’+ m . Z’+ ip . Z’
Sendo Z’= Transposta de Z.
(21)
31 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Resta pouca dúvida que uma depreciação, ou apreciação, permanente da taxa de
câmbio no Brasil terá algum efeito na inflação. Afinal, na medida em que o Brasil mantém a
sua economia aberta ao comércio exterior, uma mudança da taxa de câmbio afeta os bens
comercializáveis - aqueles que são influenciados diretamente pela cotação da taxa de câmbio e, eventualmente, influencia o resto da cadeia de preços, fato denominado pass-through3, ou
repasse da depreciação à inflação. O grau de repasse varia de acordo com o grau de abertura
da economia, o nível do câmbio real, que captura quão transitório é o movimento cambial, o
momento do ciclo econômico e o grau de inércia inflacionária.
O Gráfico 1 mostra os movimentos cambiais e de preços (IPA industrial e IPCA) de
janeiro de 1999 à janeiro de 2005. As linhas mostram a média trimestral da depreciação do
câmbio e da inflação três meses à frente, para levar em conta a defasagem temporal. Como
pode ser analisado, há uma relação próxima entre a depreciação do câmbio e a inflação no
atacado nos meses seguintes. Pode-se, desta forma, notar a proximidade entre o impacto de
uma desvalorização cambial e seu repasse aos níveis de preços domésticos. O fenômeno
também pode ser verificado para o período de janeiro de 2007 a setembro de 2013, Gráfico 2,
fundamentos do país piorarem ou quando houver um aumento da aversão ao risco no
mundo. O mais provável é que a política monetária tenha sucesso e o diferencial de juros
possa ser reduzido ao longo do tempo.
onde pode-se perceber o relativo acompanhamento dos índices inflacionários, INPC e IPCA,
com a trajetória cambial. Para o ano de 2008 o índice acumulado do INPC registrou variação
Em 2003, argumentava-se que a política monetária não teria capacidade de debelar a
inflação muito elevada herdada da depreciação de 2002. Hoje, duvida-se do efeito do
recente aperto monetário. É possível que a inflação venha a ficar um pouco acima da
meta ajustada este ano, porque estamos convergindo de uma inflação de 7,6% em 2004.
Mas, assim como em 2003, não há motivos para ceticismo quanto à eficácia dos diversos
canais de transmissão da política monetária.
de 6,3%, já o índice acumulado do INPC demonstrou variação de 5,75%, tendo ainda o
cambio valorizado em 32,21%.
Gráfico 1 - Desvalorização Trimestral, IPA Industrial e IPCA
IPA Industrial adiantado em 2 meses e IPCA em 3 meses
Desvalorização Trimestral, IPA Industrial e IPCA
IPA Industrial adiantado em 2 meses e IPCA em 3 meses
50%
6,00%
5,00%
40%
4,00%
3,00%
20%
2,00%
10%
Inflação
Desv Trimestral
30%
1,00%
0%
0,00%
-10%
-1,00%
Desvalorização trimestral MM3
jan/05
nov/04
jul/04
set/04
mai/04
jan/04
mar/04
nov/03
jul/03
set/03
mai/03
jan/03
IPA Industrial MM3
mar/03
nov/02
jul/02
set/02
mai/02
jan/02
mar/02
nov/01
jul/01
set/01
mai/01
jan/01
mar/01
nov/00
jul/00
set/00
mai/00
jan/00
mar/00
nov/99
jul/99
set/99
mai/99
jan/99
-2,00%
mar/99
-20%
IPCA MM3
Fonte: Portal Brasil.
3 Termo em inglês usado em economia que se refere ao aumento dos preços internos do país, que ocorre quando o dólar se valoriza
frente à moeda nacional. Nesse cenário o preço dos produtos importados aumenta, o que permite que os produtores domésticos
possam aumentar a margem dos seus produtos sem com isso perder competitividade de mercado. Além disso, o preço dos produtos
que utilizam matéria prima importada também tende a subir. Sandroni (1999) 32 Gráfico 2 - Variação Mensal, IPCA, INPC e Câmbio
Fonte: Elaboração própria com dados IBGE e IPEADATA.
O câmbio desvalorizado pode incentivar as exportações à medida que aumenta em
reais o preço dos produtos exportados. Dificulta, entretanto, as importações e aumenta o
passivo, tanto do setor público quanto privado, em moeda estrangeira.
Para as empresas exportadoras brasileiras, essa depreciação pode ser positiva,
entretanto, a economia brasileira depende, por exemplo, de uma grande parcela de importação
de máquinas e equipamentos, principalmente em setores industriais, o que por via de repasse
de custos, ou maior determinação de markup, tende a encarecer o produto intermediário e
final, afetando os níveis de preços repassados ao consumidor.
A desvalorização cambial impacta os custos setoriais diretamente, a depender da
participação das importações de insumos nos custos variáveis totais. Esse impacto, quase
instantâneo, é complementado por um efeito secundário que depende da estrutura do consumo
intermediário dos setores. Vale dizer que o efeito secundário é tão maior quanto mais intenso
for o uso de insumos importados de seus fornecedores diretos. Esse processo se desdobra em
interações sucessivas que se dissipam após o esgotamento dos efeitos de feedback 4 nas
cadeias produtivas.
Os custos de segmentos que virtualmente não demandam insumos importados podem
variar de forma relativamente mais intensa do que setores que demandam diretamente bens
importados, pois estes absorvem os impactos derivados da variação dos preços de seus
fornecedores domésticos.
4 Aqui nos referimos como efeito de feedback, a tendência de repasses indiretos dos custos de importação por setores que tomam as importações em primeiro, sendo posteriormente vendida na economia nacional, o que geraria um repasse de custos não diretamente pela desvalorização do câmbio. 33 Segundo Feijó et al (2013), variações nos coeficientes técnicos diretos são
interpretados como uma medida de mudanças na tecnologia das atividades. Entretanto, ocorre
a existência de diversos outros fatores que podem influenciar os coeficientes técnicos diretos.
Um fator a ser considerado são os diferentes informantes presentes dentro de cada atividade
de uma MIP. Por exemplo, quando nos referimos à atividade automobilística, estamos
reunindo informações prestadas por várias empresas – Ford, Volkswagen, Fiat etc. -, com
dados de suas unidades produtivas que têm predominância de automóveis em sua produção.
Uma unidade produtiva de uma empresa que tenha preponderância de autopeças em sua
produção, por exemplo, não estará incluída na atividade de automóveis da MIP, mas sim na
atividade de autopeças. (FEIJÓ et al, 2013, p. 341)
Sendo assim, qualquer outra forma de informação de uma determinada atividade da
MIP deverá ser analisada como sendo a soma das informações prestadas pelos diversos
informantes classificados na MIP. Entretanto, a matriz de coeficientes técnicos diretos, não
informa com totalidade os efeitos indiretos dos aumentos na produção de uma determinada
atividade. Tomando como exemplo a produção de automóveis, pode ser identificado a partir
da matriz de coeficientes técnicos diretos a necessidade de aço e pneus para sua produção.
Mas é necessário produzir também carvão mineral e borracha, que servirão como insumos
básicos na produção de aço e pneus respectivamente. E, mais ainda, para a produção de
carvão ou borracha, faz-se necessário a produção de eletricidade. Desta forma essa cadeia de
impactos se prolonga indefinidamente. Porém, pode ser demonstrado, através da matriz de
coeficientes técnicos diretos mais indiretos, ou matriz de Leontief, a soma de todos esses
ciclos de impactos.
No Gráfico 3 pode-se visualizar a variação percentual dos preços das 56 atividades
produtivas representativas da economia brasileiras. As variações de preços decorrentes do
choque cambial variam significativamente de uma atividade para outra. Observa-se por
exemplo a baixa variação de preços de 0,17% da atividade 46 (atividades imobiliárias e
aluguéis), mas percebe-se uma expressiva variação de preços de 6,56% na atividade 17
(fabricação de resinas e elastômeros). Tais mudanças de preços derivam sobretudo do
encarecimento da moeda estrangeira. Entretanto, a variação de preços também é causada pelo
grau em que uma atividade absorve de outra, o que denominou-se de feedback. No primeiro
caso, observa-se o repasse direto dos custos com produtos importados, no segundo, considerase o efeito indireto, que ocorre quando uma determinada atividade absorve o produto de outra.
Gráfico 3 – Variação Percentual de Preços das Atividades
Fonte: elaboração própria
34 Tabela 1 – Descrição Setorial dos Resultados
Fonte: Elaboração própria.
35 36 Para efeito de análise decidiu-se examinar dentre as atividades, aquelas que
apresentam maior relevância dentro das variações de preços apresentadas no gráfico 3.
Entretanto, algumas atividades onde não foram encontradas significativas variações de preços,
devem ser analisadas por apresentarem significativa participação na formação do produto
dentro do contexto econômico nacional e portanto do deflator do PIB.
A Tabela 1 apresenta as participações nas despesas, onde pode-se observar os gastos
domésticos, gastos com importações, valor adicionado e impostos. Observa-se ainda, a
variação de preços por atividade, a participação no valor bruto de produção e a contribuição
por atividade no deflator do PIB. Foi definido que as atividades 1 e 2 constituem-se como
grupo agropecuário. O setor industrial abrange da atividade 3 à atividade 41. Por último ficou
determinado que o setor de serviços é composto das atividades 42 à 56.
Após o choque cambial de 20%, a contribuição no deflator do PIB das atividades tem
a monta de 2,03%. Demonstra-se por, meio do choque, que uma variação de câmbio tem
impacto na variação de preços.
Dentro do setor agropecuário, a atividade 1 (agricultura, silvicultura e exploração
florestal), apresentou variação de preços de 2,51%, onde os custos com importações
representam 6,02% dos gastos totais absorvidos em 2008, conforme a Tabela 1. Nota-se
entretanto, que a participação direta do aumento do aumento dos preços dos importados
responde a 41,61% do acréscimo total de preços. O restante, 58,39%, responde ao efeito de
feedback.
Na atividade 1, percebe-se que os valores demandados de outras atividades, de acordo
com os índices de coeficientes técnicos diretos, são relativamente baixos, como por exemplo,
9,92% das despesas ocorreram com a atividade 16 (produtos químicos), 5,13% com a
atividade 19 (defensivos agrícolas) e 3,63% das despesas ocorreram com a atividade 42
(comércio). Entretanto tais atividades, não representam o total de seu gasto doméstico, onde
pode ser observado que o custo doméstico total correspondente a 33,98% em 2008, conforme
pode ser visto na Tabela 1. Demonstra-se que a variação de preços não depende
exclusivamente da depreciação decorrente do choque cambial; as variações de preços
dependem portanto das interações correlativas dentre as atividades, onde são repassados os
custos advindos de seu impacto direto da variação de custos com importação.
Considerando a variação média de preços da economia brasileira, 2,03%, a
contribuição direta da atividade 1 à inflação, apresenta significativo 0,08%, somado a isto, a
participação na formação do valor bruto de produção doméstico representa 3,38%. Fato
relevante quando analisado o processo inflacionário, pois a atividade é absorvida de forma
37 substancial pela atividade 6 (alimentos e bebidas), na monta de 18,25%. Percebe-se que a
atividade 6, representa 24,45% na ponderação dentro do IPCA e 30,01% no INPC,
demonstra-se deste modo, o peso da atividade 6 no processo inflacionário, onde indiretamente
a atividade 1 é principal fornecedor para a atividade 6.
Demonstra-se que, além da atividade 1 contribuir com 0,08% diretamente no deflator
do PIB, a atividade contribui de forma indireta na inflação, pelo fato de ser absorvida de
forma significativa pela atividade 6, atividade que retém o maior peso de ponderação dentro
dos índices de preços ao consumidor.
A atividade 2 (pecuária e pesca), apresentou variação de preço correspondente a
1,67%, tendo seu gasto com importações na monta de 2,87%. Nota-se que a atividade
representa 1,88% na produção nacional, fator relevante quanto à contribuição no índice geral
de preços. A participação no valor bruto de produção da atividade 1 é de 0,03%, portanto, não
é uma atividade que pressiona de forma significativa o processo inflacionário.
O fator decisivo na variação de preços da atividade 2 se dá sobretudo pelo efeito direto
via importações, correspondente a 57,16%. Entretanto, as despesas ocorreram de maneira
intensiva da produção advinda da atividade 1 (agricultura, silvicultura, exploração florestal),
na ordem de 6,23%, 16,87% das despesas ocorreram com a atividade 6 (alimentos e bebidas),
e ainda 4,48% é correspondente às despesas com a atividade 42 (comércio).
Portanto, dentro do setor agropecuário, pode-se analisar que as atividades 1
(agricultura, silvicultura, exploração florestal) e 2 (pecuária e pesca), não demandam de
maneira significativa outras atividades que alterem de forma substancial seus níveis de
preços. Outra constatação é que o setor agropecuário participa diretamente com 0,11% no
deflator do PIB, resultado que ocorre pelo pequeno número de atividades do setor. Outro viés
é que o setor agropecuário tem relativa importância no valor bruto de produção, 5,26%. Cabe
destacar que o efeito indireto do setor agropecuário, via a indústria de alimentos e bebidas, é
significativo nos índices de preços ao consumidor.
O setor industrial composto por 28 atividades, tem participação de 44,63% na
formação do produto da economia brasileira. Sua contribuição na formação no deflator do
PIB girou em torno de 1,41% ante os 2,03% de variação média de preços da economia.
A atividade 3 (petróleo e gás natural) figura como uma importante atividade do setor
industrial. A participação da atividade 3 no valor bruto de produção representa 2,07% do total
produzido. Considerando a variação média de preços da economia, 2,03%, a contribuição
direta da atividade no deflator do PIB, representou 0,04%. A variação de preços da atividade
3 apresenta-se relativamente baixa, 1,89%, onde os gastos com importações representam
38 5,49% do total de despesas. Nota-se que a participação direta dos aumentos dos preços dos
importados responde a 34,43%, o restante 65,57% corresponde aos efeitos de feedback com
despesas que ocorreram relacionadas a outras atividades.
Na atividade de petróleo e gás natural, as principais despesas foram com os insumos
das atividades 28 (produtos de metal – exclusive máquinas e equipamentos) respondendo a
2,85% dos seus gastos domésticos, 2,18% gastos com a atividade 41 (construção civil) e
7,26% gastos com a atividade 43 (transporte, armazenamento e correio). O total de gasto
doméstico da atividade é de 40,98%, conforme pode ser visto na Tabela 1. Percebe-se que a
variação de preços da atividade 3, corresponde diretamente de maneira significativa ao
choque cambial. Entretanto, as despesas ocorridas com outras atividades é relevante, visto que
65,57% corresponderam aos efeitos indiretos do choque cambial.
Outra importante atividade é a que corresponde a alimentos e bebidas. Dentro dos
índices de preços IPCA e INPC, a atividade tem grande peso na estimação dos índices. A
ponderação da atividade de alimentos e bebidas dentro da cesta de produtos componentes dos
índices, correspondem no caso do IPCA a 24,45%, na cesta de produtos do INPC o peso da
atividade corresponde a 30,01%.
Considerando a variação de preços de 2,22% em alimentos e bebidas, a contribuição
direta no deflator do PIB responde a 0,14%. Os insumos importados o gasto de 3,28%. Notase que a participação direta dos aumentos dos preços dos importados responde a 67,68%, o
restante 32,32% corresponde aos efeitos de feedback. Na atividade 6 (alimentos e bebidas),
18,25% das despesas ocorrem com a atividade 1 (agricultura, silvicultura, exploração
florestal), 16,66% ocorrem com a atividade 2 (pecuária e pesca) e 7,02% das despesas
ocorrem com a atividade 42 (comércio).
Percebe-se que o principal fator da variação de preços da atividade alimentos e
bebidas é decorrente da variação do câmbio, com 67,68% dessa variação devido aos seus
impactos na demanda por importados.
Faz-se a ressalva de que apesar da atividade de alimentos e bebidas não possuir uma
ampla variação de preços, a atividade contribui com a segunda maior parcela na formação de
inflação do período, ficando atrás apenas da atividade 14 (refino de petróleo e coque), valores
que pode ser observados na Tabela 1, correspondendo a 0,14% e 0,17% respectivamente.
No Gráfico 3, pode-se analisar a variação no nível de preços das 56 atividades. Entretanto
dentre todas, as dez atividades que tiveram a maior variação de preços estão contidas dentro
do setor industrial. Sendo elas correspondentes as atividades 14 (refino de petróleo e coque),
atividade 16 (produtos químicos), atividade 17 (fabricação de resinas e elastômeros) atividade
39 19 (defensivos agrícolas) atividade 21 (tintas, vernizes, esmaltes e laca), atividade 22
(produtos e preparados químicos diversos), atividade 23 (artigos de borracha e plásticos),
atividade 31 (materiais para escritório e equipamentos de informática), atividade 33 (material
eletrônico e equipamentos de comunicações) e atividade 38 (outros equipamentos de
transporte).
Percebe-se que a atividade 14 (refino de petróleo e coque), tem um alto gasto advindo
das importações, 20,13%, o que dentre as 56 atividades, é a segunda mais suscetível aos
custos dos importados, ficando atrás apenas da atividade 31 (máquinas para escritório e
equipamentos de informática). Quando considera-se a variação média de preços da economia
de 2,03%, a atividade contribui no deflator com 0,17%. Nota-se pela Tabela 1, que a variação
de preço da atividade é a terceira mais alta encontrada, na monta de 5,96%, sobrecarregada
pelos altos gastos com importados, 20,13%, onde a participação direta do aumento dos preços
dos importados corresponde a 29,61%, tendo portanto 70,39% correspondendo ao efeito de
feedback.
Alguns altos valores correspondentes às despesas internas da atividade 14 (refino de
petróleo e coque), são advindos da atividade 3 (petróleo e gás natural), correspondendo a
48,43% dos gastos domésticos. Entretanto como já analisado, a atividade 3 não possui um alto
grau de custos com importações, muito menos absorve grande parcela de outra atividade com
alto grau de demanda externa.
Destaca-se que a atividade 14 (refino de petróleo e coque) obtém sua variação de
preços de forma direta por meio de custos de importações. Enfatiza-se mais uma vez, que a
atividade 14 é marcada por uma grande variação de preços, tendo como principal fonte de
variação o alto gasto com importados. Pode-se ainda perceber que a atividade contribui com a
maior parcela de contribuição no deflator do PIB, onde o valor é de 0,17%.
A atividade 16 (produtos químicos) apresentou variação de preços de 5,84%, onde os
gastos com importações representam 17,96% dos custos da atividade. Nota-se que a
participação direta do aumento dos preços dos importados responde a 32,52% do acréscimo
total de preços, em que 67,48% corresponde ao efeito de feedback. Quando se considera a
variação média de preços da economia, 2,03%, a contribuição da atividade 16 no deflator do
PIB representa 0,09%. Percebe-se que outras atividades demandam de forma intensiva da
atividade 16 (produtos químicos), por exemplo, a atividade 17 (fabricação de resinas e
elastômeros), onde a despesa com a atividade 16 é de 28,16%. Nota-se que a atividade 17
(fabricação de resinas e elastômeros), apresenta grande variação de preços, na ordem de
6,56%, o que é na verdade a maior variação dentre todas as atividades. Todavia, a atividade
40 17 além de um alto grau absorvido da atividade 16, possui grande custo de importações, valor
que correspondente a 20,02%. Pode-se perceber que na atividade 17 a participação direta do
aumento dos preços importados responde a 32,77%, onde 67,23% obedece ao efeito indireto
de despesas.
Considerando a variação de preços da atividade 19 (defensivos agrícolas), 4,42%, a
atividade contribui de forma direta no deflator do PIB com 0,01%, ressalta-se que a
participação no valor bruto de produção corresponde a 0,34%. Percebe-se que o gasto com
insumos importados é 11,51%, tendo a participação direta dos aumentos de preços dos
importados a monta de 38,40%, consequentemente, 61,60% correspondem aos efeitos de
feedback. Na atividade produtora de defensivos agrícolas, observa-se que a principal despesa
se da com a atividade 16 (produtos químicos), 11,47%. Outra observação relevante é que
assim como a atividade 17 (fabricação de resinas e elastômeros), a produção de defensivos
agrícolas tem despesas significantes com a atividade 16 (produtos químicos), totalizando
11,47%.
Quando se considera a variação média de 2,03% nos preços da economia, a
contribuição direta da atividade 21 (tintas, vernizes, esmaltes e laca) no deflator do PIB
responde a 0,01%, observa-se que a participação da atividade na formação do valor bruto de
produção doméstica obedece ao valor de 0,22%. Observa-se que a variação de preços da
atividade corresponde a 4,74%, tendo 12,77% das despesas com importados. Percebe-se que
37,12% do acréscimo de preços da atividade se da diretamente por meio de importações, e
62,88% é advindo do efeito indireto de despesas.
Já a atividade 22 (produtos e preparados químicos diversos) tem uma variação de
preços na ordem de 4,66%. Nota-se que seu gasto com importações é semelhante a atividade
21 (tintas, vernizes, esmaltes e laca), observado na Tabela 1, o valor de 12,69%, tendo a
participação direta do aumento dos preços importados respondendo a 36,72%, onde 63,28%
responde ao efeito de feedback. Observa-se a atividade 16 (produtos químicos) como
principal fonte de despesa doméstica, da atividade 22, na monta de 10,54%. Ressalta-se que a
atividade de produtos e preparados químicos diversos, apresenta pouca contribuição na
formação do valor bruto de produção, respondendo com 0,28% da produção nacional.
A produção de artigos de borracha e plástico é caracterizada sobretudo por sua relativa
participação no valor bruto de produção nacional, proporcionando 1,15% do total produzido
pela economia brasileira, onde contribui com 0,06% no deflator do PIB. A atividade destacase pela elevada variação de preços, 4,91%, fato que é sobretudo marcado pela alta
concentração de custos com importação, valor que corresponde a 12,73%, onde 38,57%
41 responde de forma direta ao aumento de preços dos importados, tendo desta forma, 61,43% da
despesa advinda do efeito indireto de feedback.
A atividade 23 (artigos de borracha e plástico), prioritariamente despende da atividade
17 (fabricação de resinas e elastômeros), pois 18,46% do total de seu gasto doméstico é
sucedida desta atividade. Demonstra-se o fato que os efeitos de feedback tem significativa
importância na alimentação da variação de preços da atividade 23, pois como já analisado,
61,43% da despesas ocorrem internamente.
Dentro do setor industrial, a fabricação de aço e derivados se apresenta como um forte
produtor nacional, onde se percebe que o valor de participação é de 2%. A atividade apresenta
relativa alta na variação de preços, 3,64%, sobretudo pelo grande custo com importados,
10,78%. A participação direta do aumento dos preços dos importados responde a 33,77%.
Nota-se portanto que o efeito indireto é o maior causador de variação de preços da atividade,
onde se percebe a monta de 66,23%. Observa-se que a atividade tem gastos domésticos de
55,55%, onde a despesas ocorrem em maior grau com a atividade produtora de minério de
ferro, correspondendo a 7,8% do seu gasto doméstico.
Ressalta-se que a atividade 26 (fabricação de aço e derivados) contribui de forma
direta no deflator do PIB com 0,07%, fato importante quando comparado a outras atividades
que não repassam de forma tão intensa o percentual observado.
Considerando a variação média de preços da economia de 2,03%, a atividade 29
(máquinas e equipamentos, inclusive manutenção e reparos) contribui de forma direta no
deflator do PIB com 0,07%, onde sua variação de preços é de 3,41%. A atividade 29 que
representa uma importante atividade base dentro do contexto produtivo nacional, constitui em
1,91% na formação do valor bruto de produção. Percebe-se que o gasto doméstico da
atividade gira em torno de 56%, sobretudo com despesas nas atividades de fabricação de aço e
derivados, 13%, e com despesas na atividade de produtos de metal, 6,4%. Atenta-se ao fato de
que 8,64% de seu custo total é advindo de bens importados, onde 39,47% é a participação
direta dos preços dos importados. O restante, 60,53%, corresponde ao efeito feedback.
Sozinhas as atividades 31 (máquinas para escritório e equipamentos de informática) e
33 (material eletrônico e equipamentos de comunicação), contribuem com 0,06% ao deflator
do PIB, onde a variação média de preços da economia é 2,03%. As atividades possuem um
alto nível de variação de preços, onde 6,25% correspondem a atividade 31 e 5,09%
correspondem a atividade 33.
Nota-se que na atividade 31 (máquinas para escritório e equipamentos de informática)
um alto custo com valores importados, correspondente a 22,22%, tendo a participação direta
42 do aumento dos preços dos importados a monta de 28,08%. Porém pelo fato da atividade
contribuir com apenas 0,43% na participação do valor bruto de produção, não faz com que a
atividade repasse de forma direta e expressiva sua elevação de preços ao deflator do PIB,
contribuindo com 0,03%.
Ocorre processo semelhante com a atividade 33 (material eletrônico e equipamentos
de comunicação), onde com custos importados observa-se o montante de 16,36%, do qual
31,11% é a participação direta do aumento de preços dos importados. Nota-se que a atividade
33 contribui com 0,03% no deflator do PIB, fato ressaltado pela participação no valor bruto
de produção, 0,62%.
Faz-se a ressalva que os gastos domésticos das atividades 31 (máquinas para escritório
e equipamentos de informática) e 33 (material eletrônico e equipamentos de comunicação)
giram na média de 57,80%, onde a maior despesa da atividade 31 é justamente oriunda da
atividade 33 (material eletrônico e equipamentos de comunicações) com 16,36%. Já na
atividade 33 a maior despesa decorre com a atividade 32 (máquinas, aparelhos e materiais
elétricos), onde se observa o valor de 10,8%.
As atividades 35 (automóveis, camionetas e utilitários), 36 (caminhões e ônibus), 37
(peças e acessórios para veículos automotores) e 38 (outros equipamentos de transporte)
correspondem com 4,31% na participação do valor bruto de produção. No deflator do PIB, as
atividades somadas corresponderam a 0,18% de contribuição à inflação, fator relativamente
elevado quando comparado a outras atividades produtivas.
Os gastos domésticos do grupo de atividades tem a característica de ser relativamente
elevada, dando destaque as atividades 35 e 36 com valores de 71,91% e 70,98%
respectivamente. Nota-se que na atividade 35 o aumento dos preços dos importados responde
diretamente na variação de preços a 41,51% e na atividade 36 responde a 41,44%.
Observa-se o alto índice de custos de bens importados, destacado principalmente pela
atividade 38 (outros equipamentos de transporte), onde se constata o valor de 16,12%, sendo
32,94% a participação direta do aumento de preços dos importados. Todavia, os altos gastos
com importados são observados nas outras atividades como, por exemplo, 9,95% para a
atividade 35 (automóveis, camionetas e utilitários), 9,99% na atividade 36 (caminhões e
ônibus) e 8,70% na atividade 37 (peças e acessórios para veículos automotores).
Neste sentido, pode-se concluir que a alta variação de preços no grupo de atividades é
advinda principalmente dos gastos com importados. Entretanto, destaca-se as despesas com
outras atividades como, por exemplo, a atividade 35 que despende 20,34% com a atividade
37. A atividade 36, despende 25% também com a atividade 37, já a atividade 37 despende
43 13% com a atividade 26 (fabricação de aço e derivados). Constata-se que as despesas
indiretas das atividades 35 e 36 são advindos da atividade 37. Nota-se que a atividade 37
despende grande parcela com a atividade 26 (fabricação de aço e derivados).
Por último, no que ficou definido de setor industrial, a atividade 41 (construção civil)
apresenta significância pelo fato de contribuir com 4,58% da produção nacional. A atividade
contribui no deflator do PIB com 0,08%, tendo variação de preços de 1,82%. Esta tem
relativa importância sobretudo por sua alta participação no valor bruto de produção, pois pela
variação de preços o setor não representa mudança considerável. A atividade de construção
civil, detêm gastos com importações na ordem de 3,47%, onde 52,45% é a participação direta
do aumento dos preços dos importados. O restante, 47,55%, corresponde ao efeito feedback.
A atividade de construção civil despende em grande parcela com a atividade 25
(outros minerais não metálicos), 9,33%. Entretanto, nota-se que 5,69% é a despesa com a
atividade 42 (comércio).
Pelas análises anteriores, pode-se observar que o setor industrial composto por 28
atividades, totaliza 44,63% da participação no valor bruto de produção. Sua contribuição na
variação do deflator do PIB gira em torno de 1,41%. Destaca-se que as maiores variações de
preços dentre todos os setores estão dentro do setor industrial. Nota-se as variações de preços
das atividades 14 (refino de petróleo e coque) com variação de preços de 5,96%, a atividade
17 (fabricação de resinas e elastômeros) com variação de preços de 6,56%, a atividade 31
(maquinas para escritório e equipamentos de informática) com variação de preços de 6,24% e
a atividade 38 (outros equipamentos de transporte) com variação de preços de 5,31%.
Relembra-se ainda a grande participação no deflator do PIB das atividades 6 (alimentos e
bebidas) com 0,14%, da atividade 14 (refino de petróleo e coque) com 0,17%, atividade 16
(produtos químicos) com 0,09%, da atividade 26 (fabricação de aço e derivados) com 0,07% e
atividade 41 (construção civil) com participação no deflator do PIB de 0,08%.
O setor de serviços é marcado pela maior parcela de participação no valor bruto de
produção dentre os setores, 50,12%. Entretanto, contribui com apenas 0,5% no deflator do
PIB. O comércio, atividade 42, é a principal atividade que coopera com a produção nacional,
com participação no valor bruto de produção de 8,61%. Contribui ainda com 0,08% no
deflator do PIB, porém sua variação de preços é de apenas 0,91% frente ao choque cambial.
Outro dado importante é que seu custo com bens importados gira em torno de 2,38%, tendo
38,24% a participação direta do aumento dos preços dos importados.
Quando se analisa a atividade 45 (intermediação financeira, seguros e previdência
complementar e serviços relacionados) percebe-se que a atividade participa no valor bruto de
44 produção com 5,23%, onde contribui com 0,03% no deflator do PIB. A atividade apresenta
variação de preços de 5,23%, onde gasta 1,69% com bens importados.
A atividade 46 (atividades imobiliárias e aluguéis) demonstra sua importância na
participação do valor bruto de produção, participando com 4,28%. Todavia contribui com
apenas 0,01% no deflator do PIB. Detém variação de preços na ordem de 0,17%, onde
apresenta gastos com importados de 0,32%. Percebe-se gastos domésticos de 6,62%, onde
tem despesas principalmente com as atividades 45 (intermediação financeira, seguros e
previdência complementar e serviços relacionados), 2,52%, e com a atividade 53 (serviços
domésticos), 1,30%.
Dá-se destaque à atividade 56 (administração pública e seguridade social) onde
contribui com 7,56% no valor bruto de produção. Colabora com 0,06% no deflator do PIB,
contudo varia apenas 0,74% seu preço frente ao choque de câmbio. Percebe-se que a variação
de preços não está relacionado diretamente com custos de bens importados, onde a monta é de
1,64%, tendo 45,12% como participação direta do aumento dos preços importados.
O setor de serviços é sem sombra de dúvidas, o setor que mais contribui com o valor
bruto de produção, 50,12%. Entretanto a contribuição no deflator do PIB é de apenas 0,5%.
Percebe-se claramente que os custos com bens importados é o menor dentre os setores
analisados. Enfatiza-se que a média de variações de preços gira em torno de 1,06%, dando-se
destaque a atividade 43 (transporte armazenagem e correio), com variação de preços de 2,4%
e 51 (saúde mercantil), com variação de 1,47%.
Como a variação do choque cambial impactou somente no vetor de importações, é
possível afirmar que o impacto na variação dos preços das atividades é devido
significativamente a este fator. Pode-se, entretanto, observar que além do efeito direto do
aumento dos preços do importados, o efeito indireto de custos sobre as atividades é relevante
na variação de preços, fato que denominou-se de feedback.
A proximidade da alta no nível de variação de preços da economia de 2,03% entra em
consonância com a variação acumulada do IPCA e INPC, onde o IPCA, no período de janeiro
de 2007 a setembro de 2013 registrou alta de 35,85% e o INPC alta de 37,19%, tendo alta no
câmbio de 11,59%.
Desta forma, a desvalorização cambial impacta os custos setoriais de uma forma direta
tendo uma elevação de custos quase que instantânea como, por exemplo, nas atividades 16
(produtos químicos), 26 (fabricação de aço e derivados), 33 (material eletrônico e
equipamentos de comunicações) e 38 (outros equipamentos de transporte). Entretanto esse
impacto quase instantâneo é complementado por um efeito secundário que depende da
45 estrutura do consumo intermediário dos setores, de modo que tal efeito secundário é tão
maior quanto mais intenso for o uso de insumos importados de seus fornecedores nacionais
diretos. Percebe-se este fato, por exemplo, nas atividades 17 (fabricação de resinas e
elastômeros), 19 (defensivos agrícolas), 21 (tintas, vernizes, esmaltes e laca) e na atividade 22
(produtos e preparados químicos diversos), que demandam em grande parte da produção da
atividade 16 (produtos químicos).
Este processo se desdobra em interações sucessivas que se dissipam após o
esgotamento dos efeitos de feedback nas cadeias produtivas. Os custos de segmentos que
virtualmente não demandam insumos importados podem variar de forma relativamente mais
intensa do que setores que demandam diretamente bens importados, pois as atividades que
despendem de outras em grande parcela, além do aumento dos preços dos importados,
absorvem os impactos decorrentes de outras atividades.
46 5 CONCLUSÃO
A grande questão no desenvolvimento do trabalho foi propor que o impacto de uma
desvalorização do câmbio não afeta apenas de forma direta as despesas das atividades. A
desvalorização cambial impacta as despesas setoriais diretamente, a depender da participação
das importações de insumos nos custos variáveis, e é despendido por outras atividades através
do efeito de feedback. Desta forma o impacto, quase instantâneo, é complementado por um
efeito secundário que depende da estrutura do consumo intermediário dos setores
internalizados. O efeito secundário é tão maior quanto mais intenso for o uso de insumos
importados de seus fornecedores diretos dentro da cadeia nacional.
Como a variação do choque cambial, impactou somente no vetor de importações, é
possível afirmar que o impacto na variação dos preços das atividades é devido
significativamente a este fator. Pode-se entretanto observar, que além do efeito direto do
aumento dos preços do importados, o efeito indireto de custos sobre as atividades é relevante
na variação de preços, fato que denominou-se de feedback.
Observou-se que após um choque cambial de 20%, ocorreu variação de 2,03% no
deflator. A variação no deflator entra em consonância com a variação acumulada do IPCA e
INPC, onde o IPCA, no período de janeiro de 2007 a setembro de 2013 registrou alta de
35,85% e o INPC alta de 37,19%, tendo alta no câmbio de 11,59%.
Desta forma, a desvalorização cambial impacta os custos setoriais de uma forma direta
tendo uma elevação de custos quase que instantânea, como por exemplo nas atividades 16
(produtos químicos), 26 (fabricação de aço e derivados), 33 (material eletrônico e
equipamentos de comunicações) e 38 (outros equipamentos de transporte). Entretanto esse
impacto, quase instantâneo, é complementado por um efeito secundário que depende da
estrutura do consumo intermediário dos setores. Percebe-se este fato, por exemplo, nas
atividades 17 (fabricação de resinas e elastômeros), 19 (defensivos agrícolas), 21 (tintas,
vernizes, esmaltes e laca) e na atividade 22 (produtos e preparados químicos diversos), que
demandam em grande parte da produção da atividade 16 (produtos químicos).
Lembra-se que este processo se desdobra em interações sucessivas que se dissipam
após o esgotamento dos efeitos de feedback nas cadeias produtivas. Os custos de segmentos
que virtualmente não demandam insumos importados podem variar de forma relativamente
mais intensa do que setores que demandam diretamente bens importados, pois as atividades
47 que despendem de outras em grande parcela, além do aumento dos preços dos importados,
absorvem os impactos decorrentes de outras atividades.
Nota-se que a economia brasileira pode ser analisada de forma estrutural. A inflação
estrutural, como colocado por Rangel (1963) é definida por desequilíbrios da economia, onde
é manifestada por meio da recessão e da própria inflação.
Desta
forma,
encontramos
o
processo
inflacionário
ligado
a
pontos
de
estrangulamento na oferta de determinados bens internos ou vindos de economias estrangeiras
como, por exemplo, nas atividades chave de produtos químicos e aço e derivados. Sendo este
portanto, um ponto advindo de um mecanismo auto-protetivo dos agentes econômicos
nacionais, o que tende ser repassado, pelo efeito de feedback, de forma substancial a outras
atividades.
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