UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SÓCIOECONÔMICO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS ALEXANDRE SOLESINSKI IMPACTOS DE UMA DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL NOS PREÇOS SETORIAIS DA ECONOMIA BRASILEIRA FLORIANÓPOLIS 2013 ALEXANDRE SOLESINSKI IMPACTOS DE UMA DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL NOS PREÇOS SETORIAIS DA ECONOMIA BRASILEIRA Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para obtenção do título de bacharel em ciências econômicas. Orientador: Prof. Dr. Arlei Luiz Fachinello. FLORIANÓPOLIS 2013 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SÓCIOECONÔMICO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS A banca examinadora resolveu atribuir a nota 7,0 ao aluno Alexandre Solesinski na disciplina CNM 5420 – Monografia, pela apresentação deste trabalho. Banca Examinadora: ___________________________________ Prof. Dr. Arlei Luiz Fachinello ___________________________________ Prof. Dr. Pablo Felipe Bittencourt ___________________________________ Profa. Msc. Liana Bohn AGRADECIMENTOS Em primeiro gostaria de agradecer ao professor Arlei Luiz Fachinello, meu orientador, por toda sua ajuda e dedicação nesta etapa da minha vida acadêmica. Gostaria também de agradecer à banca pela atenção e tempo disponibilizados. Agradeço profundamente à minha mãe Tânia por toda sua atenção, amor e disposição nesta etapa de minha vida. À Thabata, por sua enorme compreensão e paciência, seu amor e dedicação. Agradeço ao corpo docente da UFSC, ao qual além da formação acadêmica, tiveram grande impacto na formação de meu caráter. Agradeço também meus colegas, economistas, sociólogos, internacionalistas, advogados, engenheiros, sem os quais ficaria restringido a só uma forma de pensar o mundo. A verdadeira dificuldade não está em aceitar idéias novas, mas em escapar das velhas idéias. John Maynard Keynes (1883 – 1946) RESUMO Este trabalho tem como objetivo a análise do impacto de uma depreciação da taxa de câmbio sobre os custos das principais atividades da economia brasileira e por consequência a variação dos níveis de preços, através da elaboração da matriz insumo-produto e modelo de preços para o ano de 2008. É estabelecida uma metodologia que focaliza os efeitos da pressão de custos no setor produtivo, e indica-se intersetorialmente a pressão de custos, na variável importação, das estruturas de custos setoriais aos movimentos da taxa de cambio em uma economia aberta. A mudança cambial promove uma elevação direta e indireta dos custos dos setores que dependem de insumos importados. Os custos são pressionados pelo efeito da taxa de câmbio sobre os preços dos fornecedores domésticos que demandam de insumos importados, ou mesmo de forma direta através da importação. Pelo trabalho estimou-se que um choque cambial de 20% nos insumos importados deva elevar em 2,03% à inflação ao consumidor no médio prazo. Palavras-chave: depreciação cambial, matriz insumo-produto, pressão nos custos importados, elevação da inflação. ABSTRACT This paper has the purpose to review a depreciation of the exchange rate on the cost of the main activities of the Brazilian economy through the development of input-output matrix and model of prices for the year of 2008. It is established a methodology that focuses on the effects of cost pressure in the productive sector, and shows the cost pressure intersectorally, in the variable import, from the structures of sectorial costs to the motions of exchange rate in the open economy. The change of currency promotes a direct and indirect increase of the cost of sectors that rely on imported inputs. The costs are pressured by the effect of the exchange rate on the prices of domestic suppliers that demand imported inputs, or even directly through imports. Through this study it was estimated that a 20% exchange rate shock in imported inputs must raise at 2.03% the inflation to the consumer. Keywords: exchange rate depreciation, input-output matrix, pressure on the imported cost, rising inflation. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Desvalorização cambial no médio e longo prazo ...................................................16 Figura 2 – Curva de oferta e demanda agregada ......................................................................17 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Desvalorização trimestral, IPA industrial e IPCA...................................................31 Gráfico 2 Variação Mensal, IPCA, INPC e Câmbio...............................................................32 Gráfico 3 Variação percentual dos preços das atividades.........................................................34 LISTA DE TABELAS Tabela 1.....................................................................................................................................35 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................11 1.1 OBJETIVOS.......................................................................................................................12 1.1.1 Objetivo Geral................................................................................................................12 1.1.2 Objetivos Específicos.....................................................................................................12 2 REVISÃO DA LITERATURA...........................................................................................13 2.1 A INFLAÇÃO E SUAS INTERPRETAÇÕES..................................................................13 2.2 INFLAÇÃO DE DEMANDA VERSUS INFLAÇÃO DE CUSTO....................................13 2.3 TEORIA MONETARISTA................................................................................................17 2.4 TEORIA ESTRUTURALISTA DA INFLAÇÃO..............................................................19 2.5 DIVERGÊNCIA MONETARISTA E ESTRUTURALISTA............................................22 3 METODOLOGIA................................................................................................................25 3.1 O MODELO DE INSUMO-PRODUTO............................................................................25 3.2 MODELO DE PREÇOS.....................................................................................................28 4 ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.............................................................31 5 CONCLUSÃO......................................................................................................................46 REFERÊNCIAS......................................................................................................................48 11 1 INTRODUÇÃO Desde o começo do ano de 2013 o real vem perdendo valor frente ao dólar, podendose observar uma depreciação de 14,46% no período de março a setembro de 2013. Atenta-se que o mercado e as autoridades governamentais foram surpreendidas pela rapidez e intensidade com a qual o real perdeu valor. Nota-se que a alteração cambial está correlacionada a anúncios feitos pelo Banco Central norte-americano, o qual sinalizou com a possibilidade de retirada de medidas de incentivo à economia estadunidense. Antes disso, devido às incertezas em relação ao mercado financeiro norte-americano, a entrada de capitais e ativos advindos do mercado internacional teve impacto direto na moeda brasileira. Em busca de maior segurança, o mercado brasileiro foi superabundado por capitais internacionais, sobretudo por investimentos de curto prazo. Nota-se uma valorização quase que instantânea do real onde ocorreu significativo aumento de importações e alterações no balanço de pagamentos doméstico. Em junho de 2013, o Federal Reserve, Banco Central norte-americano, sinalizou que poderia retirar progressivamente os incentivos à economia dos EUA. Este anuncio afetou de forma incisiva o câmbio em muitos países, dentre eles o Real. Observa-se que desde o momento do anuncio do Fed até meados de setembro de 2013, segundo o IPEA (2013), a média do dólar comercial variou de R$ 2,17/US$ 1,00 em junho de 2013 para R$ 2,34/US$ 1,00 em agosto do mesmo ano, o que representa uma variação de 7,83% em apenas dois meses. Segundo Loschiavo e Iglesias (2003), o impacto de uma desvalorização sobre os preços é direto através do aumento dos preços dos importados. O aumento é tanto pela participação dos importados no índice de preços como pelo aumento causado nos custos dos insumos. Além disso, a desvalorização também gera pressões por aumento dos salários nominais, devido à mudança do salário real. Nota-se que inflação medida em 12 meses pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terminará 2013, segundo o IPEA (2013), em 5,8%, e recuará ligeiramente para 5,7% em 2014, na hipótese de a taxa básica de juros da economia permanecer em 9% ao ano. Considera-se que as projeções pressupõem uma taxa de câmbio estacionada em R$ 2,35 para o ano de 2013. Este trabalho procura avaliar o impacto da desvalorização cambial nos custos e preços das atividades divulgadas pelo IBGE, integradas com o Sistema de Contas Nacionais (SCN), tendo como conjunto de informações básicas as Tabelas de Recursos e Usos (TRU). Para 12 tanto, a análise parte da elaboração da matriz insumo-produto desenvolvido por Wassily W. Leontief (1906 – 1999). Ela procura formalizar o modelo de produção, que permite obter o valor da produção necessário ao atendimento de uma determinada demanda final, e o modelo de preços, que possibilita mensurar o impacto sobre os preços setoriais de variações, por exemplo, nos salários, pessoal ocupado, importações etc. Para tanto utilizou-se a variação de importações que, através de um dado choque cambial de 20%, possibilitará a análise do comportamento das mudanças nos preços das atividades, tanto podendo ser verificado seu impacto direto de importações e a verificação da elevação de preços pelo efeito indireto, denominado feedback. 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo Geral v O trabalho tem como objetivo geral analisar o impacto de uma desvalorização cambial de 20% sobre os preços setoriais do Brasil, demonstrando como o câmbio impacta sobre a inflação. 1.1.2 Objetivos Específicos v Discutir diferentes teorias acerca do processo inflacionário, procedimento que dará suporte à análise nas mudanças no nível de preços; v Elaborar o modelo de preços partindo da MIP brasileira capaz de avaliar os possíveis efeitos sobre os preços setoriais diante de um choque cambial; v Aplicar um choque cambial sobre os custos dos produtos importados; v Discutir os principais mecanismos pelos quais as mudanças da taxa de câmbio afetam os preços intersetoriais em uma economia aberta. 13 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 A INFLAÇÃO E SUAS INTERPRETAÇÕES A inflação tem sido definida nas mais diversas formas como, por exemplo, muito dinheiro em busca de muitos bens, ou ainda, um aumento de quantidade de moeda em circulação. Como aborda Griffiths (1981) pode ser como uma condição de demanda excessiva generalizada de estoques de bens e de fluxos de rendimento real; um aumento de reserva monetária per capita ou do fluxo de renda monetária; queda do poder aquisitivo da moeda e excesso de reivindicações salariais, acima do crescimento da produtividade. Assim a inflação se constitui no aumento do nível de preços, não significando com isto que os preços de todos os bens e serviços cresça em igual medida. Tais motivos desta desordem no nível de preços são destacados por Griffiths (1981) como sendo por especulações, mudanças na tecnologia, colheitas deficitárias, subsídios conferidos pelo governo, impostos, tarifas e controles governamentais, ou ainda pela questão cambial. Desta forma, é destacado que enquanto os preços relativos podem alterar-se, por inúmeras razões, o nível médio de preços tende a continuar elevando-se. A inflação não só é definida de diversas formas como também é classificada por inúmeras designações, conseguindo com isto transmitir o ritmo das diversas formas inflacionárias. Usa-se, deste modo, adjetivos como: galopante, rápida, crônica, explosiva, desenfreada ou ainda de hiperinflação. 2.2 INFLAÇÃO DE DEMANDA VERSUS INFLAÇÃO DE CUSTO A macroeconomia tradicional, inspirada fundamentalmente nas contribuições keynesianas, estabelece as origens inflacionárias em duas principais fontes: demanda e custos. A inflação de demanda é resultante da elevação do nível geral de preços a partir do deslocamento da curva de demanda agregada, permitindo a elevação tanto no nível geral de preços como no nível de produto. 14 Observa-se que a inflação de demanda tem sua característica fundamental no excesso de procura em relação a oferta disponível, desta forma, pode-se encontrar diversos fatores que são o gatilho da elevação de preços. Vale destacar em primeiro o aumento da renda disponível que pode ocorrer via aumento de salários reais, efeito-riqueza ou ainda através de uma redução de carga tributária. Outra forma se da via expansão dos gastos públicos, sendo válido lembrar que o governo tem a característica de demandar uma grande parcela de bens e produtos na economia, desta forma uma aumento dos gastos públicos pressiona o nível de demanda agregada. Ainda se pode destacar a expansão do crédito e a redução das taxas de juros interferindo na demanda de consumo e de investimentos; via de regra, quando o crédito é farto, pode ocorrer uma tendência a elevação de consumo, da mesma forma que pode ocorrer um maior nível de investimento; de modo semelhante, a diminuição das taxas de juros estimulam o consumo, facilitando o agente econômico na obtenção de bens ou mesmo incentivando a um maior investimento. Por último pode-se tomar a expectativa do agente econômico como tendo um papel influenciador no nível demandado da economia, podendo desta forma em momentos de expectativas positivas, aumentar seu nível de demanda, por exemplo antecipando compras, pressionando com isto o nível de demanda. Já em sentido oposto, um pessimismo sobre o futuro econômico pode levar a uma redução de consumo presente, induzindo a uma baixa na quantidade demandada. No esquema IS-LM, o deslocamento da demanda agregada produz um translado da curva IS para a direita. Mantendo-se a oferta de moeda ocorre um deslocamento da LM para a esquerda, ocorrendo esta última em consequência da elevação de preços, que reduz a oferta real de moeda. Analisando-se estaticamente, o modelo exige um nível geral de preços, uma taxa de juros e produto mais elevados. Na inflação de custos, ocorre o deslocamento da curva de oferta agregada que, no nível de preços iniciais, provocam um excesso de demanda. Para o entendimento desta questão faz-se analisar a elevação dos salários nominais acima da produtividade da mão de obra, tendo firmas maximizadoras de lucros, que igualam o salário ao valor da produtividade marginal do trabalho, uma elevação do salário nominal provoca um deslocamento da curva de oferta agregada, tendo portanto a situação final, dada a oferta de moeda, um nível de produto e emprego - um nível de preços e de taxa de juros maiores que a situação inicial. Segundo Keynes (2010) a inflação de demanda refere-se ao excesso de demanda agregada em relação à produção disponível de bens e serviços na economia, é causada pelo crescimento dos meios de pagamento que não é acompanhado pelo crescimento da produção, ocorrendo apenas 15 quando a economia está próxima do pleno-emprego, ou seja, não pode aumentar substancialmente a oferta de bens e serviços no curto prazo. A inflação de custos tem suas origens na oferta de bens e serviços. Pode-se observar, que o nível de demanda permanece inalterado, entretanto os custos de determinados fatores se elevam. Portanto, a inflação de custos tem sua origem na pressão exercidas sobre os custos e repassadas aos preços. Argumenta-se que determinados fatores podem elevar os custos. Em primeiro destaca-se a taxa de juros, onde se percebe que além de reduzir a demanda, causa a elevação dos custos de produção. Em segundo, destaca-se o custo da mão de obra, sendo compostos por encargos e salários; quando ocorre um aumento salarial, seja por acordos sindicais ou fatores de politicas salariais, os custos elevam-se, ao menos que se tenha ganho em produtividade. Em terceiro, ocorre pressão nos níveis de preços ocorridos pelos impostos. Em quarto, destaca-se o aumento dos preços dos produtos importados como, por exemplo, bens de consumo final, matéria-prima e equipamentos. A elevação dos preços é prioritariamente causada pela desvalorização cambial. Lopes et al. (2000) ressalta o impacto a médio e longo prazos de uma desvalorização cambial, ressaltando que um resultado padrão do modelo keynesiano a curto prazo é que desvalorizações cambiais são expansionistas. Uma desvalorização de câmbio desloca a IS para a direita, elevando o produto e a taxa de juros, assim uma desvalorização cambial eleva a demanda pelo bem doméstico; no curto prazo, a oferta responde passivamente, o que gera uma elevação no nível do produto. Já no médio ou longo prazos, o recuo da oferta agregada, depois de uma desvalorização cambial, mais que compensa o efeito expansionista da desvalorização sobre a demanda. Lopes et al (2000, p. 328) ilustra que: “suponhamos que após uma desvalorização câmbio, o governo aumente os gastos e a oferta de moeda na mesma proporção. Dado que todas as variáveis nominais exógenas variam na mesma proporção, os preços internos vão variar nesta proporção, e a renda, portanto, permaneceu constante.” Assim, como mostra a Figura 1, a oferta e a equação de equilíbrio simultâneo IS x LM deslocam-se na mesma proporção, do ponto A para o ponto B. Se posteriormente a desvalorização de câmbio não houver elevação dos gastos nominais do governo e da quantidade de moeda, o deslocamento da demanda será menor, desta forma situando-se em C onde constata-se menor produto. 16 Figura 1: Desvalorização Cambial no Médio e Longo Prazo. Fonte: Elaboração própria. Salienta Lopes et al. (2000) que a moral da história é que, quando uma economia se depara com problemas externos e desta forma necessita desvalorizar o câmbio, possivelmente o produto reduzir-se-á. A desvalorização do câmbio terá impacto negativo sobre o índice de preços, ou seja, ocorrerá pressão sobre o índice de preços, e os ofertantes de fatores produtivos reduzirão sua oferta. De outra maneira, a inflação de demanda seria provocada por fatores restritos na demanda enquanto que a inflação de custo teria seus condicionantes na oferta. Na Figura 2, são representadas as curvas de oferta agregada (O,O’) e a curva de demanda agregada (D,D’), de forma que no eixo das abscissas à reta horizontal temos o nível do produto, (Y), e no eixo das ordenadas temos o nível de preços (P). Desta forma, um deslocamento da demanda DD’ provocará um aumento no nível de produto para P1 em relação a sua posição inicial (Y0, P0). Desta forma, tal mudança seria associada a uma inflação de demanda, por outra via, se, diferente da demanda, a oferta agregada fosse deslocada para OO’ o novo equilíbrio se situaria no ponto (Y2, P2) com um nível de inflação (P2-P0)/P0 tendo ainda uma queda no produto, sendo deste modo uma inflação de oferta. De acordo com Moraes (1991), o que pode ser levado com mais importância neste caso da relação, inflação de demanda e inflação de custo, fica restrito a dois pontos fundamentais. Em primeiro, em ambos os casos o deslocamento original cria um excesso de demanda ao preço P0, sendo esse excesso observado na medida das distâncias horizontais AB e AC. 17 Figura 2: Curva de Oferta e Demanda Agregada. Fonte: Elaboração própria. No caso da inflação de demanda, o excesso de demanda foi criado por um aumento na soma das reivindicações sobre o produto cuja as condições de produção permanecem constantes hipoteticamente. No caso da inflação de custos, o excesso de demanda foi provocado por um aumento nos custos de produção associados a cada nível de produção sem contudo, alteração na soma das exigências sobre o produto. O ajustamento se realiza via variação de preços e quantidades. O nível de produção muda em direções que são opostas de um caso em relação ao outro. Segundo Moraes (1991) este é o caso geral de discernimento entre a inflação de custo e inflação de demanda: recessão com inflação, estagflação, esta indicando uma inflação de custo, no outro sentido, crescimento com inflação indica uma inflação de demanda. 2.3 TEORIA MONETARISTA A quantitativa da moeda é um importante meio de análise da inflação, de modo que, a teoria supõe uma relação proporcional entre a moeda demandada e a produção nacional. Observa-se que qualquer que seja o acréscimo de meios de pagamento deverá ocorrer em mesma magnitude um acréscimo de produção. Uma elevação de meios de pagamento 18 determina, como primeiro impulso, um encaixe demasiado nas mãos dos agentes econômicos que, na posse deste excedente, tenderam a aumentar seu nível de gasto. O aumento de gastos deverá provocar em mesma proporção no produto nominal, via aumento de preços ou produção, elevando desta forma a demanda por moeda. A elevação dos gastos continuará até o momento em que a nova demanda por moeda tenha equilíbrio com sua nova oferta. Admitindo-se que o mercado se ajuste de modo a equilibrar a oferta e a procura a equação de equilíbrio nos fornece tal análise: M = k.Py (1) onde: M= oferta de moeda; K = 1 / Vy onde Vy = velocidade - renda da moeda; P = nível de preços; y = fluxo físico e serviços finais no período. O corolário da equação quantitativa de equilíbrio é a interpretação da inflação como resultado do crescimento excessivo dos meios de pagamento em relação ao aumento do produto real, ou seja, com um fluxo monetário maior ou então um menor volume de mercadorias e serviços, mais altos serão os preços. Deste modo, como aponta Fürstenau (1981) a equação de equilíbrio M = k.Py, a teoria monetarista define, automaticamente, que o Governo, emitindo meios circulantes, é responsável pela inflação, ou seja, o Governo cria inflação ao emitir um excesso de oferta de moeda, gerando um aumento da demanda de bens e serviços. Por definição esta demanda, não podendo ser satisfeita, dada certa rigidez da oferta de produtos, ocasionará um aumento de preços, restabelecendo o equilíbrio da equação de trocas em outro nível de preços. De mesmo modo, Friedman (1969) salienta que o processo inflacionário ocorre oferta de meios de pagamento ocorre muito rapidamente, acima da velocidade produtiva. Quanto maior for o aumento ofertado de meios de pagamento relativo ao nível produtivo, maior será a inflação. Desta forma, no modelo monetarista, a expectativa inflacionária vincula-se exclusivamente a informações sobre o passado. A Equação 2 é um dos exemplos de formação de expectativas consistentes com o modelo, que são chamadas de expectativas adaptativas. P!! = P!!! 19 (2) Em que a expectativa de inflação para o período t é exatamente a inflação do período imediatamente anterior. De acordo com Carvalho et al (2007) as expectativas adaptativas que caracterizam o modelo friedmaniano podem assumir uma forma mais geral do que a apresentada anteriormente. Os agentes econômicos, por exemplo, os trabalhadores, podem corrigir suas expectativas levando em consideração o erro que cometeram no último período, desta forma as expectativas podem ser formadas com base em uma média ponderada entre a expectativa e a inflação efetiva do último período, tal como indicado a seguir: ! P!! = P!-­‐! + (1 – α )(P!-­‐! - P!!! ) 0≤ α < 1 ! P!! = (1- α) P!!! + α P!!! (3) (3’) Quando α = 0, os agentes somente levam em conta a inflação do período anterior para a formação de expectativas de preço. Então, tem-se que P!! = P!-­‐! O parâmetro α não pode ser igual a 1. Neste caso, os agentes teriam uma expectativa de inflação constante, deste modo bastante irreal. Em cada período formam-se expectativas corrigindo a expectativa que foi formada no período anterior por uma fração de erro que cometeram neste mesmo período. Então, por repetidas substituições das expectativas de inflação em cada período, obtém-se da duas equações passadas o seguinte resultado: ! P!! = P (1 - α) Σ!!! α j-1 Pt-1 (4) 2.4 TEORIA ESTRUTURALISTA DA INFLAÇÃO A teoria estruturalista inflacionária, encontra-se ligada a pontos de estrangulamento na oferta de determinados bens, sendo este ponto de estrangulamento um mecanismo autoprotetivo dos agentes econômicos. Nesta forma de análise, se destaca o lado da oferta, 20 diferente do mainstream1 monetarista ou mesmo, com ressalvas, da teoria Keynesiana de que a inflação seja causada pela demanda efetiva, acelerando-se em momentos que a economia se aquece, e desacelerando quando tende ao desaquecimento; esta controvérsia é destacada a seguir: O exame destes critérios é justificado porque a natureza muito especial do fenômeno inflacionário colocou nos últimos anos em xeque os enfoques tradicionais a respeito, tanto no que se refere ao diagnóstico de sua realidade e de suas causas como no que se relaciona às terapêuticas a aplicar. A respeito do primeiro elemento, talvez o que mais sobressaia seja aquilo que o professor Paul Samuelson denominou a crise das monistic explanations, isto é, da procura e da preferência em identificar uma única causa dominante ou responsável. Pelo contrário, para explicar as diversas modalidades da experiência atual tem que se realizar uma atrevida combinação de motivações. Por outro lado, é comum que se aluda a uma ampla variedade de causas, de natureza e peso muito diferentes, que não chega a constituir uma explicação integrada e coerente do fenômeno. O problema reside, então, em desvendar, hierarquizar e organizar esse feixe de fatores que de forma simultânea, sucessiva ou escalonada vem dando corpo e ritmo ao processo inflacionário. Da perspectiva da investigação latino-americana, é fácil distinguir, de início, um conjunto de elementos econômicos, sociais e institucionais que constituem o pano de fundo do problema, o leito de procusto em que germinam as tendências pró-inflacionárias que afloram com maior ou menor vigor segundo o cariz das circunstâncias políticas. (PINTO, 1978, p. 43) A inflação estrutural se dá, como colocado por Rangel (1963), por desequilíbrios da economia, onde se manifesta por meio da recessão e da própria inflação. O chamado enfoque estruturalista da principal importância ao diagnóstico da inflação, ou seja, ainda que não se tenha dúvidas do que a inflação é uma só, suas manifestações e suas causas imediatas, não o é no que se refere ao seu elemento, suas origens, natureza ou combinação causal. Não seria exagero sustentar que o núcleo da posição estruturalista e, portanto, da discordância com outra abordagem pode ser expressado ou resumido numa interrogação: por quê? Isto é, não é suficiente para ela a comprovação do óbvio (os fatores imediatos e sua relação com a alta dos preços), porque o essencial reside em indagar e descobrir as razões desse comportamento, o por quê dos déficits, emissões, desajustes cambiais, etc. (PINTO, 1978, p. 42) O processo inflacionário ocorrido na América Latina desde meados dos anos quarenta, definido como o início da fase de industrialização por substituição de importações, chamou atenção, naquele momento, não somente pelos elevados índices observados, comparando-se 1 MAINSTREAM. Termo em inglês que significa a corrente central ou mais importante do pensamento econômico numa determinada época. 21 aos dos países centrais, mas por sua persistência aos diferentes planos de estabilização, tendo inspiração principalmente nas formas tradicionais de combate, como por exemplo, monetarista. Assim, no âmbito latino-americano, e por ventura brasileiro, se iniciou esforços para um método alternativo de combate ao nível persistente de crescimento do nível de preços. Como destacado por Lopes (1988) os esforços foram motivados principalmente pelos fracassos dos planos de contenção inflacionária comumente aplicados na área e por suas consequências em termos de desemprego, recessão e distribuição recessiva de renda, resultados comuns a todos os planos de estabilização aplicados e conferidos, ao menos no curto prazo. Deste esforço alternativo surgiu uma corrente denominada estruturalismo. Lopes (1988, p. 45) define que “[...] a raiz de sua concepção do fato inflacionário se situou nos desajustes de rigidez do setor real que uma economia de crescimento para fora sofre quando se industrializa”. Entende-se a economia com crescimento para fora, aquela cujo o setor dinâmico pode ser constituído pelas atividades ligadas ao mercado externo, tendo portanto, nível de atividade ligado a demanda internacional, fato encontrado na economia brasileira, sendo que suas atividades eram prioritariamente agrícolas ou mineiras, tendo as medidas destinadas a substituir importações se confundindo com as políticas de industrialização. Desta forma, a nova teoria aplicada a realidade de países subdesenvolvidos, seria distinta e muito mais complexa do que aquela tradicionalmente empregada no caso dos países desenvolvidos. É um erro considerar a inflação como um fenômeno simplesmente monetário, a inflação explica-se pelos inadequações e tensões econômicas e sociais que surgem no desenvolvimento econômico dos países latino-americanos e somente concebem uma política antiinflacionária como parte integrante da política de desenvolvimento. O desenvolvimento econômico necessita de sucessivas transformações no modo de produzir, na estrutura econômica e social e na distribuição da renda. Não realizar a tempo estas transformações ou realiza-las de modo imparcial e incompleto leva aos desajustes ou às tensões que promovem o aparecimento de forças inflacionárias sempre concentradas e muito influentes no seio da economia latino-americana. Dentro destes desajustes, pode ser conveniente salientar a crescente concentração-organização dos grupos sociais decisivos, ou de outra forma, a crescente tendência a oligopolização de grupos essenciais ao modo de produção capitalista nacional. Assim define Pinto (1978): 22 À medida que as elevações de remunerações, mais ou menos generalizadas, excedessem os aumentos de produtividade e diminuíssem os recursos que as empresas necessitam para sua renovação e/ou ampliação, caberia à alta dos preços suprir tal deficiência, redistribuindo, por exemplo, incentivos a favor das empresas. Nesta perspectiva, a inflação poderia ser considerada não como uma anormalidade, mas sim um mecanismo de funcionamento das modernas economias de mercado. Como é natural, esta análise não nega que o processo implique em sérias perturbações para o desenvolvimento do sistema, as quais já foram suficientemente demostradas na literatura comum e acadêmica acerca do problema. (PINTO, 1978, p. 49) Dessa forma, em economias pouco desenvolvidas, o nível de preços é reflexo prioritariamente do maior ou menor êxito dos reajustes econômico-sociais necessários à dinâmica de crescimento. Como saliente Fürstenau (1981), o setor externo, especificamente as exportações, são um elemento central na diversificação e transformação da estrutura produtiva. Pressões inflacionárias podem surgir quando ocorrem movimentos abruptos do setor externo. Tratando-se de uma contração que não pode ser enfrentada com o auxilio de reservas, o país deverá escolher entre a deflação ou política compensatória. Quando se escolhe a política compensatória, o aumento do nível de renda e demanda geraria pressão no nível de preços. Por outro lado, se o poder de compra das exportações não aumenta o suficiente problema de mercado para os bens para satisfazer os novos pedidos de bens importados decorrentes do aumento da renda, haverá uma pressão crônica sobre o Balanço de Pagamento e as consequências previsíveis sobre os preços, podem ser realizadas via desvalorização que, por um meio diminuem a pressão, por outro auxiliam na pressão e propagação inflacionário não resolvendo a principal causa do desequilíbrio. 2.5 DIVERGÊNCIA ENTRE MONETARISTAS E ESTRUTURALISTAS A relação entre a concepção monetarista e estruturalista apresenta algumas divergências fundamentais para o delineamento do processo inflacionário. Considerando-se em um primeiro momento, a teoria monetarista da inflação, podemos observar que a teoria parte de uma visão imediatista, priorizando apenas questões superficiais do meio econômico, estabelecendo soluções que visão apenas o controle das manifestações, não atacando as reais causas do problema inflacionário, propondo deste modo medidas monetárias de contração de meios de pagamento através de uma menor emissão, controle do crédito e de possíveis 23 aumentos salariais. Neste sentido, Guimarães (1963) ainda levanta uma observação ideológica, partindo da proposição de que a análise monetarista tem um caráter classista, ao colocar que aumentos salariais são a causa e não uma consequência da inflação, faz-se o controle da inflação por meio de sacrifícios justamente da parcela populacional mais atingida pelo processo inflacionário. Na mesma linha conceitual, pode-se exemplificar através Sá Jr. (1970 Apud Fürstenau, 1981, p. 34) que o método monetarista, no caso de países subdesenvolvidos como o Brasil, se baseiam em um movimento de atração de capital internacional. Para fazer coincidir os instrumentos de combate à inflação com as facilidades e incentivos ao capital estrangeiro, atribuiu-se papel de destaque, a contenção do crédito e dos salários. A restrição do crédito viria a ter o efeito inevitável de acentuar a concentração do capital nas mãos das grandes empresas (na maioria estrangeiras) e manter as finanças do pais sob a dependência de entidades financeiras internacionais. A contenção salarial iria contar sempre com o apoio da classe patronal, prejudicada com a restrição do crédito, e que assim podia transferir essa restrição sobre as costas das assalariados. Sá Jr. (1970 Apud Fürstenau, 1981, p. 34) Diferentemente a isto Rangel, (1963), analisando a concepção monetarista e estruturalista, conclui que ambos os aspectos podem ser equivocados, salientando que o processo inflacionário em uma insuficiência ou inelasticidade da oferta global no caso monetarista e setorial no caso estruturalista, deveriam se ocupar no comportamento da demanda agregada. Segundo Rangel, não é na afirmação de que a variação do volume do meio circulante é proporcional à variação do nível de preços que se encontra o erro dos chamados ortodoxos ou monetaristas, seu erro esta em haverem pretendido inferir desta verdade universal à toda uma política monetária e, mais do que isso, toda uma política econômica para países distintos. A política sugerida pelos monetaristas parte da conclusão de que se há correlação entre os preços e os meios de pagamento são as emissões as responsáveis pela inflação. Havendo um aumento do nível geral de preços, a política monetária recomendada baseia-se na contenção dos meios de pagamento, o que faria com que os preços voltassem ao nível anterior. Assim, em uma economia monopolista como a brasileira o que ocorre é a retirada do mercado de parte da produção, bem como a retenção de estoques que, no caso da firma, implica em crescimento do ativo realizável à custa do seu ativo disponível. A empresa reage buscando no sistema bancário empréstimos. 24 Isso, não obstante, vai afetar negativamente o equilíbrio de caixa do sistema bancário, movimento esse que, direta ou indiretamente, se vai exprimir como problema de caixa do Banco do Brasil. É para socorrer a caixa do Banco do Brasil que o governo emite, o que quer dizer que a inflação não se gera no nível do orçamento da União, uma vez que tem origem no bojo da economia, por efeito de movimentos autônomos da empresa privada. O governo, ordinariamente, apenas presta-se a fazer o serviço que dele exige, através do mecanismo descrito, o sistema econômico. Noutros termos, a emissão não é o ponto de partida da inflação, mas o seu ponto de chegada, isto é, sua culminação. (RANGEL, 1963, p. 25) A teoria estruturalista explica que a elevação dos preços não compreende o que leva a firma a retirar uma parcela de sua produção do mercado. A compreensão estruturalista para a elevação dos preços consiste na identificação de pontos de estrangulamento na economia, responsáveis pela insuficiência de oferta que desse modo tende a pressionar o nível geral de preços. 25 3 METODOLOGIA A metodologia é determinante para o desenvolvimento de pesquisas, sendo a definição do método, o instrumento analítico que dará suporte ao processo investigativo desejado. Na análise se deu opção pelo uso do método dedutivo, tendo em vista que choques cambiais afetam diretamente e indiretamente a variação de preços. Max (1971 apud MUNHOZ, 1989, p. 25) nos remete a questão: “enquanto a indução chega a conclusões empíricas, extraídas da experiência, a dedução estabelece conclusões lógicas”. Tendo em vista o caráter analítico do trabalho, faz-se necessário a obtenção de métodos auxiliares adotados à investigação. Munhoz (1989, p. 27) nos leva a conclusão de que a economia, tendo como regra geral, se utiliza de evidências empíricas, entretanto baseadas em dados quantitativos. Diante deste aspecto, a utilização de métodos auxiliares, matemáticos, estatísticos e contábeis, estabelecem a condução do processo investigativo da melhor maneira possível, visando a obtenção de forma clara e concisa os objetivos que motivam o trabalho. Para tanto, faz-se o uso da matriz-insumo produto e o modelo de preços. Observa-se que a matriz de insumo-produto, é de extrema utilidade para a definição de políticas setoriais e para as atividades de planejamento. Tecnicamente, a matriz insumoproduto implica a desagregação, por ramo de atividade, de vários dos agregados presentes num sistema usual de contas nacionais, particularmente na conta de produção. Entretanto, além do valor adicionado e da demanda final, a desagregação atinge também demanda intermediária. Faz-se a ressalva que a partir da matriz insumo-produto, pode, por exemplo, estimar qual é o impacto sobre o nível de produção e emprego além das demandas setoriais, de um aumento ou retração na produção de um determinado ramo. O modelo de preços, mede o impacto de variações nos componentes, por exemplo, do valor adicionado ou nas importações sobre o nível de preços das atividades. Para tanto, optouse por um choque cambial de 20%. Observa-se que a variação cambial no período de março a agosto de 2013 foi de 17,53% onde foi registrado inflação de 1,92% no índice IPCA e 1,85% no INPC. 3.1 MODELO DE INSUMO-PRODUTO 26 Se atribui à que Wassily Leontief os primeiros trabalhos de organização, formalização e aperfeiçoamento da matriz insumo-produto, ou como também ficou conhecida, análise intersetorial ou interindustrial, tendo suas origens em Quesnay e sua Tableau économique2 de 1758. Desta forma podemos entender que Leontief pretendia sintetizar o funcionamento de uma economia agregando produção e circulação das mercadorias. Ainda de acordo com Feijó et al (2013) Leontief utilizou de Quesnay a ideia da organização dos fluxos entre atividades econômicas em um esquema de quadros contábeis detalhados. De acordo com Bulmer-Thomas (1982), o modelo básico da matriz insumo-produto descreve o comportamento da produção em função de variações da demanda final, sendo que neste tipo de modelagem econômica, a economia tem a característica abrangente de tentativa de equacionar oferta e demanda agregada. Assim, como salienta Bulmer-Thomas (1982) expandindo-se para n setores, seria possível demonstrar o equilíbrio entre a oferta de cada setor i e sua demanda por: Xi = Sendo demanda final. ! !!! !!" ! !!! X !" + Yi , com i = 1, 2, ... , n ! !!! (5) a demanda intermediária pelos produtos do setor i e Yi a Pela via dos insumos a Equação (6) representa a origem das compras dos agentes e o equilíbrio entre valor do produto e as despesas de cada setor da atividade. Tendo contudo incluso as despesas setoriais com insumos intermediários (Xij), com insumos primários (trabalho (Lj) e outros fatores (Vj) e com insumos importados (Mj), tendo desta forma o total Xj. Desta forma o total das despesas do setor j é exposto como: Xj = ! !!! !!" + Lj + Vj + Mj, com j = 1, 2, ... , n 2 TABLEAU ÉCONOMIQUE (“quadro econômico”). (6) Modelo de sistema econômico criado pelo economista francês François Quesnay. Publicado pela primeira vez em 1758, consistia em mostrar o processo de circulação do produto líquido entre as diferentes classes da sociedade sob a forma simplificada de um quadro. Tinha dois objetivos: mostrar como circula o produto líquido total da sociedade e o modo pelo qual ele se reproduz a cada ano. O tableau desconhece a circulação do produto líquido dentro de cada classe social e supõe preços constantes e a reprodução anual do mesmo produto líquido. Quesnay pretendia demonstrar que só a agricultura pode produzir um excedente econômico. Discutido e popularizado por muitos economistas, o tableau tornou-se importante por tratar-se do primeiro modelo de um sistema de troca que revelou a distribuição e a reprodução dos valo- res de uso do produto líquido; além disso, estimulou o desenvolvimento do estudo dos problemas do valor de troca e dos preços e, posteriormente, da teoria do valor-trabalho. Sandroni (1999). Onde ! !!! !!" representando 27 o consumo intermediário do setor j e Mj as compras realizadas pelo setor j do resto do mundo. Sendo o valor total da oferta setorial igual ao valor total das despesas, tem-se: Xi = Xj para todo i = j (7) Com base nesse equilíbrio, o modelo de insumo-produto pode ser apresentado definindo inicialmente o coeficiente técnico, Equação (8). Feijó et al (2013) ressalta que Leontief (1986) desenvolveu o modelo da matriz intersetorial admitindo que a relação entre os insumos consumidos em cada atividade e a produção total desta atividade é constante e medida no que ficou conhecido como coeficiente técnico de produção, notado como !!" sendo definido como: !!" !!" = ! !!" = !!" . !! ! Com i, j = 1,2,…,n (8) Em que: !!" = valor produzido na atividade i e consumido pela atividade j para produzir uma unidade monetária, !!" = é o valor total da produção na atividade i consumido na atividade j, e !! = valor total da produção da atividade j. Segundo Feijó et al (2013) a concepção básica de um coeficiente técnico seria apresentar relações em quantidade, já que várias medidas de quantidade possuem diferentes unidades de mensuração. O modelo é desenvolvido em valores. O uso do preço básico procura encontrar a medida mais próxima possível das quantidades, eliminando a influência das margens dos impostos. O calculo do valor da produção, !! , de cada atividade é definido como: !! = ! g !" + f! (9) Substituindo a Equação (8) em (9), obtém-se a equação básica, em valor, do modelo de insumo-produto. !! = ! !!" x !! + f! (10) 28 Usando representação por matrizes, é possível escrever: ! = ! . ! + f ! − ! . ! = f ! = (I – A)-1 . f (11) Considerando Z = (I – A)-1, temos: ! = Z . f (12) A matriz A é conhecida como matriz dos coeficientes técnicos diretos e (I – A)-1 de matriz de Leontief ou matriz de coeficientes técnicos diretos mais indiretos. Observa-se, que Equação (12) representa o chamado modelo de insumo-produto, assim, essa equação permite calcular a produção ! necessária para atender à demanda final f. 3.2 MODELO DE PREÇOS Segundo Feijó (2013) o valor da produção das atividades econômicas, também pode ser calculado como: !! = ! !!" + (mj + yj) (13) Rescrevendo os valores da Equação (13) como produto das quantidades por preços, obtém-se: qj . pj = ! !!" . pi + (mj +yj) Em que: qj = quantidade produzida pela atividade j; pj = preço da atividade j. Dividindo a Equação (14) pela quantidade produzida na atividade i, obtemos: (14) !! × !! !! = !!" ! ! . !! ! + !! ! !! 29 (15) !! Considerando: pj = ! !"!" . pj + dj em que se define: dj = (16) !! ! !! !! No sistema de equações, a Equação (16) relaciona os preços pj das atividades com custos dos insumos importados e dos fatores primários por unidade física produzida. Tendo a representação matricial: p = AQ’ . p + d (17) p – AQ’ . p = d p = (I – AQ’)-1 . d Entretanto, Feijó et al. (2013) ressalta que na prática não é possível utilizar a formulação, pois as matrizes de coeficientes técnicos calculam as relações em valor. Portanto, para a viabilidade de aplicações práticas desse modelo de preços, deverá ser admitido que é sempre possível admitir um sistema preço-quantidade no qual os preços são iguais à unidade. Para que isso seja realizado corretamente, basta que sejam escolhidas adequadamente unidades que medem as quantidades. Considerando os preços iguais a 1, as matrizes A e AQ’ são idênticas, e o sistema de preços anteriormente definido pode ser reescrito como: p = (I – A’)-1 . d (18) Nesse sistema preço-quantidade, d é interpretado como o custo de insumos importados e o do valor agregado por unidade monetária produzida. 30 O vetor d pode ser obtido considerando as seguintes variáveis: valor adicionado a preços básicos (yj), importações (mj), impostos sobre produtos (ipj). Assim, para cada atividade j teremos: d! = !! ! !! ! !"! !! (19) Pela Equação (18) o produto de d pela transposta de Z seria igual a 1. Como pode ser observado: d = y + m + ip (20) A participação de cada uma das variáveis na formação do preço pode ser apresentado da seguinte forma: d . Z’ = (y + m + ip) . Z’= y . Z’+ m . Z’+ ip . Z’ Sendo Z’= Transposta de Z. (21) 31 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Resta pouca dúvida que uma depreciação, ou apreciação, permanente da taxa de câmbio no Brasil terá algum efeito na inflação. Afinal, na medida em que o Brasil mantém a sua economia aberta ao comércio exterior, uma mudança da taxa de câmbio afeta os bens comercializáveis - aqueles que são influenciados diretamente pela cotação da taxa de câmbio e, eventualmente, influencia o resto da cadeia de preços, fato denominado pass-through3, ou repasse da depreciação à inflação. O grau de repasse varia de acordo com o grau de abertura da economia, o nível do câmbio real, que captura quão transitório é o movimento cambial, o momento do ciclo econômico e o grau de inércia inflacionária. O Gráfico 1 mostra os movimentos cambiais e de preços (IPA industrial e IPCA) de janeiro de 1999 à janeiro de 2005. As linhas mostram a média trimestral da depreciação do câmbio e da inflação três meses à frente, para levar em conta a defasagem temporal. Como pode ser analisado, há uma relação próxima entre a depreciação do câmbio e a inflação no atacado nos meses seguintes. Pode-se, desta forma, notar a proximidade entre o impacto de uma desvalorização cambial e seu repasse aos níveis de preços domésticos. O fenômeno também pode ser verificado para o período de janeiro de 2007 a setembro de 2013, Gráfico 2, fundamentos do país piorarem ou quando houver um aumento da aversão ao risco no mundo. O mais provável é que a política monetária tenha sucesso e o diferencial de juros possa ser reduzido ao longo do tempo. onde pode-se perceber o relativo acompanhamento dos índices inflacionários, INPC e IPCA, com a trajetória cambial. Para o ano de 2008 o índice acumulado do INPC registrou variação Em 2003, argumentava-se que a política monetária não teria capacidade de debelar a inflação muito elevada herdada da depreciação de 2002. Hoje, duvida-se do efeito do recente aperto monetário. É possível que a inflação venha a ficar um pouco acima da meta ajustada este ano, porque estamos convergindo de uma inflação de 7,6% em 2004. Mas, assim como em 2003, não há motivos para ceticismo quanto à eficácia dos diversos canais de transmissão da política monetária. de 6,3%, já o índice acumulado do INPC demonstrou variação de 5,75%, tendo ainda o cambio valorizado em 32,21%. Gráfico 1 - Desvalorização Trimestral, IPA Industrial e IPCA IPA Industrial adiantado em 2 meses e IPCA em 3 meses Desvalorização Trimestral, IPA Industrial e IPCA IPA Industrial adiantado em 2 meses e IPCA em 3 meses 50% 6,00% 5,00% 40% 4,00% 3,00% 20% 2,00% 10% Inflação Desv Trimestral 30% 1,00% 0% 0,00% -10% -1,00% Desvalorização trimestral MM3 jan/05 nov/04 jul/04 set/04 mai/04 jan/04 mar/04 nov/03 jul/03 set/03 mai/03 jan/03 IPA Industrial MM3 mar/03 nov/02 jul/02 set/02 mai/02 jan/02 mar/02 nov/01 jul/01 set/01 mai/01 jan/01 mar/01 nov/00 jul/00 set/00 mai/00 jan/00 mar/00 nov/99 jul/99 set/99 mai/99 jan/99 -2,00% mar/99 -20% IPCA MM3 Fonte: Portal Brasil. 3 Termo em inglês usado em economia que se refere ao aumento dos preços internos do país, que ocorre quando o dólar se valoriza frente à moeda nacional. Nesse cenário o preço dos produtos importados aumenta, o que permite que os produtores domésticos possam aumentar a margem dos seus produtos sem com isso perder competitividade de mercado. Além disso, o preço dos produtos que utilizam matéria prima importada também tende a subir. Sandroni (1999) 32 Gráfico 2 - Variação Mensal, IPCA, INPC e Câmbio Fonte: Elaboração própria com dados IBGE e IPEADATA. O câmbio desvalorizado pode incentivar as exportações à medida que aumenta em reais o preço dos produtos exportados. Dificulta, entretanto, as importações e aumenta o passivo, tanto do setor público quanto privado, em moeda estrangeira. Para as empresas exportadoras brasileiras, essa depreciação pode ser positiva, entretanto, a economia brasileira depende, por exemplo, de uma grande parcela de importação de máquinas e equipamentos, principalmente em setores industriais, o que por via de repasse de custos, ou maior determinação de markup, tende a encarecer o produto intermediário e final, afetando os níveis de preços repassados ao consumidor. A desvalorização cambial impacta os custos setoriais diretamente, a depender da participação das importações de insumos nos custos variáveis totais. Esse impacto, quase instantâneo, é complementado por um efeito secundário que depende da estrutura do consumo intermediário dos setores. Vale dizer que o efeito secundário é tão maior quanto mais intenso for o uso de insumos importados de seus fornecedores diretos. Esse processo se desdobra em interações sucessivas que se dissipam após o esgotamento dos efeitos de feedback 4 nas cadeias produtivas. Os custos de segmentos que virtualmente não demandam insumos importados podem variar de forma relativamente mais intensa do que setores que demandam diretamente bens importados, pois estes absorvem os impactos derivados da variação dos preços de seus fornecedores domésticos. 4 Aqui nos referimos como efeito de feedback, a tendência de repasses indiretos dos custos de importação por setores que tomam as importações em primeiro, sendo posteriormente vendida na economia nacional, o que geraria um repasse de custos não diretamente pela desvalorização do câmbio. 33 Segundo Feijó et al (2013), variações nos coeficientes técnicos diretos são interpretados como uma medida de mudanças na tecnologia das atividades. Entretanto, ocorre a existência de diversos outros fatores que podem influenciar os coeficientes técnicos diretos. Um fator a ser considerado são os diferentes informantes presentes dentro de cada atividade de uma MIP. Por exemplo, quando nos referimos à atividade automobilística, estamos reunindo informações prestadas por várias empresas – Ford, Volkswagen, Fiat etc. -, com dados de suas unidades produtivas que têm predominância de automóveis em sua produção. Uma unidade produtiva de uma empresa que tenha preponderância de autopeças em sua produção, por exemplo, não estará incluída na atividade de automóveis da MIP, mas sim na atividade de autopeças. (FEIJÓ et al, 2013, p. 341) Sendo assim, qualquer outra forma de informação de uma determinada atividade da MIP deverá ser analisada como sendo a soma das informações prestadas pelos diversos informantes classificados na MIP. Entretanto, a matriz de coeficientes técnicos diretos, não informa com totalidade os efeitos indiretos dos aumentos na produção de uma determinada atividade. Tomando como exemplo a produção de automóveis, pode ser identificado a partir da matriz de coeficientes técnicos diretos a necessidade de aço e pneus para sua produção. Mas é necessário produzir também carvão mineral e borracha, que servirão como insumos básicos na produção de aço e pneus respectivamente. E, mais ainda, para a produção de carvão ou borracha, faz-se necessário a produção de eletricidade. Desta forma essa cadeia de impactos se prolonga indefinidamente. Porém, pode ser demonstrado, através da matriz de coeficientes técnicos diretos mais indiretos, ou matriz de Leontief, a soma de todos esses ciclos de impactos. No Gráfico 3 pode-se visualizar a variação percentual dos preços das 56 atividades produtivas representativas da economia brasileiras. As variações de preços decorrentes do choque cambial variam significativamente de uma atividade para outra. Observa-se por exemplo a baixa variação de preços de 0,17% da atividade 46 (atividades imobiliárias e aluguéis), mas percebe-se uma expressiva variação de preços de 6,56% na atividade 17 (fabricação de resinas e elastômeros). Tais mudanças de preços derivam sobretudo do encarecimento da moeda estrangeira. Entretanto, a variação de preços também é causada pelo grau em que uma atividade absorve de outra, o que denominou-se de feedback. No primeiro caso, observa-se o repasse direto dos custos com produtos importados, no segundo, considerase o efeito indireto, que ocorre quando uma determinada atividade absorve o produto de outra. Gráfico 3 – Variação Percentual de Preços das Atividades Fonte: elaboração própria 34 Tabela 1 – Descrição Setorial dos Resultados Fonte: Elaboração própria. 35 36 Para efeito de análise decidiu-se examinar dentre as atividades, aquelas que apresentam maior relevância dentro das variações de preços apresentadas no gráfico 3. Entretanto, algumas atividades onde não foram encontradas significativas variações de preços, devem ser analisadas por apresentarem significativa participação na formação do produto dentro do contexto econômico nacional e portanto do deflator do PIB. A Tabela 1 apresenta as participações nas despesas, onde pode-se observar os gastos domésticos, gastos com importações, valor adicionado e impostos. Observa-se ainda, a variação de preços por atividade, a participação no valor bruto de produção e a contribuição por atividade no deflator do PIB. Foi definido que as atividades 1 e 2 constituem-se como grupo agropecuário. O setor industrial abrange da atividade 3 à atividade 41. Por último ficou determinado que o setor de serviços é composto das atividades 42 à 56. Após o choque cambial de 20%, a contribuição no deflator do PIB das atividades tem a monta de 2,03%. Demonstra-se por, meio do choque, que uma variação de câmbio tem impacto na variação de preços. Dentro do setor agropecuário, a atividade 1 (agricultura, silvicultura e exploração florestal), apresentou variação de preços de 2,51%, onde os custos com importações representam 6,02% dos gastos totais absorvidos em 2008, conforme a Tabela 1. Nota-se entretanto, que a participação direta do aumento do aumento dos preços dos importados responde a 41,61% do acréscimo total de preços. O restante, 58,39%, responde ao efeito de feedback. Na atividade 1, percebe-se que os valores demandados de outras atividades, de acordo com os índices de coeficientes técnicos diretos, são relativamente baixos, como por exemplo, 9,92% das despesas ocorreram com a atividade 16 (produtos químicos), 5,13% com a atividade 19 (defensivos agrícolas) e 3,63% das despesas ocorreram com a atividade 42 (comércio). Entretanto tais atividades, não representam o total de seu gasto doméstico, onde pode ser observado que o custo doméstico total correspondente a 33,98% em 2008, conforme pode ser visto na Tabela 1. Demonstra-se que a variação de preços não depende exclusivamente da depreciação decorrente do choque cambial; as variações de preços dependem portanto das interações correlativas dentre as atividades, onde são repassados os custos advindos de seu impacto direto da variação de custos com importação. Considerando a variação média de preços da economia brasileira, 2,03%, a contribuição direta da atividade 1 à inflação, apresenta significativo 0,08%, somado a isto, a participação na formação do valor bruto de produção doméstico representa 3,38%. Fato relevante quando analisado o processo inflacionário, pois a atividade é absorvida de forma 37 substancial pela atividade 6 (alimentos e bebidas), na monta de 18,25%. Percebe-se que a atividade 6, representa 24,45% na ponderação dentro do IPCA e 30,01% no INPC, demonstra-se deste modo, o peso da atividade 6 no processo inflacionário, onde indiretamente a atividade 1 é principal fornecedor para a atividade 6. Demonstra-se que, além da atividade 1 contribuir com 0,08% diretamente no deflator do PIB, a atividade contribui de forma indireta na inflação, pelo fato de ser absorvida de forma significativa pela atividade 6, atividade que retém o maior peso de ponderação dentro dos índices de preços ao consumidor. A atividade 2 (pecuária e pesca), apresentou variação de preço correspondente a 1,67%, tendo seu gasto com importações na monta de 2,87%. Nota-se que a atividade representa 1,88% na produção nacional, fator relevante quanto à contribuição no índice geral de preços. A participação no valor bruto de produção da atividade 1 é de 0,03%, portanto, não é uma atividade que pressiona de forma significativa o processo inflacionário. O fator decisivo na variação de preços da atividade 2 se dá sobretudo pelo efeito direto via importações, correspondente a 57,16%. Entretanto, as despesas ocorreram de maneira intensiva da produção advinda da atividade 1 (agricultura, silvicultura, exploração florestal), na ordem de 6,23%, 16,87% das despesas ocorreram com a atividade 6 (alimentos e bebidas), e ainda 4,48% é correspondente às despesas com a atividade 42 (comércio). Portanto, dentro do setor agropecuário, pode-se analisar que as atividades 1 (agricultura, silvicultura, exploração florestal) e 2 (pecuária e pesca), não demandam de maneira significativa outras atividades que alterem de forma substancial seus níveis de preços. Outra constatação é que o setor agropecuário participa diretamente com 0,11% no deflator do PIB, resultado que ocorre pelo pequeno número de atividades do setor. Outro viés é que o setor agropecuário tem relativa importância no valor bruto de produção, 5,26%. Cabe destacar que o efeito indireto do setor agropecuário, via a indústria de alimentos e bebidas, é significativo nos índices de preços ao consumidor. O setor industrial composto por 28 atividades, tem participação de 44,63% na formação do produto da economia brasileira. Sua contribuição na formação no deflator do PIB girou em torno de 1,41% ante os 2,03% de variação média de preços da economia. A atividade 3 (petróleo e gás natural) figura como uma importante atividade do setor industrial. A participação da atividade 3 no valor bruto de produção representa 2,07% do total produzido. Considerando a variação média de preços da economia, 2,03%, a contribuição direta da atividade no deflator do PIB, representou 0,04%. A variação de preços da atividade 3 apresenta-se relativamente baixa, 1,89%, onde os gastos com importações representam 38 5,49% do total de despesas. Nota-se que a participação direta dos aumentos dos preços dos importados responde a 34,43%, o restante 65,57% corresponde aos efeitos de feedback com despesas que ocorreram relacionadas a outras atividades. Na atividade de petróleo e gás natural, as principais despesas foram com os insumos das atividades 28 (produtos de metal – exclusive máquinas e equipamentos) respondendo a 2,85% dos seus gastos domésticos, 2,18% gastos com a atividade 41 (construção civil) e 7,26% gastos com a atividade 43 (transporte, armazenamento e correio). O total de gasto doméstico da atividade é de 40,98%, conforme pode ser visto na Tabela 1. Percebe-se que a variação de preços da atividade 3, corresponde diretamente de maneira significativa ao choque cambial. Entretanto, as despesas ocorridas com outras atividades é relevante, visto que 65,57% corresponderam aos efeitos indiretos do choque cambial. Outra importante atividade é a que corresponde a alimentos e bebidas. Dentro dos índices de preços IPCA e INPC, a atividade tem grande peso na estimação dos índices. A ponderação da atividade de alimentos e bebidas dentro da cesta de produtos componentes dos índices, correspondem no caso do IPCA a 24,45%, na cesta de produtos do INPC o peso da atividade corresponde a 30,01%. Considerando a variação de preços de 2,22% em alimentos e bebidas, a contribuição direta no deflator do PIB responde a 0,14%. Os insumos importados o gasto de 3,28%. Notase que a participação direta dos aumentos dos preços dos importados responde a 67,68%, o restante 32,32% corresponde aos efeitos de feedback. Na atividade 6 (alimentos e bebidas), 18,25% das despesas ocorrem com a atividade 1 (agricultura, silvicultura, exploração florestal), 16,66% ocorrem com a atividade 2 (pecuária e pesca) e 7,02% das despesas ocorrem com a atividade 42 (comércio). Percebe-se que o principal fator da variação de preços da atividade alimentos e bebidas é decorrente da variação do câmbio, com 67,68% dessa variação devido aos seus impactos na demanda por importados. Faz-se a ressalva de que apesar da atividade de alimentos e bebidas não possuir uma ampla variação de preços, a atividade contribui com a segunda maior parcela na formação de inflação do período, ficando atrás apenas da atividade 14 (refino de petróleo e coque), valores que pode ser observados na Tabela 1, correspondendo a 0,14% e 0,17% respectivamente. No Gráfico 3, pode-se analisar a variação no nível de preços das 56 atividades. Entretanto dentre todas, as dez atividades que tiveram a maior variação de preços estão contidas dentro do setor industrial. Sendo elas correspondentes as atividades 14 (refino de petróleo e coque), atividade 16 (produtos químicos), atividade 17 (fabricação de resinas e elastômeros) atividade 39 19 (defensivos agrícolas) atividade 21 (tintas, vernizes, esmaltes e laca), atividade 22 (produtos e preparados químicos diversos), atividade 23 (artigos de borracha e plásticos), atividade 31 (materiais para escritório e equipamentos de informática), atividade 33 (material eletrônico e equipamentos de comunicações) e atividade 38 (outros equipamentos de transporte). Percebe-se que a atividade 14 (refino de petróleo e coque), tem um alto gasto advindo das importações, 20,13%, o que dentre as 56 atividades, é a segunda mais suscetível aos custos dos importados, ficando atrás apenas da atividade 31 (máquinas para escritório e equipamentos de informática). Quando considera-se a variação média de preços da economia de 2,03%, a atividade contribui no deflator com 0,17%. Nota-se pela Tabela 1, que a variação de preço da atividade é a terceira mais alta encontrada, na monta de 5,96%, sobrecarregada pelos altos gastos com importados, 20,13%, onde a participação direta do aumento dos preços dos importados corresponde a 29,61%, tendo portanto 70,39% correspondendo ao efeito de feedback. Alguns altos valores correspondentes às despesas internas da atividade 14 (refino de petróleo e coque), são advindos da atividade 3 (petróleo e gás natural), correspondendo a 48,43% dos gastos domésticos. Entretanto como já analisado, a atividade 3 não possui um alto grau de custos com importações, muito menos absorve grande parcela de outra atividade com alto grau de demanda externa. Destaca-se que a atividade 14 (refino de petróleo e coque) obtém sua variação de preços de forma direta por meio de custos de importações. Enfatiza-se mais uma vez, que a atividade 14 é marcada por uma grande variação de preços, tendo como principal fonte de variação o alto gasto com importados. Pode-se ainda perceber que a atividade contribui com a maior parcela de contribuição no deflator do PIB, onde o valor é de 0,17%. A atividade 16 (produtos químicos) apresentou variação de preços de 5,84%, onde os gastos com importações representam 17,96% dos custos da atividade. Nota-se que a participação direta do aumento dos preços dos importados responde a 32,52% do acréscimo total de preços, em que 67,48% corresponde ao efeito de feedback. Quando se considera a variação média de preços da economia, 2,03%, a contribuição da atividade 16 no deflator do PIB representa 0,09%. Percebe-se que outras atividades demandam de forma intensiva da atividade 16 (produtos químicos), por exemplo, a atividade 17 (fabricação de resinas e elastômeros), onde a despesa com a atividade 16 é de 28,16%. Nota-se que a atividade 17 (fabricação de resinas e elastômeros), apresenta grande variação de preços, na ordem de 6,56%, o que é na verdade a maior variação dentre todas as atividades. Todavia, a atividade 40 17 além de um alto grau absorvido da atividade 16, possui grande custo de importações, valor que correspondente a 20,02%. Pode-se perceber que na atividade 17 a participação direta do aumento dos preços importados responde a 32,77%, onde 67,23% obedece ao efeito indireto de despesas. Considerando a variação de preços da atividade 19 (defensivos agrícolas), 4,42%, a atividade contribui de forma direta no deflator do PIB com 0,01%, ressalta-se que a participação no valor bruto de produção corresponde a 0,34%. Percebe-se que o gasto com insumos importados é 11,51%, tendo a participação direta dos aumentos de preços dos importados a monta de 38,40%, consequentemente, 61,60% correspondem aos efeitos de feedback. Na atividade produtora de defensivos agrícolas, observa-se que a principal despesa se da com a atividade 16 (produtos químicos), 11,47%. Outra observação relevante é que assim como a atividade 17 (fabricação de resinas e elastômeros), a produção de defensivos agrícolas tem despesas significantes com a atividade 16 (produtos químicos), totalizando 11,47%. Quando se considera a variação média de 2,03% nos preços da economia, a contribuição direta da atividade 21 (tintas, vernizes, esmaltes e laca) no deflator do PIB responde a 0,01%, observa-se que a participação da atividade na formação do valor bruto de produção doméstica obedece ao valor de 0,22%. Observa-se que a variação de preços da atividade corresponde a 4,74%, tendo 12,77% das despesas com importados. Percebe-se que 37,12% do acréscimo de preços da atividade se da diretamente por meio de importações, e 62,88% é advindo do efeito indireto de despesas. Já a atividade 22 (produtos e preparados químicos diversos) tem uma variação de preços na ordem de 4,66%. Nota-se que seu gasto com importações é semelhante a atividade 21 (tintas, vernizes, esmaltes e laca), observado na Tabela 1, o valor de 12,69%, tendo a participação direta do aumento dos preços importados respondendo a 36,72%, onde 63,28% responde ao efeito de feedback. Observa-se a atividade 16 (produtos químicos) como principal fonte de despesa doméstica, da atividade 22, na monta de 10,54%. Ressalta-se que a atividade de produtos e preparados químicos diversos, apresenta pouca contribuição na formação do valor bruto de produção, respondendo com 0,28% da produção nacional. A produção de artigos de borracha e plástico é caracterizada sobretudo por sua relativa participação no valor bruto de produção nacional, proporcionando 1,15% do total produzido pela economia brasileira, onde contribui com 0,06% no deflator do PIB. A atividade destacase pela elevada variação de preços, 4,91%, fato que é sobretudo marcado pela alta concentração de custos com importação, valor que corresponde a 12,73%, onde 38,57% 41 responde de forma direta ao aumento de preços dos importados, tendo desta forma, 61,43% da despesa advinda do efeito indireto de feedback. A atividade 23 (artigos de borracha e plástico), prioritariamente despende da atividade 17 (fabricação de resinas e elastômeros), pois 18,46% do total de seu gasto doméstico é sucedida desta atividade. Demonstra-se o fato que os efeitos de feedback tem significativa importância na alimentação da variação de preços da atividade 23, pois como já analisado, 61,43% da despesas ocorrem internamente. Dentro do setor industrial, a fabricação de aço e derivados se apresenta como um forte produtor nacional, onde se percebe que o valor de participação é de 2%. A atividade apresenta relativa alta na variação de preços, 3,64%, sobretudo pelo grande custo com importados, 10,78%. A participação direta do aumento dos preços dos importados responde a 33,77%. Nota-se portanto que o efeito indireto é o maior causador de variação de preços da atividade, onde se percebe a monta de 66,23%. Observa-se que a atividade tem gastos domésticos de 55,55%, onde a despesas ocorrem em maior grau com a atividade produtora de minério de ferro, correspondendo a 7,8% do seu gasto doméstico. Ressalta-se que a atividade 26 (fabricação de aço e derivados) contribui de forma direta no deflator do PIB com 0,07%, fato importante quando comparado a outras atividades que não repassam de forma tão intensa o percentual observado. Considerando a variação média de preços da economia de 2,03%, a atividade 29 (máquinas e equipamentos, inclusive manutenção e reparos) contribui de forma direta no deflator do PIB com 0,07%, onde sua variação de preços é de 3,41%. A atividade 29 que representa uma importante atividade base dentro do contexto produtivo nacional, constitui em 1,91% na formação do valor bruto de produção. Percebe-se que o gasto doméstico da atividade gira em torno de 56%, sobretudo com despesas nas atividades de fabricação de aço e derivados, 13%, e com despesas na atividade de produtos de metal, 6,4%. Atenta-se ao fato de que 8,64% de seu custo total é advindo de bens importados, onde 39,47% é a participação direta dos preços dos importados. O restante, 60,53%, corresponde ao efeito feedback. Sozinhas as atividades 31 (máquinas para escritório e equipamentos de informática) e 33 (material eletrônico e equipamentos de comunicação), contribuem com 0,06% ao deflator do PIB, onde a variação média de preços da economia é 2,03%. As atividades possuem um alto nível de variação de preços, onde 6,25% correspondem a atividade 31 e 5,09% correspondem a atividade 33. Nota-se que na atividade 31 (máquinas para escritório e equipamentos de informática) um alto custo com valores importados, correspondente a 22,22%, tendo a participação direta 42 do aumento dos preços dos importados a monta de 28,08%. Porém pelo fato da atividade contribuir com apenas 0,43% na participação do valor bruto de produção, não faz com que a atividade repasse de forma direta e expressiva sua elevação de preços ao deflator do PIB, contribuindo com 0,03%. Ocorre processo semelhante com a atividade 33 (material eletrônico e equipamentos de comunicação), onde com custos importados observa-se o montante de 16,36%, do qual 31,11% é a participação direta do aumento de preços dos importados. Nota-se que a atividade 33 contribui com 0,03% no deflator do PIB, fato ressaltado pela participação no valor bruto de produção, 0,62%. Faz-se a ressalva que os gastos domésticos das atividades 31 (máquinas para escritório e equipamentos de informática) e 33 (material eletrônico e equipamentos de comunicação) giram na média de 57,80%, onde a maior despesa da atividade 31 é justamente oriunda da atividade 33 (material eletrônico e equipamentos de comunicações) com 16,36%. Já na atividade 33 a maior despesa decorre com a atividade 32 (máquinas, aparelhos e materiais elétricos), onde se observa o valor de 10,8%. As atividades 35 (automóveis, camionetas e utilitários), 36 (caminhões e ônibus), 37 (peças e acessórios para veículos automotores) e 38 (outros equipamentos de transporte) correspondem com 4,31% na participação do valor bruto de produção. No deflator do PIB, as atividades somadas corresponderam a 0,18% de contribuição à inflação, fator relativamente elevado quando comparado a outras atividades produtivas. Os gastos domésticos do grupo de atividades tem a característica de ser relativamente elevada, dando destaque as atividades 35 e 36 com valores de 71,91% e 70,98% respectivamente. Nota-se que na atividade 35 o aumento dos preços dos importados responde diretamente na variação de preços a 41,51% e na atividade 36 responde a 41,44%. Observa-se o alto índice de custos de bens importados, destacado principalmente pela atividade 38 (outros equipamentos de transporte), onde se constata o valor de 16,12%, sendo 32,94% a participação direta do aumento de preços dos importados. Todavia, os altos gastos com importados são observados nas outras atividades como, por exemplo, 9,95% para a atividade 35 (automóveis, camionetas e utilitários), 9,99% na atividade 36 (caminhões e ônibus) e 8,70% na atividade 37 (peças e acessórios para veículos automotores). Neste sentido, pode-se concluir que a alta variação de preços no grupo de atividades é advinda principalmente dos gastos com importados. Entretanto, destaca-se as despesas com outras atividades como, por exemplo, a atividade 35 que despende 20,34% com a atividade 37. A atividade 36, despende 25% também com a atividade 37, já a atividade 37 despende 43 13% com a atividade 26 (fabricação de aço e derivados). Constata-se que as despesas indiretas das atividades 35 e 36 são advindos da atividade 37. Nota-se que a atividade 37 despende grande parcela com a atividade 26 (fabricação de aço e derivados). Por último, no que ficou definido de setor industrial, a atividade 41 (construção civil) apresenta significância pelo fato de contribuir com 4,58% da produção nacional. A atividade contribui no deflator do PIB com 0,08%, tendo variação de preços de 1,82%. Esta tem relativa importância sobretudo por sua alta participação no valor bruto de produção, pois pela variação de preços o setor não representa mudança considerável. A atividade de construção civil, detêm gastos com importações na ordem de 3,47%, onde 52,45% é a participação direta do aumento dos preços dos importados. O restante, 47,55%, corresponde ao efeito feedback. A atividade de construção civil despende em grande parcela com a atividade 25 (outros minerais não metálicos), 9,33%. Entretanto, nota-se que 5,69% é a despesa com a atividade 42 (comércio). Pelas análises anteriores, pode-se observar que o setor industrial composto por 28 atividades, totaliza 44,63% da participação no valor bruto de produção. Sua contribuição na variação do deflator do PIB gira em torno de 1,41%. Destaca-se que as maiores variações de preços dentre todos os setores estão dentro do setor industrial. Nota-se as variações de preços das atividades 14 (refino de petróleo e coque) com variação de preços de 5,96%, a atividade 17 (fabricação de resinas e elastômeros) com variação de preços de 6,56%, a atividade 31 (maquinas para escritório e equipamentos de informática) com variação de preços de 6,24% e a atividade 38 (outros equipamentos de transporte) com variação de preços de 5,31%. Relembra-se ainda a grande participação no deflator do PIB das atividades 6 (alimentos e bebidas) com 0,14%, da atividade 14 (refino de petróleo e coque) com 0,17%, atividade 16 (produtos químicos) com 0,09%, da atividade 26 (fabricação de aço e derivados) com 0,07% e atividade 41 (construção civil) com participação no deflator do PIB de 0,08%. O setor de serviços é marcado pela maior parcela de participação no valor bruto de produção dentre os setores, 50,12%. Entretanto, contribui com apenas 0,5% no deflator do PIB. O comércio, atividade 42, é a principal atividade que coopera com a produção nacional, com participação no valor bruto de produção de 8,61%. Contribui ainda com 0,08% no deflator do PIB, porém sua variação de preços é de apenas 0,91% frente ao choque cambial. Outro dado importante é que seu custo com bens importados gira em torno de 2,38%, tendo 38,24% a participação direta do aumento dos preços dos importados. Quando se analisa a atividade 45 (intermediação financeira, seguros e previdência complementar e serviços relacionados) percebe-se que a atividade participa no valor bruto de 44 produção com 5,23%, onde contribui com 0,03% no deflator do PIB. A atividade apresenta variação de preços de 5,23%, onde gasta 1,69% com bens importados. A atividade 46 (atividades imobiliárias e aluguéis) demonstra sua importância na participação do valor bruto de produção, participando com 4,28%. Todavia contribui com apenas 0,01% no deflator do PIB. Detém variação de preços na ordem de 0,17%, onde apresenta gastos com importados de 0,32%. Percebe-se gastos domésticos de 6,62%, onde tem despesas principalmente com as atividades 45 (intermediação financeira, seguros e previdência complementar e serviços relacionados), 2,52%, e com a atividade 53 (serviços domésticos), 1,30%. Dá-se destaque à atividade 56 (administração pública e seguridade social) onde contribui com 7,56% no valor bruto de produção. Colabora com 0,06% no deflator do PIB, contudo varia apenas 0,74% seu preço frente ao choque de câmbio. Percebe-se que a variação de preços não está relacionado diretamente com custos de bens importados, onde a monta é de 1,64%, tendo 45,12% como participação direta do aumento dos preços importados. O setor de serviços é sem sombra de dúvidas, o setor que mais contribui com o valor bruto de produção, 50,12%. Entretanto a contribuição no deflator do PIB é de apenas 0,5%. Percebe-se claramente que os custos com bens importados é o menor dentre os setores analisados. Enfatiza-se que a média de variações de preços gira em torno de 1,06%, dando-se destaque a atividade 43 (transporte armazenagem e correio), com variação de preços de 2,4% e 51 (saúde mercantil), com variação de 1,47%. Como a variação do choque cambial impactou somente no vetor de importações, é possível afirmar que o impacto na variação dos preços das atividades é devido significativamente a este fator. Pode-se, entretanto, observar que além do efeito direto do aumento dos preços do importados, o efeito indireto de custos sobre as atividades é relevante na variação de preços, fato que denominou-se de feedback. A proximidade da alta no nível de variação de preços da economia de 2,03% entra em consonância com a variação acumulada do IPCA e INPC, onde o IPCA, no período de janeiro de 2007 a setembro de 2013 registrou alta de 35,85% e o INPC alta de 37,19%, tendo alta no câmbio de 11,59%. Desta forma, a desvalorização cambial impacta os custos setoriais de uma forma direta tendo uma elevação de custos quase que instantânea como, por exemplo, nas atividades 16 (produtos químicos), 26 (fabricação de aço e derivados), 33 (material eletrônico e equipamentos de comunicações) e 38 (outros equipamentos de transporte). Entretanto esse impacto quase instantâneo é complementado por um efeito secundário que depende da 45 estrutura do consumo intermediário dos setores, de modo que tal efeito secundário é tão maior quanto mais intenso for o uso de insumos importados de seus fornecedores nacionais diretos. Percebe-se este fato, por exemplo, nas atividades 17 (fabricação de resinas e elastômeros), 19 (defensivos agrícolas), 21 (tintas, vernizes, esmaltes e laca) e na atividade 22 (produtos e preparados químicos diversos), que demandam em grande parte da produção da atividade 16 (produtos químicos). Este processo se desdobra em interações sucessivas que se dissipam após o esgotamento dos efeitos de feedback nas cadeias produtivas. Os custos de segmentos que virtualmente não demandam insumos importados podem variar de forma relativamente mais intensa do que setores que demandam diretamente bens importados, pois as atividades que despendem de outras em grande parcela, além do aumento dos preços dos importados, absorvem os impactos decorrentes de outras atividades. 46 5 CONCLUSÃO A grande questão no desenvolvimento do trabalho foi propor que o impacto de uma desvalorização do câmbio não afeta apenas de forma direta as despesas das atividades. A desvalorização cambial impacta as despesas setoriais diretamente, a depender da participação das importações de insumos nos custos variáveis, e é despendido por outras atividades através do efeito de feedback. Desta forma o impacto, quase instantâneo, é complementado por um efeito secundário que depende da estrutura do consumo intermediário dos setores internalizados. O efeito secundário é tão maior quanto mais intenso for o uso de insumos importados de seus fornecedores diretos dentro da cadeia nacional. Como a variação do choque cambial, impactou somente no vetor de importações, é possível afirmar que o impacto na variação dos preços das atividades é devido significativamente a este fator. Pode-se entretanto observar, que além do efeito direto do aumento dos preços do importados, o efeito indireto de custos sobre as atividades é relevante na variação de preços, fato que denominou-se de feedback. Observou-se que após um choque cambial de 20%, ocorreu variação de 2,03% no deflator. A variação no deflator entra em consonância com a variação acumulada do IPCA e INPC, onde o IPCA, no período de janeiro de 2007 a setembro de 2013 registrou alta de 35,85% e o INPC alta de 37,19%, tendo alta no câmbio de 11,59%. Desta forma, a desvalorização cambial impacta os custos setoriais de uma forma direta tendo uma elevação de custos quase que instantânea, como por exemplo nas atividades 16 (produtos químicos), 26 (fabricação de aço e derivados), 33 (material eletrônico e equipamentos de comunicações) e 38 (outros equipamentos de transporte). Entretanto esse impacto, quase instantâneo, é complementado por um efeito secundário que depende da estrutura do consumo intermediário dos setores. Percebe-se este fato, por exemplo, nas atividades 17 (fabricação de resinas e elastômeros), 19 (defensivos agrícolas), 21 (tintas, vernizes, esmaltes e laca) e na atividade 22 (produtos e preparados químicos diversos), que demandam em grande parte da produção da atividade 16 (produtos químicos). Lembra-se que este processo se desdobra em interações sucessivas que se dissipam após o esgotamento dos efeitos de feedback nas cadeias produtivas. Os custos de segmentos que virtualmente não demandam insumos importados podem variar de forma relativamente mais intensa do que setores que demandam diretamente bens importados, pois as atividades 47 que despendem de outras em grande parcela, além do aumento dos preços dos importados, absorvem os impactos decorrentes de outras atividades. Nota-se que a economia brasileira pode ser analisada de forma estrutural. A inflação estrutural, como colocado por Rangel (1963) é definida por desequilíbrios da economia, onde é manifestada por meio da recessão e da própria inflação. Desta forma, encontramos o processo inflacionário ligado a pontos de estrangulamento na oferta de determinados bens internos ou vindos de economias estrangeiras como, por exemplo, nas atividades chave de produtos químicos e aço e derivados. Sendo este portanto, um ponto advindo de um mecanismo auto-protetivo dos agentes econômicos nacionais, o que tende ser repassado, pelo efeito de feedback, de forma substancial a outras atividades. 48 REFERÊNCIAS BULMER-THOMAS, V. Input-output analysis in development countries. New York: John Wiley & Sons, 1982. BALASSA, Béla. Trade policies in developing countries. American Economic Review. Nashville, vol. 61, n. 2. p. 14-43. 1971. CARVALHO, Fernando J. Cardim de et al. Economia Monetária e Financeira: Teoria e Política. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2007. FEIJÓ, Carmen Aparecida et al. 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