Janeiro/2012 SERVIÇOS EXPORTAÇÕES BRASILEIROS DE SERVIÇOS “Sabe-se que há um campo enorme para a evolução das exportações de serviços brasileiros, mas alguns entraves precisam ser superados” Oportunidades & Negócios A exportação de serviços é um dos fenômenos mais dinâmicos da economia internacional contemporânea. Algumas atividades relacionadas à saúde, educação, serviços legais e contábeis, pesquisa e desenvolvimento, publicidade, design ganharam uma proporção bem maior com o passar do tempo. Há um tempo elas eram prestadas praticamente dentro das fronteiras de cada país e hoje em dia são comercializáveis com frequência no âmbito mundial. Alguns segmentos já têm tradição em exportação de serviços no Brasil, como por exemplo os de: Transporte de cargas e passageiros; Turismo; Comunicação; Construção; Bancários e Financeiros; Tecnologia da Informação; Arquitetura, engenharia e outros serviços técnicos. Por sinal, o Brasil atualmente é o maior exportador de serviços na América Latina. Segundo o IBGE (1), o país foi responsável por 40% das exportações de serviços da América Latina em 2010 contra 15% em 1985, ultrapassando o México – 27% em 1985 para 17% atuais. Houve um crescimento de 24% das exportações em 2010 contra queda de 8,8% em 2009, por conta da crise mundial. Por outro lado, nossas exportações representaram apenas 0,9% das transações mundiais de serviços em 2008, mesmo que isso seja um avanço em relação aos 0,4% em 1990. O mais interessante é constatar que quase 78% das 30 mil empresas exportadores são MPE, as quais respondem por apenas 11,5% do faturamento. Sabe-se que há um campo enorme para a evolução das exportações de serviços brasileiros, mas alguns entraves precisam ser superados, tais como: Ausência de políticas públicas que incentivem a exportação de serviços, principalmente para as MPE; Uma legislação tributária e fiscal que onera demasiadamente os custos do exportador; Falta de certificação das empresas brasileiras que gerem maior credibilidade no exterior; Dificuldade de obtenção de crédito para financiamento das operações; Incapacidade de prospecção de mercados para promoção dos serviços. A nova crise mundial iniciada no final de 2010, resultou em um mau desempenho da economia brasileira com previsão de crescimento em torno de 2,87% em 2011. Em especial, o setor de serviços teve uma retração no 3º trimestre, juntamente com o setor industrial, e o ano de 2012 apresenta-se sombrio com a perspectiva de continuidade da crise, principalmente na Comunidade Econômica Europeia. Por isso, governo e iniciativa privada não devem poupar esforços no sentido de criar condições que ajudem a superar as barreiras que o presente cenário construiu. O Governo Federal desenvolveu o Programa de Financiamento às Exportações (Proex) para dar apoio à Exportação de Serviços, proporcionando às exportações brasileiras de bens e serviços melhores condições de financiamento a fim de igualar as condições do mercado internacional. O agente financeiro para operacionalização do programa é o Banco do Brasil. Oportunidades & Negócios Outra iniciativa do governo veio com o desenvolvimento do SISCOSERV (https://www.siscoserv.mdic.gov.br) . Recentemente aprovado no Senado Federal, o SISCOSERV é um sistema com o objetivo de subsidiar a Administração Pública com informações fiscais e comerciais relativas às operações de comercialização realizadas entre residentes ou domiciliados no País e residentes ou domiciliados no exterior de serviços, de intangíveis e de outras operações que produzam variações no patrimônio das entidades. O Sistema contribuirá com o aprimoramento dos meios para as atividades de formulação, acompanhamento e aferição das políticas públicas relacionadas, interligando diversas ações de Governo. Há também ações específicas para determinados segmentos, como por exemplo a PEC da Música. Esse projeto de lei, que ainda tramita na Câmara e no Senado, propõe a isenção total de impostos para a produção e comercialização de produtores brasileiros do segmento. Naturalmente, se aprovada, a medida traria um enorme ganho para esses produtores, o que ajudaria a torná-los mais competitivos em termos de preço nos mercados internacionais. De fato, tais medidas podem trazer incentivo às exportações de serviços, mas ainda são consideradas insuficientes para consolidar uma alavancagem significativa e sustentável para o setor. Há muito o que fazer, principalmente em termos de apoio à capacitação das empresas para a exportação de seus serviços, na prospecção de mercados e na promoção de seus serviços. Nesse sentido, a APEX pode ser uma importante entidade governamental de apoio ao setor. Por outro lado, as próprias empresas exportadoras ou potenciais exportadoras devem cumprir a sua parte, tomando iniciativas principalmente no sentido de: Promover a qualificação de sua mão de obra; Desenvolver estratégias de tangibilização de seus serviços, entre as quais a certificação é a principal; Ajustar-se às melhores práticas de seus setores; Desenvolver programas de inovação e criatividade, visando à maior competitividade nos mercados internacionais. Oportunidades & Negócios Sob o ponto de vista das formas de exportação de serviços, torna-se importante compreender as diferentes estratégias de acesso aos mercados internacionais, pois dependendo das características de cada serviço uma estratégia pode ser mais aplicável do que outra. Sob esta ótica os serviços podem ser: Baseados em presença física – requerem a presença física do prestador de serviços no exterior, de forma permanente. Exemplos: construção civil, beleza e estética, lavanderia, etc. Baseados em contato – nem sempre é necessário manter uma representação permanente no exterior. Contato pessoal ou por internet ocasionais. Exemplos: advocacia, marketing & comunicação. Baseados em ativos - requerem investimentos no exterior para que possam ser internacionalizados. Por exemplo, uma empresa de lanchonetes tipo fast-food que tenha a intenção de se internacionalizar, só poderá fazê-lo de duas formas: abrindo lojas próprias ou fazendo franquia. Baseados em objetos (produtos) - são intensivos em conhecimento, ou seja, também requerem profissionais especializados, mas diferem dos serviços baseados em contato porque são separáveis: podem ser produzidos, estocados e só depois vendidos e usados. Exemplos: software, serviços de pesquisa e desenvolvimento (P&D), cinema e TV, música, arquitetura, engenharia consultiva, design, serviços gráficos e editoriais, etc. Pós-venda e agregados a produtos - os serviços agregados a produtos são aqueles que acompanham o produto na venda, enquanto os serviços pós-venda são aqueles que se seguem à aquisição de um produto ou serviço, tais como serviços de entrega, instalação, manutenção e reparo. Em alguns setores, como automobilístico, eletroeletrônico e de tecnologia da informação, os serviços pós-venda chegam a constituir quatro a cinco vezes o faturamento obtido com a venda original do equipamento. Operados a distância – serviços que podem utilizar a tecnologia e a internet para executar o serviço sem requerer o deslocamento físico. Requerem alta tecnologia e “know-how”. Exemplos: cirurgias, manutenção de computadores, suporte técnico, educação a distância, serviço de atendimento a clientes, consultorias, lojas virtuais de comércio eletrônico, etc. Eventualmente, uma mesma empresa pode adotar mais de um dos tipos descritos acima, porém o mais importante é que ela esteja bem estruturada para atender às exigências do mercado consumidor internacional. Por isso, uma das ações mais importantes durante uma eventual prospecção de mercados é procurar compreender o perfil do consumidor e seu grau de exigência com relação ao serviço prestado. O Brasil tem um potencial enorme para exportação de serviços, com tradição elevada, por exemplo, nos segmentos de audiovisual (novelas, seriados, etc.), música, publicações editoriais, serviços de informação e artes contemporâneas. Outros segmentos apresentam potencial, mas ainda com pouca representatividade nas exportações, como é o caso de consultorias em geral, economia criativa (comunicação e marketing), serviços de tecnologia da informação, logística, educação a distância, etc. Oportunidades & Negócios Com bastante criatividade e inovação é possível fazer sucesso com pequenos empreendimentos no mercado internacional. Esse é o caso, por exemplo, do Brazilian Wax. Nos Estados Unidos, uma das formas mais conhecidas de depilação feminina é o Brazilian Bikini Waxing (“depilação brasileira para biquíni”), que remove bem mais pelos do que a forma americana de depilar a virilha. Um episódio do seriado “Sex and The City”, no ano de 2000, ajudou a popularizar a expressão. A quantidade de celebridades que aderiram ao método fez com que ele também fosse chamado de Hollywood Waxing. Reny Ryan foi morar na Califórnia para escapar de um marido violento. Lá, no final dos anos 1980, começou a fazer um curso de estética e ficou surpresa com o vídeo antiquado de treinamento para ensiná-las a depilar. Explicou que era brasileira e sabia remover os pelos de outra maneira. Acabou se tornando assistente da professora. Hoje, Ryan tem sua própria clínica de estética, a Reny’s Skin Care. Recebe todo tipo de cliente: jovens, senhoras e até homens. Acabou escrevendo um livro “Confessions of a brazilian bikini waxer” e fez um enorme sucesso. A autora conta como começou a vida de depiladora e como as mulheres da Califórnia foram aos poucos começando a se interessar pela novidade. Antes de Reny, outra depiladora brasileira, Janea Padilha, já tinha escrito um livro, se proclamando pioneira do Brazilian waxing. Bem, se não a inventou, pelo menos levou a técnica às celebridades americanas no salão J. Sisters, onde trabalha com suas seis irmãs em Nova York. Algumas de suas clientes são Gywneth Paltrow, Uma Thurman, Cameron Diaz e Sarah Jessica Parker. Tanto o negócio de Ryan, quanto os das irmãs J. Sisters, são muito prósperos e comprovam que um empreendimento criativo e inovador pode levar o empresário brasileiro de serviços ao sucesso no exterior. No entanto, é importante lembrar que, apesar de representar quase 68% do PIB brasileiro, há uma longa estrada a se percorrer pela frente no sentido de alavancar as exportações de serviços, pois um país com a grandeza e o potencial do Brasil não pode se contentar em ter uma participação menor do que 1% do comércio internacional de serviços. Além disso, esse elevado percentual de serviços do PIB é devido aos setores de serviços públicos e/ou essenciais, tais como telecomunicações, energia, gás, saneamento, saúde, construção civil, etc., com baixa contribuição das MPE. E o desafio nesse sentido não é somente o de exportar mais e sim o de internacionalizar as empresas, ou seja, prepará-las para competir no mercado internacional. http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza. php?id_noticia=1860 ; http://www.estadao.com.br/noticias/economia,falta-incentivo-paraexportacao-de-servicos-dizem-especialistas,414017,0.htm BOLETIM DE OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS é uma publicação da Unidade de Acesso a Mercados e Serviços Financeiros SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Roberto Simões Diretor-Presidente: Luiz Barretto Diretor-Técnico: Carlos Alberto dos Santos Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos UAMSF - NIM - Núcleo de Inteligência de Mercados UACS- Unidade de Atendimento Coletivo Serviços- Carteira de Serviços Conteudista: Marcos Robstein Diagramação: Amanda Rodrigues Endereço: SGAS 604/605, módulos 30 e 31, Asa Sul, Brasília/DF, CEP: 70.200-645