UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Campus de Guaratinguetá Bruno Aguiar Luz (102111) Cyro França Ferraz (100281) Leonardo Fraga Damasceno (100901) Luiz Henrique Torres da Costa (101031) Introdução à Engenharia e Metodologia Científica Palestra – Decifrando a Máquina de Anticítera Introdução à Engenharia e Metodologia Científica Profº Marcelo Augusto Santos Torres Guaratinguetá 2010 Decifrando a Máquina de Anticítera Em 1901, pescadores encontraram nas proximidades da ilha de Anticítera peças de bronze da Grécia Antiga datadas de aproximadamente 100 a.C. As peças foram logo levadas ao Museu Nacional de Arqueologia de Atenas, onde foi descoberto que dentre elas, havia fragmentos de uma complexa máquina astronômica. Na década de 1950, o físico e historiador de ciência britânico Derek de Solla Price passou a estudar o que foi chamado de “Máquina de Anticítera”, descobrindo parte de sua funcionalidade e surpreendente complexidade. Recentemente, o principal grupo de estudo da Máquina de Anticítera é o “Antikythera Mechanism Research Project”, que com o apoio tecnológico de empresas, conseguiu analisar mais a fundo o mecanismo e averiguar sua eficiência no cálculo e na exibição de dados celestes. Desse modo, sabe-se que a máquina consistia em trens de engrenagens contidos numa caixa de madeira. Estas engrenagens, relacionando-se de forma extraordinariamente complexa para um dispositivo da Idade Antiga, calculavam posições relativas de astros e até mesmo previam eclipses. O dispositivo agregava conhecimentos helênicos e babilônicos, acumulados em centenas de anos de observação, contendo como pilares para seu entendimento o ciclo Metônico e o ciclo de Saros, que são os responsáveis pela organização em forma de calendários (com precisão de 1/76 dia a cada 19 anos) e pelas relações que apontavam às informações celestes. Além do incrível conhecimento revelado pelo equipamento, o que impressiona é a enorme precisão com a qual cada componente foi construído. As engrenagens possuem dentes de aproximadamente 1,5mm, revelando precisão não vista pela Europa até os séculos XVI e XVII, empregada nos relógios modernos ingleses, por exemplo. A revista científica Nature referiu-se à máquina desta maneira: "O antigo mecanismo de Anticítera não apenas desafia nossas suposições sobre o progresso da tecnologia ao longo das eras - ele nos dá novos esclarecimentos sobre a própria História.” Assim destaca-se, nas contribuições da antiguidade clássica ao desenvolvimento da humanidade, um ramo que geralmente não recebe grande atenção na Grécia Antiga: a Mecânica.