Qualidade de Vida do Paciente Renal Crônico em Tratamento de

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Qualidade de Vida do Paciente Renal Crônico em Tratamento de Hemodiálise
INTRODUÇÃO: A doença renal crônica emerge sério problema de saúde pública, pois
a qualidade de vida é influenciada pela doença e tipo de terapia substitutiva da função
renal. OBJETIVOS: avaliar a qualidade de vida do renal crônico em tratamento
hemodialítico, identificar atividades cotidianas comprometidas e a interação social e
familiar. MÉTODO: quantitativo, utilizou-se versão em português do Medical
outcomes study 36–Item Short Form Health survey (Questionário SF-36). Na primeira
fase atribui-se pontuação correspondente às questões, na fase chamada cálculo de Raw
Scale, transformou-se o valor da questão em notas de 8 domínios que variam de 0 a 100,
obtendo-se médias dos domínios. RESULTADOS: A qualidade de vida desta
população está comprometida pelas atividades diárias de capacidade funcional,
atividades vigorosas, moderadas e outras. CONSIDERAÇÕES FINAIS: É
fundamental o envolvimento da atenção básica no desenvolvimento de trabalhos
educativos nos grupos de risco para doença renal crônica.
Descritores: Qualidade de vida. Insuficiência renal crônica. Terapia de substituição
renal.
ABSTRACT
INTRODUCTION: The chronic kidney disease emerges serious public health
problem because the quality of life is influenced by disease and by type of replacement
therapy on renal function. OBJECTIVES: To evaluate the quality of life of chronic renal
patient on hemodialysis, to identify impaired daily activities and family and social
interaction . METHOD: Quantitative, we used the Portuguese version of the Medical
Outcomes Study 36-Item Short Form Health survey (Questionnaire SF-36). In the first
phase is assigned scores corresponding to points in the phase called Raw Scale
calculation, the value was became into notes of eight areas ranging from 0 to 100,
resulting in average scores. RESULTS: The quality of life in this population is
compromised by the functional capacity of daily activities, vigorous , moderate and
others types of activities. CONCLUSION: It is essential to involve primary care in the
development of educational work in groups at risk for chronic kidney disease.
Keywords: Quality of life, Chronic renal failure, Renal replacement therapy.
1 INTRODUÇÃO
A doença renal crônica (DRC) emerge como um sério problema de saúde
pública em todo mundo, sendo considerada uma “epidemia” de crescimento alarmante.
Estima-se que existam mais de 2 milhões de brasileiros portadores de algum grau de
disfunção renal. A presença de disfunção renal eleva o risco de morrer prematuramente
por doença cardiovascular em cerca de 10 vezes em comparação à população normal.
Independentemente da causa da DRC, a presença de obesidade, dislipidemia e
tabagismo acelera a sua progressão culminando com a necessidade de Terapia Renal
Substitutiva – TRS (12).
A Qualidade de Vida (QV) refere-se à forma como o indivíduo percebe a si
mesmo e como avalia suas relações no contexto da cultura e dos valores do meio em
que vive, bem como suas próprias metas, expectativas, padrões e conceitos. A avaliação
da QV tem sido um parâmetro mundialmente usado, por se tratar da percepção do
individuo em relação a sua própria vida. É uma avaliação carregada de subjetividade,
mas não é apenas uma impressão em relação as suas condições reais de saúde, estudos
têm mostrado que a avaliação auto-referida da condição de saúde como escasso ou
pobre tem maior risco de mortalidade do que aqueles que referem ter melhor estado de
saúde.
Em pacientes com Insuficiência renal crônica, no que se refere a qualidade de
vida, está pode estar influenciada pela própria patologia e ou pelo método de terapia
substitutiva da função renal. Ainda fatores como idade avançada, presença de anemias,
co-morbidades e sentimentos depressivos pode influenciar negativamente na qualidade
de vida. Tais problemas quando detectados no inicio do tratamento podem ser
manejados de forma adequada com intervenções que possibilitem uma terapêutica
positiva na evolução da doença (13).
São inúmeras as dificuldades enfrentadas pelo paciente portador da doença renal
crônica, as quais influenciam o seu dia-a-dia e o modo de se relacionar, seja pela
dependência da máquina ou pelas idas ao médico, dificultando, dessa forma, o
desempenho das suas atividades ocupacionais (1), o quê, conseqüentemente, desestrutura
sua vida diária.
A Doença Renal Crônica e suas complicações decorrentes do tratamento afetam
as habilidades funcionais do paciente, limitando suas atividades diárias
(5)
. É um
problema de Saúde Pública mundial – sua incidência e prevalência aumentam
progressivamente com evolução desfavorável e custo elevado (10).
Esses pacientes que dependem de tecnologia avançada para sobreviver,
apresentam limitações no seu cotidiano e vivenciam inúmeras perdas e mudanças
biopsicossociais que interferem na sua qualidade de vida tais como: a perda do
emprego, alterações na imagem corporal, restrições dietéticas e hídricas (8).
Qualidade de vida é definida pela Organização Mundial de Saúde (1998) como
"a percepção do indivíduo acerca de sua posição na vida, no contexto cultural e sistema
de valores do local onde vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações". Em um sentindo amplo, abrange a capacidade funcional física,
psicológicas, bem estar social e econômico e/ou vocacionai, e condições religiosas e/ou
espirituais(13).
Assim, despertou-se o interesse em investigar como está a qualidade de vida dos
pacientes renais crônicos em tratamento de hemodiálise em um município do oeste de
Santa Catarina.
1.1 OBJETIVOS
O presente trabalho tem como objetivo avaliar a qualidade de vida do paciente
renal crônico em tratamento de hemodiálise, e identificar as atividades cotidianas
comprometidas bem como a interação social e familiar.
2 METODO
Para tanto foi realizado um estudo descritivo, com abordagem quantitativa,
como instrumento de coleta de dados foi utilizado o Questionário Genérico de
Qualidade de Vida SF-36. Com esse questionário foram avaliados os seguintes
domínios ou escalas: Capacidade Funcional, Aspectos Físicos, Dor, Estado geral de
saúde, Vitalidade, Aspectos Emocionais e Saúde Mental.
Considerando a versão Brasileira do questionário SF-36 as 8 escalas foram
analisadas separadamente e as 4 primeiras escalas são respectivamente avaliação da
saúde física e as 4 ultimas escalas correspondem a avaliação de saúde mental.
Para avaliação dos resultados é dado um escorre a cada questão que,
posteriormente são transformados em uma escala de 0 a 100 onde o 0 (zero)
corresponde a um pior estado de saúde e o 100 a um melhor estado de saúde(13).
Calculou se a média e analisou-se o significado dos dados obtidos através do
questionário. Após a aplicação do instrumento e a análise dos dados, os mesmos foram
tabulados e os resultados analisados no programa Microsoft Excel®.
3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Do total de 138 pacientes em tratamento de hemodiálise 20% deles participaram
da pesquisa num total 28 pacientes (N= 28). A média de idade foi de 48,9 anos
(variação 20 a 76), como se observa na figura abaixo, 50% da população da amostra
tinha entre 40 a 59 anos.
60%
50%
Nº de Indivíduos
50%
40%
30%
28%
21%
20%
10%
0%
20 a 39 anos
40 a 59 anos
60 anos e mais
Faixa etária
Figura 01 - Distribuição por idade
Fonte: Os autores
Em vários estudos tem se percebido a predominância de pessoas idosas em
tratamento de hemodiálise, “é observado o predomínio de pacientes idosos em
hemodiálise(15). Na América Latina, 40% dos pacientes incidentes em programa dialítico
têm mais de 65 anos. Este achado pode ser atribuído ao aumento da expectativa de vida
da população, ao aumento na admissão de pacientes idosos ao tratamento dialítico e
também à história natural das doenças como diabetes mellitus e hipertensão arterial, que
levam à perda da função renal com o passar dos anos”. Porém o presente estudo houve
um predomínio de pessoas entre 40 a 59 anos, o que pode ser justificado pelo critério de
seleção onde foi entrevistado os que tinham capacidade de audição e de verbalização.
Dos pacientes em diálise, 26% tem mais de 60 anos de idade, e essa proporção tende a
se elevar com o aumento na expectativa de vida desta faixa etária (12).
O predomínio de pessoas com 60 anos e mais no presente estudo foi de 21%
(N=6). Quanto ao gênero, mais de 64% da amostra eram mulheres. Esta prevalência do
gênero feminino pode ser observada na figura 2.
Gênero
70,00%
64,28%
60,00%
50,00%
40,00%
32,14%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Homens
Mulheres
Figura 02 - Distribuição por gênero
Fonte: Os autores
Porém no Brasil, um estudo prospectivo que avaliou o impacto do perfil
socioeconômico sobre a qualidade de vida, foi observado a predominância do gênero
masculino em tratamento de hemodiálise. De acordo com o censo
(14)
, a prevalência de
homens em diálise foi de 57% e mulheres 43%. O resultado do presente estudo difere
dos estudos anteriores. Entretanto, pode se levar em consideração o fato de que a
amostra é relativamente pequena para supor uma possível inversão de gênero na
prevalência da doença.
Quanto à escolaridade, foi observado que as categorias; Analfabeto, Ensino
Fundamental completo e Ensino médio incompleto corresponderam a 10,7%, 10,1%;
10,1% da amostra respectivamente, (N=3, 2, 2) em cada categoria. Já o Fundamental
incompleto, Ensino médio completo e Ensino superior apresentaram respectivamente
prevalência de 42,8%; 25% e 10,1%, (N= 12, 7,2).
O grau de escolaridade tem sido apontado por alguns autores como preditor de
boas condições de vida, uma vez que está associado às condições socioeconômicas.
Pessoas com maior nível de instrução têm maior chance de diagnóstico precoce da
doença renal crônica e / ou tratamento para retardar a progressão da doença.
42,8%
45,0%
40,0%
35,0%
30,0%
25,0%
25,0%
20,0%
15,0%
10,7%
10,1%
10,1%
10,1%
10,0%
5,0%
0,0%
Analfabeto
Fundamental Fundamental Ensino Médio Ensino Médio
Incompleto
Completo
Incompleto
Completo
Ensino
Superior
Figura 1 - Distribuição por escolaridade
Fonte: Os autores
Estudos tem correlacionado positivamente anos de estudo com aspectos
emocionais, sugerindo que os pacientes com maior escolaridade podem possuir recursos
intelectuais capazes de gerar melhor adaptação emocional às conseqüências da doença
renal crônica e do tratamento (2).
Quando traçado perfil dos pacientes em tratamento de hemodiálise, foi
observado um predomínio de gênero masculino, menor escolaridade, menor renda e
menor nível de classificação econômica (15). O mesmo autor afirma que existem estudos
que revelam uma associação significativa entre o aumento na mortalidade e marcadores
de menor status socioeconômico como menor escolaridade e classe econômica C, D ou
E, ou seja, as classes socioeconômicas mais desfavorecidas.
Em um estudo para verificar o conhecimento do paciente renal crônico em
hemodiálise, percebeu-se uma correlação positiva quanto ao grau de conhecimento e o
entendimento da doença, porém esse aspecto se apresenta negativo quando o nível de
conhecimento se apresenta menor em relação aos cuidados e prevenção das doenças
crônicas (11).
Percebeu-se que 60,7% (N= 17) da amostra tem de 8 anos ou menos de estudo.
Quanto ao tempo de Hemodiálise, 71,4% da amostra tinha entre 0 (zero) e um
ano de tratamento e os demais entre 2 e 3 anos (28,6%), como é possível observar na
figura 04. Alguns autores apontam que quanto maior o tempo de permanência em
tratamento hemodialítico, maiores serão as estratégias desenvolvidas pelos indivíduos
para o enfrentamento tanto da doença quanto do tratamento.
Tempo de HD
80,0%
71,4%
70,0%
60,0%
50,0%
40,0%
28,6%
30,0%
20,0%
10,0%
0,0%
Até 2 anos
Até 3 anos
Figura 2 - Distribuição quanto ao tempo de hemodiálise
Fonte: Os autores
De acordo com alguns estudos, foi observado importante comprometimento das
condições físicas e emocionais de pacientes no inicio do tratamento (tempo de
hemodiálise < 3 meses). Foi observado também que existem poucas informações sobre
a qualidade de vida de pacientes com IRC em tratamento dialítico por períodos mais
prolongados em nosso meio(2).
O tempo em programa de hemodiálise correlacionou-se negativamente com os
aspectos emocionais(2), sugerindo que pacientes com maior tempo de IRC e de
tratamento dialítico apresentam progressivo comprometimento das relações familiares e
sociais.
No presente estudo o domínio aspecto emocional teve média maior que 40, o
que, poderíamos dizer que esse domínio não está comprometido em demasia.
Quanto a análise dos 8 domínios, para interpretação dos dados considera-se a
escala de 0 a 100, (onde 0 corresponde a um pior estado de saúde e 100 a um melhor
estado de saúde). Considerando que as 4 primeiras dimensões estão relacionada a saúde
física e as 4 últimas estão relacionada à saúde mental.
De acordo com esses parâmetros nota-se que no domínio capacidade funcional o
escorre apresentou média de 47,67%; Limitação por aspectos físicos apresentou média
de 12,5%; Dor apresentou média de 44,5%; Estado geral de saúde apresentou média de
52,82%; Vitalidade apresentou média de 60,53%; Aspectos sociais apresentaram média
de 66,51%; Limitações por aspectos emocionais apresentaram média de 40,47%; Saúde
mental apresentou média de 58, como é possível observar na figura 05.
70
66,51
60,53
60
50
58
52,82
47,67
44,5
Média
40,47
40
30
20
12,5
10
0
Capacidade Limitação por
Funcional
aspectos
físicos
Dor
Estado geral
de saúde
Vitalidade
Aspectos
sociais
Domínios
Limitações Saúde mental
por aspectos
emocionais
Figura 05 - Média dos domínios
Fonte: Os autores
A avaliação de saúde feita por este instrumento
(7)
, considera saúde física como
sendo não apenas uma condição física livre de doença, mas também a possibilidade de
desempenhar atividades físicas (atividade de vida diária, de trabalho, lazer ou sociais)
sem limitações devidas à dor ou à intercorrências. De igual forma, a saúde mental é
avaliada como sendo não apenas a ausência de sintomas ou doença de ordem mental,
mas também uma condição na qual o indivíduo desfrute sentimento de bem-estar
psicológico e tenha a possibilidade de desempenhar suas atividades de vida diária,
sociais e de trabalho sem interferências decorrentes do problema de saúde
Os resultados podem ser assim interpretados: (7)
Escala
Interpretação no pior escorre
Interpretação no melhor escorre
Capacidade
Grande limitação no desempenho
Desempenha
das atividades físicas, incluindo
atividades físicas incluindo as mais
tomar banho e vestir-se.
vigorosas,
funcional
todo
sem
tipo
de
limitações
induzidas pela saúde.
Aspectos físicos
Problemas com o trabalho ou outras Sem problemas com o trabalho ou
atividades como resultado da saúde outras atividades diárias.
física
Dor
Dor muito severa e extremamente Sem dor ou limitações induzidas
limitante.
Estado
geral
por dor.
de Avaliação pessoal da saúde como Avaliação pessoal da saúde como
saúde
pobre, e crença de que vai piorar.
Vitalidade
excelente.
Sensação de cansaço e esgotamento Sensação de dinamismo e energia
durante todo tempo.
Aspectos sociais
durante todo o tempo.
Interferência extrema e freqüente Desempenho das atividades sociais
induzida por problemas físicos ou normais sem interferência induzida
emocionais nas atividades sociais.
por
problemas
físicos
ou
emocionais.
Aspectos emocionais
Problemas com o trabalho ou com Sem problemas com o trabalho ou
outras
atividades
diárias
como outras atividades diárias.
resultado da saúde emocional
Saúde mental
Sentimentos
de
nervosismo
e Sentimento
depressão durante todo tempo
de
tranqüilidade,
felicidade e calma durante todo o
tempo.
Tabela 01 - Modo de interpretação dos domínios
Fonte: (7)
Comparando o presente estudo com estudos anteriores podemos perceber que as
médias não diferem muito. Quanto a dimensão Limitações por Aspectos Físicos (LAF),
que sugere problemas com trabalho ou outras atividades físicas, de fato foi relatado
pelos pacientes, que atualmente não trabalham e diminuíram as atividades e o tempo a
que se dedicava à alguma atividade dentro ou fora de casa.
As dimensões que apresentaram menores média comparando-o com estudos
anteriores foram: Limitações por aspectos físicos; Dor; capacidade funcional; Estado
geral e Saúde mental. Por outro lado a dimensão: Vitalidade apresentou-se com média
superior nesta comparação e as dimensões, Aspectos sociais e Limitações por aspectos
emocionais não apresentaram grandes variações(3). Porém, o achado maior relacionado
a essa dimensão foi relatado em 2003(2), conforme tabela 02.
Domínios
Presente estudo
(3)
(2)
M + DP
47,67
64,71
61 ± 31
12,5
37,86
52 ± 38
Dor (D)
44,5
67,57
67 ± 29
Estado geral de saúde
52,82
66,99
60 ± 25
Vitalidade (V)
60,53
57,71
58 ± 22
Aspectos sociais (AS)
66,51
63,47
69 ± 30
Limitações por
40,47
42,12
60 ± 39
58
69,14
62 ± 25
Capacidade funcional
(CF)
Limitação
por
aspectos físicos (LAF)
(EGS)
aspectos emocionais
(LAE)
Saúde mental (SM)
Tabela: 02 – Comparação de Domínio entre estudos
Fonte: Os autores, (2-3).
Um dos principais indicadores de saúde, é a vitalidade, a qual pode se apresentar
através da ação e comportamento adotados diante de circunstâncias diárias e críticas
experiência do indivíduo, bem como seus relacionamentos. A vitalidade pode ser
expressa nos aspectos físico, psicológico, nível de independência, relação social, meio
ambiente e espiritualidade/crenças pessoais.(9)
No presente estudo a vitalidade apresentou média 60,53%, sendo maior que as
apresentadas noutros estudos(2-3). A maioria dos pacientes relatou ter sensação de
cansaço e esgotamento apenas depois da hemodiálise, não considerando estar nessa
condição de cansaço a maior parte do tempo, esse aspecto evidenciou-se em pessoas de
menor idade, pois os indivíduos acima de 60 anos referiram apresentar maior cansaço,
pois apresentam co-morbidade associada a doença renal crônica.
Há registro de correlação negativa entre idade e as dimensões, capacidade
funcional, aspectos físicos, dor e vitalidade(2), ou seja, com o avançar da idade, observase maior comprometimento nas atividades físicas e funcionais dos pacientes.
Quando questionados a respeito das mudanças enfrentadas na família, motivada
pela doença e tratamento a maioria dos entrevistados relataram mudanças nos hábitos
alimentares, restrição de tarefas dentro e fora de casa, abandono do trabalho,
aproximação maior dos familiares, a obrigatoriedade de se deslocar de casa três vezes
por semana e ainda limitar as viagens.
Após análise das atividades cotidianas comprometidas em decorrência da doença
e do tratamento, observou-se que as atividades mais comprometidas foram: Realizar
atividades vigorosas que exigem muito esforço, tais como correr, levantar objetos
pesados, participar em esportes árduos. Houve oscilação entre as respostas quando
questionado sobre a dificuldade vivenciada. Observou-se maior limitação nas atividades
vigorosas, subir vários lances de escadas e andar vários quarteirões, moderada limitação
para levantar ou carregar mantimentos, atividades moderadas como mover uma mesa,
passar aspirador de pó, jogar bola e varrer a casa. As atividades como tomar banho ou
vestir-se poucas pessoas relataram ter dificuldades, conforme observado na figura 06.
Atividades diarias com prom etidas
30
27
27
25
22
Nº de Indivíduos
20
20
19
20
14
15
15
10
4
5
0
Atividades
Vigorosas
Atividades
Moderadas
Levantar ou
carregar
mantimentos
Subir 1 ou
Curvar-se,
Andar mais
vários lances ajoelhar-se ou
de um
de escada
dobrar-se
quilômetro
Andar varios
quarteirões
Andar um
quarteirão
Tomar banho
e vestir-se
Atividades
Figura 06 - Atividades da vida diária comprometida
Fonte: Os autores
A condição da insuficiência renal crônica bem como o tratamento de
hemodiálise é um potencial gerador de estresse, causando condições de desvantagem
por ocasionar isolamento do convívio social, desemprego, dependência da Previdência
Social, perda da autonomia pela dependência a máquina, restrições da atividade física,
necessidade de adaptação ao novo estilo de vida, alterações da imagem corporal, ainda
gera sentimento de medo ao desconhecido da doença. (6)
O resultado desta pesquisa vem de encontro de outro estudo(1). O paciente com
IRC sofre uma série de limitações físicas, sociais e emocionais, incluindo dificuldades
no desempenho ocupacional, restrições hídricas, dietas especiais, consultas médicas e
sessões de hemodiálise, tornando a pessoa frágil e desestruturando seu cotidiano. Em
relação a isso, discorrer sobre o emocional do paciente renal é, antes de tudo, trajetória
de perdas que vai além da perda da função renal. Desde o momento do diagnóstico até a
possível realização do transplante (única expectativa real de "cura"), o caminho do
insuficiente renal crônico é atravessado por uma gama de outras questões que colocam
em evidência sua problemática pessoal, bem como a dinâmica familiar (1).
Quanto a questão interação social e familiar a maioria da amostra relatou ir à
igreja ou a grupos de idosos, CTG, grupos de mães e reunir a família.
As reações da pessoa acometida pela doença, advêm de sua conjuntura social,
cultural, das suas crenças e valores pessoais. Alguns estudos mostram que o apoio
psicoterápico individual e grupal e o suporte informal (enfocado nas relações sociais, de
trabalho e familiares) podem ser úteis e utilizados como estratégias para que o paciente
possa adaptar-se as circunstanciais adversas, oriundas da doença e do tratamento(6).
A dimensão saúde física, que corresponde os quatro primeiros domínios
apresentou média de 39,37 e as quatro ultimas ligada à saúde mental apresentou média
56, 37, ou seja, os aspectos físicos mostrou ser mais comprometido que os aspecto da
saúde mental.
Os sujeitos em hemodiálise, de modo geral, apresentaram melhores resultados
no domínio psicológico, pela crença de uma melhor atribuída ao transplante renal, sendo
esta baseada nas campanhas de diviulgação sobre a doação de órgãos, informação
recebidas pelos profissionais da equipe de transplante, ou na própria convicção e
esperança da cura. Acreditam que a qualidade de vida dos pacientes transplantados seja
melhor, principalmente no que se refere aos aspectos físicos e sociais (5).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De modo geral, as dimensões Aspectos sociais, Vitalidade e Saúde mental
obtiveram as maiores pontuações médias. Por outro lado, Limitação por aspectos
físicos, Limitações por aspectos emocionais e dor foram as dimensões consideradas
mais comprometidas.
Observou-se que nenhum dos escorres estudados teve pontuação zero, o que
classificaria como um pior estado de saúde, assim como não teve nenhuma pontuação
100, o que classificaria como um melhor estado de saúde, as médias dos domínios
ficaram entre 12,5 e 66,51. O domínio Limitação por aspectos físicos (LAF) apresentou
menor média (12,5), ou seja, há limitação acentuada no tipo e na quantidade de trabalho
e de atividades diárias em conseqüência do estado de saúde.
Cabe salientar também que essa limitação não se dá apenas por problemas de
saúde oriundos da doença renal e do tratamento, mas está muito associada à idade e a
doenças preexistentes e ou complicações, pois apesar da média de idade ser de 48,9
anos, a variação chegou a 76 anos de idade. E a participação em atividades sociais que é
avaliado por Aspectos sociais apresentou média de 66,51%. O nível de energia e fadiga
avaliado pelo escorre vitalidade foi de 60,53%.
Podemos afirmar que a qualidade de vida do paciente renal crônico em
tratamento de hemodiálise está comprometida, assim como a realidade da vida cotidiana
que é permeada por alterações físicas que impõem limitações e exige adaptações. As
atividades cotidianas mais comprometidas estão relacionadas com a capacidade
funcional o que sugere limitação parcial ou total no desempenho das atividades físicas
as quais podemos citar correr, levantar objetos pesados, participar em esportes árduos,
jogar bola, varrer a casa, subir vários lances de escada e andar vários quarteirões ou 1
quilômetro e curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar-se.
Foi evidenciada a necessidade de interação da família no que diz respeito ao
conhecimento da doença e do tratamento, bem com alterações apresentadas pelo
paciente, o que foi possessível perceber através de relatos dos pacientes.
Vale ressaltar que o grau de instrução da maioria dos pacientes também é um
fator limitante para o manejo adequando das doenças de base, pois por falta de
conhecimento ou entendimento dos pacientes eles não conseguem assimilar a relação
entre o diabetes e a hipertensão descompensados e a falência renal e outras
complicações.
O prejuízo na qualidade de vida do paciente renal crônico em tratamento de
hemodiálise é fato. Porém podem ser adotadas medidas que venha reduzir ou retardar o
aparecimento da doença, melhorando dessa forma a vida dos pacientes, tais como
manejo adequado das doenças crônicas de base que dará origem a doença renal crônica
como Hipertensão artéria e diabetes, bem como medidas universais de promoção á
saúde como, o combate ao fumo, ao álcool, ao sedentarismo e a obesidade. Além da 2
Assim, é de fundamental importância o envolvimento da atenção básica no
desenvolvimento de trabalhos educativos nos grupos de risco DRC.
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