Qualidade de Vida do Paciente Renal Crônico em Tratamento de Hemodiálise INTRODUÇÃO: A doença renal crônica emerge sério problema de saúde pública, pois a qualidade de vida é influenciada pela doença e tipo de terapia substitutiva da função renal. OBJETIVOS: avaliar a qualidade de vida do renal crônico em tratamento hemodialítico, identificar atividades cotidianas comprometidas e a interação social e familiar. MÉTODO: quantitativo, utilizou-se versão em português do Medical outcomes study 36–Item Short Form Health survey (Questionário SF-36). Na primeira fase atribui-se pontuação correspondente às questões, na fase chamada cálculo de Raw Scale, transformou-se o valor da questão em notas de 8 domínios que variam de 0 a 100, obtendo-se médias dos domínios. RESULTADOS: A qualidade de vida desta população está comprometida pelas atividades diárias de capacidade funcional, atividades vigorosas, moderadas e outras. CONSIDERAÇÕES FINAIS: É fundamental o envolvimento da atenção básica no desenvolvimento de trabalhos educativos nos grupos de risco para doença renal crônica. Descritores: Qualidade de vida. Insuficiência renal crônica. Terapia de substituição renal. ABSTRACT INTRODUCTION: The chronic kidney disease emerges serious public health problem because the quality of life is influenced by disease and by type of replacement therapy on renal function. OBJECTIVES: To evaluate the quality of life of chronic renal patient on hemodialysis, to identify impaired daily activities and family and social interaction . METHOD: Quantitative, we used the Portuguese version of the Medical Outcomes Study 36-Item Short Form Health survey (Questionnaire SF-36). In the first phase is assigned scores corresponding to points in the phase called Raw Scale calculation, the value was became into notes of eight areas ranging from 0 to 100, resulting in average scores. RESULTS: The quality of life in this population is compromised by the functional capacity of daily activities, vigorous , moderate and others types of activities. CONCLUSION: It is essential to involve primary care in the development of educational work in groups at risk for chronic kidney disease. Keywords: Quality of life, Chronic renal failure, Renal replacement therapy. 1 INTRODUÇÃO A doença renal crônica (DRC) emerge como um sério problema de saúde pública em todo mundo, sendo considerada uma “epidemia” de crescimento alarmante. Estima-se que existam mais de 2 milhões de brasileiros portadores de algum grau de disfunção renal. A presença de disfunção renal eleva o risco de morrer prematuramente por doença cardiovascular em cerca de 10 vezes em comparação à população normal. Independentemente da causa da DRC, a presença de obesidade, dislipidemia e tabagismo acelera a sua progressão culminando com a necessidade de Terapia Renal Substitutiva – TRS (12). A Qualidade de Vida (QV) refere-se à forma como o indivíduo percebe a si mesmo e como avalia suas relações no contexto da cultura e dos valores do meio em que vive, bem como suas próprias metas, expectativas, padrões e conceitos. A avaliação da QV tem sido um parâmetro mundialmente usado, por se tratar da percepção do individuo em relação a sua própria vida. É uma avaliação carregada de subjetividade, mas não é apenas uma impressão em relação as suas condições reais de saúde, estudos têm mostrado que a avaliação auto-referida da condição de saúde como escasso ou pobre tem maior risco de mortalidade do que aqueles que referem ter melhor estado de saúde. Em pacientes com Insuficiência renal crônica, no que se refere a qualidade de vida, está pode estar influenciada pela própria patologia e ou pelo método de terapia substitutiva da função renal. Ainda fatores como idade avançada, presença de anemias, co-morbidades e sentimentos depressivos pode influenciar negativamente na qualidade de vida. Tais problemas quando detectados no inicio do tratamento podem ser manejados de forma adequada com intervenções que possibilitem uma terapêutica positiva na evolução da doença (13). São inúmeras as dificuldades enfrentadas pelo paciente portador da doença renal crônica, as quais influenciam o seu dia-a-dia e o modo de se relacionar, seja pela dependência da máquina ou pelas idas ao médico, dificultando, dessa forma, o desempenho das suas atividades ocupacionais (1), o quê, conseqüentemente, desestrutura sua vida diária. A Doença Renal Crônica e suas complicações decorrentes do tratamento afetam as habilidades funcionais do paciente, limitando suas atividades diárias (5) . É um problema de Saúde Pública mundial – sua incidência e prevalência aumentam progressivamente com evolução desfavorável e custo elevado (10). Esses pacientes que dependem de tecnologia avançada para sobreviver, apresentam limitações no seu cotidiano e vivenciam inúmeras perdas e mudanças biopsicossociais que interferem na sua qualidade de vida tais como: a perda do emprego, alterações na imagem corporal, restrições dietéticas e hídricas (8). Qualidade de vida é definida pela Organização Mundial de Saúde (1998) como "a percepção do indivíduo acerca de sua posição na vida, no contexto cultural e sistema de valores do local onde vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações". Em um sentindo amplo, abrange a capacidade funcional física, psicológicas, bem estar social e econômico e/ou vocacionai, e condições religiosas e/ou espirituais(13). Assim, despertou-se o interesse em investigar como está a qualidade de vida dos pacientes renais crônicos em tratamento de hemodiálise em um município do oeste de Santa Catarina. 1.1 OBJETIVOS O presente trabalho tem como objetivo avaliar a qualidade de vida do paciente renal crônico em tratamento de hemodiálise, e identificar as atividades cotidianas comprometidas bem como a interação social e familiar. 2 METODO Para tanto foi realizado um estudo descritivo, com abordagem quantitativa, como instrumento de coleta de dados foi utilizado o Questionário Genérico de Qualidade de Vida SF-36. Com esse questionário foram avaliados os seguintes domínios ou escalas: Capacidade Funcional, Aspectos Físicos, Dor, Estado geral de saúde, Vitalidade, Aspectos Emocionais e Saúde Mental. Considerando a versão Brasileira do questionário SF-36 as 8 escalas foram analisadas separadamente e as 4 primeiras escalas são respectivamente avaliação da saúde física e as 4 ultimas escalas correspondem a avaliação de saúde mental. Para avaliação dos resultados é dado um escorre a cada questão que, posteriormente são transformados em uma escala de 0 a 100 onde o 0 (zero) corresponde a um pior estado de saúde e o 100 a um melhor estado de saúde(13). Calculou se a média e analisou-se o significado dos dados obtidos através do questionário. Após a aplicação do instrumento e a análise dos dados, os mesmos foram tabulados e os resultados analisados no programa Microsoft Excel®. 3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Do total de 138 pacientes em tratamento de hemodiálise 20% deles participaram da pesquisa num total 28 pacientes (N= 28). A média de idade foi de 48,9 anos (variação 20 a 76), como se observa na figura abaixo, 50% da população da amostra tinha entre 40 a 59 anos. 60% 50% Nº de Indivíduos 50% 40% 30% 28% 21% 20% 10% 0% 20 a 39 anos 40 a 59 anos 60 anos e mais Faixa etária Figura 01 - Distribuição por idade Fonte: Os autores Em vários estudos tem se percebido a predominância de pessoas idosas em tratamento de hemodiálise, “é observado o predomínio de pacientes idosos em hemodiálise(15). Na América Latina, 40% dos pacientes incidentes em programa dialítico têm mais de 65 anos. Este achado pode ser atribuído ao aumento da expectativa de vida da população, ao aumento na admissão de pacientes idosos ao tratamento dialítico e também à história natural das doenças como diabetes mellitus e hipertensão arterial, que levam à perda da função renal com o passar dos anos”. Porém o presente estudo houve um predomínio de pessoas entre 40 a 59 anos, o que pode ser justificado pelo critério de seleção onde foi entrevistado os que tinham capacidade de audição e de verbalização. Dos pacientes em diálise, 26% tem mais de 60 anos de idade, e essa proporção tende a se elevar com o aumento na expectativa de vida desta faixa etária (12). O predomínio de pessoas com 60 anos e mais no presente estudo foi de 21% (N=6). Quanto ao gênero, mais de 64% da amostra eram mulheres. Esta prevalência do gênero feminino pode ser observada na figura 2. Gênero 70,00% 64,28% 60,00% 50,00% 40,00% 32,14% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% Homens Mulheres Figura 02 - Distribuição por gênero Fonte: Os autores Porém no Brasil, um estudo prospectivo que avaliou o impacto do perfil socioeconômico sobre a qualidade de vida, foi observado a predominância do gênero masculino em tratamento de hemodiálise. De acordo com o censo (14) , a prevalência de homens em diálise foi de 57% e mulheres 43%. O resultado do presente estudo difere dos estudos anteriores. Entretanto, pode se levar em consideração o fato de que a amostra é relativamente pequena para supor uma possível inversão de gênero na prevalência da doença. Quanto à escolaridade, foi observado que as categorias; Analfabeto, Ensino Fundamental completo e Ensino médio incompleto corresponderam a 10,7%, 10,1%; 10,1% da amostra respectivamente, (N=3, 2, 2) em cada categoria. Já o Fundamental incompleto, Ensino médio completo e Ensino superior apresentaram respectivamente prevalência de 42,8%; 25% e 10,1%, (N= 12, 7,2). O grau de escolaridade tem sido apontado por alguns autores como preditor de boas condições de vida, uma vez que está associado às condições socioeconômicas. Pessoas com maior nível de instrução têm maior chance de diagnóstico precoce da doença renal crônica e / ou tratamento para retardar a progressão da doença. 42,8% 45,0% 40,0% 35,0% 30,0% 25,0% 25,0% 20,0% 15,0% 10,7% 10,1% 10,1% 10,1% 10,0% 5,0% 0,0% Analfabeto Fundamental Fundamental Ensino Médio Ensino Médio Incompleto Completo Incompleto Completo Ensino Superior Figura 1 - Distribuição por escolaridade Fonte: Os autores Estudos tem correlacionado positivamente anos de estudo com aspectos emocionais, sugerindo que os pacientes com maior escolaridade podem possuir recursos intelectuais capazes de gerar melhor adaptação emocional às conseqüências da doença renal crônica e do tratamento (2). Quando traçado perfil dos pacientes em tratamento de hemodiálise, foi observado um predomínio de gênero masculino, menor escolaridade, menor renda e menor nível de classificação econômica (15). O mesmo autor afirma que existem estudos que revelam uma associação significativa entre o aumento na mortalidade e marcadores de menor status socioeconômico como menor escolaridade e classe econômica C, D ou E, ou seja, as classes socioeconômicas mais desfavorecidas. Em um estudo para verificar o conhecimento do paciente renal crônico em hemodiálise, percebeu-se uma correlação positiva quanto ao grau de conhecimento e o entendimento da doença, porém esse aspecto se apresenta negativo quando o nível de conhecimento se apresenta menor em relação aos cuidados e prevenção das doenças crônicas (11). Percebeu-se que 60,7% (N= 17) da amostra tem de 8 anos ou menos de estudo. Quanto ao tempo de Hemodiálise, 71,4% da amostra tinha entre 0 (zero) e um ano de tratamento e os demais entre 2 e 3 anos (28,6%), como é possível observar na figura 04. Alguns autores apontam que quanto maior o tempo de permanência em tratamento hemodialítico, maiores serão as estratégias desenvolvidas pelos indivíduos para o enfrentamento tanto da doença quanto do tratamento. Tempo de HD 80,0% 71,4% 70,0% 60,0% 50,0% 40,0% 28,6% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% Até 2 anos Até 3 anos Figura 2 - Distribuição quanto ao tempo de hemodiálise Fonte: Os autores De acordo com alguns estudos, foi observado importante comprometimento das condições físicas e emocionais de pacientes no inicio do tratamento (tempo de hemodiálise < 3 meses). Foi observado também que existem poucas informações sobre a qualidade de vida de pacientes com IRC em tratamento dialítico por períodos mais prolongados em nosso meio(2). O tempo em programa de hemodiálise correlacionou-se negativamente com os aspectos emocionais(2), sugerindo que pacientes com maior tempo de IRC e de tratamento dialítico apresentam progressivo comprometimento das relações familiares e sociais. No presente estudo o domínio aspecto emocional teve média maior que 40, o que, poderíamos dizer que esse domínio não está comprometido em demasia. Quanto a análise dos 8 domínios, para interpretação dos dados considera-se a escala de 0 a 100, (onde 0 corresponde a um pior estado de saúde e 100 a um melhor estado de saúde). Considerando que as 4 primeiras dimensões estão relacionada a saúde física e as 4 últimas estão relacionada à saúde mental. De acordo com esses parâmetros nota-se que no domínio capacidade funcional o escorre apresentou média de 47,67%; Limitação por aspectos físicos apresentou média de 12,5%; Dor apresentou média de 44,5%; Estado geral de saúde apresentou média de 52,82%; Vitalidade apresentou média de 60,53%; Aspectos sociais apresentaram média de 66,51%; Limitações por aspectos emocionais apresentaram média de 40,47%; Saúde mental apresentou média de 58, como é possível observar na figura 05. 70 66,51 60,53 60 50 58 52,82 47,67 44,5 Média 40,47 40 30 20 12,5 10 0 Capacidade Limitação por Funcional aspectos físicos Dor Estado geral de saúde Vitalidade Aspectos sociais Domínios Limitações Saúde mental por aspectos emocionais Figura 05 - Média dos domínios Fonte: Os autores A avaliação de saúde feita por este instrumento (7) , considera saúde física como sendo não apenas uma condição física livre de doença, mas também a possibilidade de desempenhar atividades físicas (atividade de vida diária, de trabalho, lazer ou sociais) sem limitações devidas à dor ou à intercorrências. De igual forma, a saúde mental é avaliada como sendo não apenas a ausência de sintomas ou doença de ordem mental, mas também uma condição na qual o indivíduo desfrute sentimento de bem-estar psicológico e tenha a possibilidade de desempenhar suas atividades de vida diária, sociais e de trabalho sem interferências decorrentes do problema de saúde Os resultados podem ser assim interpretados: (7) Escala Interpretação no pior escorre Interpretação no melhor escorre Capacidade Grande limitação no desempenho Desempenha das atividades físicas, incluindo atividades físicas incluindo as mais tomar banho e vestir-se. vigorosas, funcional todo sem tipo de limitações induzidas pela saúde. Aspectos físicos Problemas com o trabalho ou outras Sem problemas com o trabalho ou atividades como resultado da saúde outras atividades diárias. física Dor Dor muito severa e extremamente Sem dor ou limitações induzidas limitante. Estado geral por dor. de Avaliação pessoal da saúde como Avaliação pessoal da saúde como saúde pobre, e crença de que vai piorar. Vitalidade excelente. Sensação de cansaço e esgotamento Sensação de dinamismo e energia durante todo tempo. Aspectos sociais durante todo o tempo. Interferência extrema e freqüente Desempenho das atividades sociais induzida por problemas físicos ou normais sem interferência induzida emocionais nas atividades sociais. por problemas físicos ou emocionais. Aspectos emocionais Problemas com o trabalho ou com Sem problemas com o trabalho ou outras atividades diárias como outras atividades diárias. resultado da saúde emocional Saúde mental Sentimentos de nervosismo e Sentimento depressão durante todo tempo de tranqüilidade, felicidade e calma durante todo o tempo. Tabela 01 - Modo de interpretação dos domínios Fonte: (7) Comparando o presente estudo com estudos anteriores podemos perceber que as médias não diferem muito. Quanto a dimensão Limitações por Aspectos Físicos (LAF), que sugere problemas com trabalho ou outras atividades físicas, de fato foi relatado pelos pacientes, que atualmente não trabalham e diminuíram as atividades e o tempo a que se dedicava à alguma atividade dentro ou fora de casa. As dimensões que apresentaram menores média comparando-o com estudos anteriores foram: Limitações por aspectos físicos; Dor; capacidade funcional; Estado geral e Saúde mental. Por outro lado a dimensão: Vitalidade apresentou-se com média superior nesta comparação e as dimensões, Aspectos sociais e Limitações por aspectos emocionais não apresentaram grandes variações(3). Porém, o achado maior relacionado a essa dimensão foi relatado em 2003(2), conforme tabela 02. Domínios Presente estudo (3) (2) M + DP 47,67 64,71 61 ± 31 12,5 37,86 52 ± 38 Dor (D) 44,5 67,57 67 ± 29 Estado geral de saúde 52,82 66,99 60 ± 25 Vitalidade (V) 60,53 57,71 58 ± 22 Aspectos sociais (AS) 66,51 63,47 69 ± 30 Limitações por 40,47 42,12 60 ± 39 58 69,14 62 ± 25 Capacidade funcional (CF) Limitação por aspectos físicos (LAF) (EGS) aspectos emocionais (LAE) Saúde mental (SM) Tabela: 02 – Comparação de Domínio entre estudos Fonte: Os autores, (2-3). Um dos principais indicadores de saúde, é a vitalidade, a qual pode se apresentar através da ação e comportamento adotados diante de circunstâncias diárias e críticas experiência do indivíduo, bem como seus relacionamentos. A vitalidade pode ser expressa nos aspectos físico, psicológico, nível de independência, relação social, meio ambiente e espiritualidade/crenças pessoais.(9) No presente estudo a vitalidade apresentou média 60,53%, sendo maior que as apresentadas noutros estudos(2-3). A maioria dos pacientes relatou ter sensação de cansaço e esgotamento apenas depois da hemodiálise, não considerando estar nessa condição de cansaço a maior parte do tempo, esse aspecto evidenciou-se em pessoas de menor idade, pois os indivíduos acima de 60 anos referiram apresentar maior cansaço, pois apresentam co-morbidade associada a doença renal crônica. Há registro de correlação negativa entre idade e as dimensões, capacidade funcional, aspectos físicos, dor e vitalidade(2), ou seja, com o avançar da idade, observase maior comprometimento nas atividades físicas e funcionais dos pacientes. Quando questionados a respeito das mudanças enfrentadas na família, motivada pela doença e tratamento a maioria dos entrevistados relataram mudanças nos hábitos alimentares, restrição de tarefas dentro e fora de casa, abandono do trabalho, aproximação maior dos familiares, a obrigatoriedade de se deslocar de casa três vezes por semana e ainda limitar as viagens. Após análise das atividades cotidianas comprometidas em decorrência da doença e do tratamento, observou-se que as atividades mais comprometidas foram: Realizar atividades vigorosas que exigem muito esforço, tais como correr, levantar objetos pesados, participar em esportes árduos. Houve oscilação entre as respostas quando questionado sobre a dificuldade vivenciada. Observou-se maior limitação nas atividades vigorosas, subir vários lances de escadas e andar vários quarteirões, moderada limitação para levantar ou carregar mantimentos, atividades moderadas como mover uma mesa, passar aspirador de pó, jogar bola e varrer a casa. As atividades como tomar banho ou vestir-se poucas pessoas relataram ter dificuldades, conforme observado na figura 06. Atividades diarias com prom etidas 30 27 27 25 22 Nº de Indivíduos 20 20 19 20 14 15 15 10 4 5 0 Atividades Vigorosas Atividades Moderadas Levantar ou carregar mantimentos Subir 1 ou Curvar-se, Andar mais vários lances ajoelhar-se ou de um de escada dobrar-se quilômetro Andar varios quarteirões Andar um quarteirão Tomar banho e vestir-se Atividades Figura 06 - Atividades da vida diária comprometida Fonte: Os autores A condição da insuficiência renal crônica bem como o tratamento de hemodiálise é um potencial gerador de estresse, causando condições de desvantagem por ocasionar isolamento do convívio social, desemprego, dependência da Previdência Social, perda da autonomia pela dependência a máquina, restrições da atividade física, necessidade de adaptação ao novo estilo de vida, alterações da imagem corporal, ainda gera sentimento de medo ao desconhecido da doença. (6) O resultado desta pesquisa vem de encontro de outro estudo(1). O paciente com IRC sofre uma série de limitações físicas, sociais e emocionais, incluindo dificuldades no desempenho ocupacional, restrições hídricas, dietas especiais, consultas médicas e sessões de hemodiálise, tornando a pessoa frágil e desestruturando seu cotidiano. Em relação a isso, discorrer sobre o emocional do paciente renal é, antes de tudo, trajetória de perdas que vai além da perda da função renal. Desde o momento do diagnóstico até a possível realização do transplante (única expectativa real de "cura"), o caminho do insuficiente renal crônico é atravessado por uma gama de outras questões que colocam em evidência sua problemática pessoal, bem como a dinâmica familiar (1). Quanto a questão interação social e familiar a maioria da amostra relatou ir à igreja ou a grupos de idosos, CTG, grupos de mães e reunir a família. As reações da pessoa acometida pela doença, advêm de sua conjuntura social, cultural, das suas crenças e valores pessoais. Alguns estudos mostram que o apoio psicoterápico individual e grupal e o suporte informal (enfocado nas relações sociais, de trabalho e familiares) podem ser úteis e utilizados como estratégias para que o paciente possa adaptar-se as circunstanciais adversas, oriundas da doença e do tratamento(6). A dimensão saúde física, que corresponde os quatro primeiros domínios apresentou média de 39,37 e as quatro ultimas ligada à saúde mental apresentou média 56, 37, ou seja, os aspectos físicos mostrou ser mais comprometido que os aspecto da saúde mental. Os sujeitos em hemodiálise, de modo geral, apresentaram melhores resultados no domínio psicológico, pela crença de uma melhor atribuída ao transplante renal, sendo esta baseada nas campanhas de diviulgação sobre a doação de órgãos, informação recebidas pelos profissionais da equipe de transplante, ou na própria convicção e esperança da cura. Acreditam que a qualidade de vida dos pacientes transplantados seja melhor, principalmente no que se refere aos aspectos físicos e sociais (5). 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS De modo geral, as dimensões Aspectos sociais, Vitalidade e Saúde mental obtiveram as maiores pontuações médias. Por outro lado, Limitação por aspectos físicos, Limitações por aspectos emocionais e dor foram as dimensões consideradas mais comprometidas. Observou-se que nenhum dos escorres estudados teve pontuação zero, o que classificaria como um pior estado de saúde, assim como não teve nenhuma pontuação 100, o que classificaria como um melhor estado de saúde, as médias dos domínios ficaram entre 12,5 e 66,51. O domínio Limitação por aspectos físicos (LAF) apresentou menor média (12,5), ou seja, há limitação acentuada no tipo e na quantidade de trabalho e de atividades diárias em conseqüência do estado de saúde. Cabe salientar também que essa limitação não se dá apenas por problemas de saúde oriundos da doença renal e do tratamento, mas está muito associada à idade e a doenças preexistentes e ou complicações, pois apesar da média de idade ser de 48,9 anos, a variação chegou a 76 anos de idade. E a participação em atividades sociais que é avaliado por Aspectos sociais apresentou média de 66,51%. O nível de energia e fadiga avaliado pelo escorre vitalidade foi de 60,53%. Podemos afirmar que a qualidade de vida do paciente renal crônico em tratamento de hemodiálise está comprometida, assim como a realidade da vida cotidiana que é permeada por alterações físicas que impõem limitações e exige adaptações. As atividades cotidianas mais comprometidas estão relacionadas com a capacidade funcional o que sugere limitação parcial ou total no desempenho das atividades físicas as quais podemos citar correr, levantar objetos pesados, participar em esportes árduos, jogar bola, varrer a casa, subir vários lances de escada e andar vários quarteirões ou 1 quilômetro e curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar-se. Foi evidenciada a necessidade de interação da família no que diz respeito ao conhecimento da doença e do tratamento, bem com alterações apresentadas pelo paciente, o que foi possessível perceber através de relatos dos pacientes. Vale ressaltar que o grau de instrução da maioria dos pacientes também é um fator limitante para o manejo adequando das doenças de base, pois por falta de conhecimento ou entendimento dos pacientes eles não conseguem assimilar a relação entre o diabetes e a hipertensão descompensados e a falência renal e outras complicações. O prejuízo na qualidade de vida do paciente renal crônico em tratamento de hemodiálise é fato. Porém podem ser adotadas medidas que venha reduzir ou retardar o aparecimento da doença, melhorando dessa forma a vida dos pacientes, tais como manejo adequado das doenças crônicas de base que dará origem a doença renal crônica como Hipertensão artéria e diabetes, bem como medidas universais de promoção á saúde como, o combate ao fumo, ao álcool, ao sedentarismo e a obesidade. Além da 2 Assim, é de fundamental importância o envolvimento da atenção básica no desenvolvimento de trabalhos educativos nos grupos de risco DRC. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 BEZERRA, Karina Viviani; SANTOS, Jair Lício Ferreira. O cotidiano e pessoas com insuficiência renal crônica em tratamento hemodialítico. Revista Latino-Americana de Enfermagem, vol.16 Nº.4 Ribeirão Preto, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010411692008000400006&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. 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