jornal cassi ESPORTES AQUÁTICOS NADANDO A FAVOR DA SAÚDE FORMAÇÃO MÉDICA EM QUESTÃO AUTOMEDICAÇÃO: UMA MANIA PERIGOSA VENCENDO O PRECONCEITO E O CÂNCER DE PRÓSTATA GORDURA TRANS: VILÃ NA ALIMENTAÇÃO Editorial EXPEDIENTE jornal cassi 2 O conhecimento em saúde Os preocupantes resultados das avaliações de conhecimento dos formandos de medicina, do número cada vez mais reduzido de clínicos gerais e do expressiva quantidade de solicitações de procedimentos para diagnósticos revelam imperfeições na formação atual do médico. Profissionais da área de saúde mostram dados e emitem opinião e inquietação sobre o conhecimento médico nos dias atuais em mais uma matéria que tem como foco o mercado de saúde. Leia mais a partir da página 6. Colaborando com o conhecimento em saúde e estimulando a prática de exercícios físicos, apresentamos neste número os esportes aquáticos que estarão em competição no Pan do Brasil. Abordamos algumas orientações aos praticantes da natação, como alimentação e os benefícios que fazem com que ela seja chamada de “esporte completo”. Conselho Deliberativo Maria das Graças C. Machado Costa (presidente) Denise Lopes Vianna (vice-presidente) Carlos Eduardo Leal Neri (efetivo) Roosevelt Rui dos Santos (efetivo) Solon Coutinho de Lucena Filho (efetivo) Carlos Frederico Tadeu Gomes (suplente) Cláudio Alberto Barbirato Tavares (suplente) Geraldo Pedroso Magnanelli (suplente) Marcelo Gonçalves Farinha (suplente) Maria do Carmo Trivizan (suplente) Conselho Fiscal Ana Lúcia Landin (presidente) Íris Carvalho Silva (titular) Urbano de Moraes Brunoro (titular) Décio Bottechia Júnior (suplente) Francisco Alves e Silva (suplente) Maria do Céu Brito de Medeiros (suplente) Diretoria Executiva Sérgio Dutra Vianna de Oliveira (diretor superintendente) Roberto Francisco Casagrande Herdeiro (diretor administrativo-financeiro) José Antônio Diniz de Oliveira (diretor de planos de saúde e relacionamento com clientes) Douglas José Scortegagna (diretor de saúde) Você sabia que 30 em cada 100 pessoas tomam remédio sem prescrição médica? Veja mais detalhes sobre os perigos da automedicação na página 11 e saiba por que os idosos são as maiores vítimas dessa prática, embora todos que tomam remédios sem orientação de um profissional de saúde possam sofrer sérias conseqüências à saúde. Veja ainda, na página 16, a nova seção de cartas dos leitores. Colabore com o nosso conhecimento em saúde. Participe você também enviando sua sugestão, crítica, dúvida ou algum comentário sobre nossos serviços. Redação, edição, revisão, diagramação e edição de arte: Divisão de Marketing e Comunicação Jornalista Responsável: Robinson Sasaki - MTb 11.948 Impressão: Gráfica Esdeva Tiragem: 334 mil exemplares Periodicidade: bimestral março/abril 2007 Endereço: SBS - Qd.2 - Bl.N - lote 23 - 3° andar Brasília/DF - CEP 70073-900 Tel: (61) 3212-5035 / Fax: (61) 3310-6959 Central CASSI: 0800 729 0080 / www.cassi.com.br Publicação da CASSI (Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil) “É permitida a reprodução dos textos, desde que citada a fonte”. Boa leitura. ANS - nº 34665-9 A Diretoria capa pág. 6 A saúde ganha força na água A formação médica em questão pág. 11 AUTOMEDICAÇÃO: UMA MANIA PERIGOSA pág. 3 pág. 12 pág. 15 pág. 16 Vencendo o preconceito e o câncer Gordura trans: vilã na alimentação TIRANDO AS DÚVIDAS jornal cassi 3 SAÚDE A saúde ganha força na água O homem incluiu a natação na vida há mais de 2 mil anos. No Egito, a prática surgiu em 2.500 a.C., na educação pública. Na Antigüidade, saber nadar valia como parte do treinamento militar de soldados gregos e romanos, além de ser considerado um sinal de prestígio social. Mas foi o Japão, em 38 a.C., o primeiro país a adotar a natação como esporte. Este ano, em julho, nos Jogos Pan-Americanos que serão disputados no Brasil, atletas dos países americanos irão disputar medalhas em cinco modalidades aquáticas: natação, nado sincronizado, pólo aquático, saltos ornamentais e maratonas aquáticas. Mesmo para quem não esteja em busca de medalhas ou de subir ao pódio, dois destes esportes, natação e hidroginástica, são recomendados por médicos, fisioterapeutas e professores de educação física para indivíduos de todas as faixas etárias. Entre os benefícios da natação, vale destacar que favorece o desenvolvimento físico e mental – tornando-a um dos esportes mais completos -, melhora o condicionamento por meio da estimulação dos sistemas cardiovascular e respiratório, ajuda na manutenção do peso ideal – até mesmo no emagrecimento – e ainda contribui para a qualidade de vida, diminuindo o estresse e as tensões do dia-a-dia. Como explica o professor de educação física da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) de Brasília, Alex Fidelis, a natação é muito recomendada para pessoas com sobrepeso, na recuperação de lesões nos membros inferiores e superiores e também para melhorar a postura. “Em relação ao sobrepeso, a natação é indicada porque o esporte não tem impacto na água. Isso evita e previne possíveis lesões. Para quem sofre com problemas na coluna, a atividade ajuda muito”, afirma. Fidelis ressalta, no entanto, que “não se pode esquecer dos alongamentos antes e depois dos exercícios”. Antes da atividade física, o alongamento prepara e aquece o corpo para os exercícios, diminuindo os riscos de lesões. Após, ajuda a relaxar o físico. O aposentado Carlos Alberto, de Brasília, pratica o esporte há cinco meses, de duas a três vezes por semana. Além de gostar da natação, a atividade contribui para melhorar sua qualidade de vida. “Eu nado porque é uma atividade agradável e também me ajudou a superar uma dor que sentia na região lombar”, revela. Como uma forma de incentivar Bruna Pilati, 7 anos, a praticar exercícios, seu pai, Alexandre Pilati, aluno de Fidelis, a leva duas vezes por semana para nadar. “Há dois anos a gente vem junto para fazer natação. Ela faz na turma infantil e eu na de adulto”, afirmou Alexandre que foi logo interrompido pela filha: “Eu adoro nadar, não quero parar”. Quanto à hidroginástica, é indicada para quem quer perder calorias – uma média de 400 a cada hora de atividade -, melhora a resistência cardiorespiratória, a força muscular e ainda a capacidade aeróbica. O professor Fidelis afirma que, apesar da hidroginástica ser recomendada a todas as idades, a atividade atrai mais pessoas da tercei- SAÚDE 4 jornal cassi ra idade. “No geral, quem procura a hidroginástica são mulheres mais idosas, pois é um exercício mais leve, não exige tanto esforço quanto à natação, por exemplo”. Diferentemente da natação, a hidroginástica é praticada na posição vertical e realiza um trabalho mais localizado. Tanto uma atividade quanto outra não tem, em geral, contra-indicação. Estilos de natação Crawl, costas, peito e borboleta são os estilos de natação praticados hoje em dia. Se o objetivo é perder peso, o nado borboleta é o que promove um gasto maior, 770 kcal/h. Os outros estilos ficam entre 560 a 630 kcal por hora de prática. Entretanto, o professor Alex Fidelis alerta: o nado borboleta não é indicado para pessoas que têm problemas na coluna, porque força em demasiado essa parte do corpo. O mesmo vale para o nado peito. Para quem sofre com esses problemas, o ideal é o nado crawl, que previne e ajuda a corrigir problemas posturais, sendo coadjuvante nos tratamentos de lombalgia (dor na região lombar); seguido pelo estilo costas. A supervisão de um professor de educação física na prática do esporte é fundamental. De forma geral, o nado “crawl” trabalha a musculatura das costas, ombros e braços. O nado “costas” atua sobre os músculos do peito, pernas e costas. O estilo “peito” tem efeito nos glúteos, pernas e tórax e o nado “borboleta” tem influência positiva em toda a musculatura corporal. O esporte no balanço das águas do Pan Além da natação, nado sincronizado, pólo aquático, saltos ornamentais “o nado borboleta não é indicado para pessoas que têm problemas na coluna, porque força em demasiado essa parte do corpo” e maratona aquática também fazem parte dos Jogos Pan-Americanos. A natação está presente nas Olimpíadas modernas desde a primeira edição em Atenas, em 1896, quando os nadadores enfrentaram uma temperatura média de 13 graus. Apenas em 1908 foi construída a primeira piscina para as competições. O nado sincronizado teve origem a partir dos shows aquáticos com acrobacias apresentados nos EUA no início do século XX, ganhando notoriedade nos musicais dos anos 40 e 50. É um dos poucos esportes restritos apenas a mulheres que competem em solos, duetos ou times de oito. Já os saltos ornamentais surgiram no século XVII, quando os ginastas suecos e alemães decidiram treinar acrobacias na água para diminuir os danos físicos em caso de queda. Nos saltos ornamentais os atletas fazem acrobacias no ar, saltando de plataformas de 10 m ou trampolins de 3 m. A maratona aquática estréia neste ano no Pan na praia de Copacabana. Como explica o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), “as provas são divididas entre as de distância inferior e superior a 10km. Nos campeonatos mundiais, são realizadas três provas da modalidade, nas distâncias de 5km, 10km e 25km, sempre para mulheres e homens.” O pólo aquático foi criado no século XIX e é semelhante ao futebol. São dois times com sete jogadores cada – incluindo o goleiro – disputando uma partida na piscina durante quatro quartos de sete minutos. Ganha quem marcar mais gol sem tocar os pés no chão nem a mão na borda da piscina. jornal cassi O que comer e beber antes e depois de cair na água Alguns procedimentos nutricionais são comuns para todas as atividades físicas. Como explica a nutricionista da CASSI Paraná, Maíra Botelho Perotto, até quatro horas antes dos exercícios é indicado fazer refeições ricas em carboidratos e pobres em gordura. Entre as sugestões estão barras de cereais, sanduíche de peru, cenouras cruas e salada ou ainda frango grelhado, arroz e frutas. “Nunca pratique exercícios físicos em jejum, logo após comer ou em intervalo maior do que quatro horas após a última refeição. Mesmo que esta refeição seja um lanche leve como suco e três bolachas de água e sal”, diz. A nutricionista complementa que, após os treinos, o ideal é incluir alimentos à base de carboidratos para repor a glicose e o oxigênio dos músculos, como pães, massas, arroz ou batatas dentro de 30 minutos e novamente após duas horas. “É importante ainda avaliar a perda de peso. Quando rápida, pode ser às custas de desidratação e, conseqüentemente, perda de massa muscular.” Especificamente quanto aos esportes aquáticos, a nutricionista Maíra diz ser fundamental ao praticante estar 5 bem hidratado antes, durante e depois do treino. Para isso, ela sugere: • Beber pelo menos 1,5 litros de água por dia. • Beber 500 ml de água duas horas antes de começar a treinar e 125-250 ml imediatamente antes do treino. • Beber 125-250 ml de água (ou bebida isotônica para treinos de mais de uma hora de duração) a cada 15 minutos durante o treino. A ingestão mínima para uma hora de treino intenso deve ser de 500 ml. A perda hídrica ocorrida pelo suor durante uma hora de natação é equivalente a 500 ml a 1,5 litro. • Beber pelo menos 1 litro de água ou bebida isotônica após uma hora de treino. Quanto às necessidades de energia para os praticantes de atividades aquáticas, a nutricionista Maíra explica que os carboidratos são o combustível para os músculos sustentarem atividades de alta intensidade, como a natação. “Os carboidratos ingeridos são estocados nos músculos como glicose e oxigênio. Portanto, é muito importante começar o treino com um alto nível desses elementos nos músculos.” SAÚDE Entre os alimentos com alto teor de carboidratos estão o arroz, macarrão, batata, cereais matinais, pão, frutas, milho, doces (exceto chocolate e outros ricos em gordura). A nutricionista recomenda fazer uma refeição rica em carboidratos entre três a quatro horas antes do treino (sanduíche com queijo branco e doce de frutas, por exemplo). “É importante evitar nadar com estômago cheio. De duas a quatro horas há tempo suficiente para o corpo fazer a digestão do alimento ingerido. O tempo de esvaziamento gástrico é maior para refeições ricas em gordura como pastel, pizza, batata frita e churrasco”, finaliza Maíra. A recomendação de não nadar com a “barriga cheia” tem uma lógica. De acordo com explicações médicas, após as refeições uma maior quantidade de sangue é desviada para o estômago, com o objetivo de agilizar a digestão. Por isso, é importante evitar atividades que exijam uma grande quantidade de sangue, tanto nos músculos ou em outra parte do corpo, como a natação, por exemplo, o que poderá comprometer o processo digestivo. MERCADO DE SAÚDE jornal cassi 6 A formação médica em questão Até mesmo os profissionais de saúde estão preocupados com a escassez de médicos clínicos, o excessivo número de pedidos de exames para diagnóstico e a qualidade do exame clínico. Os maus resultados em avaliações sobre os conhecimentos dos novos médicos também colocam em xeque a formação médica atual. Felizmente, as constatações não são generalizadas, mas vale a pena uma reflexão sobre o assunto, que é tema desta edição do Jornal CASSI, a última da série sobre a crise no sistema de saúde do Brasil. “O exame clínico deve começar pelas coisas mais importantes e mais facilmente reconhecíveis. Verificar as semelhanças e as diferenças com o estado de saúde. Observar tudo que se pode ver, ouvir, tocar, sentir, tudo que se pode reconhecer pelos nossos meios de conhecimento.” Hipócrates de Cós (Cós, 460 a.C. - Tessália, 377 a.C.) médico da Antiga Grécia, considerado o Pai da Medicina. O diagnóstico médico, até o século IXX, era feito apenas pelo exame clínico do paciente, que contemplava, além de uma avaliação física, a investigação detalhadas dos sinais e sintomas do paciente. Entre os poucos aparelhos que o profissional de saúde usava estavam os recém-criados estetoscópio e termômetro, o rudimentar medidor da pressão arterial, além do microscópio. A descoberta do raio-X pelo físico Roentgen, em 1895, foi um grande avanço para a medicina do século seguinte. Foi no século XX que a tecnologia em medicina se desenvolveu espetacularmente, com o sofisticado diagnóstico por imagens, a endoscopia, os eletrocardiogramas, os exames laboratoriais, a genética e a robótica. Todo esse aparato tecnológico trouxe mais segurança para a detecção de doenças e mais precisão no tratamento de cada uma delas. Um avanço inegável para o bem-estar da humanidade. Em contrapartida, a confiança nos diagnósticos clínicos foi diminuindo à medida que alguns exames de alta complexidade se popularizaram. Negligência ou segurança? Segundo Jofre Rezende, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, “a negligência jornal cassi com o exame clínico decorre de dois fatores: a pressa com que o paciente é atendido no modelo atual de assistência médica e a crença de que os recursos da tecnologia médica suprirão essa negligência”. Em um encontro de medicina realizado em Goiânia, o professor foi mais enfático ao dizer que “o médico, de modo geral, passou a se preocupar mais com imagens e constituintes biológicos do que com o paciente como ser humano; passou a dar menor atenção às queixas do paciente e examiná-lo mais apressadamente”. Para Reinaldo Ayer de Oliveira, um dos coordenadores do exame de qualificação feito pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) com formandos de medicina, “é a insegurança e a crítica com relação ao diagnóstico que fazem com que se recorra, com cada vez mais freqüência, a exames complementares exagerados. Mas nem sempre o exame de laboratório ou por imagem dá segurança ao diagnóstico. Um médico, com boa prática, atende firmado na relação médico/paciente e consegue fazer um bom exame físico”. Ele dá um exemplo: “Se você tem um paciente com febre, o gráfico de temperatura revela muitas vezes mais coisas do que o exame por imagem”. O médico de família da CASSI Campinas, no interior de São Paulo, Airton Mello, com seus quase 30 anos de experiência na área de saúde, diz que o exame por imagem “é um procedimento complementar e, como tal, deveria ser realizado para confirmar um diagnóstico clínico em caso de dúvida, de qualquer natureza; seja a extensão da doença, a própria doença ou seu prognóstico ou conseqüências”. Em sua opinião, é uma atitude que poucos adotam atualmente por falta de 7 tempo, insegurança no diagnóstico ou mesmo insistência do paciente, que acredita mais na imagem, que pode ver, do que na palavra do médico após o exame clínico. E conclui: “o médico, nesses casos, é compelido a solicitar exames, pressionado pelas crenças do paciente e posto em xeque pela propaganda e pela mídia”. “ Um médico, com boa prática, atende firmado na relação médico/paciente e consegue fazer um bom exame físico.” Um profissional de uma geração mais nova, Massimo Colombini, 30 anos, que também é médico de família da CASSI na cidade de São Paulo, acredita que “os exames complementares servem para auxiliar no processo de investigação diagnóstica, porém os recursos tecnológicos disponíveis apenas são aplicáveis em sua plenitude quando partem de uma avaliação clínica bem feita”. Especialista x clínico geral Há uma discussão no sistema de saúde sobre a proliferação das especialidades médicas em contrapartida ao pequeno número de clínicos gerais disponíveis. Prova disso foi a recente seleção feita pela Secretaria de Saúde de São Paulo, que não conseguiu encontrar candidatos para os 350 postos de MERCADO DE SAÚDE clínicos gerais nos bairros da capital. Para Massimo Colombini, existe um extraordinário volume de informações científicas e conceitos fundamentais que se modificam rapidamente. “Apenas o Medline (principal banco de dados para pesquisas científicas) adiciona mensalmente 40 mil artigos das diversas especialidades. Essa realidade torna necessária constante atualização dos médicos e a adoção de estratégias que permitam uma educação contínua e eficiente”, observa. Airton Mello diz que a clínica geral é pouco exercida pelos médicos porque a população tende a depositar mais confiança e a procurar diretamente os especialistas. “Por outro lado, os médicos, exercendo uma especialidade ou subespecialidade, podem aprofundar seus estudos, entender e solucionar com mais segurança os males de seus pacientes. Por isso os especialistas são mais procurados. Assim, forma-se um círculo vicioso incentivado por melhores remunerações, além de maior visibilidade e fama”, avalia ele. O professor Jofre Rezende, da Universidade de Goiás, aponta que “a especialização precoce, sem aquisição de uma base mais ampla de cultura médica, por sua vez, passou a produzir um tipo de médico que se comporta no exercício da profissão como verdadeiro técnico confinado em seu campo de trabalho, sem a capacidade de integração dos conhecimentos e de percepção do quadro clínico do paciente em sua totalidade e abrangência”. MERCADO DE SAÚDE “Se os resultados do desempenho dos estudantes, dos relatórios das avaliações de cursos de graduação e da avaliação institucional não forem satisfatórios, a instituição deverá assinar um termo de compromisso junto ao MEC, onde se compromete a corrigir as dimensões frágeis.” 8 Já Reinaldo Ayer, do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), acredita que o fenômeno de especialidades foi muito maior no passado do que agora. “Nos últimos dez anos, tem sido crescente o número de candidatos interessados em uma formação clínica ou em cirurgia geral”, comenta o também médico. Avaliação dos novos médicos O Cremesp realiza desde 2005 uma avaliação dos estudantes do sexto ano e recém-formados em medicina no Estado. “O exame mobilizou a sociedade e indicou que deve ser ampliada a discussão sobre a qualidade do ensino”, avalia Isac Jorge Filho, presidente do Conselho. O coordenador da avaliação, Reinaldo Ayer, conta que o exame foi criado devido ao aumento do número de denúncias naquele Conselho contra médicos recém-formados e pela proliferação de escolas médicas com suspeitas de não estarem preparadas para promover a formação tecnicamente adequada. Segundo ele, o exame é optativo, com aplicação em caráter experimental e não punitivo, sendo realizado em duas etapas, com uma prova escrita e um exame prático. “Consideramos a média dos resultados satisfatória. A dificuldade maior foi verificada na área de saúde pública e na avaliação relacionada à emergência. O exame também identificou que as escolas mais tradicionais têm desempenho melhor do que as escolas mais novas”, avaliou Reinaldo. O coordenador lembra ainda que o objetivo do exame é estimular as escolas a investir na qualidade do ensino, naquilo que é importante para a entidade, para os alunos e para a sociedade. jornal cassi Houve o caso de uma escola que não tinha laboratório, professores qualificados, hospital-escola nem pesquisa. Lógico que o resultado do exame foi insatisfatório. Isso mostra que a estrutura de apoio tem grande influência na formação do médico. Enquanto a avaliação do Conselho de Medicina de São Paulo serve apenas como alerta para as faculdades, o exame feito pelo Ministério da Educação pune as instituições que não obtêm resultado esperado, conforme relata Amir Limana, coordenador geral do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). “Se os resultados do desempenho dos estudantes, dos relatórios das avaliações de cursos de graduação e da avaliação institucional não forem satisfatórios, a instituição deverá assinar um termo de compromisso junto ao MEC, onde se compromete a corrigir as dimensões frágeis. Se, no tempo definido em comum acordo, a instituição não resolver os problemas verificados, o Ministério pode fechar o curso ou até descredenciar a instituição”, adverte. No caso do Enade, os resultados são desanimadores. Amir Limana informou que, para todas as áreas, inclusive Medicina, “medianamente, verifica-se que os estudantes, ao final do curso, têm um desempenho médio que não atinge a 6 em uma escala de 0 a 10 no desempenho dos conteúdos definidos pelos especialistas. Conteúdos que são considerados necessários para o bom desempenho profissional quando egresso da universidade”. A gerente de Saúde da CASSI, Maria Helena Abonizio Guerreiro, acredita que não somente os médicos, mas todos os profissionais de saúde deveriam estar inseridos, desde sua saída jornal cassi 9 MERCADO DE SAÚDE da universidade, em um processo de educação permanente para atualização dos conhecimentos, voltando sua atenção para as pessoas e não somente para as doenças. “Existem estudos recomendados com base em evidências científicas que transcendem as doenças físicas e mentais e buscam as implicações do ambiente físico e social na qualidade de vida do ser humano”. Douglas Scortegagna, diretor de Saúde da CASSI, por sua vez, considera que para reconhecimento da excelência do médico, é preciso aliar as vantagens da tecnologia à aplicação das práticas recomendadas ao exame clínico. “Um bom médico não necessariamente é aquele que apenas solicita uma bateria de exames para definir o diagnóstico. O vínculo médico-paciente, por exemplo, pode ser um grande diferencial para a melhor percepção dos problemas de saúde, cabendo aos exames laboratoriais e por imagem o papel de agregar novas informações se necessárias à melhoria do plano terapêutico do paciente”, afirma. Médicos generalistas ou de família A CASSI, com a adoção da Estratégia Saúde da Família (ESF) em seus Serviços Próprios, tem procurado investir no modelo assistencial que prioriza o atendimento humanizado, valoriza o histórico do paciente e enfatiza as ações de promoção da saúde. Nos Módulos de Atenção Integral à Saúde espalhados pelo País, os profissionais das equipes de saúde investem tempo para conhecer melhor os aspectos que envolvem a saúde do paciente, como a alimentação, ambientes em que está inserido e as atividades praticadas, além da qualidade das relações inter-pessoais e os níveis de estresse a que está exposto. Isso para formulação de um diagnóstico clínico mais preciso e qualificado. Em nenhum momento os profissionais da ESF desestimulam a procura por especialistas ou o uso de exames. Eles apenas orientam sobre o que realmente pode ser eficaz no diagnóstico e no tratamento, baseando-se no histórico de vida e na observação clínica do paciente. Massimo Colombini explica que a Estratégia Saúde da Família implica administrar um conhecimento maior do indivíduo e de sua família. “A ESF desenvolve práticas de promoção, proteção e recuperação da saúde, realiza atendimentos individuais e familiares, evita internações desnecessárias e melhora a qualidade de vida da população.” Da mesma opinião, Airton Mello acrescenta que a promoção da saúde e a prevenção de doenças pressupõem educação constante da população. “Informação em saúde e adoção de hábitos saudáveis são fundamentais, mais do que consultas, exames e internações que encarecem e sobrecarregam os sistemas de saúde”. Para ele, a promoção da saúde e do bemestar “depende de conhecimento de hábitos, crenças e condições de vida da mesma população”. Douglas Scortegagna considera imprescindível que o médico de família conheça o histórico dos participantes cadastrados na ESF. Segundo ele, “é preciso um estudo continuado dos diversos tipos de relações que acontecem no núcleo familiar, desenvolvido não somente pelo médico, mas por todos os profissionais que compõem as equipes multidisciplinares, a exemplo do nutricionista, enfermeiro, auxiliar de enfermagem, psicólogo e assistente social”. O diretor de saúde da CASSI ressalta ainda que “o conhecimento da pessoa e a vigilância de seus riscos de saúde resultam maior confiança ao participante e melhora significativamente o processo de controle das doenças para o restabelecimento da saúde”. SAÚDE 10 jornal cassi Os perigos da automedicação Pessoas idosas sofrem e correm riscos mais sérios com os remédios indicados por amigos, pela TV e até por balconistas de farmácias Trinta em cada cem pessoas consomem remédio sem prescrição médi- ência na absorção e na eliminação dos remédios”, explica a geriatra. ca. Esta constatação feita por pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Cuidado contra A Janeiro (UERJ) revela a quantidade de intoxicação por pessoas, especialmente as idosas, que medicamento estão submetidas a graves riscos de saúde pela automedicação. A utilização de laxantes, antiácidos, vitaminas e antigripais pode levar a conseqüências indesejáveis quando associados a outros medicamentos sem o conhecimento do médico. Para a médica Márcia Morgado, da CASSI Rio de Janeiro, os idosos De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2025 o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos, contando com 32 milhões de pessoas nessa faixa etária. É uma população que exige cuidados, pois quando não recebem o auxílio necessário, muitos caem no perigo da automedicação. por medicamentos. Para Márcia Morgado, é importante o paciente, principalmente o idoso que consulta vários especialistas, comunicar que está sofrem mais com a automedicação “A utilização de muitos antiiflama- tomando outros remédios a todos os porque, em sua maioria, têm a saú- tórios pode provocar hemorragia diges- médicos. A médica lembra que usar de debilitada e necessitam de mais tiva; o anticoagulante oral não pode ser menos do que o recomendável pelo remédios. “No País, 70% dos idosos misturado com nenhum remédio sem médico também é automedicação. possuem pelo menos uma patologia comunicação ao médico e o uso exces- crônica e necessitam do uso regular sivo de vitaminas A, D, E e K podem Mesmo ciente de todos esses ris- de medicamento”, informa. causar intoxicação por vitamina”, alerta cos, a aposentada do Rio de Janei- a médica da CASSI. O consumo rotinei- ro Maria Catarina Alves Ferreira, 74 ro do álcool também leva a conflitos anos, admite que toma remédios por com os medicamentos prescritos. conta própria. “É só começar a sentir A automedicação nunca é indicada e o idoso, com suas particularidades, corre mais perigo ao tomar remé- alguma dorzinha que já procuro al- dios por conta própria. O idoso muda Estudos da Fundação Oswaldo gum remédio”. Ela nunca chegou a muito a sua composição corpórea. Há Cruz (Fiocruz) revelam que os medica- sofrer intoxicação, mas diz que toma diminuição da massa muscular e au- mentos respondem por 27% das into- remédio controlado e mistura com mento do depósito de gordura. “Essa xicações no Brasil e que 16% dos casos vários outros. “Aprendi com meu ex- mudança no corpo tem grande influ- de morte por intoxicação são causadas companheiro”, confessa. jornal cassi SAÚDE 11 Infelizmente, até pouco tempo atrás, era possível encontrar medicamentos até em supermercados, bares ou armazéns, locais onde eventualmente comprimidos seram usados como troco. Esse tipo de comércio, a publicidade em rádio e televisão sobre medicamentos e a venda deles sem receita médica em farmácias demonstram a falta de “Como a legislação brasileira permite comprar remédio sem receita médica, é importante fugir das consultas nos balcões de farmácias...” preocupação com a automedicação. “É importante fugir das consultas nos balcões de farmácias”, alerta a geriatra da CASSI. O que informar e perguntar ao médico O paciente deve informar ao médico todos os remédios que está usando e qual a dose; qualquer problema que já tenha tido com medicamentos; se tem alergias; se consome bebidas alcoólicas, drogas ou fuma. É importante também ele saber como vai usar o medicamento e por quanto tempo; se deve evitar algum tipo de comida, bebida alcoólica, outros medicamentos, alguma atividade e medicamento por um que ele garante não devem ser guardados em banhei- exercícios físicos enquanto estiver ser igual, quando o receitado não for ro ou junto com venenos ou outras usando o remédio; se o medicamen- encontrado ou for mais caro, exceto substâncias perigosas. to pode afetar o sono, o estado de no caso de genérico, que tem mes- alerta e capacidade de dirigir veícu- mo princípio ativo e ainda o benefício Precauções ao tomar los; o que fazer se esquecer de tomar do preço; não compre medicamentos os remédios alguma dose; sobre efeitos adversos que já foram abertos ou cujas emba- e o que fazer nessa situação. lagens aparentem ser muito velhas e confira a data de validade. Como proceder na compra de medicamentos Na hora de comprar os remédios, Como embalar e guardar medicamentos verifique se a farmácia tem farma- Os remédios devem ser guarda- cêutico responsável; confira o me- dos longe do alcance das crianças dicamento que foi entregue com o em suas embalagens originais e bem nome escrito na receita; não aceite fechadas. Os medicamentos vencidos sugestão do vendedor para trocar o devem ser jogados fora. Os remédios Confira a dose antes de administrar e tomá-la, de preferência, em locais bem iluminados. Nunca reutilize os conta-gotas em novos medicamentos. Outro cuidado importante é não misturar remédios líquidos com sucos, chás, leite ou outras bebidas, a não ser que o paciente tenha sido autorizado a fazê-lo pelo seu médico. Fonte: Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia SAÚDE 12 jornal cassi Vencendo o preconceito e o câncer Exames preventivos e diagnóstico precoce ajudam a diminuir o número de mortes entre os homens Apesar dos médicos afirmarem que os homens estão menos resistentes ao exame de toque retal, o sexo masculino ainda não venceu o preconceito e adia a consulta o quanto pode. Enquanto o preconceito persiste, o câncer de próstata continua sendo a segunda causa de óbitos por câncer em homens. Cresceu 96,95% entre 1979 e 2004, superado apenas pelo de pulmão. As estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indicam que, em 2006, o Brasil teve mais de 47 mil novos casos de câncer de próstata. Isso significa que 51 a cada 100 mil homens desenvolveram a doença. Estudos desse Instituto apontam ainda que, no Brasil, a região Sul é o local com a maior incidência de câncer de próstata e a região Norte com a menor: 68/100.000 e 22/100.000, respectivamente. Nas outras regiões do País, as proporções são as seguintes: 63/100.000 no Sudeste, 46/100.000 no Centro-Oeste e 34/100.000 no Nordeste. jornal cassi Segundo o Inca, o Sul e o Sudeste aparecem em primeiro lugar porque, além de terem uma população do sexo masculino maior, nessas regiões há mais procura pelo serviço médico e, conseqüentemente, um aumento nas notificações da doença. Além disso, são regiões com uma taxa de envelhecimento maior do que nas outras. No mundo, o câncer de próstata representa, entre todos os tipos de câncer, 15,3% dos casos nos países desenvolvidos e 4,3% naqueles em desenvolvimento. A mortalidade desse tipo de patologia também sofre variações, de acordo com o país. Nos desenvolvidos, de acordo com dados do Inca, “a sobrevida média estimada em cinco anos é de 64%; enquanto nos países em desenvolvimento a sobrevida média é de 41%. A média mundial é de 58%”. Para a médica da CASSI-RN, Ana Carolina Medeiros de Assis, “os hábitos de vida saudáveis, com dieta rica em licopeno (encontrado no tomate, por exemplo), b-caroteno, vitamina E e com baixo teor em gordura animal reduzem o risco de câncer de próstata”. Quanto à herança genética, a médica afirma que “os riscos aumentam 2,2 vezes quando um parente em primeiro grau é acometido pelo câncer. Nesses casos, a doença se manifesta mais precocemente, até mesmo antes dos 40 anos”. Os exames que devem ser feitos Ana Carolina explica que os exames utilizados para diagnosticar o câncer de próstata são a dosagem do antígeno prostático específico (PSA), o toque retal e a ultrassonografia da próstata. “A ultrassonografia falha em 60 a 70% dos casos e, portanto, a me- SAÚDE 13 lhor forma de diagnóstico é a combinação do PSA e o toque digital, que o homem deve fazer a partir dos 40 anos”, afirma. A médica da CASSI-RN complementa afirmando que, “felizmente, segundo um dos grandes estudos realizados pela Universidade de Harvard (EUA), houve redução da resistência em realizar os exames por parte dos pacientes”. “os hábitos de vida saudáveis, com dieta rica em licopeno (encontrado no tomate, por exemplo), b-caroteno, vitamina E e com baixo teor em gordura animal reduzem o risco de câncer de próstata” O urologista Raphael Coelho, que atende na rede credenciada da CASSI, em Brasília, explica que é fundamental a realização, uma vez por ano, do PSA juntamente com o toque retal, feito no próprio consultório. Isso porque em alguns casos a dosagem do PSA pode ser normal e o toque indicar alterações na próstata. “Há algum tempo veio até meu consultório um paciente com cerca de 50 anos, sem nenhum sintoma, apenas para uma consulta de rotina. O exame de dosagem do PSA não indicou nenhuma anormalidade. Porém, feito o toque retal foi constatada que a próstata estava bem alterada. Ele tinha um tipo de tumor que aparece em apenas 5% dos casos de câncer de próstata e que não eleva a taxa de PSA. Felizmente ele fez os exames precocemente, foi operado e hoje está curado do câncer”, relata Coelho. Exame Periódico de Saúde Ana Carolina explica que a CASSI, por meio de convênio com o Banco do Brasil, realiza todos os anos o Exame Periódico de Saúde (EPS), que faz parte do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Criado para identificar precocemente doenças nos funcionários que estejam ou não associadas ao trabalho, o exame é feito em duas etapas – exame médico e, para algumas faixas-etárias, exames complementares. O EPS permite que as áreas de gestão em saúde do BB e da CASSI adotem medidas de prevenção, a partir dos problemas domésticos. Em 2005, 7.626 funcionários do BB fizeram o exame de dosagem do PSA e 7.035 de avaliação urológica. O índice de resultados alterados foi de 2,61% e 3,67%, respectivamente. Essa alteração não significa um diagnóstico de câncer, mas que o problema deve ser investigado, com indicação da biópsia de próstata, para melhor definição do diagnóstico. Tratamento “Cerca de 13% dos casos de câncer de próstata são indolentes, não se manifestam clinicamente e os pacientes morrem por outro motivo”, afirma Ana Carolina. Quanto ao tratamento, a médica geriatra explica que é determinado pela extensão da doença. “Os tumores localizados inteiramente dentro da glândula têm melhor prognóstico e tratamento, podendo não ser necessária a prostatectomia radical (retirada total da próstata). De uma forma geral, é indicada cirurgia, radioterapia e hormonioterapia.” SAÚDE 14 jornal cassi O que é próstata A próstata é uma glândula presente apenas no organismo masculino – do tamanho e formato de uma noz, embaixo do colo da bexiga, circundando a uretra (por onde sai a urina). A função dessa glândula é produzir o líquido eliminado durante a relação sexual, juntamente com os espermatozóides. Apenas exames clínicos e laboratoriais podem detectar a presença de tumores na próstata, em seu estado inicial. Quando o câncer passa a ser sintomático, o homem pode sentir principalmente dificuldade de urinar, diminuição da quantidade de urina, sangramento na urina (em alguns casos), anemia, perda de peso, ínguas no pescoço e, quando há metástases (o câncer se alastra para outras partes do corpo), dores ósseas. RELATO DO PARTICIPANTE Nesta nova seção, apresentamos o caso do aposentado do Banco do Brasil, Carlos Marly de Oliveira Abreu, 73 anos, residente em Belo Horizonte (MG), que ficou livre de uma cirurgia após o diagnóstico de um nódulo na próstata. “Desde 2003, observei que os intervalos de micção foram ficando cada vez menores. Com o passar do tempo, tinha sempre a necessidade de usar banheiros públicos ou de estabelecimentos comerciais, pois para onde ia não conseguia conter a vontade de urinar. Ao viajar, as paradas na estrada eram constantes. Percebendo que o problema se agravava, resolvi ir ao urologista que pediu um exame específico. Para minha surpresa, o diagnóstico revelou que havia um nódulo benigno na próstata, o que dificultava o processo da micção. O urologista foi radical e disse que tinha que fazer uma intervenção cirúrgica para a retirada do órgão. Meio perplexo, segui as orientações do pré-operatório e providenciei os exames necessários de risco cirúrgico, já que fazia controle da taxa de colesterol. Meus filhos apavorados incentivaram a cirurgia, pois consideravam que o problema era grave. Decidi, então, consultar uma médica de família da CASSI para ouvir uma opinião a mais. A médica, que me atendeu no Módulo de Atenção à Saúde de Belo Horizonte, achou que a recomendação do urologista foi muito rigorosa e me orientou a procurar um novo especialista. Com uma fagulha de esperança, fui a outro urologista que, após ver todo o meu histórico e me examinar clinicamente, diagnosticou que o problema talvez não estivesse no nódulo, que poderia até existir, mas sim no músculo que é usado para expelir a urina. Assim, orientou-me a fazer um estudo minucioso para tirar suas dúvidas. O resultado foi o esperado: o músculo estava com dificuldades de funcionar direi- to. A primeira providência foi cancelar a operação, para alívio de toda a família. Após o uso dos medicamentos indicados para o problema, agora posso controlar o processo urinário e curtir a vida sem mais esse incômodo. Após a aposentadoria, montei uma papelaria que o filho cuida, faço exercícios regularmente e viajo com a família sem precisar parar a toda hora na estrada. Graças à médica da CASSI que me orientou, eu resolvi o meu problema. Agora, todos os exames que faço levo para ela analisar e indicar o caminho que devo seguir. Ela tem todos os meus dados no computador e continuamente faz o controle da minha saúde.” Caso você tenha um relato positivo sobre o atendimento realizado nos Serviços Próprios da CASSI, envie para nós no endereço eletrônico [email protected], com o assunto Relato de participantes. Os casos mais interessantes serão publicados nesta seção. jornal cassi SAÚDE 15 Gordura trans: vilã na alimentação Nos dias atuais, a preocupação com a boa forma e com o funcionamento do coração é uma constante. Por isso, nada melhor do que conhecer os riscos que essa gordura provoca à saúde e saber como substituí-la. A gordura trans é um produto criado pela indústria alimentícia, por meio do processo de hidrogenação - modificação da estrutura dos ácidos graxos, que são os componentes das gorduras. Com base nesse processo, o óleo vegetal se transforma em gordura sólida, como é o caso das margarinas. Tem como objetivo ser uma alternativa à gordura saturada, como a do bacon, lingüiça, picanha, tornando os alimentos crocantes, como as batatas fritas industrializadas, e aumentar a vida útil de alguns produtos. A nutricionista da CASSI-CE, Jacqueline Jaguaribe Bezerra, explica que a gordura trans é encontrada nas margarinas, gordura para fritura (gordura hidrogenada), massas, sorvetes, bolos, salgadinhos de pacote, biscoitos tipo amanteigados, chocolates, biscoitos recheados ou waffles, batata-frita, macarrão instantâneo, sopas instantâneas, temperos prontos em tabletes ou em pós, entre outros alimentos industrializados. Essas gorduras também estão presentes, em pequena quantidade, em alimentos industrializados de origem animal, como carne e leite. O alto consumo de produtos industrializados que contêm gorduras trans está associado com maior incidência de doenças cardíacas, porque pode proporcionar: • aumento da concentração do colesterol ruim (Lipoproteína de baixa densidade - LDL) e de triglicérides. • redução dos níveis de colesterol bom (Lipoproteína de alta densidade - HDL). • aumento da circunferência abdominal. • hipertensão arterial. • diabetes tipo 2. Quando portadora de dois ou mais destes fatores, a pessoa é possuidora de síndrome metabólica, tendo maiores riscos de desenvolver doenças cardiovasculares. A gordura trans ainda é associada à esteatose hepática (gordura no fígado) e alguns estudos apontam-na como cancerígena. Segundo a nutricionista da CASSI, não existe uma recomendação de quantidade diária para a ingestão dessas gorduras. A orientação é de que seja consumido o mínimo possível. Ela chama a atenção para o fato de que, “de acordo com a Resolução RDC n.º 360, de 23 de dezembro de 2003, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é obrigatória a exibição da quantidade de gorduras trans no rótulo de cada produto. Conforme a norma, basta exibir o valor em gramas, não sendo necessário declarar “a porcentagem do valor diário de ingestão (%VD) de gorduras trans, por não haver esta recomendação”. Apesar de já terem se passado três anos da publicação da norma, algumas empresas ainda não a cumprem. Segundo a Anvisa, de agosto a dezembro de 2006, as empresas fabricantes que não cumpriram o disposto na Resolução apenas foram notificadas por ofícios educativos, sem penalidade de multa. Desde 1º de Janeiro de 2007, as faltas passaram a configurar infração sanitária e estão sujeitas às sanções de multa previstas na Lei Federal 6437, de 1977. Sugestões refrescantes e saudáveis - Em vez de sorvete de massa, rico em gordura trans, o ideal é o picolé de frutas, que, além de pouco calórico, é refrescante. Uma dica é congelar suco de frutas nas forminhas de picolé. É prático, saudável e saboroso. - Troque os salgadinhos industrializados que só engordam e aumentam o colesterol por similares feitos em casa. cassi em foco jornal cassi 16 Tirando as dúvidas do participante Alterações cadastrais Como fazer a alteração de endereço dos beneficiários do Plano de Associados e do CASSI Família? Os dados de endereço e telefone dos associados são atualizados pelo sistema “clientes” do Banco do Brasil e automaticamente repassados ao sistema da CASSI. Os associados podem realizar a atualização de endereço da seguinte forma: • Na internet, no site www.bb.com. br, clicar nos seguintes itens: “Acesse sua Conta”, digite o número da conta, agência e senha de auto-atendimento; “Outras Opções”; “Atualize seu Cadastro”, digite a senha do cartão; “Endereço para correspondência”; • Na agência Banco do Brasil de relacionamento; • Na Central de Atendimento Banco do Brasil; • No SISBB: Aplicativo “Pessoal”, opção 3 - Dados cadastrais, opção 1. Altera o endereço e confirma com “sim”. Os participantes do CASSI Família podem realizar alterações por meio do site da CASSI (www.cassi.com. br), acessando o serviço “atualização cadastral”, onde deverá preencher formulário eletrônico ou pela Central CASSI 0800 729 0080. Dependente com 24 anos Ao completar 24 anos, o filho de associado que ainda estiver cur- Neste mês, o Jornal CASSI estréia a seção Cartas de Leitores. Um espaço reservado para sua manifestação. Encaminhe seus comentários e elogios, críticas, sugestões e dúvidas. Participe! “Na qualidade de associada contribuinte desde 1974, desejo tornar público meu reconhecimento ao trabalho desenvolvido pelas Equipes de Saúde. Importante observar a grandeza do projeto que está sendo desenvolvido, visando ao ser como um todo e não apenas tratando as doenças existentes. Antes de minha participação na Unidade, costumava peregrinar por profissionais de várias áreas, não raro repetindo exames caros e invasivos, na tentativa de encontrar a solução. Hoje, conto com uma equipe que orienta, previne e, quando necessário, encaminha corretamente para a solução dos problemas.” Terezinha Arruda Steffen Porto Alegre (RS) sando faculdade pode continuar como dependente no Plano de Associados? Não. Independentemente de estar em curso universitário, não há possibilidade de manutenção do filho (adotivo e enteado) maior de 24 anos de idade no Plano de Associados, conforme estabelece o Estatuto da CASSI, em seu artigo 10º, e o Regulamento. Ao completar 24 anos, o ex-dependente pode aderir ao plano CASSI Família em qualquer agência do Banco do Brasil ou Unidade CASSI. Se a adesão ocorrer em até 30 (trinta) dias a partir de sua exclusão como dependente, ele contará com cobertura assistencial do CASSI Família sem necessidade de cumprimento de prazos de carência. Correspondência As cartas de leitores devem ser endereçadas à Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, Jornal CASSI. Endereço: SBS Quadra 2, Bloco N, Edifício Sede II, 3º andar - CEP 70073-900, Brasília - DF E-mail: [email protected] Fone/fax: (61) 3212.5038 Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não expressam, necessariamente, a opinião do jornal. Devido a restrições de espaço, o Jornal CASSI reserva-se o direito de publicar uma seleção de cartas recebidas e de reproduzir seus trechos mais significativos.