esportes aquáticos

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jornal cassi
ESPORTES
AQUÁTICOS
NADANDO A FAVOR DA SAÚDE
FORMAÇÃO MÉDICA
EM QUESTÃO
AUTOMEDICAÇÃO:
UMA MANIA PERIGOSA
VENCENDO O PRECONCEITO
E O CÂNCER DE PRÓSTATA
GORDURA TRANS:
VILÃ NA ALIMENTAÇÃO
Editorial
EXPEDIENTE jornal cassi
2
O conhecimento
em saúde
Os preocupantes resultados das avaliações de conhecimento dos
formandos de medicina, do número cada vez mais reduzido de clínicos gerais e do expressiva quantidade de solicitações de procedimentos
para diagnósticos revelam imperfeições na formação atual do médico.
Profissionais da área de saúde mostram dados e emitem opinião e inquietação sobre o conhecimento médico nos dias atuais em mais uma
matéria que tem como foco o mercado de saúde. Leia mais a partir da
página 6.
Colaborando com o conhecimento em saúde e estimulando a prática de exercícios físicos, apresentamos neste número os esportes aquáticos que estarão em competição no Pan do Brasil. Abordamos algumas
orientações aos praticantes da natação, como alimentação e os benefícios que fazem com que ela seja chamada de “esporte completo”.
Conselho Deliberativo
Maria das Graças C. Machado Costa (presidente)
Denise Lopes Vianna (vice-presidente)
Carlos Eduardo Leal Neri (efetivo)
Roosevelt Rui dos Santos (efetivo)
Solon Coutinho de Lucena Filho (efetivo)
Carlos Frederico Tadeu Gomes (suplente)
Cláudio Alberto Barbirato Tavares (suplente)
Geraldo Pedroso Magnanelli (suplente)
Marcelo Gonçalves Farinha (suplente)
Maria do Carmo Trivizan (suplente)
Conselho Fiscal
Ana Lúcia Landin (presidente)
Íris Carvalho Silva (titular)
Urbano de Moraes Brunoro (titular)
Décio Bottechia Júnior (suplente)
Francisco Alves e Silva (suplente)
Maria do Céu Brito de Medeiros (suplente)
Diretoria Executiva
Sérgio Dutra Vianna de Oliveira
(diretor superintendente)
Roberto Francisco Casagrande Herdeiro
(diretor administrativo-financeiro)
José Antônio Diniz de Oliveira
(diretor de planos de saúde e relacionamento com clientes)
Douglas José Scortegagna
(diretor de saúde)
Você sabia que 30 em cada 100 pessoas tomam remédio sem prescrição médica? Veja mais detalhes sobre os perigos da automedicação
na página 11 e saiba por que os idosos são as maiores vítimas dessa
prática, embora todos que tomam remédios sem orientação de um
profissional de saúde possam sofrer sérias conseqüências à saúde.
Veja ainda, na página 16, a nova seção de cartas dos leitores. Colabore com o nosso conhecimento em saúde. Participe você também
enviando sua sugestão, crítica, dúvida ou algum comentário sobre nossos serviços.
Redação, edição, revisão, diagramação e
edição de arte:
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março/abril 2007
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Publicação da CASSI (Caixa de Assistência
dos Funcionários do Banco do Brasil) “É
permitida a reprodução dos textos, desde
que citada a fonte”.
Boa leitura.
ANS - nº 34665-9
A Diretoria
capa
pág. 6
A saúde
ganha força
na água
A formação
médica
em questão
pág. 11
AUTOMEDICAÇÃO:
UMA MANIA
PERIGOSA
pág. 3
pág. 12
pág. 15
pág. 16
Vencendo o
preconceito
e o câncer
Gordura
trans: vilã na
alimentação
TIRANDO AS
DÚVIDAS
jornal cassi
3
SAÚDE
A saúde
ganha força na água
O homem incluiu a natação na vida
há mais de 2 mil anos. No Egito, a prática surgiu em 2.500 a.C., na educação
pública. Na Antigüidade, saber nadar
valia como parte do treinamento militar
de soldados gregos e romanos, além de
ser considerado um sinal de prestígio
social. Mas foi o Japão, em 38 a.C., o
primeiro país a adotar a natação como
esporte. Este ano, em julho, nos Jogos
Pan-Americanos que serão disputados
no Brasil, atletas dos países americanos
irão disputar medalhas em cinco modalidades aquáticas: natação, nado sincronizado, pólo aquático, saltos ornamentais e maratonas aquáticas.
Mesmo para quem não esteja em
busca de medalhas ou de subir ao pódio, dois destes esportes, natação e
hidroginástica, são recomendados por
médicos, fisioterapeutas e professores
de educação física para indivíduos de
todas as faixas etárias.
Entre os benefícios da natação,
vale destacar que favorece o desenvolvimento físico e mental – tornando-a
um dos esportes mais completos -,
melhora o condicionamento por meio
da estimulação dos sistemas cardiovascular e respiratório, ajuda na manutenção do peso ideal – até mesmo
no emagrecimento – e ainda contribui
para a qualidade de vida, diminuindo
o estresse e as tensões do dia-a-dia.
Como explica o professor de educação física da Associação Atlética Banco
do Brasil (AABB) de Brasília, Alex Fidelis,
a natação é muito recomendada para
pessoas com sobrepeso, na recuperação de lesões nos membros inferiores
e superiores e também para melhorar
a postura. “Em relação ao sobrepeso,
a natação é indicada porque o esporte
não tem impacto na água. Isso evita
e previne possíveis lesões. Para quem
sofre com problemas na coluna, a atividade ajuda muito”, afirma. Fidelis
ressalta, no entanto, que “não se pode
esquecer dos alongamentos antes e
depois dos exercícios”. Antes da atividade física, o alongamento prepara
e aquece o corpo para os exercícios,
diminuindo os riscos de lesões. Após,
ajuda a relaxar o físico.
O aposentado Carlos Alberto, de
Brasília, pratica o esporte há cinco
meses, de duas a três vezes por semana. Além de gostar da natação, a
atividade contribui para melhorar sua
qualidade de vida. “Eu nado porque
é uma atividade agradável e também
me ajudou a superar uma dor que
sentia na região lombar”, revela.
Como uma forma de incentivar Bruna Pilati, 7 anos, a praticar exercícios, seu
pai, Alexandre Pilati, aluno de Fidelis, a
leva duas vezes por semana para nadar.
“Há dois anos a gente vem junto para
fazer natação. Ela faz na turma infantil
e eu na de adulto”, afirmou Alexandre
que foi logo interrompido pela filha:
“Eu adoro nadar, não quero parar”.
Quanto à hidroginástica, é indicada
para quem quer perder calorias – uma
média de 400 a cada hora de atividade
-, melhora a resistência cardiorespiratória, a força muscular e ainda a capacidade aeróbica. O professor Fidelis
afirma que, apesar da hidroginástica
ser recomendada a todas as idades, a
atividade atrai mais pessoas da tercei-
SAÚDE
4
jornal cassi
ra idade. “No geral, quem procura a
hidroginástica são mulheres mais idosas, pois é um exercício mais leve, não
exige tanto esforço quanto à natação,
por exemplo”. Diferentemente da natação, a hidroginástica é praticada na
posição vertical e realiza um trabalho
mais localizado. Tanto uma atividade
quanto outra não tem, em geral, contra-indicação.
Estilos de natação
Crawl, costas, peito e borboleta são
os estilos de natação praticados hoje
em dia. Se o objetivo é perder peso, o
nado borboleta é o que promove um
gasto maior, 770 kcal/h. Os outros estilos ficam entre 560 a 630 kcal por
hora de prática.
Entretanto, o professor Alex Fidelis
alerta: o nado borboleta não é indicado para pessoas que têm problemas
na coluna, porque força em demasiado essa parte do corpo. O mesmo
vale para o nado peito. Para quem
sofre com esses problemas, o ideal é
o nado crawl, que previne e ajuda a
corrigir problemas posturais, sendo
coadjuvante nos tratamentos de lombalgia (dor na região lombar); seguido
pelo estilo costas. A supervisão de um
professor de educação física na prática
do esporte é fundamental.
De forma geral, o nado “crawl” trabalha a musculatura das costas, ombros e braços. O nado “costas” atua
sobre os músculos do peito, pernas
e costas. O estilo “peito” tem efeito
nos glúteos, pernas e tórax e o nado
“borboleta” tem influência positiva em
toda a musculatura corporal.
O esporte no balanço
das águas do Pan
Além da natação, nado sincronizado, pólo aquático, saltos ornamentais
“o nado borboleta
não é indicado para
pessoas que têm
problemas na coluna,
porque força em
demasiado essa parte
do corpo”
e maratona aquática também fazem
parte dos Jogos Pan-Americanos. A
natação está presente nas Olimpíadas
modernas desde a primeira edição em
Atenas, em 1896, quando os nadadores enfrentaram uma temperatura
média de 13 graus. Apenas em 1908
foi construída a primeira piscina para
as competições.
O nado sincronizado teve origem
a partir dos shows aquáticos com
acrobacias apresentados nos EUA no
início do século XX, ganhando notoriedade nos musicais dos anos 40 e
50. É um dos poucos esportes restritos apenas a mulheres que competem
em solos, duetos ou times de oito.
Já os saltos ornamentais surgiram
no século XVII, quando os ginastas
suecos e alemães decidiram treinar
acrobacias na água para diminuir os
danos físicos em caso de queda. Nos
saltos ornamentais os atletas fazem
acrobacias no ar, saltando de plataformas de 10 m ou trampolins de 3 m.
A maratona aquática estréia neste
ano no Pan na praia de Copacabana.
Como explica o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), “as provas são divididas entre as de distância inferior e superior a
10km. Nos campeonatos mundiais, são
realizadas três provas da modalidade,
nas distâncias de 5km, 10km e 25km,
sempre para mulheres e homens.”
O pólo aquático foi criado no século XIX e é semelhante ao futebol. São
dois times com sete jogadores cada
– incluindo o goleiro – disputando
uma partida na piscina durante quatro
quartos de sete minutos. Ganha quem
marcar mais gol sem tocar os pés no
chão nem a mão na borda da piscina.
jornal cassi
O que comer e beber antes e
depois de cair na água
Alguns procedimentos nutricionais
são comuns para todas as atividades
físicas. Como explica a nutricionista da
CASSI Paraná, Maíra Botelho Perotto,
até quatro horas antes dos exercícios
é indicado fazer refeições ricas em
carboidratos e pobres em gordura.
Entre as sugestões estão barras de
cereais, sanduíche de peru, cenouras
cruas e salada ou ainda frango grelhado, arroz e frutas. “Nunca pratique
exercícios físicos em jejum, logo após
comer ou em intervalo maior do que
quatro horas após a última refeição.
Mesmo que esta refeição seja um lanche leve como suco e três bolachas de
água e sal”, diz.
A nutricionista complementa que,
após os treinos, o ideal é incluir alimentos à base de carboidratos para
repor a glicose e o oxigênio dos músculos, como pães, massas, arroz ou
batatas dentro de 30 minutos e novamente após duas horas. “É importante ainda avaliar a perda de peso.
Quando rápida, pode ser às custas
de desidratação e, conseqüentemente, perda de massa muscular.”
Especificamente quanto aos esportes
aquáticos, a nutricionista Maíra diz
ser fundamental ao praticante estar
5
bem hidratado antes, durante e depois do treino. Para isso, ela sugere:
• Beber pelo menos 1,5 litros de
água por dia.
• Beber 500 ml de água duas horas
antes de começar a treinar e 125-250
ml imediatamente antes do treino.
• Beber 125-250 ml de água (ou bebida isotônica para treinos de mais
de uma hora de duração) a cada 15
minutos durante o treino. A ingestão mínima para uma hora de treino
intenso deve ser de 500 ml. A perda
hídrica ocorrida pelo suor durante
uma hora de natação é equivalente
a 500 ml a 1,5 litro.
• Beber pelo menos 1 litro de água
ou bebida isotônica após uma hora
de treino.
Quanto às necessidades de energia
para os praticantes de atividades aquáticas, a nutricionista Maíra explica que
os carboidratos são o combustível para
os músculos sustentarem atividades de
alta intensidade, como a natação. “Os
carboidratos ingeridos são estocados
nos músculos como glicose e oxigênio.
Portanto, é muito importante começar
o treino com um alto nível desses elementos nos músculos.”
SAÚDE
Entre os alimentos com alto teor
de carboidratos estão o arroz, macarrão, batata, cereais matinais, pão,
frutas, milho, doces (exceto chocolate
e outros ricos em gordura). A nutricionista recomenda fazer uma refeição rica em carboidratos entre três
a quatro horas antes do treino (sanduíche com queijo branco e doce de
frutas, por exemplo).
“É importante evitar nadar com
estômago cheio. De duas a quatro
horas há tempo suficiente para o
corpo fazer a digestão do alimento
ingerido. O tempo de esvaziamento
gástrico é maior para refeições ricas
em gordura como pastel, pizza, batata frita e churrasco”, finaliza Maíra.
A recomendação de não nadar
com a “barriga cheia” tem uma lógica. De acordo com explicações médicas, após as refeições uma maior
quantidade de sangue é desviada
para o estômago, com o objetivo
de agilizar a digestão. Por isso, é importante evitar atividades que exijam
uma grande quantidade de sangue,
tanto nos músculos ou em outra parte do corpo, como a natação, por
exemplo, o que poderá comprometer
o processo digestivo.
MERCADO DE SAÚDE
jornal cassi
6
A formação médica
em questão
Até mesmo os profissionais de saúde estão preocupados com a escassez
de médicos clínicos, o excessivo número de pedidos de exames para diagnóstico e a qualidade do exame clínico. Os maus resultados em avaliações
sobre os conhecimentos dos novos
médicos também colocam em xeque a
formação médica atual. Felizmente, as
constatações não são generalizadas,
mas vale a pena uma reflexão sobre o
assunto, que é tema desta edição do
Jornal CASSI, a última da série sobre a
crise no sistema de saúde do Brasil.
“O exame clínico deve começar
pelas coisas mais importantes e mais
facilmente reconhecíveis. Verificar as
semelhanças e as diferenças com o
estado de saúde. Observar tudo que
se pode ver, ouvir, tocar, sentir, tudo
que se pode reconhecer pelos nossos
meios de conhecimento.” Hipócrates
de Cós (Cós, 460 a.C. - Tessália, 377
a.C.) médico da Antiga Grécia, considerado o Pai da Medicina.
O diagnóstico médico, até o século
IXX, era feito apenas pelo exame clínico do paciente, que contemplava, além
de uma avaliação física, a investigação
detalhadas dos sinais e sintomas do paciente. Entre os poucos aparelhos que o
profissional de saúde usava estavam os
recém-criados estetoscópio e termômetro, o rudimentar medidor da pressão
arterial, além do microscópio. A descoberta do raio-X pelo físico Roentgen,
em 1895, foi um grande avanço para a
medicina do século seguinte.
Foi no século XX que a tecnologia
em medicina se desenvolveu espetacularmente, com o sofisticado diagnóstico por imagens, a endoscopia, os
eletrocardiogramas, os exames laboratoriais, a genética e a robótica. Todo
esse aparato tecnológico trouxe mais
segurança para a detecção de doenças
e mais precisão no tratamento de cada
uma delas. Um avanço inegável para o
bem-estar da humanidade. Em contrapartida, a confiança nos diagnósticos
clínicos foi diminuindo à medida que
alguns exames de alta complexidade
se popularizaram.
Negligência ou segurança?
Segundo Jofre Rezende, professor
da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, “a negligência
jornal cassi
com o exame clínico decorre de dois
fatores: a pressa com que o paciente
é atendido no modelo atual de assistência médica e a crença de que os recursos da tecnologia médica suprirão
essa negligência”. Em um encontro de
medicina realizado em Goiânia, o professor foi mais enfático ao dizer que “o
médico, de modo geral, passou a se
preocupar mais com imagens e constituintes biológicos do que com o paciente como ser humano; passou a dar
menor atenção às queixas do paciente
e examiná-lo mais apressadamente”.
Para Reinaldo Ayer de Oliveira, um
dos coordenadores do exame de qualificação feito pelo Conselho Regional
de Medicina de São Paulo (Cremesp)
com formandos de medicina, “é a insegurança e a crítica com relação ao
diagnóstico que fazem com que se
recorra, com cada vez mais freqüência, a exames complementares exagerados. Mas nem sempre o exame
de laboratório ou por imagem dá segurança ao diagnóstico. Um médico,
com boa prática, atende firmado na
relação médico/paciente e consegue
fazer um bom exame físico”. Ele dá
um exemplo: “Se você tem um paciente com febre, o gráfico de temperatura revela muitas vezes mais coisas
do que o exame por imagem”.
O médico de família da CASSI Campinas, no interior de São Paulo, Airton
Mello, com seus quase 30 anos de
experiência na área de saúde, diz que
o exame por imagem “é um procedimento complementar e, como tal, deveria ser realizado para confirmar um
diagnóstico clínico em caso de dúvida,
de qualquer natureza; seja a extensão
da doença, a própria doença ou seu
prognóstico ou conseqüências”. Em
sua opinião, é uma atitude que poucos adotam atualmente por falta de
7
tempo, insegurança no diagnóstico ou
mesmo insistência do paciente, que
acredita mais na imagem, que pode
ver, do que na palavra do médico após
o exame clínico. E conclui: “o médico,
nesses casos, é compelido a solicitar
exames, pressionado pelas crenças do
paciente e posto em xeque pela propaganda e pela mídia”.
“ Um médico, com
boa prática, atende
firmado na relação
médico/paciente e
consegue fazer um
bom exame físico.”
Um profissional de uma geração
mais nova, Massimo Colombini, 30
anos, que também é médico de família da CASSI na cidade de São Paulo,
acredita que “os exames complementares servem para auxiliar no processo
de investigação diagnóstica, porém
os recursos tecnológicos disponíveis
apenas são aplicáveis em sua plenitude quando partem de uma avaliação
clínica bem feita”.
Especialista x clínico geral
Há uma discussão no sistema de
saúde sobre a proliferação das especialidades médicas em contrapartida ao
pequeno número de clínicos gerais disponíveis. Prova disso foi a recente seleção feita pela Secretaria de Saúde de
São Paulo, que não conseguiu encontrar candidatos para os 350 postos de
MERCADO DE SAÚDE
clínicos gerais nos bairros da capital.
Para Massimo Colombini, existe
um extraordinário volume de informações científicas e conceitos fundamentais que se modificam rapidamente.
“Apenas o Medline (principal banco de
dados para pesquisas científicas) adiciona mensalmente 40 mil artigos das
diversas especialidades. Essa realidade
torna necessária constante atualização
dos médicos e a adoção de estratégias
que permitam uma educação contínua e eficiente”, observa.
Airton Mello diz que a clínica geral
é pouco exercida pelos médicos porque a população tende a depositar
mais confiança e a procurar
diretamente
os especialistas.
“Por outro lado,
os médicos, exercendo
uma especialidade ou subespecialidade, podem aprofundar seus
estudos, entender e solucionar com
mais segurança os males de seus pacientes. Por isso os especialistas são
mais procurados. Assim, forma-se um
círculo vicioso incentivado por melhores remunerações, além de maior visibilidade e fama”, avalia ele.
O professor Jofre Rezende, da
Universidade de Goiás, aponta que
“a especialização precoce, sem aquisição de uma base mais ampla de
cultura médica, por sua vez, passou
a produzir um tipo de médico que se
comporta no exercício da profissão
como verdadeiro técnico confinado
em seu campo de trabalho, sem a
capacidade de integração dos conhecimentos e de percepção do quadro
clínico do paciente em sua totalidade
e abrangência”.
MERCADO DE SAÚDE
“Se os resultados
do desempenho dos
estudantes, dos relatórios
das avaliações de cursos
de graduação e da
avaliação institucional
não forem satisfatórios,
a instituição deverá
assinar um termo de
compromisso junto
ao MEC, onde se
compromete a corrigir as
dimensões frágeis.”
8
Já Reinaldo Ayer, do Conselho
Regional de Medicina de São Paulo
(Cremesp), acredita que o fenômeno
de especialidades foi muito maior no
passado do que agora. “Nos últimos
dez anos, tem sido crescente o número de candidatos interessados em
uma formação clínica ou em cirurgia
geral”, comenta o também médico.
Avaliação dos novos médicos
O Cremesp realiza desde 2005
uma avaliação dos estudantes do sexto ano e recém-formados em medicina no Estado. “O exame mobilizou a
sociedade e indicou que deve ser ampliada a discussão sobre a qualidade
do ensino”, avalia Isac Jorge Filho,
presidente do Conselho.
O coordenador da avaliação, Reinaldo Ayer, conta que o exame foi
criado devido ao aumento do número
de denúncias naquele Conselho contra
médicos recém-formados e pela proliferação de escolas médicas com suspeitas de não estarem preparadas para
promover a formação tecnicamente
adequada. Segundo ele, o exame é
optativo, com aplicação em caráter experimental e não punitivo, sendo realizado em duas etapas, com uma prova
escrita e um exame prático.
“Consideramos a média dos resultados satisfatória. A dificuldade maior
foi verificada na área de saúde pública e na avaliação relacionada à emergência. O exame também identificou
que as escolas mais tradicionais têm
desempenho melhor do que as escolas mais novas”, avaliou Reinaldo. O
coordenador lembra ainda que o objetivo do exame é estimular as escolas
a investir na qualidade do ensino, naquilo que é importante para a entidade, para os alunos e para a sociedade.
jornal cassi
Houve o caso de uma escola que não
tinha laboratório, professores qualificados, hospital-escola nem pesquisa.
Lógico que o resultado do exame foi
insatisfatório. Isso mostra que a estrutura de apoio tem grande influência
na formação do médico.
Enquanto a avaliação do Conselho
de Medicina de São Paulo serve apenas
como alerta para as faculdades, o exame feito pelo Ministério da Educação
pune as instituições que não obtêm
resultado esperado, conforme relata
Amir Limana, coordenador geral do
Exame Nacional de Desempenho de
Estudantes (Enade). “Se os resultados
do desempenho dos estudantes, dos
relatórios das avaliações de cursos de
graduação e da avaliação institucional
não forem satisfatórios, a instituição
deverá assinar um termo de compromisso junto ao MEC, onde se compromete a corrigir as dimensões frágeis.
Se, no tempo definido em comum
acordo, a instituição não resolver os
problemas verificados, o Ministério
pode fechar o curso ou até descredenciar a instituição”, adverte.
No caso do Enade, os resultados
são desanimadores. Amir Limana informou que, para todas as áreas, inclusive Medicina, “medianamente,
verifica-se que os estudantes, ao final
do curso, têm um desempenho médio
que não atinge a 6 em uma escala de
0 a 10 no desempenho dos conteúdos
definidos pelos especialistas. Conteúdos que são considerados necessários
para o bom desempenho profissional
quando egresso da universidade”.
A gerente de Saúde da CASSI, Maria Helena Abonizio Guerreiro, acredita que não somente os médicos, mas
todos os profissionais de saúde deveriam estar inseridos, desde sua saída
jornal cassi
9
MERCADO DE SAÚDE
da universidade, em um processo de
educação permanente para atualização dos conhecimentos, voltando
sua atenção para as pessoas e não
somente para as doenças. “Existem
estudos recomendados com base em
evidências científicas que transcendem as doenças físicas e mentais e
buscam as implicações do ambiente
físico e social na qualidade de vida do
ser humano”.
Douglas Scortegagna, diretor de
Saúde da CASSI, por sua vez, considera que para reconhecimento da excelência do médico, é preciso aliar as
vantagens da tecnologia à aplicação
das práticas recomendadas ao exame
clínico. “Um bom médico não necessariamente é aquele que apenas solicita
uma bateria de exames para definir o
diagnóstico. O vínculo médico-paciente, por exemplo, pode ser um grande
diferencial para a melhor percepção
dos problemas de saúde, cabendo aos
exames laboratoriais e por imagem o
papel de agregar novas informações
se necessárias à melhoria do plano terapêutico do paciente”, afirma.
Médicos generalistas
ou de família
A CASSI, com a adoção da Estratégia Saúde da Família (ESF) em seus
Serviços Próprios, tem procurado
investir no modelo assistencial que
prioriza o atendimento humanizado, valoriza o histórico do paciente
e enfatiza as ações de promoção da
saúde. Nos Módulos de Atenção Integral à Saúde espalhados pelo País, os
profissionais das equipes de saúde investem tempo para conhecer melhor
os aspectos que envolvem a saúde do
paciente, como a alimentação, ambientes em que está inserido e as atividades praticadas, além da qualidade
das relações inter-pessoais e os níveis
de estresse a que está exposto. Isso
para formulação de um diagnóstico
clínico mais preciso e qualificado.
Em nenhum momento os profissionais da ESF desestimulam a procura por especialistas ou o uso de
exames. Eles apenas orientam sobre
o que realmente pode ser eficaz no
diagnóstico e no tratamento, baseando-se no histórico de vida e na observação clínica do paciente.
Massimo Colombini explica que a
Estratégia Saúde da Família implica
administrar um conhecimento maior
do indivíduo e de sua família. “A ESF
desenvolve práticas de promoção,
proteção e recuperação da saúde,
realiza atendimentos individuais e familiares, evita internações desnecessárias e melhora a qualidade de vida
da população.”
Da mesma opinião, Airton Mello
acrescenta que a promoção da saúde e a prevenção de doenças pressupõem educação constante da população. “Informação em saúde e adoção
de hábitos saudáveis são fundamentais, mais do que consultas, exames e
internações que encarecem e sobrecarregam os sistemas de saúde”. Para
ele, a promoção da saúde e do bemestar “depende de conhecimento de
hábitos, crenças e condições de vida
da mesma população”.
Douglas Scortegagna considera
imprescindível que o médico de família conheça o histórico dos participantes cadastrados na ESF. Segundo ele,
“é preciso um estudo continuado dos
diversos tipos de relações que acontecem no núcleo familiar, desenvolvido não somente pelo médico, mas
por todos os profissionais que compõem as equipes multidisciplinares, a
exemplo do nutricionista, enfermeiro,
auxiliar de enfermagem, psicólogo e
assistente social”. O diretor de saúde
da CASSI ressalta ainda que “o conhecimento da pessoa e a vigilância de
seus riscos de saúde resultam maior
confiança ao participante e melhora
significativamente o processo de controle das doenças para o restabelecimento da saúde”.
SAÚDE
10
jornal cassi
Os perigos
da automedicação
Pessoas idosas sofrem e correm riscos mais
sérios com os remédios indicados por amigos,
pela TV e até por balconistas de farmácias
Trinta em cada cem pessoas consomem remédio sem prescrição médi-
ência na absorção e na eliminação
dos remédios”, explica a geriatra.
ca. Esta constatação feita por pesquisa da Universidade Estadual do Rio de
Cuidado contra A
Janeiro (UERJ) revela a quantidade de
intoxicação por
pessoas, especialmente as idosas, que
medicamento
estão submetidas a graves riscos de
saúde pela automedicação. A utilização de laxantes, antiácidos, vitaminas
e antigripais pode levar a conseqüências indesejáveis quando associados a
outros medicamentos sem o conhecimento do médico.
Para a médica Márcia Morgado,
da CASSI Rio de Janeiro, os idosos
De acordo com a Organização
Mundial de Saúde (OMS), em 2025 o
Brasil será o sexto país do mundo em
número de idosos, contando com 32
milhões de pessoas nessa faixa etária.
É uma população que exige cuidados,
pois quando não recebem o auxílio
necessário, muitos caem no perigo da
automedicação.
por medicamentos. Para Márcia Morgado, é importante o paciente, principalmente o idoso que consulta vários especialistas, comunicar que está
sofrem mais com a automedicação
“A utilização de muitos antiiflama-
tomando outros remédios a todos os
porque, em sua maioria, têm a saú-
tórios pode provocar hemorragia diges-
médicos. A médica lembra que usar
de debilitada e necessitam de mais
tiva; o anticoagulante oral não pode ser
menos do que o recomendável pelo
remédios. “No País, 70% dos idosos
misturado com nenhum remédio sem
médico também é automedicação.
possuem pelo menos uma patologia
comunicação ao médico e o uso exces-
crônica e necessitam do uso regular
sivo de vitaminas A, D, E e K podem
Mesmo ciente de todos esses ris-
de medicamento”, informa.
causar intoxicação por vitamina”, alerta
cos, a aposentada do Rio de Janei-
a médica da CASSI. O consumo rotinei-
ro Maria Catarina Alves Ferreira, 74
ro do álcool também leva a conflitos
anos, admite que toma remédios por
com os medicamentos prescritos.
conta própria. “É só começar a sentir
A automedicação nunca é indicada e o idoso, com suas particularidades, corre mais perigo ao tomar remé-
alguma dorzinha que já procuro al-
dios por conta própria. O idoso muda
Estudos da Fundação Oswaldo
gum remédio”. Ela nunca chegou a
muito a sua composição corpórea. Há
Cruz (Fiocruz) revelam que os medica-
sofrer intoxicação, mas diz que toma
diminuição da massa muscular e au-
mentos respondem por 27% das into-
remédio controlado e mistura com
mento do depósito de gordura. “Essa
xicações no Brasil e que 16% dos casos
vários outros. “Aprendi com meu ex-
mudança no corpo tem grande influ-
de morte por intoxicação são causadas
companheiro”, confessa.
jornal cassi
SAÚDE
11
Infelizmente, até pouco tempo
atrás, era possível encontrar medicamentos até em supermercados,
bares ou armazéns, locais onde
eventualmente comprimidos seram
usados como troco. Esse tipo de
comércio, a publicidade em rádio
e televisão sobre medicamentos e a
venda deles sem receita médica em
farmácias demonstram a falta de
“Como a legislação
brasileira permite
comprar remédio
sem receita médica,
é importante fugir
das consultas nos
balcões de farmácias...”
preocupação com a automedicação.
“É importante fugir das consultas
nos balcões de farmácias”, alerta a
geriatra da CASSI.
O que informar e perguntar
ao médico
O paciente deve informar ao
médico todos os remédios que está
usando e qual a dose; qualquer problema que já tenha tido com medicamentos; se tem alergias; se consome
bebidas alcoólicas, drogas ou fuma.
É importante também ele saber como
vai usar o medicamento e por quanto tempo; se deve evitar algum tipo
de comida, bebida alcoólica, outros
medicamentos, alguma atividade e
medicamento por um que ele garante
não devem ser guardados em banhei-
exercícios físicos enquanto estiver
ser igual, quando o receitado não for
ro ou junto com venenos ou outras
usando o remédio; se o medicamen-
encontrado ou for mais caro, exceto
substâncias perigosas.
to pode afetar o sono, o estado de
no caso de genérico, que tem mes-
alerta e capacidade de dirigir veícu-
mo princípio ativo e ainda o benefício
Precauções ao tomar
los; o que fazer se esquecer de tomar
do preço; não compre medicamentos
os remédios
alguma dose; sobre efeitos adversos
que já foram abertos ou cujas emba-
e o que fazer nessa situação.
lagens aparentem ser muito velhas e
confira a data de validade.
Como proceder na compra
de medicamentos
Na hora de comprar os remédios,
Como embalar e guardar
medicamentos
verifique se a farmácia tem farma-
Os remédios devem ser guarda-
cêutico responsável; confira o me-
dos longe do alcance das crianças
dicamento que foi entregue com o
em suas embalagens originais e bem
nome escrito na receita; não aceite
fechadas. Os medicamentos vencidos
sugestão do vendedor para trocar o
devem ser jogados fora. Os remédios
Confira a dose antes de administrar e tomá-la, de preferência, em
locais bem iluminados. Nunca reutilize os conta-gotas em novos medicamentos. Outro cuidado importante é
não misturar remédios líquidos com
sucos, chás, leite ou outras bebidas, a
não ser que o paciente tenha sido autorizado a fazê-lo pelo seu médico.
Fonte: Sociedade Brasileira de Geriatria
e Gerontologia
SAÚDE
12
jornal cassi
Vencendo o
preconceito
e o câncer
Exames preventivos e
diagnóstico precoce ajudam
a diminuir o número de
mortes entre os homens
Apesar dos médicos afirmarem que os homens
estão menos resistentes ao exame de toque retal,
o sexo masculino ainda não venceu o preconceito
e adia a consulta o quanto pode. Enquanto o preconceito persiste, o câncer de próstata continua
sendo a segunda causa de óbitos por câncer em
homens. Cresceu 96,95% entre 1979 e 2004, superado apenas pelo de pulmão.
As estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indicam que, em 2006, o Brasil teve
mais de 47 mil novos casos de câncer de próstata. Isso significa que 51 a cada 100 mil homens desenvolveram a doença. Estudos desse
Instituto apontam ainda que, no Brasil, a região
Sul é o local com a maior incidência de câncer de próstata e a região Norte com a menor:
68/100.000 e 22/100.000, respectivamente.
Nas outras regiões do País, as proporções são as
seguintes: 63/100.000 no Sudeste, 46/100.000
no Centro-Oeste e 34/100.000 no Nordeste.
jornal cassi
Segundo o Inca, o Sul e o Sudeste
aparecem em primeiro lugar porque,
além de terem uma população do
sexo masculino maior, nessas regiões
há mais procura pelo serviço médico e,
conseqüentemente, um aumento nas
notificações da doença. Além disso,
são regiões com uma taxa de envelhecimento maior do que nas outras.
No mundo, o câncer de próstata
representa, entre todos os tipos de
câncer, 15,3% dos casos nos países
desenvolvidos e 4,3% naqueles em
desenvolvimento. A mortalidade desse
tipo de patologia também sofre variações, de acordo com o país. Nos desenvolvidos, de acordo com dados do
Inca, “a sobrevida média estimada em
cinco anos é de 64%; enquanto nos
países em desenvolvimento a sobrevida média é de 41%. A média mundial
é de 58%”.
Para a médica da CASSI-RN, Ana
Carolina Medeiros de Assis, “os hábitos de vida saudáveis, com dieta rica
em licopeno (encontrado no tomate,
por exemplo), b-caroteno, vitamina E
e com baixo teor em gordura animal
reduzem o risco de câncer de próstata”. Quanto à herança genética, a médica afirma que “os riscos aumentam
2,2 vezes quando um parente em primeiro grau é acometido pelo câncer.
Nesses casos, a doença se manifesta
mais precocemente, até mesmo antes
dos 40 anos”.
Os exames que devem ser feitos
Ana Carolina explica que os exames utilizados para diagnosticar o
câncer de próstata são a dosagem do
antígeno prostático específico (PSA),
o toque retal e a ultrassonografia da
próstata. “A ultrassonografia falha em
60 a 70% dos casos e, portanto, a me-
SAÚDE
13
lhor forma de diagnóstico é a combinação do PSA e o toque digital, que
o homem deve fazer a partir dos 40
anos”, afirma. A médica da CASSI-RN
complementa afirmando que, “felizmente, segundo um dos grandes
estudos realizados pela Universidade
de Harvard (EUA), houve redução da
resistência em realizar os exames por
parte dos pacientes”.
“os hábitos de vida
saudáveis, com dieta rica
em licopeno (encontrado
no tomate, por exemplo),
b-caroteno, vitamina
E e com baixo teor em
gordura animal reduzem
o risco de câncer
de próstata”
O urologista Raphael Coelho, que
atende na rede credenciada da CASSI,
em Brasília, explica que é fundamental
a realização, uma vez por ano, do PSA
juntamente com o toque retal, feito
no próprio consultório. Isso porque
em alguns casos a dosagem do PSA
pode ser normal e o toque indicar alterações na próstata.
“Há algum tempo veio até meu
consultório um paciente com cerca
de 50 anos, sem nenhum sintoma,
apenas para uma consulta de rotina.
O exame de dosagem do PSA não indicou nenhuma anormalidade. Porém,
feito o toque retal foi constatada que
a próstata estava bem alterada. Ele
tinha um tipo de tumor que aparece
em apenas 5% dos casos de câncer de
próstata e que não eleva a taxa de PSA.
Felizmente ele fez os exames precocemente, foi operado e hoje está curado
do câncer”, relata Coelho.
Exame Periódico de Saúde
Ana Carolina explica que a CASSI,
por meio de convênio com o Banco do
Brasil, realiza todos os anos o Exame
Periódico de Saúde (EPS), que faz parte
do Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional (PCMSO). Criado
para identificar precocemente doenças nos funcionários que estejam ou
não associadas ao trabalho, o exame é
feito em duas etapas – exame médico
e, para algumas faixas-etárias, exames
complementares. O EPS permite que as
áreas de gestão em saúde do BB e da
CASSI adotem medidas de prevenção,
a partir dos problemas domésticos.
Em 2005, 7.626 funcionários do
BB fizeram o exame de dosagem do
PSA e 7.035 de avaliação urológica.
O índice de resultados alterados foi
de 2,61% e 3,67%, respectivamente.
Essa alteração não significa um diagnóstico de câncer, mas que o problema deve ser investigado, com indicação da biópsia de próstata, para
melhor definição do diagnóstico.
Tratamento
“Cerca de 13% dos casos de câncer de próstata são indolentes, não se
manifestam clinicamente e os pacientes morrem por outro motivo”, afirma
Ana Carolina. Quanto ao tratamento,
a médica geriatra explica que é determinado pela extensão da doença.
“Os tumores localizados inteiramente
dentro da glândula têm melhor prognóstico e tratamento, podendo não
ser necessária a prostatectomia radical
(retirada total da próstata). De uma
forma geral, é indicada cirurgia, radioterapia e hormonioterapia.”
SAÚDE
14
jornal cassi
O que é
próstata
A próstata é uma glândula presente apenas
no organismo masculino – do tamanho e formato de uma noz, embaixo do colo da bexiga,
circundando a uretra (por onde sai a urina). A
função dessa glândula é produzir o líquido eliminado durante a relação sexual, juntamente
com os espermatozóides.
Apenas exames clínicos e laboratoriais podem detectar a presença de tumores na próstata, em seu estado inicial. Quando o câncer passa a ser sintomático, o homem pode sentir principalmente dificuldade de
urinar, diminuição da quantidade de urina, sangramento na urina (em alguns casos), anemia, perda de peso, ínguas no
pescoço e, quando há metástases (o câncer se alastra para outras partes do corpo), dores ósseas.
RELATO
DO PARTICIPANTE
Nesta nova
seção, apresentamos o caso do
aposentado do Banco do
Brasil, Carlos Marly de Oliveira
Abreu, 73 anos, residente em Belo
Horizonte (MG), que ficou livre de
uma cirurgia após o diagnóstico de
um nódulo na próstata.
“Desde 2003, observei que os
intervalos de micção foram ficando
cada vez menores. Com o passar do
tempo, tinha sempre a necessidade
de usar banheiros públicos ou de estabelecimentos comerciais, pois para
onde ia não conseguia conter a vontade de urinar. Ao viajar, as paradas
na estrada eram constantes. Percebendo que o problema se agravava,
resolvi ir ao urologista que pediu um
exame específico.
Para minha surpresa, o diagnóstico revelou que havia um nódulo
benigno na próstata, o que dificultava o processo da micção. O urologista foi radical e disse que tinha que
fazer uma intervenção cirúrgica para a
retirada do órgão. Meio perplexo, segui
as orientações do pré-operatório e providenciei os exames necessários de risco
cirúrgico, já que fazia controle da taxa
de colesterol. Meus filhos apavorados incentivaram a cirurgia, pois consideravam
que o problema era grave.
Decidi, então, consultar uma médica
de família da CASSI para ouvir uma opinião a mais. A médica, que me atendeu
no Módulo de Atenção à Saúde de Belo
Horizonte, achou que a recomendação
do urologista foi muito rigorosa e me
orientou a procurar um novo especialista. Com uma fagulha de esperança, fui
a outro urologista que, após ver todo
o meu histórico e me examinar clinicamente, diagnosticou que o problema
talvez não estivesse no nódulo, que poderia até existir, mas sim no músculo que
é usado para expelir a urina.
Assim, orientou-me a fazer um estudo minucioso para tirar suas dúvidas. O
resultado foi o esperado: o músculo estava com dificuldades de funcionar direi-
to. A primeira providência foi cancelar a operação, para alívio de toda
a família. Após o uso dos medicamentos indicados para o problema,
agora posso controlar o processo
urinário e curtir a vida sem mais esse
incômodo. Após a aposentadoria,
montei uma papelaria que o filho
cuida, faço exercícios regularmente
e viajo com a família sem precisar
parar a toda hora na estrada.
Graças à médica da CASSI que
me orientou, eu resolvi o meu problema. Agora, todos os exames que
faço levo para ela analisar e indicar
o caminho que devo seguir. Ela tem
todos os meus dados no computador e continuamente faz o controle
da minha saúde.”
Caso você tenha um relato positivo sobre o atendimento realizado
nos Serviços Próprios da CASSI, envie para nós no endereço eletrônico
[email protected], com o assunto
Relato de participantes. Os casos
mais interessantes serão publicados
nesta seção.
jornal cassi
SAÚDE
15
Gordura trans:
vilã na alimentação
Nos dias atuais, a preocupação com a boa
forma e com o funcionamento do coração é
uma constante. Por isso, nada melhor do que
conhecer os riscos que essa gordura provoca à
saúde e saber como substituí-la.
A gordura trans é um produto criado pela
indústria alimentícia, por meio do processo
de hidrogenação - modificação da estrutura dos ácidos graxos, que são os componentes das gorduras.
Com base nesse processo, o óleo
vegetal se transforma em gordura sólida, como é o caso das margarinas. Tem
como objetivo ser uma alternativa à
gordura saturada, como a do bacon,
lingüiça, picanha, tornando os alimentos crocantes, como as batatas fritas industrializadas, e aumentar a vida útil
de alguns produtos.
A nutricionista da CASSI-CE, Jacqueline
Jaguaribe Bezerra, explica que a gordura
trans é encontrada nas margarinas, gordura para fritura (gordura hidrogenada), massas,
sorvetes, bolos, salgadinhos de pacote, biscoitos
tipo amanteigados, chocolates, biscoitos recheados
ou waffles, batata-frita, macarrão instantâneo,
sopas instantâneas, temperos prontos em
tabletes ou em pós, entre outros alimentos
industrializados. Essas gorduras também
estão presentes, em pequena quantidade,
em alimentos industrializados de origem
animal, como carne e leite.
O alto consumo de produtos industrializados que contêm gorduras trans está associado
com maior incidência de doenças cardíacas, porque pode proporcionar:
• aumento da concentração do colesterol ruim
(Lipoproteína de baixa densidade - LDL) e de
triglicérides.
• redução dos níveis de colesterol bom (Lipoproteína de alta densidade - HDL).
• aumento da circunferência abdominal.
• hipertensão arterial.
• diabetes tipo 2.
Quando portadora de dois ou mais destes
fatores, a pessoa é possuidora de síndrome metabólica, tendo maiores riscos de desenvolver
doenças cardiovasculares.
A gordura trans ainda é associada à esteatose hepática (gordura no fígado) e alguns estudos
apontam-na como cancerígena.
Segundo a nutricionista da CASSI, não existe
uma recomendação de quantidade diária para a
ingestão dessas gorduras. A orientação é de que
seja consumido o mínimo possível. Ela chama a
atenção para o fato de que, “de acordo com a
Resolução RDC n.º 360, de 23 de dezembro de
2003, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), é obrigatória a exibição da quantidade de
gorduras trans no rótulo de cada produto. Conforme a norma, basta exibir o valor em gramas,
não sendo necessário declarar “a porcentagem do
valor diário de ingestão (%VD) de gorduras trans,
por não haver esta recomendação”.
Apesar de já terem se passado três anos da
publicação da norma, algumas empresas ainda
não a cumprem. Segundo a Anvisa, de agosto a
dezembro de 2006, as empresas fabricantes que
não cumpriram o disposto na Resolução apenas
foram notificadas por ofícios educativos, sem penalidade de multa. Desde 1º de Janeiro de 2007,
as faltas passaram a configurar infração sanitária
e estão sujeitas às sanções de multa previstas na
Lei Federal 6437, de 1977.
Sugestões refrescantes e saudáveis
- Em vez de sorvete de massa, rico em gordura
trans, o ideal é o picolé de frutas, que, além de
pouco calórico, é refrescante. Uma dica é congelar suco de frutas nas forminhas de picolé. É prático, saudável e saboroso.
- Troque os salgadinhos industrializados que
só engordam e aumentam o colesterol por similares feitos em casa.
cassi em foco
jornal cassi
16
Tirando as dúvidas
do participante
Alterações cadastrais
Como fazer a alteração de
endereço dos beneficiários
do Plano de Associados e
do CASSI Família?
Os dados de endereço e telefone
dos associados são atualizados pelo
sistema “clientes” do Banco do Brasil
e automaticamente repassados ao sistema da CASSI. Os associados podem
realizar a atualização de endereço da
seguinte forma:
• Na internet, no site www.bb.com.
br, clicar nos seguintes itens: “Acesse
sua Conta”, digite o número da conta,
agência e senha de auto-atendimento; “Outras Opções”; “Atualize seu
Cadastro”, digite a senha do cartão;
“Endereço para correspondência”;
• Na agência Banco do Brasil de relacionamento;
• Na Central de Atendimento Banco
do Brasil;
• No SISBB: Aplicativo “Pessoal”, opção
3 - Dados cadastrais, opção 1. Altera o
endereço e confirma com “sim”.
Os participantes do CASSI Família
podem realizar alterações por meio
do site da CASSI (www.cassi.com.
br), acessando o serviço “atualização
cadastral”, onde deverá preencher
formulário eletrônico ou pela Central
CASSI 0800 729 0080.
Dependente com 24 anos
Ao completar 24 anos, o filho de
associado que ainda estiver cur-
Neste mês, o Jornal CASSI
estréia a seção Cartas de Leitores.
Um espaço reservado para sua
manifestação. Encaminhe seus
comentários e elogios, críticas,
sugestões e dúvidas. Participe!
“Na qualidade de associada contribuinte desde 1974, desejo tornar público
meu reconhecimento ao trabalho desenvolvido pelas Equipes de Saúde.
Importante observar a grandeza do projeto que está sendo desenvolvido, visando ao ser como um todo e não apenas tratando as doenças existentes. Antes
de minha participação na Unidade, costumava peregrinar por profissionais de várias áreas, não raro repetindo exames caros e invasivos, na tentativa de encontrar a
solução. Hoje, conto com uma equipe que orienta, previne e, quando necessário,
encaminha corretamente para a solução dos problemas.”
Terezinha Arruda Steffen
Porto Alegre (RS)
sando faculdade pode continuar
como dependente no Plano de
Associados?
Não. Independentemente de estar
em curso universitário, não há possibilidade de manutenção do filho (adotivo e enteado) maior de 24 anos de
idade no Plano de Associados, conforme estabelece o Estatuto da CASSI,
em seu artigo 10º, e o Regulamento.
Ao completar 24 anos, o ex-dependente pode aderir ao plano CASSI
Família em qualquer agência do Banco do Brasil ou Unidade CASSI. Se
a adesão ocorrer em até 30 (trinta)
dias a partir de sua exclusão como
dependente, ele contará com cobertura assistencial do CASSI Família
sem necessidade de cumprimento de
prazos de carência.
Correspondência
As cartas de leitores devem
ser endereçadas à Caixa de
Assistência dos Funcionários do
Banco do Brasil, Jornal CASSI.
Endereço: SBS Quadra 2, Bloco
N, Edifício Sede II, 3º andar - CEP
70073-900, Brasília - DF
E-mail: [email protected]
Fone/fax: (61) 3212.5038
Os textos assinados são de
responsabilidade dos autores e
não expressam, necessariamente,
a opinião do jornal. Devido a
restrições de espaço, o Jornal
CASSI reserva-se o direito de
publicar uma seleção de cartas
recebidas e de reproduzir seus
trechos mais significativos.
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