XV. Febre do Nilo Ocidental -

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Febre do Nilo Ocidental
FE B R E D O N IL O O C ID E N T A L
C ID 1 0 : A 9 2 .3
A s p e c t o s c lín ic o s e e p id e m io ló g ic o s
D e s c riç ã o
Infecção viral que pode transcorrer de form a subclínica ou com sintom atologia de
distintos graus de gravidade,que variam desde um a febre passageira a um a encefalite grave.
A doença se m anifesta de form a m ais severa em adultos com idade acim a de 50 anos.
A g e n t e e t io ló g ic o
O vírus da febre do Nilo Ocidental pertence ao gênero Flavivirus da fam ília Flaviviridae, com um ente encontrado na Á frica, Á sia Ocidental e Oriente M édio e, m ais recentem ente,na Europa e A m érica do Norte e C entral. Faz parte do com plexo da fam ília das
encefalites japonesas,com o St.Louis,R ocio,M urray e V alley,Ilhéus.
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R e s e rv a t ó rio
O vírus pode infectar hum anos,aves,cavalos e outros m am íferos. Seu principal reservatório e am plifi cador são algum as espécies de aves. Som ente elas estão em condições de
atuar com o reservatório,já que têm um a virem ia alta e prolongada,servindo,assim ,com o
fonte de infecção para os vetores.
F
V e t o re s
A com petência vetorial está diretam ente ligada à abundância do vetor no local,além
da prática da antropofi lia e ornitofi lia.
O principal gênero de m osquito identificado com o vetor do vírus da febre do Nilo Ocidental é o C ulex.Entretanto,outras espécies de m osquitos já foram encontradas infectadas
com o vírus. D as espécies infectadas,o C ulex pipiens parece ser a m ais im portante nos Estados U nidos. Neste gênero,algum as espécies sobrevivem ao inverno,o que perm ite m anter a
transm issão m esm o em baixas tem peraturas. No Brasil,a espécie que m ais se assem elha ao
C ulex pipiens é o C ulex quiquefasciatus. A lém disso,o A edes albopictus,espécie am plam ente
distribuída em nosso país,tam bém é considerada vetor potencial,além do A nopheles.
M o d o d e t ra n s m is s ã o
O vírus do Nilo Ocidental pode ser transm itido quando um m osquito infectado pica
um hum ano ou anim al para se alim entar. Os m osquitos se infectam quando fazem o repasto em aves infectadas,as quais podem circular o vírus em seu sangue por alguns dias.
O vírus se replica no intestino dos insetos,sendo arm azenado nas glândulas salivares dos
m esm os. A lém disso, a transm issão pode ocorrer, m ais raram ente, através da transfusão
sangüínea ou transplante de órgãos, além do aleitam ento m aterno. Não há evidências de
que a gestação esteja sob algum risco.
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Não ocorre transmissão de pessoa para pessoa.
P eríodo de incu b ação
Varia de 3 a 14 dias.
P eríodo de transmissib ilidade
Nas aves, varia de 3 a 7 dias.
S u sceptib ilidade e imu nidade
A susceptibilidade varia entre as espécies. Aves e mamíferos são as espécies mais acometidas pela doença. No ser humano, indivíduos com idade superior a 50 anos têm apresentado quadro mais grave da doença. Outras espécies de animais, como répteis e roedores,
podem se infectar com o vírus.
Imu nidade
A doença pode conferir imunidade duradoura.
Aspectos clínicos e lab oratoriais
Manifestaçõ es clínicas
As infecções pelo vírus do Nilo Ocidental normalmente geram uma infecção clinicamente inaparente, sendo que 20% dos casos desenvolvem uma doença leve (febre do Nilo
Ocidental). Os primeiros sinais e/ou sintomas da forma leve da doença são:doença febril de
início abrupto, freqüentemente acompanhada de mal-estar, anorexia, náusea, vômito, dor
nos olhos, dor de cabeça, mialgia, exantema máculo-papular e linfoadenopatia.
Aproximadamente, uma em cada 150 infecções resulta em doença neurológica severa
(encefalite do Nilo Ocidental), cujo maior fator de risco é a idade avançada. A encefalite é
mais comumente relatada do que a meningite e apresenta-se com febre, fraqueza, sintomas
gastrointestinais e alteração no “padrão mental”. Podem apresentar exantema máculo-papular ou morbiliforme envolvendo pescoço, tronco, braços e pernas, seguido de fraqueza
muscular severa e paralisia fl ácida. São incluídas as apresentações neurológicas como ataxia
e sinais extrapiramidais, anormalidades dos nervos cranianos, mielite, neurite ótica, polirradiculite e convulsão. Existe descrição de miocardite, pancreatite e hepatite fulminante.
Diagnóstico diferencial
Dengue, leptospirose, febre maculosa, meningites e outras encefalites.
Diagnóstico lab oratorial
O teste diagnóstico mais eficiente é a detecção de anticorpos IgM para o vírus do Nilo
Ocidental em soro ou líquido cefalorraquideano (LCR) coletado até o oitavo dia do início
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da doença, utilizando o método de captura de anticorpos IgM (EIA). Pacientes recentemente vacinados ou infectados com outro Flavivírus (ex: febre amarela, dengue, encefalite
japonesa) podem apresentar resultado de IgM-EIA positivo.
Outras provas, como a hemaglutinação, PCR e isolamento do vírus, também são comumente usadas.
Outros ach ados importantes
Entre pacientes dos recentes surtos, observou-se que:
• pode ocorrer anemia;
• a contagem de leucócitos apresenta-se geralmente normal ou com linfocitopenia;
• o exame do LCR mostra pleocitose linfocítica com proteínas elevadas e glicose normal;
• a tomografia computadorizada do cérebro apresenta-se normal e em um terço dos
pacientes a imagem por ressonância magnética apresenta aumento das leptomeninges e/ou da área periventricular.
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Tratamento
O tratamento é de suporte, freqüentemente envolvendo hospitalização, fluido intravenoso, suporte respiratório e prevenção de infecção secundária para os pacientes com a
doença em sua forma severa.
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Aspectos epidemiológicos
A infecção cerebral denominada febre do Nilo Ocidental foi identificada pela primeira vez na Uganda, em 1937. Na década de 50, verificou-se em Israel a primeira epidemia,
sendo reconhecida como o vírus do Nilo Ocidental, causador de uma meningoencefalite severa. Subseqüentemente, sua presença foi novamente identificada em Israel, bem como na
Índia, Egito e outros países da África. Em 1974, ocorreu na África do Sul a maior epidemia
conhecida causada por este agente. Na década de 90, ocorreram surtos nos seguintes países:
Argélia (1994), Romênia (1996-1997), República Checa (1997), República Democrática do
Congo (1998), Rússia (1999) e Israel (2000). Nos EUA, a doença vem ocorrendo desde 1999
e em 2002 foram registrados 4.156 casos, com 284 óbitos;em 2003, ocorreram 9.862 casos,
com 264 óbitos, sendo o vírus isolado em 40 estados e no Distrito de Columbia;e em 2004
ocorreram 2.539 casos, com 100 óbitos. No Canadá, em 2002 (até novembro), ocorreram
75 casos e 2 óbitos.
Vigilâ ncia epidemiológica
Em situações onde se desconhece a atividade do vírus da febre do Nilo Ocidental,
deve-se implementar um sistema de vigilância para casos de encefalites de etiologia desco-
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nhecida, tanto em humanos como em aves e mamíferos.
A vigilância deve ser realizada de forma a detectar o mais precocemente possível a circulação viral na área, evitar a ocorrência da infecção em áreas livres e prevenir a circulação
em humanos. Assim, a estruturação deve obedecer os seguintes tipos de vigilância:
Vigilância em aves
• O aparecimento de aves mortas, sem etiologia definida, é fator de alerta para a vigilância.
• Implantação de pontos sentinelas de vigilância de aves mortas em zoológicos, parques e praças.
• Realização de inquéritos sorológicos em aves residentes e migratórias, para tentativa
de isolamento viral.
Vigilância entomológica
• Inquéritos entomológicos em áreas em que ocorrem mortes de aves, objetivando o
monitoramento das espécies presentes na área e a determinação do índice de infestação para a tomada de decisão.
• Tentativa de isolamento viral em mosquitos.
Vigilância em cavalos
Envio de amostras de cérebros de eqüinos que vierem a óbito com suspeita de raiva e
tiveram diagnóstico laboratorial negativo.
Nota: este material deve ser encaminhado para diagnóstico das encefalites eqüinas do
Leste, Oeste e Venezuelana, além da febre do Nilo Ocidental.
Vigilância em humanos
Realização do diagnóstico diferencial com as meningites virais, utilizando como critério de inclusão pessoas adultas com idade acima de 50 anos.
Vigilância sentinela
• A utilização de animais como sentinelas tem sido prática utilizada em áreas onde já
tenha sido detectada a circulação viral.
• Aves domésticas (galinhas), sorologicamente negativas, devem ser introduzidas na
área e, periodicamente, realizados testes para averiguação de positividade nestes
animais.
Defi nição de caso
Define-se caso suspeito como sendo qualquer pessoa com sintomas clínicos, como
febre e manifestações neurológicas graves (de meningite a encefalite) de etiologia desconhecida.
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D efi ne-se caso provável com o sendo um caso suspeito que preenche um ou m ais dos
seguintes critérios:
• dem onstração de anticorpos IgM no soro contra o vírus do Nilo Ocidental,no ensaio im unoenzim ático Elisa;
• dem onstração de elevado título de anticorpos IgG específi cos para o vírus do Nilo
Ocidental em soro da fase de convalescência (triagem por Elisa ou inibição de hem oaglutinação e confi rm ação pelo teste de PR NT ).
D efi ne-se caso confi rm ado com o um caso provável que preenche um ou m ais dos
seguintes critérios:
• isolam ento do vírus do Nilo Ocidental ou dem onstração do antígeno viral ou seqüências genôm icas do vírus do Nilo Ocidental em tecidos,soro,líquido cefalorraquidiano e outras secreções orgânicas;
• dem onstração de soroconversão (aum ento de quatro vezes ou m ais no título de anticorpos) do vírus do Nilo Ocidental no teste de PR NT em am ostras séricas ou pareadas de líquido cefalorraquidiano (fase aguda ou de convalescência);
• dem onstração de anticorpos IgM para o vírus do Nilo Ocidental em am ostra do
líquido cefalorraquidiano na fase aguda por M A C -Elisa.
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A detecção de anticorpos IgM específi cos para o vírus do Nilo Ocidental e/ou anticorpos IgG (por Elisa) em um a única am ostra sérica ou de líquido cefalorraquidiano deve ser
confi rm ada por um a das outras técnicas precedentes.
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M e d id a s d e c o n t ro le
C om o proteção individual,recom enda-se o uso de repelentes e evitar exposição aos
vetores,principalm ente ao am anhecer e entardecer.U so de telas em janelas e portas podem
ser recom endadas.Ênfase deve ser dada ao controle integrado dos vetores,visando ao controle larvário,o que inclui:
• redução dos criadouros:elim inar todos os recipientes descartáveis que possam acum ular água.A tenção especial deve ser dada aos pneus;
• m anejo am biental:alterações no m eio am biente que reduzam os criadouros potenciais de Aedes e de C ulex;.
• m elhoria de saneam ento básico: m osquitos do gênero C ulex criam -se em fossas e
rem ansos de rios ou lagoas poluídas;
• controle quím ico e biológico dos criadouros que não possam ser descartados. O
controle quím ico de m osquitos adultos deve ser reservado para as situações de surto,com objetivo de bloqueio da transm issão.
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