Júlio Araújo (UFC) www.julioaraujo.com [email protected] ∗ Discutir sobre a noção do que é um objeto de pesquisa; ∗ Propor o quadro norteador de pesquisa (QNP) como um exercício metodológico de reflexão sobre a construção do objeto de estudo; ∗ Discutir a construção do objeto de pesquisa dos alunos por meio da técnica do QNP. ∗ Pesquisa de Pós-Doutorado na UFMG; ∗ Há uma tendência de mostrar o objeto de estudo como algo dado, portanto não precisa ser construído pelo pesquisador (Isto é um grande equívoco); ∗ Mas o que é um objeto de pesquisa? ∗ Qual a diferença entre mostrar o objeto como algo dado e construí-lo discursivamente? ∗ Como se constrói um objeto de pesquisa? ∗ Em que parte do projeto de pesquisa essa construção deve se dá? Comentário ∗ A proposta de construção de objeto de pesquisa não deve ser confundida com o que prenunciam os famigerados manuais de metodologia do trabalho científico; ∗ Tais manuais se apegam, ingenuamente, a uma abordagem engessada de metodologia científica na qual algumas pessoas se baseiam para trilharem com fidelidade canina os caminhos da pesquisa. ∗ O que conta mesmo em pesquisa científica é a construção do objeto. Em geral, essa construção não é algo que aconteça de uma hora para outra ou sem grandes esforços, não é um plano que se desenhe antecipadamente, à maneira de um engenheiro: é um trabalho de grande fôlego, que se realiza pouco a pouco, por retoques sucessivos, por toda uma série de correções e emendas. ∗ (Bourdieu, 2007, p. 27) O que irá estudar? Qual a relevância desse tema? Qual a sua experiência? Como essas lacunas te inspiraram a propor o seu objeto? Como chegou ao tema? Tema Quem estudou? OBJETO Que indagação essa construção suscita? Que autores, antes de você, trabalharam com esse objeto? Que lacunas você percebeu nesses trabalhos? ∗ Proponho como metodologia de construção do objeto uma técnica simples, mas vigorosa, que eu chamo de quadro norteador de pesquisa (QNP). ∗ No próximo slide vamos ver o “rosto” do QNP. QUADRO NORTEADOR DE PESQUISA Ele não aparece no projeto de pesquisa, pois representa uma metáfora visual da construção do objeto de pesquisa pretendido pelo candidato. Quando temos um QNP coerente e consistente é porque conseguimos construir um objeto de pesquisa. Como se caracteriza a constelação dos gêneros chats? Caracterizar a constelação dos gêneros chats considerando sua natureza hipertextual, o processo de transmutação que os formou e os propósitos comunicativos que eles atendem. HIPERTEXTO CHATS TRANSMUTAÇÃO PROPÓSITO COMUNICATIVO QUESTÕES HIPÓTESES OBJETIVOS Como se caracteriza a constelação dos gêneros chats? Constelação de gêneros é um agrupamento de situações sóciocomunicativas que se organizam por meio de pelo menos uma característica comum à esfera de comunicação que os congrega (HIPERTEXTO), partilhando do mesmo fenômeno formativo (TRANSMUTAÇÃO) e atendendo a funcionalidades distintos (PROPÓSITOS COMUNICATIVOS ) Caracterizar a constelação dos gêneros chats considerando sua natureza hipertextual, o processo de transmutação que os formou e os propósitos comunicativos que eles atendem. ∗ O desdobramento do objetivo geral em objetivos específicos revela uma sequência importante para o texto a ser produzido, pois os objetivos específicos não são uma mera reunião de tópicos; ∗ Cada um dos objetivos específicos representa um argumento que ajudará no sustentáculo da tese que está sendo construída; ∗ Dito de outro modo, a sequência desses objetivos representa, antes de qualquer coisa, a tese que será defendida na dissertação/tese, já que essa sequência revela um raciocínio de trabalho que deve ser seguido na composição do texto final. Analisar a natureza hipertextual dos chats por meio dos usos dos recursos multimodais de cada bate-papo; Descrever o processo de transmutação dos chats com base nos gêneros que lhes preexistiram; Analisar os propósitos comunicativos dos chats com base no reconhecimento feitos por seus usuários. QUESTÕES HIPÓTESES OBJETIVOS De que maneira a hipertextualidade se distribui na constelação dos chats? A hipertextualidade se distribui de acordo com os propósitos comunicativos de cada chat. Analisar a natureza hipertextual dos chats por meio dos usos dos recursos multimodais de cada bate-papo; Como o rastreamento das marcas de transmutação dos chats ajuda na compreensão desse conjunto de gêneros? Os rastros deixados pela transmutação podem revelar a ressignificação que o gênero transmutado sofreu pelo transmutante. Descrever o processo de transmutação dos chats com base nos gêneros que lhes preexistiram; Qual o papel dos propósitos comunicativos na constelação dos gêneros chats? Os propósitos comunicativos tornam os chats gêneros distintos uns dos outros dentro da constelação. Analisar os propósitos comunicativos dos chats com base no reconhecimento feitos por seus usuários. ∗ A construção do objeto não se encerra no quadro, já que ele representa apenas um exercício intelectual de elaboração daquilo que pretendemos estudar; ∗ Essa construção, no entanto, deve estar clara no texto de justificativa do projeto de pesquisa cujas urdiduras teórica e metodológica se permitirão flagráveis no texto em função da necessidade de fundamentar os objetivos a que o projeto se propõe alcançar. ∗ Cada um dos objetivos específicos deve ser fundamentado teórico-metodologicamente; ∗ O projeto de pesquisa deve apresentar a fundamentação teórica para cada um dos objetivos específicos e um design metodológico por meio do qual o leitor perceba como o mestrando/doutorando planeja alcançar a cada um deles. ∗ Como escrever sobre esses três temas sem parecer uma colcha de retalhos? ∗ A escrita sobre esses três conceitos não deve ser uma mera resenha dos autores, mas deve refletir o raciocínio subjacente à sequência dos três objetivos específicos da pesquisa. ∗ Ou seja, a tese deseja explicar a noção de constelação de gêneros por meio da discussão sobre as três categorias (hipertexto; transmutação e propósito comunicativo) A importância de ter clareza quanto ao raciocínio subjacente aos objetivos específicos ∗ “Por mais parcial e parcelar que seja um objeto de pesquisa, ele só pode ser definido e construído em função de uma problemática teórica que permita submeter a uma interrogação sistemática os aspectos da realidade colocados em relação entre si pela questão que lhes é formulada” (BOURDIEU, 1999, p.48).