A estabilidade da moeda brasileira Witeclan Neves da Silva ¹ Este trabalho apresenta os principais planos econômicos brasileiros, bem como, sua evolução até os tempos atuais, abordando temas como o risco país e o fortalecimento da moeda brasileira em relação ao dólar, sua estabilidade econômica, e as ações tomadas que fizeram com que o Brasil não sofresse tanto com a crise mundial, fazendo com que se tornasse confiável pelos investidores estrangeiros e proporcionasse crescimento econômico e a elevação dos níveis sociais. Palavras-chave: Plano econômico. Risco país. Moeda brasileira. ______________ ¹ Bacharel em Ciências Contábeis, pela Fundação Universidade Federal do Tocantins (FUFT) e Pós-graduado em Administração Pública com ênfase em Gestão Universitária (FUFT). Email: [email protected] O Brasil tem vivenciado nestes últimos anos fatos na sua história econômica que em outras épocas era considerado inconcebível, tais como moeda estável, melhor classificação do grau de risco e fortalecimento do real frente ao dólar. A estabilidade da moeda brasileira passou por muitos planos econômicos, que por vez não foram eficazes contra o monstro da inflação, seus principais planos segundo Codas (2009) foram: Plano cruzado criado em fevereiro de 1986, idealizado por Dílson Funaro então ministro da fazenda, esse plano adotava entre algumas medidas o congelamento de preços de bens e serviços, congelamento de salários e reforma monetária, a qual mudou o nome da moeda para cruzado, não deu certo porque os preços relativos da economia estavam em desequilíbrio o que causou perda de rentabilidade nos negócios e desabastecimento de alguns bens, o plano chegou ao seu fim após o descongelamento de preços o que provocou o retorno de uma inflação muito forte. Em julho de 1987 após o fim do plano cruzado, Bresser Pereira assumiu o Ministério da Fazenda e implantou o Plano Bresser na tentativa de barrar uma inflação entorno dos 23% (vinte e três) por cento, neste período o grande problema era o déficit público, as novas medidas tomadas pelo plano Bresser dentre outros foram o congelamento dos preços, dos aluguéis e dos salários, desativação do gatilho salarial (reajuste dos salários pela inflação) e aumento dos impostos e também se passou a negociar com FMI (Fundo Monetário Internacional), no entanto esses esforços não puderam conter a inflação que alcançou os seus 366% (trezentos e sessenta e seis) por cento em dezembro do mesmo ano. O Plano Verão foi instituído em janeiro de 1989 pelo novo Ministro Maílson da Nóbrega, o qual dispunha de medidas como a modificação do índice de rendimento da caderneta, os preços e salários se mantiveram congelados, a moeda teve seu nome alterado para cruzado novo e atrelada de inicio em paridade com o dólar, mas esses esforços foram em vão e o plano causou perdas de rendimentos nas cadernetas de poupança. Plano Brasil Novo mais conhecido como Plano Collor, implantado em março de 1990, esse plano visou à equiparação da liberação fiscal com a financeira, adotando desta forma medidas radicais para controlar os preços, entre essas medidas está o PDN (Programa Nacional de Desestatização), substituição do Cruzado Novo pelo Cruzeiro, congelamento de 80% (oitenta) por cento dos bens privados por 18 (dezoito) meses, elevação e indexação das taxas e utilização do cambio flutuante. Essas medidas fizeram com que o estado de 2 hiperinflação retrocedesse a níveis de até 9% (nove) por cento ao mês, porém tais ações criaram no Brasil um cenário de recessão, causando demissões e fechamento de empresas e ao fim daquele ano a inflação havia crescido a patamares astronômicos chegando a 1.198% (mil centro e noventa e oito) por cento. Na tentativa de retroceder esse quadro foi implantado o Plano Collor II o qual elevou as taxas de juros e congelou os preços e salários fazendo a inflação fechar o ano de 1991 a 481% (quatrocentos e oitenta e um) por cento. O Plano Real foi implantado em junho de 1993 com o objetivo de controlar a hiperinflação. No entendimento de Lanzana (2009) a sua criação foi acompanhada por um amplo programa de desindexação e reforma monetária, a qual substituiu o cruzeiro real pelo real. A sua implantação foi estruturada em três etapas nas quais houve o aumento da carga tributária e instituição da URV (unidade real de valor) que acompanhava a cotação do dólar. Desta forma, todos os preços deveriam ser convertidos em URV. Com isso procurou-se provocar o rompimento com os mecanismos de indexação e fazer com que a economia iniciasse uma fase de superindexação, alinhando os preços e deixando a inflação estável, no momento em que o cenário se mostrou apropriado iniciou-se a última etapa do plano real que desindexou a economia, substituiu a moeda e extinguiu o indexador, com isso os preços passaram a ser livres e não houve traumas do congelamento. Em resumo o real depois das etapas de implantação a inflação caiu de 46% (quarenta e seis) por cento em junho de 1994 para 1,5% (um vírgula cinco) por cento em setembro do mesmo ano e pela primeira vez a moeda brasileira teve sua estabilidade proporcionado desta forma o controle da inflação e o crescimento do país. O risco país é um indicador que visa medir o grau de instabilidade econômica de um país, ou seja, mede o grau de perigo que um país representa para o investidor estrangeiro. No entendimento de Albuquerque (entre 2002 e 2009), seu cálculo é realizado por agências de classificação de risco e bancos de investimentos, utilizando variáveis como o rendimento dos instrumentos da dívida de um determinado país, principalmente sua taxa de juros com a qual se pretende remunerar os investidores em bônus representativos da dívida pública. Esse risco também chamado de sobretaxa é determinado pelos aspectos como o tamanho do déficit fiscal, o cenário político, o desenvolvimento da economia e a relação entre a arrecadação e a dívida. Este indicador orienta o investidor para que o preço de se 3 realizar negócio em um país é mais ou menos elevado. No Brasil este indicador tem melhorado muito nos últimos anos, devido aos ajustes fiscais realizados proporcionando um cenário econômico mais estável, a política adotada pelo governo também contribuiu bastante, pois se mostrou determinado a reverter políticas expansionistas e a acolher uma postura mais conservadora e consistente para um crescimento sustentável. Segundo matéria publicada no site Tribuna de Petrópolis (2010) sobre o fortalecimento do real em relação ao dólar, há o entendimento de que isso acontece por conseqüência das taxas de juros de o Brasil ser a mais alta do planeta, assim contribuindo para que a moeda brasileira alcançasse a maior valorização dos últimos anos ligada a uma forte liquidez internacional, dessa forma o país não pára de atrair capital, ou seja, a luz que se encontra no fim do túnel é o Brasil. Após diversos países terem entrado em crises econômicas inclusive os Estados Unidos e passados por grandes turbulências ocasionando enormes perdas para os investidores, o governo brasileiro aquela época adotou uma política econômica em que aqueceu a indústria e o consumo de bens e serviços, fazendo com que a crise não tivesse tanto impacto ao chegar ao país. Ocorreu que o Brasil foi o último a entrar na crise e o primeiro a sair dela, contribuindo desta forma, para que fosse considerado um porto seguro para os investidores estrangeiros. Portanto, o cenário vivenciado pelos brasileiros nos dias atuais, é resultado de uma política econômica responsável e pautada em bases concretas que colocaram a economia do país em estabilidade, mesmo depois de tantos planos econômicos bizarros que se mostraram instáveis e fracassados. A grande estrela desse sucesso sua moeda tem aberto caminho e adentrado em lugares inconcebíveis em outras épocas, fazendo com que o país elevasse o nível de suas classes sociais e diminuísse a pobreza de seu povo. 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, Marcos Cintra Cavalcanti de. Entenda o que é o risco país (Risco Brasil). Portal Brasil, São Paulo, [entre 2002 e 2009]. Disponível em: <http://www.portalbrasil.net/economia_riscopais.htm> acesso em 27 jul. 2011. CODAS, Gabriel. Conheça os planos econômicos do Brasil. [S.l]: 15 abr. 2009. Disponível em: <http://virgula.uol.com.br/ver/noticia/economes/2009/04/15/200522conheca-os-planos-economicos-do-brasil>. Acesso em: 27 jul. 2011. GONZALEZ, M. Real entra em nova fase de fortalecimento e vai para R$ 1,61. [S.l]: 04 abr. 2011. Disponível em: <http://dolarcotacao.net/real-entra-em-nova-fasede-fortalecimento-e-vai-para-r-161/>. Acesso em 27 jul. 2011. MOODY’S melhora classificação de risco do Brasil. G1economia. São Paulo, 20 jun. 2011. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/noticia/2011/06/moodysmelhora-classificacao-de-risco-do-brasil.html>. Acesso em 27 jul. 2011. LANZANA, Antonio Evaristo Teixeira, Economia brasileira: fundamentos e atualidades/Antonio Evaristo Teixeira Lanzana. – 3 ed. – 3. reimpr. – São Paulo: Atlas, 2009. REAL: moeda brasileira valoriza 108% durante oito anos do governo Lula. Tribuna de Petrópolis. Rio de Janeiro, 23 Dez. 2010. Disponível em: <http://www.etribuna.com.br/2011/index.php?option=com_content&view=article&id=6265%3Arealmoeda-brasileira-valoriza-108-durante-oito-anos-do-governo-lula&Itemid=142>. Acesso em 27 jul. 2011. 5