XLVIII) Dor Crônica - Revista Brasileira de Anestesiologia

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63º Congresso Brasileiro de Anestesiologia
S241
68 anos; paciente 5, masculino 63 anos) por DAOP e 1 paciente em
PO de exérese de osteossarcoma (paciente 6, masculino 74 anos).
Submetidos à analgesia com opioides por via oral (metadona e
morfina) e/ou intravenosos associados à adjuvantes (amitriptilina,
gabapentina), evoluíram com controle álgico irregular e/ou incidência de efeitos adversos (sonolência, náuseas e constipação).
Os pacientes 1, 2, 4 e 5 foram submetidos à colocação de cateter perineural em ciático poplíteo, o paciente 3 em ciático infraglúteo e o paciente 6 em fáscia ilíaca, procedimentos realizados
guiados por ultrassonografia e estimulador de nervo periférico.
Os pacientes foram mantidos com PCA perineural de Ropivacaína
0,1% (pacientes 1, 2 e 4) ou 0,2% (paciente 3, 5 e 6), com ritmo de
8 mL/h, bolus de 6 mL, intervalo de 30 min e limite em 4 h de 60
mL, e evoluíram com melhor controle de dor, menor necessidade
de opioides e adjuvantes, e menor incidência de efeitos colaterais. Os pacientes 1, 3 e 4 evoluíram com sucesso na abordagem
cirúrgica definitiva. Os pacientes 2 e 5 necessitaram de amputação transtibial e transfemural, respectivamente, por avançada
DAOP. O paciente 6 já fora abordado cirurgicamente. Evolução
sumariada na tabela abaixo, onde dor avaliada por Escala Verbal
Númerica (EVN).
SEM CATETER PERINEURAL
EVN
Repouso
EVN
Movimento
Metadona/
dia
Efeito
Adverso
Paciente 1
8
8
10mg
Sonolência
Paciente 2
9
10
15mg
Náuseas
Paciente 3
4
8
20mg
Constipação
Paciente 4
7
9
15mg
Náuseas
Paciente 5
5
7
10mg
Constipação
Paciente 6
-
-
-
-
COM CATETER PERINEURAL
XLVIII) Dor Crônica
63-572 ANALGESIA POR CATETER PERINEURAL EM
PACIENTES COM DOR ISQUÊMICA EM PÉ E TUMOR DE
EXTREMIDADE: SÉRIE DE CASOS
Jorge Luiz Saraiva Ximenes*, Hermann dos Santos Fernandes,
Hazem Adel Ashmawi, Joaquim Edson Vieira,
Shirley Andrade Santos, Paloma Kiyomi Taguchi
Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São
Paulo (HC-FMUSP), São Paulo, SP, Brasil
Introdução: Doença arterial obstrutiva periférica (DAOP) e tumores de extremidades frequentemente evoluem com dores de difícil
controle, sendo a analgesia regional contínua uma alternativa com
menos efeitos colaterais. Descrição de série: 5 pacientes com dor
isquêmica em pé direito (paciente 1, feminino, 68 anos; paciente
2, masculino, 58; paciente 3, masculino, 58; paciente 4, feminino
EVN
Repouso
EVN
Movimento
Metadona/
dia
Efeito
Adverso
Paciente 1
0
0
0
Hipoestesia
Paciente 2
0
0
15mg
Nenhum
Paciente 3
0
0
10mg
Nenhum
Paciente 4
0
0
10mg
Hipoestesia/
disestesia
Paciente 5
1
2
0
Náusea
Paciente 6
0
0
0
Nenhum
Discussão: A analgesia sistêmica com opioides e adjuvantes em
DAOP e tumores de extremidades nem sempre é satisfatória,
pode ocasionar vício ou efeitos adversos (sedação, náuseas, vômitos, constipação, prurido, depressão respiratória). Analgesia
regional, como a peridural contínua por cateter, tem sido utilizada com boa resposta, porém com efeitos colaterais possíveis (hipotensão, bloqueio motor, infecção de sítio de cateter,
anestesia concomitante do membro oposto). Analgesia regional
periférica, com menores efeitos deletérios, através de bloqueio
contínuo de nervo periférico com cateter perineural, pode ser
uma alternativa. Com benefícios já evidenciados principalmente
no pós-operatório de cirurgias ortopédicas, esta alternativa tem
pouco uso documentado em pacientes com DAOP ou tumores de
extremidades.
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S242
63-573 AUTOEFICÁCIA E SINTOMAS DEPRESSIVOS EM
PACIENTES COM DOR CRÔNICA
Patrícia Mello Garcia, Jean Abreu Machado,
Maykon Luiz Reberte Cunha Rossi, Dayane Diomário da Rosa,
Ricardo Viana Rezende, Ewerton Villa Fonseca*
Ambulatório de Dor Crônica do Hospital Nossa Senhora da
Conceição (HNSC), Tubarão, SC, Brasil
Justificativa e objetivos: A teoria da autoeficácia supõe que as expectativas de eficácia pessoal determinem se um comportamento
de enfrentamento será iniciado, quanto esforço será gasto e quanto
tempo será sustentado frente a obstáculos e experiências aversivas. Aplica-se às diversas condições de saúde, sendo uma delas a
dor crônica. Clinicamente associa-se ao nível de funcionamento dos
pacientes com dor crônica e sua resposta ao tratamento. O objetivo
desse estudo foi avaliar a percepção de autoeficácia em pacientes
com dor crônica e relacioná-las à variáveis sociodemográficas de
características da dor e à presença de sintomas depressivos.
Métodos: Estudo epidemiológico do tipo transversal. A amostra
selecionada correspondeu aos pacientes com diagnóstico de dor
crônica atendidos no serviço de saúde: Ambulatório de dor crônica
do Hospital Nossa Senhora da Conceição – HNSC, Tubarão/SC. Os
pacientes responderam ao instrumento de identificação (composto por dados demográficos e de características da dor), escala de
autoeficácia para dor crônica (AEDC) e ao Inventário de Depressão
de Beck (IDB).
Resultado: Os pacientes apresentaram uma média de dor de forte
intensidade. O escore médio para autoeficácia foi de 98,61 (DP:
50,338). Cerca de 2/3 da amostra obtiveram pontuação compatível com depressão. A correlação entre o AEDC e o IDB foi negativa
(R = -0,664).
Conclusões: A percepção de autoeficácia nos indivíduos estudados
foi baixa. O percentual de pacientes com sintomas depressivos foi
alto. Encontrou-se correlação negativa significativa entre autoeficácia e depressão. A autoeficácia mostrou-se como uma crença importante na situação de dor crônica.
Referências:
1. Nes LS, Abbey RR, Segerstrom SC. Executive functions, self-regulation, and chronic pain: a review. Ann Behav Med.
2009;37:173-83.
2. Costa Lda C, Maher CG, McAuley JHE, et al. Self-efficacy is more
important than fear of movement in mediating the relationship
between pain and disability in chronic low back pain. Eur J Pain.
2011;15:213-9.
63-574 AVALIAÇÃO DO EFEITO ANTINOCICEPTIVO
DA ABLAÇÃO NEUROPÁTICA E AUTONÔMICA POR
RADIOFREQUÊNCIA EM PACIENTES PORTADORES DE DOR
CRÔNICA NA SÍNDROME DOLOROSA COMPLEXA REGIONAL
Gabriela Rocha Lauretti, Marcelo Antunes*
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), Ribeirão Preto, SP,
Brasil
Justificativa e objetivos: Pacientes portadores de Síndrome Dolorosa Complexa Regional (I) comumente apresentam componente autonômico simpático associado à dor lombar facetária. Estes pacientes
são submetidos de forma rotineira à sequência de 4 bloqueios autonômico + bloqueio ramo mediano facetário, implicando em 4 procedimentos ambulatoriais por paciente, por semestre. Este estudo
visou avaliar a eficácia da realização de ablação por radiofrequência
(2) do gânglio autonômico simpático + ramos facetários lombares
em relação ao: 1) tempo de analgesia, 2) custo do tratamento anual
por paciente e efeitos adversos.
63º Congresso Brasileiro de Anestesiologia
Método: Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, 22 pacientes portadores de Síndrome Dolorosa Complexa Regional do tipo
I em membro inferior e dor articular facetária lombar associada foram de forma prospectiva submetidos a: 1) 4 sessões com intervalos
semanais de bloqueio do ramo mediano facetário lombar de L2 a L5
bilateral, associado ao bloqueio do gânglio simpático autonômico
L3. Após intervalo mínimo de 6 meses, os mesmos pacientes foram
submetidos a: 2) Denervação percutânea do ramo mediano facetário lombar de L2 a L5 bilateral, com 45 V, 80 segundos, 80oC, +
ablação por radiofrequência do gânglio simpático lombar de L3-L4
do lado acometido, 45V, 80oC, 80 segundos em cada nível acometido, sob sedação consciente, com midazolam e alfentanil por via
venosa. Caso a dor atingisse graduação VAS=4 cm, foi considerado
necessário a repetição dos procedimentos realizados, e este tempo
correspondeu ao tempo de analgesia, sendo calculado o custo anual e efeitos adversos por paciente. Cada paciente atuou como seu
próprio controle.
Resultado: 20 pacientes participaram da avaliação final. Cada paciente foi submetido a uma sequência semestral de bloqueios, sendo o tempo de analgesia após término do quarto procedimento 3-4
meses, e o custo anual de R$ 16.000,00. Quando os mesmos pacientes foram submetidos a radiofrequência, o tempo de analgesia variou de 18-24 meses, sendo o custo anual R$ 6.000,00 a R$ 8.000,00.
Não foram observados efeitos adversos.
Conclusões: A realização de radiofrequência resultou menor número de internações anuais, menor custo anual e maior comodidade
para o paciente, com mesma eficácia durante período de analgesia.
Referências:
1. Cordon FCO, Lemonica L. Síndrome dolorosa complexa regional: epidemiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas, testes diagnósticos e propostas terapêuticas. Rev Bras Anestesiol.
2002;52:618-27.
2. Braun Filho JL, Braun LM. Radiofrequência na dor crônica. Coluna/Columna. 2009;8:200-5.
63-575 AVALIAÇÃO DO EFEITO DA GABAPENTINA PRÉOPERATÓRIA NA INTENSIDADE DA DOR E EVOLUÇÃO
PARA DOR CRÔNICA APÓS OPERAÇÃO DE SÍNDROME DO
TÚNEL DO CARPO: ESTUDO RANDOMIZADO DUPLO-CEGO,
COMPARATIVO COM PLACEBO
Eduardo Jun Sadatsune, Plínio da Cunha Leal*,
Ed Carlos Rey Moura, Rioko Kimiko Sakata,
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil
Justificativa e objetivos: Muitos pacientes evoluem para dor crônica após operação em mão. Para reduzir a incidência de dor crônica é importante analgesia eficaz da dor perioperatória. O objetivo
deste estudo foi avaliar o efeito da gabapentina pré-operatória na
intensidade da dor pós-operatória e na evolução para dor crônica
(neuropática e síndrome complexa de dor regional) de pacientes
submetidos à operação de síndrome do túnel do carpo com bloqueio
venoso regional.
Método: O estudo foi randomizado, duplo-cego, controlado. Foram
estudados 40 pacientes com 18 anos ou mais, estado físico ASA de I
ou II submetidos à operação de síndrome do túnel do carpo, divididos em 2 grupos. Foram excluídos pacientes com arritmia, isquemia
do miocárdio, alteração cognitiva, doença psiquiátrica, uso de drogas, gravidez, e usando opioides, anticonvulsivantes ou antidepressivos. Os pacientes do grupo 1 receberam 600 mg de gabapentina e
os do grupo 2 placebo, 1 h antes da operação. A anestesia foi realizada com bloqueio venoso regional com 20 mL de lidocaína a 1%.
A complementação da anestesia, quando necessária, era feita com
infiltração local de lidocaína a 1%. Havendo necessidade, sedação
foi feita com midazolam. Após operação, quando houve necessidade
de analgésico foi administrado paracetamol (até 4g/d). Não sendo
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63º Congresso Brasileiro de Anestesiologia
suficiente, foi administrada codeína (30 mg). Foram avaliados: lidocaína para complementação anestésica e necessidade de sedação
no intraoperatório intensidade da dor, prevalência de dor crônica
e síndrome de dor complexa regional (durante 6 m), dose de paracetamol e codeína utilizados após a operação. A avaliação de dor
neuropática foi feita através do questionário DN4 e de síndrome
complexa de dor regional através do questionário de Budapeste.
Resultado: Não houve diferença na necessidade de sedação, na
complementação da anestesia com lidocaína, na intensidade da dor,
na prevalência de dor neuropática pós-operatória e na prevalência de síndrome complexa de dor regional. Não houve diferença no
tempo para primeira complementação e na dose de complementação com paracetamol ou de codeína no pós-operatório. Não houve
diferença na incidência de efeitos adversos.
Conclusões: A gabapentina pré-operatória na dose de 600 mg não
promoveu redução da intensidade da dor pós-operatória, na prevalência de dor crônica e no consumo de analgésico no pós-operatório
em pacientes submetidos à operação de síndrome do túnel do carpo.
Referência:
1. Belze O, Remerand F, Laulan J, et al. Chronic pain after carpal tunnel surgery: epidemiology and associated factors. Ann Fr
Anesth Reanim. 2012;31:e269-74.
S243
FIQ 70,05 ± 16,42 vs. 12,46 ± 8,76, p < 0,01; BDI-II 25,00 ± 13,53 vs.
3,8 ± 6,61, p = 0,01. Os domínios na escala funcional evidenciaram
maior frequência e intensidade da dor (26,22 ± 3,32 e 6,7 ± 7,10, p
< 0,01), interferência nas atividades (31,27 ± 3,86 e 2,60 ± 5,68, p
< 0,01), e efeito nas emoções (16,93 ± 5,02 e 1,7 ± 3,50, p < 0,01).
Não houve diferença na ativação cortical durante fingertapping nas
mãos esquerda e direita, no análise intragrupo. A análise entre-grupos evidenciou que o contraste da ativação cortical da mão direita
menos a esquerda é diferente na FM. Existe maior ativação na região correspondente a M1. Modelo linear generalizado multivariado
que comparou os parâmetros de excitabilidade cortical pela TMS e
ajustando pela FIQ mostrou maior inibição intracortical nas pacientes com FM (F = 4,068; p = 0,02; η2 parcial = 0,368).
Conclusões: Pacientes com FM apresentaram maior ativação cortical no M1 durante tarefa motora e maior inibição intracortical,
quando ajustado pela FIQ.
63-577 CHIKUNGUNYA NA VISÃO DO CLÍNICO DE DOR
Jedson dos Santos Nascimento,
Anita Perpétua Carvalho Rocha de Castro, Rafaela Araujo Lima*
Santa Casa de Misericórdia da Bahia, Salvador, BA, Brasil
63-576 AVALIAÇÃO FUNCIONAL CORTICAL POR
ESPECTROSCOPIA INFRAVERMELHA FUNCIONAL (FNIRS)
E ESTIMULAÇÃO MAGNÉTICA TRANSCRANIANA (TMS)
EM PACIENTES COM FIBROMIALGIA. ESTUDO DE CASO E
CONTROLES
Jairo Alberto Dussán Sarria*, Alicia Deitos, Andressa Souza,
Luciana Paula Cadore Stefani, Wolnei Caumo
Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil
Justificativa: Estudos da excitabilidade cortical usando parâmetros
neurofisiológicos e neuroimagens na Fibromialgia (FM) mostram a
existência de alterações nos sistemas de processamento da dor.
No entanto, ainda não é possível definir o caráter dinâmico destas
mudanças no desempenho de tarefas nem na resposta a estímulos. Hipotetiza-se que ocorreriam alterações na ativação do córtex
somatossensitivo durante tarefas motoras dinâmicas, em pacientes
com FM.
Objetivo: Avaliar o padrão de ativação do córtex somatossensitivo
primário durante tarefa motora padronizada em pacientes com FM,
comparadas a controles sem dor.
Métodos: Estudo de casos e controles. Definição de caso: mulheres
com FM destras com idade 18-65, e dor ≥6 na escala análoga verbal
nos últimos 3 meses. Controles: mulheres destras entre 18-65, sem
queixa de dor, sem doenças crônicas. Os casos foram recrutados
do serviço de tratamento da dor de Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Os controles foram recrutados por divulgação na mídia.
Os diagnósticos e a presença de comorbidades foram confirmados
em entrevista clínica. Foram utilizados os seguintes instrumentos:
(Questionário de Impacto da Fibromialgia - FIQ), escala funcional
da dor, sintomas depressivos (Inventário da Depressão de Beck II –
BDI-II). Após a avaliação clínica e aplicação dos instrumentos foram
realizadas avaliações da ativação cortical motora (M1) com espectroscopia infravermelha funcional (fNIRS) durante a tarefa motora
padronizada fingertapping para cada mão. Também foi mensurada a
excitabilidade cortical usando estimulação magnética transcraniana
(TMS). Os valores da hemoglobina ligada ao oxigênio foram analisados, gerando mapas da ativação cortical durante o fingertapping.
A diferença na ativação entre mãos foi comparada entre casos e
controles, considerando α = 0,1.
Resultado: Foram recrutadas 19 pacientes (4 excluídas por má qualidade dos dados do fNIRS) e 10 controles, de 50,6 ± 9,34 e 44,11 ±
9,91 anos, respectivamente (p = 0,085). Os casos reportaram com
Introdução: A febre chikungunya é uma doença viral de distribuição
tropical que acomete indivíduos em diferentes países do mundo,
estando associada a quadro clínico variável, caracterizado pela
existência de duas fases: aguda e crônica. A fase aguda é de curta
duração e de sintomas inespecíficos, já a fase crônica é marcada
pela presença de dor persistente, com comprometimento da qualidade de vida dos pacientes.
Objetivo: O objetivo desta revisão é discutir a febre Chikungunya,
atentando para os seus aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos,
diagnósticos e terapêuticos, principalmente no que diz respeito ao
tratamento da dor. A fisiopatologia da febre chikungunya é pouco
compreendida e envolve mecanismos predominantemente periféricos. O seu diagnóstico é feito através da observação de quadro
clínico sugestivo, associado à realização de exames laboratoriais específicos. A condução dos pacientes com diagnóstico confirmado envolve a utilização de analgésico comum e antiinflamatórios, além de
corticosteroides, antidepressivos, anticonvulsivantes, biológicos nos
casos refratários, havendo a possibilidade, ainda não extensamente
estudada, do uso da lidocaína venosa. Observa-se que a dor possui origem mista, com envolvimento de mecanismos nociceptivos e
neuropáticos. Acredita-se que a Chikungunya possa ser o gatilho de
uma doença inflamatória reumática, tal como artrite reumatoide e
artrite psoriática, tendo impacto negativo na qualidade de vida do
indivíduo e sendo apresentando como um desafio para os profissionais de saúde.
Conclusão: A febre chikungunya é uma entidade complexa e ainda
pouco compreendida, estando associada a dor crônica em 40% dos
pacientes. Mais estudos são necessários para orientar o seu tratamento.
63-578 DOR CRÔNICA NO PÓS-OPERATÓRIO DE
ARTROPLASTIA TOTAL DO QUADRIL: REVISÃO SISTEMÁTICA
David Silva Miranda Junior*, Érica da Cunha Barros,
Hugo Eckener Dantas de Pereira Cardoso, José Admirço Lima Filho,
Ricardo Almeida de Azevedo
Hospital Geral Roberto Santos, Salvador, BA, Brasil
Justificativa: A dor crônica após artroplastia total do quadril é pouco caracterizada na literatura médica. Uma melhor análise desta
dor por uma revisão sistemática se justifica por ser uma cirurgia
comum, de grande impacto para o paciente e de grande custo finan-
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S244
ceiro, sendo a dor crônica pré-operatória uma de suas indicações.
Além disso, esta complicação preocupa o paciente e diminui sua
qualidade de vida.
Objetivo: Análise da dor crônica no pós-operatório de artroplastia
total do quadril, considerando sua incidência, prevalência e fatores
preditivos pré, intra e pós-operatórios.
Método: Foi feita revisão sistemática de literatura, de acordo com
o check-list do PRISMA statement, em busca de ensaios clínicos randomizados que tratassem da dor crônica no pós-operatório de artroplastia total do quadril, na biblioteca virtual MEDLINE (através da
base de dados PubMed) e na biblioteca virtual BIREME, publicados
há no máximo dez anos do momento da pesquisa.
Resultado: Não foram encontrados valores de incidência da dor pesquisada. A prevalência da dor crônica pós-operatória em artroplastia total do quadril variou de 37,5% a 14,78%. O uso de cetamina
pré-operatória diminuiu a prevalência da dor estudada, enquanto
fatores pré-operatórios individuais como idade, sexo, ansiedade,
uso pré-operatório de gabapentina e de dexametasona não alteraram esta dor. A abordagem cirúrgica tradicional e a minimamente
invasiva não mostraram diferença quanto aos valores da dor pesquisada. E nenhum fator pós-operatório imediato estudado, como
dor aguda pós-operatória, uso de gabapentina e uso de alta dose
de diclofenaco, se mostrou preditivo da dor. Com isso, o intervalo
de prevalência da dor em questão encontrado nesta revisão está de
acordo com o encontrado em grandes estudos observacionais. Já os
fatores preditivos pré-operatórios (sexo feminino, idade avançada,
ansiedade) e pós-operatório (dor pós-operatória aguda) da dor em
questão citados na literatura não foram encontrados na presente
revisão.
Conclusão: A dor crônica no pós-operatório de artroplastia total do
quadril tem uma prevalência considerável (de 37,5% a 14,78%). O
uso de cetamina pré-operatória parece diminuir a dor crônica no
pós-operatório citado. Novos ensaios clínicos devem ser feitos para
caracterizar melhor os fatores preditivos desta dor.
Referência:
1. Remérand F, Le Tendre C, Baud A, et al. The early and delayed
analgesic effects of ketamine after total hip arthroplasty: a
prospective, randomized, controlled, double-blind study. Anesth
Analg. 2009;109:1963-71.
2. Clarke H, Kay J, Mitsakakis N, Katz J. Acute pain after total hip
arthroplasty does not predict the development of chronic postsurgical pain 6 months later. J Anesth. 2010;24:537-43.
63-579 ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR CORRENTE
CONTÍNUA MODULA A HIPERALGESIA INDUZIDA PELO
REMIFENTANIL EM SUJEITOS SAUDÁVEIS: ESTUDO
EXPERIMENTAL RANDOMIZADO
Luciana Paula Cadore Stefani, Sávio Cavalcante Passos,
Fábio Artur Longoni Fredrich, Fabricio Moura Leite*,
Gilberto Braulio, Wolnei Caumo
Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil
Introdução: A dor, principal causa de busca de atendimento médico,
causa sofrimento e aumento da morbidade. A dor moderada a intensa requer utilização de opioides, classe analgésica associada a elevados efeitos colaterais. Logo, é necessário encontrar técnicas que
minimizem tais efeitos. Dentre promissoras técnicas, a estimulação
transcraniana de corrente contínua (ETCC) estimula o córtex motor,
reduzindo a percepção sensorial e elevando o limiar de dor em condições dolorosas. O mecanismo parece ser mediado por efeito do
tipo default, envolvendo sistemas gabaérgicos e glutamatérgicos,
vitais no processamento modulatório da dor.
Objetivo: Avaliar o efeito da ETCC combinada ao remifentanil (R),
sob a modulação do sistema descendente de dor (SMD), verificada
pela variação nos escores Escala Numérica de Dor (END), durante a
63º Congresso Brasileiro de Anestesiologia
Modulação Condicionada da Dor (CPM-task), e ao estímulo repetitivo padronizado induzido pelo Teste Sensorial Quantitativo (QST)
concomitante ao estímulo difuso inibitório (DNIC) com água entre
0-1oC. O desfecho secundário foi o limiar de calor e dor (HPT) avaliado pelo QST.
Método: Ensaio clínico randomizado, cego, fatorial, realizado no
HCPA. Foram incluídos 48 voluntários do sexo masculino, saudáveis,
com idade entre 19 e 40 anos. Foram excluídos sujeitos com contraindicações à ETCC e/ou escore no Inventario de Depressão de
Beck (BDI-II) >13. Os participantes foram randomizados em quatro
grupos: ETCC ativo(a) ou ETCC sham(s) associados a (R) ou solução
salina (NaCl 0,9%). Quanto ao ETCC, posicionou-se ânodo em M1
esquerdo e cátodo na região supraorbital direita. A estimulação foi
realizada com esponjas de 35 cm2 embebidas em NaCl; corrente de
2 mA.
Resultado: As médias da END(0-10) ao estímulo térmico pelo QST
concomitante ao DNIC nos grupos foram: ETCC-a+(R): 4,11 (3,56 –
4,65, IC 95%); ETCC-s+(R): 5,12 (IC 95%, 4,59 – 5,65); ETCC-a+placebo (p): 3,63 (IC 95% 3,05-4,20); e ETCC-s+(p): 3,60 (3,09 – 4,11,
IC 95%). O grupo ETCC-s+(R) apresentou maior média na END comparado aos demais grupos (p < 0,05). A combinação da ETCC-a+(R)
apresentou escores na END (0-10) menor que o grupo ETCC-s+(R),
mas superior à média dos demais grupos (p < 0,05). Não houve diferença significativa entre os grupos ETCC-a+(p) e ETCC-s+(p). O
grupo ETCC-s+(R) apresentou maior medida do efeito do tempo de
reposta ao estimulo nociceptivo, pela diminuição na área sob a curva (AUC) da EAV eletrônica comparada aos outros grupos: -175.19
[IC 95% -284.18 a - 66.20], ETCC-a+(R) -233.55 [IC 95% -315.38 a
-151.72], ETCC-a+(P) -16.89 [-68.80-(35.02) IC 95%] e ETCC-s+(P)
2.03 [IC 95% - 24.45 a -28.50].
Conclusão: Esses resultados sugerem que a ETCC inibiu a hiperalgesia induzida pelo remifentanil ao DNIC, via desinibição do sistema
descendente da dor, enquanto o remifentanil reduziu a AUC na EAV.
63-580 INTOXICAÇÃO POR METADONA: RELATO DE CASO
Christiano Montenegro Fonseca*, Lais Luca Nery,
Guilherme Antonio Moreira de Barros,
Thais Spilborghs Haun Amaral Teixeira
Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Botucatu, SP, Brasil
Introdução: A metadona é utilizada como terapêutica de substituição
da heroína e outros opioides nos programas de apoio e reabilitação
de toxicoides dependentes. A metadona é fornecida na formulação
oral, em comprimidos ou solução de cloridrato de metadona a 1%, o
seu efeito pode durar entre 24 h a 48 h e é metabolizada pelo fígado
e excretada pelos rins, podendo ser detectada na urina até 4 dias
após a ingestão. Administrações repetidas têm um efeito cumulativo.
Relato de caso: Paciente TFSD, 77 anos, sexo feminino, hipertensa,
diabética tipo II, osteoporose, com sequela de poliomielite em MID
e hérnia discal lombar. Acompanhada pelo Serviço de Terapia Antálgica devido à dor em região lombar que irradia para MMII, escore
de VAS = 9 (dor máxima) e 7 (após medicação em uso) e em uso de
metadona 10 mg 1 comprimido a cada 6 horas. Há 5 dias caminhava
com dificuldade e, esporadicamente, referia sentir náuseas e sonolência, inclusive durante as refeições. Hábito intestinal a cada
3 dias e apetite diminuído. Retornou ao ambulatório e, ao exame
físico, verificou sonolência e apneia durante o sono com presença
de mioclonia, pupilas mióticas bilateralmente, SpO2 91% e FC 53
bpm. Além disso observou-se sinal de Laségue negativo, ausência de
atrofia muscular e força muscular grau IV. Foi diagnosticada com intoxicação por metadona sendo suspensa a medicação. Após 24 h da
suspensão a paciente encontrava-se bem mais acordada e, em 48 h,
não apresentava sonolência e outros sinais e sintomas da intoxicação. Reavaliada 10 dias depois, a mesma usava apenas paracetamol,
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63º Congresso Brasileiro de Anestesiologia
sem queixas álgicas, sem sonolência e sem sinais de abstinência a
metadona.
Discussão: Esse caso é ilustrativo de como o uso de metadona pode
estar associado a graves consequências quando sobredoses não
diagnosticadas prontamente. A metadona tem efeito analgésico e
sedativo mas em doses elevadas pode provocar depressão do nível
de consciência, miose pupilar e depressão respiratória. Pode ainda
provocar broncoespasmo, bradicardia, hipotensão, taquiarritmias,
edema pulmonar agudo, anafilaxia, rabdomiólise, insuficiência renal aguda e rigidez muscular. Esse caso de intoxicação por metadona
foi prontamente diagnosticado e tratado, tendo um bom desfecho
e demonstra como pacientes podem ter comportamentos distintos
quando fazem uso de doses consideradas seguras de metadona.
Referências:
1. Deuchande S, Abecasis F, Fermeiro J, et al. The importance of
higher doses of naloxone to treat methadone poisoning. Acta Pediatr Port. 2010;41:211.
2. Häkkinen, M. Launiainenx T, Vuori E, et al. Comparison of fatal
poisonings by prescription opioids. Forensic Science International. 2012;222:327-31.
63-581 NÍVEIS SÉRICOS DE BDNF E S100B EM PACIENTES
COM DOR CRÔNICA E SÍNDROME DE SENSIBILIZAÇÃO
CENTRAL COM LESÃO ESTRUTURAL PRESENTE E AUSENTE
Luciana Paula Cadore Stefani, Wolnei Caumo,
Fábio Artur Longoni Fredrich, Fabricio Moura Leite*
Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil
Introdução: A Síndrome de Sensibilização Central (SSC) engloba alterações fisiopatológicas associadas a plasticidade neuronal adaptativa de doenças que cursam com dor crônica. Classicamente abrange
doenças com persistente nocicepção somática, como osteoartrite e
hálux valgo, entretanto síndromes com ausência de patologia estrutural como cefaleia crônica tensional e fibromialgia também cursam
com alterações de plasticidade semelhantes. Diversos marcadores
de atividade do SNC estão sendo estudados com intuito de elucidar
esses mecanismos, dentre eles a atividade da proteína S100B, que
reflete ações da glia, e a neurotrofina BDNF. Esses marcadores podem estar associados a vias específicas de atividade nociceptiva.
Objetivos: Descrever o perfil sérico da proteína S100B e da neurotrofina BDNF em pacientes portadores de dor crônica com SSC e lesão
estrutural somática presente (SSC-LEP), portadores de dor crônica
com SSC e lesão estrutural ausente (SSC-LEA) e controles saudáveis.
Metodologia: Estudo transversal com 207 pacientes femininas, que
comparou os níveis séricos de S100B e BDNF em 69 pacientes com
SSC-LEP [osteoartite (28), hálux valgo (41)], 121 pacientes com SSC
-LEA [Fibromialgia (58), Síndrome Dolorosa Miofacial (29), Cefaleia
Crônica tensional (35)] e 17 controles saudáveis. Os níveis de dor
foram avaliados por meio da escala análogo visual de dor (VAS) de 0
(sem dor) a 10 (dor insuportável).
Resultado: A média de idade foi de 55,5 anos (DP = 14,5) no grupo
com SSC-LEP, 46,1 anos (DP=10,5) no grupo com SSC-LEA e grupo
controle 29,5 anos (DP = 8,7). Os grupos foram comparados por análise múltipla de covariâncias (MANCOVA). Neste modelo observou-se
diferença significativa entre os grupos clínicos, F(1, 176) = 79,62; p
<0,001; η2 = 0,31. No grupo SSC-LEA observou-se níveis maiores de
BDNF (M = 45,4; DP = 2,2) comparado ao grupo SSC-LEP (M = 12,7; DP
= 2,8). Quanto ao S100B, o grupo SSC-LEA apresentou menores níveis
da proteína (M = 15,1; DP = 1,6) do que o grupo SSC-LEP (M=34,4; DP
= 2,1), F(1, 176) = 50,47; p < 0,001; η2 = 0,22. A idade mostrou efeito
significativo no modelo, F(2, 175) = 6,27; p = 0,002; η2 = 0,67, com
associação apenas com S100B (B = -0,33; p = 0,001). A intensidade
de dor não teve um efeito significativo no modelo. ANOVAs de um
fator compararam os níveis dos marcadores entre os 3 grupos. Observou-se que os níveis séricos de BDNF foram maiores no grupo com
S245
SSC-LEA, F(2, 204) = 49,00; p < 0,001, e os níveis de S100B maiores
no grupo SSC-LEP, F(2, 204) = 23,70; p < 0,001, se comparados aos
demais grupos, os quais não diferiram entre si.
Conclusão: Os dados demonstraram associação entre os níveis de
BDNF e S100B em patologias de componente somático e um padrão
de associação inverso, considerando-se a presença ou a ausência
de lesão estrutural somática. Os mesmos podem contribuir para a
melhor compreensão dos mecanismos subjacentes de patologias que
envolvam dor crônica, além de abrir precedentes para elaboração
de novos tratamentos que envolvam aspectos neuromodulatórios.
63-582 O BLOQUEIO DE GASSER E O BALONAMENTO
COMPRESSIVO PERCUTÂNEO NO TRATAMENTO DA
NEURALGIA DO TRIGÊMEO: RELATO DE CASO
Carlos Breno Farias Braga*, Fernando Santiago Lima Verde,
Danielle Maia Holanda Dumaresq, Eliseu Becco Neto,
Herberth Duarte Cavalcante, José Nilson Fortaleza de Araújo
Instituto Doutor José Frota, Fortaleza, CE, Brasil
Introdução: A Neuralgia do Trigêmeo (NT) é uma desordem caracterizada por episódios curtos e paroxísticos de dor intensa unilateral e
em choque no território do trigêmeo. A maioria dos casos é de origem
idiopática, porém a literatura mostra um aumento dos casos de lesões
crônicas por irritação das raízes do trigêmeo provocadas, por exemplo, por compressão vascular. Nestes casos, a eficácia do tratamento
medicamentoso diminui em aproximadamente metade do pacientes,
necessitando de uma abordagem intervencionista. Nosso objetivo é
relatar um caso de NT de difícil controle tratado por Bloqueio do Gânglio de Gasser e Balonamento Compressivo Percutâneo (BCP).
Relato do caso: Paciente, sexo feminino, 49 anos, com história de
NT diagnosticada há 10 anos acometendo V1, V2 e V3 à esquerda,
sendo submetida a tratamento conservador com carbamazepina,
baclofeno e metadona, porém sem melhora satisfatória da dor, a
qual se intensificou no último ano. Em julho de 2015 foi submetida a uma microcirurgia vascular descompressiva, porém não houve
melhora do quadro, necessitando ser reabordada dois meses após
com novo insucesso. A paciente foi encaminhada para nosso Serviço
de Dor em maio de 2016 com EVA: 8, onde decidimos realizar o
Bloqueio do Gânglio de Gasser. O procedimento foi guiado por Radioscopia no Centro Cirúrgico com a paciente monitorizada e com
sedação leve. Através do forame oval introduzimos uma agulha de
Quincke 25G até o gânglio de Gasser, onde injetamos 4 mL de bubivacaína 0,5%, dexametasona 8 mg e clonidina 30 µg. A paciente
evoluiu EVA: zero após o bloqueio, o qual teve uma duração de uma
semana. Em seguida submetemos a paciente ao BCP guiado por radioscopia e sob anestesia geral. Utilizamos um cateter de Fogarty Nº
4, mantendo insuflado com contraste no gânglio durante 7 minutos.
Não houve bradicardia e nenhuma outra intercorrência, e a paciente evoluiu com melhora satisfatória da dor.
Discussão: O Bloqueio do Gânglio de Gasser é uma técnica útil que
pode beneficiar aqueles pacientes refratários ao tratamento conservador, devendo ser realizado antes do BCP tanto como um bloqueio
diagnóstico quanto terapêutico. Mullan e Lichtor (1983) descreveram a técnica de compressão da raiz por balão inflável posicionado
na cisterna trigeminal, introduzido percutaneamente através do
forame oval. A combinação das duas técnicas intervencionistas promoveu uma melhora satisfatória da neuralgia do trigêmeo refratária
aos tratamentos anteriores.
Referências:
1. Vorenkamp, Kevin E. Pain Medicine: An Interdisciplinary CaseBased Approach. New York: Oxford. 2015;38-59.
2. Benzon HT. Pratical Manegement of Pain. Philadelphia: Elsevier,
2014;424-40.
3- Baheti, BK. Pain Manegement: A Pratical Approach. New Delhi:
Jaypee Brothers Medical Publishers. 2008;70-7.
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S246
63-583 O USO DE CETAMINA PARA O TRATAMENTO DE DOR
NEUROPÁTICA REFRATÁRIA
André Augusto de Oliveira, José Eduardo Ferreira Gomes,
Guilherme de Oliveira Venturini*, Paulo Adilson Herrera
Hospital Evangélico de Londrina, Londrina, PR, Brasil
Introdução: Relatamos um caso de dor neuropática refratária a tratamento farmacológico (antidepressivos, gabapentinoides e opioides) que foi conduzido pela equipe de anestesia com série de infusões venosas de cetamina. A cetamina é um analgésico/anestésico
não barbitúrico que age sobre os receptores N-methyl-D-aspartate
no sistema nervoso central, sobre os receptores opioides em nível
central e espinhal. É utilizada em várias síndromes de dor crônica
neuropática mas sua eficácia no alívio persistente da dor neuropática após curtos períodos de infusão ainda não está bem estabelecida. Existem alguns estudos que demonstram alívios da dor por até
três meses.
Relato de caso: Paciente W.F., masculino, 37 anos, vítima de fratura exposta em cotovelo esquerdo em jun/2012, submetido à cirurgia
com redução cruenta. Referindo dor, enrijecimento muscular, perda
de força, parestesias e alodínia distais à fratura e em território do
nervo ulnar 30 dias após o incidente. Encaminhado à clínica de dor
crônica em ago/2012, em uso de amitriptilina 25 mg/d e pregabalina 75 mg/d com alívio parcial da dor e da alodínia, porém persistindo hipoestesia e mudança de coloração em face medial do antebraço esquerdo. Eletroneuromiografia (ENM) do membro superior
esquerdo com o diagnóstico de lesão axonal parcial do nervo ulnar
no cotovelo. Aumentadas as medicações em uso para amitriptilina
50 mg/d e pregabalina 100 mg/d com bom controle da dor. Após 2
anos e 6 meses retorna em uso de gabapentina 300 mg 5×/d e nortriptilina 50 mg/d, tendo sido submetido a duas outras intervenções
sobre o nervo ulnar e cotovelo, com dor intensa (EAV: 7/10) associada a efeitos colaterais, quando adicionou-se tramadol à terapia.
ENM de junho de 2015 evidenciando lesão axonal completa, além de
evolução para dor de forte intensidade (EAV:10/10). Iniciado protocolo em set/2015 com a infusão de Cetamina 300 mg/d em 12 h/4
dias, com alívio da dor durante a infusão e mantido por 45 dias. Ao
retorno da dor realizada infusão de 100 mg/ em 4 horas ambulatorialmente, atingindo um alívio por 15 dias. O intervalo de infusões
manteve-se entre 15-20 dias, sendo que quando do retorno da dor a
mesma apresentava-se em intensidade igual a sentida previamente
ao protocolo.
Discussão: Muitas são as síndromes dolorosas que possuem em seu
cerne elementos de dor neuropática, por vezes esgotadas as opções
terapêuticas permanecemos com pacientes referindo dor de forte
intensidade associada à redução em sua qualidade de vida. A cetamina, como evidenciado nesse caso, ganha um papel no resgate
terapêutico para aqueles pacientes que a despeito do tratamento
adequado para sua síndrome dolorosa neuropática apresentam ainda queixas álgicas. Esse relato reforça a necessidade de novos estudos para estabelecimento de doses/protocolos de curta duração
com o objetivo de alívio prolongado.
Referência:
1. Niesters M, Martini C, Dahan A. Ketamine for chronic pain: risks
ans benefits. Br J Clinic Pharmacol. 2014;77:357-67.
63-584 OVERDOSE DE TRAMADOL COMO CAUSA DE
SÍNDROME SEROTONINÉRGICA: UM RELATO DE CASO
Alyne Andrade Lima, Gustavo Rodrigues Costa Lages,
Graziele Sales Diniz, Ana Carolina Drummond de Lima*,
Cloves Alves Moutinho Júnior, Gabriel Faustino Sousa Soares
Hospital das Clínicas (HC), Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
63º Congresso Brasileiro de Anestesiologia
Introdução: A dor crônica é uma entidade complexa que necessita
de abordagem multimodal; entretanto, terapia analgésica ampla
traz riscos relacionados às medicações e suas interações. Apesar
de o tramadol ser um dos opioides mais utilizados, há vários casos
publicados de morbidade e até mesmo óbitos relacionados à droga.
Seus efeitos adversos estão relacionados ao efeito opioide ou serotoninérgico. Este relato traz uma paciente que apresentou síndrome
serotoninérgica após prescrição inadvertida de tramadol.
Relato de caso: T.M.C.S., 32 anos, sexo feminino, acompanhada no
ambulatório de dor com diagnóstico de Síndrome Dolorosa Regional
Complexa em membro inferior direito (MID), sem outras comorbidades. Procurou o hospital com dor em fossa ilíaca direita com irradiação para dorso e MID, associado a disúria e febre, inicialmente
tratada como ITU, sem melhora. Solicitado interconsulta com a clínica de dor que prescreveu paracetamol 500 mg 6/6 h, amitriptilina
100 mg/dia, gabapentina 2.400 mg/dia, clorpromazina 25 mg/dia e
tramadol 400 mg/dia, com melhora parcial da dor. Realizado então
bloqueio femoral com alívio completo. Em uma das prescrições diárias, houve uma prescrição inadvertida de 1 g de 6/6 h de tramadol.
A paciente recebeu 3 g durante um período de 18 h. Evoluiu com
palpitações, náuseas, sudorese, tremor, calafrios e insônia. Ao exame: FC 110 bpm, PA 160 x 90, FR 20 ipm, Tax 37,7ºC e hiperreflexia.
Diagnosticado, então, Síndrome Serotoninérgica, sendo imediatamente suspenso o tramadol e iniciado benzodiazepínico, monitorização de eletrocardiografia, PANI, oximetria e temperatura. Coletados exames laboratoriais, sem alterações. Paciente evoluiu com
melhora dos sintomas, sem maiores intercorrências.
Discussão: A intoxicação por tramadol pode ocorrer através dos
efeitos mediados pelo receptor opioide µ, que pode necessitar de
naloxona para alívio da depressão do SNC e respiratória, ou através
de sua ação na inibição da recaptação de monoaminas, resultando
em síndrome serotoninérgica. Trata-se de uma complicação iatrogênica rara e potencialmente tratável do tramadol, causada por
overdose ou combinação de múltiplas drogas serotoninérgicas em
doses terapêuticas. Para o tratamento da síndrome, o reconhecimento precoce associado à monitorização adequada e o tratamento
de suporte são os pilares. Entre as opções terapêuticas estão fluidos
de ressuscitação, benzodiazepínicos, oxigenação e ventilação adequados e medidas farmacológicas específicas como os bloqueadores
dos receptores de serotonina. Espera-se, assim, que os sintomas se
resolvam em até 24 h após a última da dose da droga causadora.
Referências:
1. Rastogi R, Swarm RA, Patel TA. Case scenario: opioid association with serotonin syndrome: implications to the practitioners.
Anesthesiology. 2011;115:1291-8.
2. Tashakori A, Afshari R. Tramadol overdose as a cause of serotonin
syndrome: a case series. Clin Toxicol (Phila). 2010;48:337-41.
63-585 PREVALÊNCIA DE DOR CRÔNICA NO PÓSOPERATÓRIO EM CIRURGIAS DA COLUNA VERTEBRAL
Ney Adson Leal II, Nicole Baldo Mendes, Bruno Maciel da Silva*,
Antônio Celso Alvarenga Guimarães,
Fabio Henrique Carreirinha Mendes, Oscar César Pires
Universidade de Taubaté, Taubaté, SP, Brasil
Centro de Ensino e Treinamento (CET) do Hospital Municipal de
São José dos Campos, São José dos Campos, SP, Brasil
Introdução: A dor crônica pós-operatória é aquela que se mantém
após a intervenção cirúrgica, quando o período de neuroplasticidade já passou, apresentando custos consideráveis, incluindo gastos
com materiais, equipe e da perda de produtividade do paciente.
Objetivos: Identificar a prevalência de dor crônica no pós-operatório em cirurgias da coluna vertebral e buscar estabelecer possíveis fatores desencadeantes e atenuantes para o surgimento de tal
quadro buscando encontrar medidas preventivas e auxiliares que
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63º Congresso Brasileiro de Anestesiologia
proporcionem a não evolução para a dor crônica e melhora rápida
do paciente no pós-operatório.
Método: Estudo realizado a partir de uma amostragem não probabilística, com participação de 30 pacientes com idade superior a 18
anos, submetidos à artrodese de coluna vertebral em um serviço
neurocirurgia de um Hospital Terciário. Foram avaliados através do
emprego de um questionário sobre dor crônica, fatores desencadeantes, atenuantes e o tratamento adotado como medida terapêutica, sendo abordados no pré-operatório e 3 (três) meses após a
cirurgia no ambulatório de neurocirurgia. Todos os pacientes permaneceram por ao menos 48 h internados, sendo medicados com
cefuroxima para profilaxia antibacteriana, dipirona para analgesia,
anti-inflamatório e em casos de dor intensa, tramadol. Após 2 (dois)
dias, medicação era passada para via oral e paciente recebia alta
hospitalar com prescrição de sintomáticos. Os dados obtidos foram
tratados pelo programa JMP e expostos em gráficos, tabelas.
Resultado: Houve prevalência do sexo masculino. Em relação à renda financeira, aproximadamente ¾ dos entrevistados ganhavam até
5 salários mínimos, sendo que mais da metade desprendiam mais
de R$ 100,00 ao mês para despesas médicas. Em relação aos esclarecimentos referente ao procedimento e possibilidade de dor no
pré-operatório, a maioria relatou apresentar dúvidas devido a não
clareza ou ausência das explicações. Com relação à dor crônica pós
operatória, embora 20% tenha apresentado remissão completa da
dor, 6,7% apresentou piora dos sintomas e 73,3 relataram melhora com algum sintoma doloroso referente a patologia de origem 3
meses após o procedimento cirúrgico. Quando pesquisados possíveis fatores agravantes ou atenuantes para a manutenção da dor,
considerando a ansiedade, orientações médicas, renda financeira
e fisioterapia pós-operatória não foram observados diferenças no
desfecho da dor.
Conclusões: A maioria dos participantes obteve melhora do quadro
álgico prévio à cirurgia sem identificar fatores atenuantes ou agravantes.
Referência:
1. Sadatsune EJ, Leal PC, Clivatti J, et al. Dor crônica pós-operatória: fisiopatologia, fatores de risco e prevenção. Rev Dor.
2011;12:58-63.
2. Vlainich R, Zucchi P. Avaliação do Custo do Medicamento para
Tratamento Ambulatorial de Pacientes com Dor Crônica. Rev Bras
Anestesiol. 2010;60:399-405.
S247
Método: Estudo realizado a partir de uma amostragem não probabilística, totalizando 31 pacientes, que foram submetidos à correção
de rotura do manguito rotador ou luxação recidivante da articulação escápulo-umeral, por via aberta ou artoscópica, no serviço
de Ortopedia de um Hospital Universitário. Estes pacientes foram
entrevistados pelos pesquisadores no período pós-operatório e após,
pelo menos, 3 meses no ambulatório de Ortopedia. Foram incluídos
indivíduos com idade maior que 18 anos e em plenas capacidades
mentais. O participantes foram avaliados através de um questionário sobre: dor crônica, fatores desencadeantes, atenuantes e o
tratamento adotado como medida terapêutica. Os dados coletados
foram organizados no programa Microsoft Office Excel 2010 e expostos em tabelas e gráficos para análise, estabelecendo-se média
e frequências relativas, com subsequente descrição das variáveis
qualitativas.
Resultado: Houve a maior prevalência do sexo masculino com idade
entre a 5a e 6a décadas de vida, sendo que a maioria possui renda
financeira entre 1 e 5 salários mínimos. Com relação às informações
referentes ao procedimento ao qual seriam submetidos, a maioria
relatou ter sido orientada. Entretanto, sobre a possibilidade de
surgimento de dores no pós-operatório e características destas, a
maioria das respostas foram negativas. Quando avaliados sobre a
dor prévia à cirurgia e aquela observada em 3 meses de pós-operatório, a maioria obteve melhora, com 6 pacientes (19,4%) relatando
remissão completa, 24 deles (77,4%) com melhora parcial e 1 dos
pacientes (3,2%) sem melhora após a cirurgia.
Conclusões: Ficou demonstrado que a maioria dos entrevistados obteve melhora do quadro álgico prévio.
Referências:
1. Malaty A, Sabharwal J. How to assess a new patient for a multidisciplinary chronic pain rehabilitation program: a review article. The Ochsner J. 2014;14:96-100.
2. Dreisinger TE. Exercise in the management of chronic back pain.
The Ochsner J. 2014;14:101-7.
63-587 RADIOFREQUÊNCIA ASSOCIADA À COMPRESSÃO DO
RAMO TRIGERMINAL PARA NEURALGIA PÓS-HERPÉTICA
Ana Carolina Zandona Spinardi, José Luiz de Campos,
Mariana Dacaro*, Lígia Ferreira de Toledo, Paula Perin Glatt
Hospital Vera Cruz, Campinas, SP, Brasil
63-586 PREVALÊNCIA DE DOR CRÔNICA NO PÓSOPERATÓRIO EM CIRURGIAS DO OMBRO
Nicole Baldo Mendes, Ney Adson Leal II,
Herick Ferreira de Alvarenga*, Flávio Santos Ferreira Leite,
Beatriz Borusiewicz Tavares, Oscar César Pires
Universidade de Taubaté, Taubaté, SP, Brasil
Centro de Ensino e Treinamento (CET) do Hospital Municipal de
São José dos Campos, São José dos Campos, SP, Brasil
Introdução: A dor crônica pós-operatória ainda é negligenciada pela
população médica, sendo pouco documentada na literatura, porém
vem sendo cada vez mais estudada, e abordada com objetivo de
melhorar o conforto e a qualidade de vida dos pacientes. Os principais procedimentos cirúrgicos realizados sobre o ombro são para
tratamento da luxação recidivante da articulação escápulo-umeral
e correção da lesão ou da rotura completa do manguito rotador,
ambos promovendo elevados prejuízos aos pacientes, inclusive com
risco do surgimento da dor crônica.
Objetivo: Identificar a prevalência de dor crônica no pós-operatório
de cirurgias do ombro, buscar possíveis fatores atenuantes e desencadeantes dos quadros álgicos e desvendar quais circunstâncias
dificultam sua erradicação.
Introdução: A neuralgia do gânglio esfenopalatino (GEP) caracteriza-se por dor contínua na região maxilar e retro-orbitária, acompanhada de congestão nasal e conjuntival, lacrimejamento e hiperemia de conjuntiva ipsilateral devido a característica parassimpática.
Neuralgia do GEP, do trigêmeo (NT), pós-herpética, é a indicação
mais comum para o bloqueio do GEP. Os protocolos de tratamento
geralmente começam com medicamentos como anticonvulsivantes,
anti-inflamatórios não esteroides e antidepressivos e podem progredir para procedimentos, como cirurgias percutâneas (neurólise
química, radiofrequência (RF)) ou abertas. A erupção pelo vírus do
herpes zóster é mais comum em indivíduos com idade superior a 45
anos. A face é a sede das lesões em 10% a 15% das vezes. Na fase
aguda, caracteriza-se pela presença de lesões papuloeritematosas
e vesículas ao longo do trajeto da divisão afetada. A dor costuma
desaparecer após semanas ou meses que seguem a erupção, quando
persiste além de 6 meses constitui a neuralgia pós herpética.
Relato de caso: Paciente JS, 70 anos, hipertenso e dislipidêmico
em uso de valzartana, hidroclorotiazida, anlodipino, apixabana e
gabapentina 400 mg 4 ×/d, referindo dor em face há 1 ano após quadro de herpes zóster. Durante exame físico, relata dor em queimação contínua em região maxilar à direita associada a dor retro-orbitária, lacrimejamento, hiperemia de mucosa conjuntival, edema de
pálpebra e congestão nasal unilateral à direita. Foi solicitada uma
ressonância magnética de crânio com resultado normal e otimizada
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S248
mediação. Em um segundo momento, foi indicada a radiofrequência
esfenopalatina, compressão do nervo trigêmeo pelo balão de fogaty
e manutenção da medicação por via oral. O procedimento foi realizado sob fluoroscopia direta, instalado um volume de 0,7 mL no
balão de fogaty durante 60 segundos em topografia de ramo de V2
do nervo trigêmeo e radiofrequência pulsátil a 45 C, 60 volts, 10
minutos sobre topografia do gânglio esfenopalatino após realizacão
de teste de sensibilidade positivo com 0,2 volts a 50 Hz. Após 10 dias
do procedimento o paciente retorna, referindo melhora significativa
(80% EAV) da dor em região maxilar, da hiperemia, edema palpebral
e da congestão nasal, porém com pouca melhora (50% EAV) da dor
retro ocular. Disestesia, dormência do palato, maxila ou faringe,
bradicardia e hematoma não foram observados.
Discussão: A radiofrequência esfenopalatina associada à compressão com balão de fogaty em ramo trigeminal para neuralgia pósherpética que acomete ambos os nervos torna um alvo atraente
visto que o procedimento é minimamente invasivo e eficaz na dor
facial crônica associado a sintomas autonômicos como o apresentado acima.
Referências:
1. Nurmikko TJ, Eldridge PR. Trigeminal neuralgia - pathophysiology, diagnosis and current treatment. Br J Anaesth.
2001;87:117-32.
2. Eagle W. Sphenopalatine ganglion neuralgia. Arch Otolaryngol.
1942;35:66-84.
63-588 SÍNDROME DOLOROSA REGIONAL COMPLEXO:
RELATO DE CASO
Luzdivina Montenegro Barros*, Marina Borges Curralo,
Fernanda Bono Fukushima,
Antônio Rodolfo Meira de Araújo Galdame,
Guilherme Antônio Moreira de Barros
Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Botucatu, SP, Brasil
Introdução e objetivo: A síndrome dolorosa complexa regional
(SDCR) possui 3 estágios clínicos, sendo o estágio I, também dito
agudo, com duração aproximada de 3 meses. Relatamos caso clínico
de paciente diagnosticada com SDCR estágio I, mas sem adequado
manejo analgésico.
Relato de caso: SDO, 17 anos, feminino, ASA I, portadora de entorse de tornozelo esquerdo. No momento do trauma foi tratada
pelo ortopedista, com antinflamatórios não esteroidais, codeína,
tramadol e órtese externa (robofoot), sem melhoras clínicas após
3 meses. A paciente não conseguiu realizar a fisioterapia por dor,
motivo pelo qual a paciente foi encaminhada para o serviço de dor.
Na primeira consulta apresentava dor de intensidade 10 (0-10) em
membro inferior esquerdo, principalmente em pé (alodinia no dorso
e queimor plantar) e latejante em panturrilha; postura antálgica;
sono não reparador; e limitação na mobilidade do tornozelo, cianose distal, edema até o terço proximal da perna esquerda. A conduta inicial constou de prescrição VO de metanona, gabapentina e
nortriptilina. Após um dia a paciente foi hospitalizada para uso de
analgesia controlada pelo paciente (PCA) venosa com infusão contínua de cetamina 3,5 mg/h e bolus de 1 mg (bloqueio de 10 min e
limite de 4 h de 30 mg, ou seja, média máxima de infusão de 0,1
mg/kg de peso). Evoluiu sem melhora significativa da dor. No 2º dia
iniciou-se PCA peridural com ropivacaina 0,2% e morfina 0,04% (5
mL/h + bolus de 2,5 mL a cada 20 min), otimizadas doses de metadona, gabapentina e nortriptilina, assim como acrescentada dexametasona. Iniciou-se fisioterapia sensitiva e motora intensiva, em 2
sessões diárias. Do 3º ao 4º dias de tratamento a paciente apresentou melhora clínica progressiva, escore de dor 4,5, sono preservado, sem limitação para fazer fisioterapia e diminuição do edema do
membro afetado. Ao 5º dia referiu ausência de dor espontânea, no
63º Congresso Brasileiro de Anestesiologia
entanto mantendo alodinia em dorso do pé, sem limitação na mobilidade articular e pode deambular sem limitações. Recebeu alta
hospitalar com significativa melhora (escore 0 na maior parte do
tempo), tendo sido acrescida lidocaína 5% de uso tópico em região
de calcâneo acometido.
Discussão: Esse relato demonstra a importância do diagnóstico
precoce da SDCR, e pronto tratamento ainda no estágio I, quando se obtêm os melhores resultados, impedindo o surgimento da
dor crônica de difícil controle e disfunção funcional. A utilização
de analgesia multimodal, com emprego de cetamina, do bloqueio
simpático contínuo e da morfina peridural possibilitou a realização
de fisioterapia.
Referência:
1. Forouzanfar T, et al. Treatment of complex regional pain syndrome type I. Eur J Pain. 2002;6:105-22.
63-589 TRATAMENTO DA DOR NEUROPÁTICA NA
ESCLEROSE MÚLTIPLA COM A NEUROESTIMULAÇÃO
MEDULAR
Raphael de Almeida Carvalho, Ana Carolina Zandona Spinardi,
Lígia Ferreira de Toledo, José Luiz de Campos, Mariana Dacaro*
Hospital Vera Cruz, Campinas, SP, Brasil
Introdução: A esclerose múltipla (EM) é uma doença autoimune que
causa desmielinização em diversas áreas do SNC, responsável por
diversos sintomas, dentre eles dor neuropática, disestesias e parestesias, que, segundo o estudo de Provenzano et al. (2016), estes
sintomas acometem aproximadamente 75% de pacientes com EM.
Infelizmente, a dor na EM muitas vezes é insensível a terapia farmacológica. A neuroestimulação medular (NEM) é uma alternativa no
tratamento adjuvante das dores de difícil controle, que de acordo
com o guideline escrito por Raff et al. (2013), tem sido o usada para
o tratamento da dor desde 1967. No presente estudo, foi realizada a
colocação da NEM em coluna cervical de uma paciente portadora de
EM, na qual o tratamento da cervicalgia era refratário às medidas
conservadoras.
Relato do caso: Paciente ALP, 34 anos, feminino, branca, portadora de EM com mielopatia desmielinizante em C3-C4. Queixava-se
de cervicalgia e occiptalgia à direita com irradiação para membro
superior direito, principalmente em ombro. Relata, ainda, períodos
de crise de dor em hemiface direita em trajeto V1 e V2 associado a
alterações autonômicas, como lacrimejamento e hiperemia ocular.
Apresentava dor tipo choque, de forte intensidade (9 na escala visual analógica da dor). Fez tratamento com Dipirona, Carbamazepina,
Metadona, Duloxetina, Gabapentina, fisioterapia e, bloqueios terapêuticos analgésicos em nervo trigêmio e esfenopalatino à direita.
Submetida após 4 meses de tratamento conservador ao implante do
NEM tubular 16 polos em coluna cervical ao nível de C3-C4. Apresentou melhora logo no primeiro dia de pós-operatório. Após 2 meses mantém melhora, inicia desmame de medicações analgésicas e
retorno às atividades diárias, como cozinhar.
Discussão: Em uma revisão da literatura, Provenzano et al. (2016)
encontraram resultado de melhora da dor em 64% dos pacientes
após a colocação do NEM. A NEM não deve ser considerada como
uma terapia de primeira linha, e outras opções não invasivas para o
tratamento da dor devem ser priorizadas. Provenzano et al. (2016)
relatam complicações em apenas 36% dos estudos, sendo que as
mais freqüentes foram fratura do eletrodo, deslocamento do chumbo e infecção. Embora os estudos demonstrem que o procedimento
é eficaz e seguro para o tratamento da dor na EM, são necessários
maior padronização das medidas de resultados, melhoria na documentação e maior tempo de seguimento dos pacientes.
Referência:
1. Provenzano DA, Williams JR, Jarzabek G, DeRiggi LA, Scott TF.
Treatment of neuropathic pain and functional limitations asso-
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63º Congresso Brasileiro de Anestesiologia
ciated with multiple sclerosis using an mri-compatible spinal
cord stimulator: a case report with two year follow-up and literature review. Neuromodulation. 2016;19:406-13.
2. Raff M, Melvill R, Coetzee G, Smuts J. Spinal cord stimulation
for the management of pain: Recommendations for best clinical
practice. S Afr Med J. 2013;103:423-30.
63-590 TRATAMENTO MINIMAMENTE INVASIVO PARA
NEURALGIA DO TRIGÊMIO
Anellysa Pereira Cavalcante de Araújo,
Paula Pereira Carvalho Florêncio*, Claudia Marquez Simões,
Roberta Cristina Risso, Cláudia Panossian Cohen
Hospital Alemão Oswaldo Cruz, São Paulo, SP, Brasil
Introdução: A neuralgia do trigêmeo ocorre em geral como dor paroxística de curta duração, com zona de gatilho em face. Causada
por doenças inflamatórias, infecciosas ou neoplásicas. O tratamento
varia de medicamentoso à intervenção cirúrgica. O caso relata o
tratamento da neuralgia do trigêmeo em paciente com diagnóstico
prévio de sarcoidose, com paliação da dor através da anestesia regional associada ao tratamento clínico.
Relato do caso: M.N., 41 anos, masculino, afrodescendente, internado há 1 mês por dor tipo choque desencadeada por mastigação/
escovação dos dentes em região mandibular esquerda. Diagnóstico
prévio de dor neuropática e neuralgia do trigêmeo há 9 meses, quando iniciou dor paroxística tipo choque em mandíbula, sem controle
medicamentoso. Nesse período foi submetido à descompressão cirúrgica em outro serviço, com resolução do quadro à direita. Teve
diagnóstico de sarcoidose em 2013, fazendo uso de 1 mg/kg/dia
de prednisona por 2 anos. Após avaliação foi caracterizada dor tipo
choque, lancinante, durando segundos a poucos minutos. Em uso de
Carbamazepina, Pregabalina, Oxicodona, Amplictil, Clonazepam,
Venlafaxina e morfina de resgate. Iniciada PCA EV de Morfina 1 mg/
mL e Cetamina 1 mg/mL, suspensa Oxicodona. Em 07/02, adicionada
amitriptilina; em 08/02, introduzida metadona. Houve mau controle
da dor e acionamentos frequentes da PCA. Optado por bloqueio do
ramo mandibular guiado por USG. Visualizada a artéria maxilar como
referência e identificado o nervo. Administrado ropivacaína 0,2% 8
mL. Realizado o bloqueio do gânglio esfenopalatino via nasal por embebição, com lidocaína 2%, no centro cirúrgico, sem intercorrências.
Paciente teve melhora imediata. PCA retirada no dia seguinte, mantidas medicações VO. Não necessitou de drogas de resgate.
Conclusão: A Carbamazepina traz bom controle inicial da dor em
70% dos pacientes que sofrem de neuralgia do trigêmio. A maioria
responde bem ao uso de outras medicações, como Lamotrigina e Fenitoína. A recorrência após controle com tratamento clínico ocorre
em cerca de 1 ano, quando se costuma optar por intervenção cirúrgica (rizotomia ou descompressão). No caso relatado, a dor se mostrou refratária a todo tratamento clínico e o bloqueio do gânglio esfenopalatino por via transnasal e do nervo mandibular com o uso de
USG foi a opção terapêutica no tratamento de neuralgia trigeminal.
Referência:
1. Eskandar E, Barker II FG, Rabinov JD. Case 21-2006: a 61-yearold man with left-sided facial pain. NEJM. 2006;355:183-8.
63-591 VALIDAÇÃO E TRADUÇÃO DAS ESCALAS DE
AVALIAÇÃO DA INCAPACIDADE FUNCIONAL E DE
CATASTROFISMO EM CRIANÇAS COM DOR CRÔNICA PARA O
PORTUGUÊS DO BRASIL
Luciana Paula Cadore Stefani, Wolnei Caumo, Daniela Silva Santos,
Cibelle de Abreu Evaldt*, Larissa Schneider, Leticia Kraemer
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre,
RS, Brasil
S249
Justificativa e objetivo: Na infância, o desenvolvimento de mecanismos de defesa e de adaptação à dor pode comprometer o desenvolvimento psicossocial de forma negativa e duradoura. A ausência
de instrumentos validados para o português, com a finalidade de
avaliar pacientes pediátricos com dor crônica, dificulta a identificação correta destes indivíduos e o seu possível tratamento. Portanto,
torna-se fundamental a validação de escalas que possam ser devidamente aplicadas em crianças, como a Functional Disability Inventory (FDI) e a Pain Scale Catastrophizing – Child Version (PCS-C). O
objetivo deste estudo foi realizar a tradução e adaptação cultural
da Functional Disabilty Inventory (FDI) e da Pain Catastrophizing
Scale Child Version (PCS-C) - Thoughts and feelings during pain para
o português do Brasil.
Métodos: Está sendo realizado estudo transversal com crianças
atendidas nos ambulatórios e internação de um hospital em Porto Alegre. As crianças e seus responsáveis responderam aos questionários FDI, PCS-C, Escala de Wong-Baker faces e Escala Visual
Analógica de Dor (EVA). O instrumento será aplicado em 150 crianças com dor crônica de diferentes etiologias – musculoesquelética,
oncológica ou abdominal –, presente há mais de 3 meses. Cerca
de 50 controles saudáveis serão selecionados para aplicação deste
instrumento.
Resultado: De 15 pacientes analisados, a média de idade foi de 9,5
anos, sendo 53% do sexo feminino. Quanto ao tipo de dor crônica
encontrou-se 73% abdominal, 20% oncológica e 7% reumatológica.
Quanto à incapacidade observada na FDI, observou-se na dor tipo
abdominal: mínima 81% (FDI 0-12), 19% moderada (FDI 13-29); do
tipo oncológica, 68% foi classificada em moderada (FDI 13-29) e 32%
em severa (FDI>30); e as reumatológicas foram 100% classificadas
em incapacidade mínima. A correlação da escala de incapacidade
funcional com variáveis mensuradas que refletem dor foi de 0,59
para internações no último ano e 0,67 para o número de medicamentos usados. Já com as escalas de Wong-Baker Faces e com a
Escala Visual Analógica de Dor observou-se uma fraca correlação:
0,17 e 0,12, respectivamente.
Conclusões: Os instrumentos em validação tiveram boa compreensão pelas crianças e seus responsáveis. As escalas parecem ter
boa correlação com medidas objetivas de dor e incapacitação. No
entanto, é necessário completar a coleta de dados para conclusões
definitivas.
Referência:
1. King S, Chambers CT, Huguet A, et al. The epidemiology of chronic pain in children and adolescents revisited: a systematic review. Pain. 2011;152:2729-38.
2. Stanford EA, Chambers CT, Biesanz JC, et al. The frequency, trajectories and predictors of adolescent recurrent pain: a population-based approach. Pain. 2008;138:11-21.
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