Alergia alimentar em cães e o papel da dieta hipoalergênica

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Informativo Técnico
Christiane S. Prosser
[email protected]
M.V. Coordenadora de Comunicação
Científica Royal Canin Brasil
Alergia alimentar em cães e o papel da dieta hipoalergênica
Introdução
A reação adversa é caracterizada por ser uma reação cutânea prurítica
não-sazonal que cessa após o uso de uma dieta de eliminação, e é incitada
novamente após a reintrodução do alimento original. O termo “reação
adversa a alimentos” é usado para descrever uma resposta clínica anormal
à ingestão de um determinado alimento. Tal reação pode ter origem
imunológica ou não. Em casos secundários às reações não-imunológicas,
deve-se usar o termo “intolerância alimentar”. A “alergia alimentar” ou
“hipersensibilidade alimentar” é uma resposta imunológica ao alimento,
onde há produção de anticorpos específicos. O principal nutriente capaz de
induzir uma resposta alérgica são as glicoproteínas e, normalmente, estas
possuem entre 14 a de 40 kDa - apesar de proteínas de peso molecular
inferior (10 kD) e superior (70 kD) poderem ser imunogênicas em alguns
casos. Em seres humanos, a maioria das reações adversas ao alimento são
idiossincráticas secundárias à ingestão de aditivos alimentares. Porém,
reações secundárias a estes componentes não foram relatadas em cães
até o momento.
A prevalência exata da alergia alimentar em cães ainda não foi definida.
Acredita-se que ela seja responsável por 1% a 5% de todas as dermatoses
em cães. Em estudo recente feito na Itália, 12% dos cães com alterações
dermatológicas foram diagnosticados com alergia alimentar; ela foi
responsável por 26% dos casos de alergia em cães; e 48% dos casos tiveram
sucesso quando submetidos à dieta de eliminação. Em 20% a 30% dos
casos há outros quadros de alergia concomitantes (atopia ou alergia à
picada de pulgas). Estudos sugerem que menos de 10% dos cães
manifestem sinais gastrointestinais secundários à hipersensibilidade
alimentar. A prevalência de hipersensibilidade alimentar em animais com
manifestações gastrintestinais não é clara.
Fisiopatogenia
A reação alérgica ocorre pela produção de IgE e IgG e a sensibilização dos
linfócitos periféricos, o que pode levar à imunosensibilidade aos alérgenos
alimentares. Após sua produção, a IgE liga-se aos receptores dos
mastócitos e, em menor frequência, dos basófilos. Dois sítios de ligação
(epítopos) devem estar presentes na proteína alergênica para que haja a
ligação de duas moléculas de IgE simultaneamente. A ligação com as
moléculas de IgE promove a degranulação mastocitária e a liberação de
mediadores como a histamina, a serotonina, as proteinases e os
proteoglicanos, que promovem e prurido e inflamação cutânea.
Histórico clínico e sinais clínicos
A história clínica, apesar de inespecífica, auxiliará a diferenciação entre
intolerância alimentar e alergia alimentar. A alergia alimentar exige a
exposição anterior ao antígeno para que então ocorra a manifestação de
sinais clínicos. Já a intolerância alimentar pode ocorrer após a primeira
exposição a um alimento.
Os sinais clínicos de hipersensibilidade alimentar não são sazonais. A
manifestação dermatológica predominante é o eritema e o
autotraumatismo secundário ao prurido. Algumas das lesões secundárias
incluem alopecia, escoriações, pápulas, crostas, foliculite, liquenificação,
hiperpigmentação, infecções secundária, seborreia e otite externa. Os
sinais clínicos geralmente se manifestam na face, pés e orelhas, e são
indistinguíveis dos observados nos quadros de atopia. Vômitos e diarreia
são os sinais gastrintestinais mais evidentes.
Diagnóstico e tratamento
Um diagnóstico confiável só pode ser obtido com o uso de uma dieta de
eliminação hipoalergênica e a realização posterior do desafio com a dieta
usada originalmente. Testes diagnósticos como o teste intradérmico com
extratos de alimentos, o teste RAST, os testes de ELISA e o teste de
sensibilidade alimentar gastroscópica são todos métodos considerados
como sendo não confiáveis para o diagnóstico de hipersensibilidade
alimentar.
Um alimento é considerado hipoalergênico apenas quando o animal nunca
foi exposto a ele previamente. O objetivo é alimentar o paciente
estritamente com fontes inéditas de proteínas e carboidratos de fácil
digestão, e com uma dieta nutricionalmente completa e balanceada. As
proteínas que não são completamente digeridas possuem um maior
potencial para incitar uma resposta imune. Proteínas de fácil digestão são
completamente digeridas, e aminoácidos livres e peptídeos tem menor
potencial alergênico. O debate sobre qual dieta utilizar durante o período de
eliminação ainda é intenso (dieta caseira vs. dieta comercial com proteínas
intactas vs. dieta comercial composta exclusivamente por proteína
hidrolisada). Sabidamente, para o animal a melhor opção sempre será
utilizar uma dieta completa e balanceada (difícil de ser alcançado com
dietas caseiras, principalmente quando os proprietários começam a
modificar a formulação inicialmente determinada pelo MédicoVeterinário). Além disso, dietas caseiras demandam um maior tempo de
preparação e um alto custo, especialmente para cães de raças de grande
porte. A indicação de dietas caseiras pode ser feita para pacientes que não
respondam ao uso de dietas de eliminação comerciais.
Recomenda-se utilizar a dieta hipoalergênica por 10-12 semanas. A
realização de testes de eliminação por apenas oito semanas pode gerar
resultados falso-negativos para alergia alimentar em até 40% dos cães
acometidos. A resolução completa dos sinais clínicos sugere fortemente a
existência de uma hipersensibilidade alimentar, mas a confirmação deste
diagnóstico exige um teste de provocação em que o animal é alimentado
com a sua dieta inicial. O alimento responsável pelo problema deve
provocar uma recidiva do quadro alérgico. Na maioria dos casos, as
manifestações irão recorrer em aproximadamente duas semanas após a
reintrodução da dieta inicial. O retorno do uso da dieta hipoalergênica
utilizada durante o período do teste de eliminação deve resultar em
melhora dos sinais clínicos. Se nenhuma melhoria clínica for observada
após 12 semanas de consumo da dieta de eliminação, o diagnóstico de uma
reação adversa aos alimentos pode provavelmente ser excluído. Há, no
entanto, duas possíveis causas da falha do teste: primeiramente, não há
nenhuma maneira de garantir que a dieta de eliminação tenha realmente
sido a única dieta ingerida pelo paciente. Além disso, existem animais
extremamente reativos, que podem manifestar alergias às proteínas de
peso molecular inferior a 10 kDa. Nestes pacientes, o mais indicado seria o
uso de fontes proteicas sob a forma de aminoácidos livres. Se uma melhora
parcial, porém significativa (de pelo menos 50%) for observada, é possível
que o animal tenha alergias coexistentes e/ou infecções secundárias.
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REFERÊNCIAS
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a-feira, 18 de novembro de 2014 16:37:35
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