Tratamento otimizado antiplaquetário, antilipêmico, controle da pressão arterial e frequência cardíaca na doença coronariana crônica assintomática ou angina classe I cular aumentou linearmente à medida que a pressão arterial variou de 115/75 até 185/115. Cada incremento de 20mmHg na pressão sistólica ou 10mmHg na diastólica associou-se com o dobro de risco. Estudos randomizados mostram que o tratamento resulta em redução do risco cardiovascular (15). Apesar dos inúmeros estudos, o limiar de pressão arterial para início de terapia medicamentosa e também as metas a serem atingidas em pacientes com doença coronária permanecem controversas. Diretrizes (16) recomendam a meta de pressão arterial menor que 140/90mmHg em pacientes com hipertensão não complicada e menor que 130/80mmHg em diabéticos e renais crônicos. Observações de estudos epidemiológicos e o risco absoluto relativamente alto de eventos cardiovasculares em pacientes já com doença vascular sugerem que talvez menor meta de pressão arterial deva ser apropriada também para indivíduos com doença coronária. Por outro lado, redução excessiva da pressão diastólica poderia comprometer a perfusão coronária em pacientes com doença coronária, não sendo portanto adequada (17). Em relação à medicação anti-hipertensiva deve-se avaliar as características específicas de cada paciente. Grande ênfase é dada para o uso de inibidores da enzima de conversão da angiotensina no paciente coronariano crônico, mesmo em pacientes sem disfunção ventri­ cular, devido aos possíveis efeitos cardioprotetores, reduzindo o risco de eventos isquêmicos demonstrado em importantes estudos (18, 19); betabloqueadores podem ser a opção em pacientes com infarto do miocárdio ou síndrome coronariana aguda recentes e também em pacientes com disfunção ventricular. Recomendações (7) — Modificações do estilo de vida: controle de peso, atividade física, moderação na ingestão de álcool, redução da ingestão de sódio (5g de sal ao dia, três colheres de café rasas), consumo de frutas frescas, vegetais e laticínios com baixo teor de gorduras. — Em pacientes com doença coronária e pressão arterial maior ou igual a 140/90mmHg, deve-se iniciar a terapêutica medicamentosa. — As medicações utilizadas devem ser basea­­ das nas características de cada paciente JBM JULHO/AGOSTO VOL. 101 No 4 e podem incluir inibidores da enzima de conversão da angiotensina e/ou betabloqueadores e, se necessário, diuréticos ou antagonistas de cálcio. Controle da frequência cardíaca A ativação dos receptores beta 1 no coração está associada a elevação da frequência cardíaca, aceleração da condução no nó atrioventricular e aumento da contratilidade cardíaca, condições que aumentam o consumo de oxigênio. O uso de betabloqueadores, portanto, diminui o duplo produto (frequência cardíaca-pressão arterial), a condução no nó atrioventricular e a contratilidade, aumentando o limiar para o aparecimento de angina no exercício e, portanto, melhorando sintomas. Betabloqueadores reduzem, de forma significativa, mortes e recorrência de infarto em pacientes que apresentaram infarto agudo do miocárdio. São particularmente efetivos no infarto complicado por isquemia persistente ou recorrente ou arritmias na fase aguda (20). Embora usados frequentemente na doença coronariana crônica não há, na realidade, estudos de grande porte que tenham avaliado a eficácia destas drogas no paciente crônico. Temos utilizado betabloqueadores no paciente coronariano crônico extrapolando os resultados obtidos nos pacientes agudos e também valorizando informações de algumas análises que demonstraram aumento da mortalidade ao longo dos anos com o aumento da frequência cardíaca de repouso, mesmo após ajuste para várias características (21). Em grande registro publicado recentemente (22) foram analisados 21.860 pacientes divididos em três grupos: doença coronária documentada com infarto prévio, doença coronária documentada sem infarto prévio ou apenas presença de fatores de risco (pelo menos três); cada um destes grupos foi dividido em dois subgrupos, uso ou não de betabloqueadores; o acompanhamento médio foi de 44 meses e o desfecho primário avaliado foi o composto óbito cardiovascular, infarto do miocárdio não fatal e acidente vascular cerebral não fatal. Não houve diferença significativa na taxa de eventos para os grupos com e sem infarto prévio, com e sem o uso de betabloqueadores, sendo, respectivamente: 16,9% versus 18,6% (razão de risco: 0,90, IC 95%: 0,79-1,03, p = 0,14) para pacientes Betabloqueadores reduzem, de forma significativa, mortes e recorrência de infarto em pacientes que apresentaram infarto agudo do miocárdio. São particularmente efetivos no infarto complicado por isquemia persistente ou recorrente ou arritmias na fase aguda. 11