UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ESTATÍSTICA INTRODUÇÃO AO PLANEJAMENTO ANÁLISE ESTATÍSTICA DE EXPERIMENTOS - C E CAPÍTULO 2 ANÁLISE DESCRITIVA E EXPLORATÓRIA DE DADOS ELABORADO POR: PROF. PEDRO FERREIRA FILHO 1º SEMESTRE DE 2009 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados 2. ANÁLISE DADOS: DESCRITIVA E EXPLORATÓRIA DE Um estudo, ou investigação de uma determinada hipótese, deve do ponto de vista estatístico, contemplar as etapas de planejamento, coleta, organização, análise descritiva e exploratória dos dados, inferência estatística e a tomada de decisões (conclusões). O papel da estatística pode ser considerado como a de uma “mineração de dados”. Os dados devem ser cuidadosamente coletados (observados), devidamente conhecidos e utilizados para analisar e interpretar a sua variabilidade de forma a possibilitar uma correta resposta à hipótese em estudo. Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 12 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados 2.1. CONCEITOS BÁSICOS EM ESTATÍSTICA: • INFORMAÇÃO NUMÉRICA: Um conjunto de dados estatísticos consiste de uma ou mais medidas, escores ou valores observados (coletados) de certo número de indivíduos, objetos, ensaios, experimentos, etc. • ASPECTO BÁSICO DA INFORMAÇÃO: A análise estatística de um conjunto de dados só faz sentido quando existir “variabilidade” nos valores observados, ou seja, os valores devem apresentar diferenças nas diferentes unidades de observação utilizadas. A não existência de variabilidade entre os valores observados torna desnecessária a utilização de qualquer método estatístico. • POPULAÇÃO: Conjunto de indivíduos ou objetos os quais o pesquisador tem interesse, que apresentam relevância para a investigação de hipótese em estudo. Podemos ainda dizer que a população é formada por todos os valores possíveis de serem observados numa dada situação. No caso de estudos experimentais, o alvo é sempre uma dada população. A resposta para a hipótese de interesse é dada por uma conclusão a respeito da população em estudo. Nesse sentido é fundamental, m qualquer situação, definir claramente qual a população que se tem interesse. Muitas vezes, por incrível que pareça, isso não está suficientemente claro para os responsáveis pelo estudo (experimento). Conseqüentemente, corre-se o risco de estender conclusões a situações mais amplas do que aquelas realmente possíveis a partir do estudo realizado. Uma população pode ser classificada em duas diferentes situações: População Finita: Todos os elementos da população são conhecidos e possíveis de serem identificados; População Infinita: Não é possível uma enumeração de todos os elementos da população; Uma população pode ser investigada a partir da observação de seus elementos através de duas diferentes formas: Censo ou Amostra. Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 13 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados • CENSO: Denominamos de censo aquelas situações onde a investigação é realizada a partir da observação de todos os elementos de uma população. Esse tipo de observação somente é possível em populações finitas. • AMOSTRA: Na grande maioria das vezes (quase sempre!) não é possível observar todos os elementos de uma população, porém é possível observar-se uma parte desta população. O conjunto de elementos efetivamente observado é denominado amostra. Podemos então dizer que uma amostra é todo e qualquer subconjunto necessariamente finito da população. Para que a amostra seja uma representação realista, não tendenciosa, da população, é necessário que seus elementos sejam escolhidos de forma rigorosamente aleatória. Esta condição é fundamental na prática, porque as “inferências estatísticas” sempre supõem que as amostras são representativas da população. Por isso ao realizar um experimento, devemos sempre tomar o cuidado para coletar os dados de modo que a hipótese de aleatoriedade, seja se não, rigorosamente, pelo menos aproximadamente obedecida. Amostra Aleatória: Amostra de N valores ou indivíduos (unidades experimentais) obtidos de tal forma que todos os possíveis elementos da população tenham a mesma “chance” de participar na amostra. OBTENÇÃO DE UMA AMOSTRA EM PESQUISAS CIENTÍFICAS: Nas pesquisas científicas as amostras, em geral são obtidas de duas diferentes formas: Estudos observacionais e experimentos planejados. Nos estudos observacionais os dados são obtidos à medida que se tornam disponíveis. Por exemplo, suponha que um pesquisador esteja avaliando o desempenho de um processo de fabricação de componentes plásticos através da injeção em molde. Pode-se observar o processo, selecionar componentes à medida que são fabricados e medir importantes características de interesse, tais como a espessura da parede, o encolhimento ou a resistência da peça. O pesquisador pode Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 14 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados medir também e registrar as variáveis de processo potencialmente importantes, tais como a temperatura do molde, o conteúdo de umidade da matéria-prima e o tempo do ciclo. Freqüentemente, em um estudo observador, o pesquisador está interessado em usar os dados para construir um modelo do sistema ou processo. Esses modelos são freqüentemente chamados de modelos empíricos. Uma outra maneira e que os dados observados são obtidos através da análise de dados históricos do sistema ou processo. Por exemplo, na fabricação de semicondutores, e razoavelmente comum manter registros extensos de cada batelada ou lote de pastilhas que foi produzido. Esses registros incluiriam dados de teste de características físicas e elétricas das pastilhas, assim como as condições de processamento sob as quais cada batelada de pastilhas foi produzida. Se aparecerem questões relativas a uma mudança em uma importante característica elétrica, a história do processo pode ser estudada em um esforço para determinar o ponto no tempo onde a mudança ocorreu e para ganhar algum discernimento em relação as variáveis do processo que devem ser responsáveis pela mudança. Freqüentemente, esses estudos envolvem um conjunto muito grande de dados e requerem um firme domínio dos princípios estatísticos, se o pesquisador quiser alcançar o sucesso. Nos experimentos planejados, o engenheiro (ou pesquisador) faz variações propositais nas variáveis controláveis de alguns sistemas ou processos, observa os dados de saída do sistema resultante e, então, faz uma inferência ou decisão sobre as variáveis que são responsáveis pelas mudanças observadas no desempenho de saída. O planejamento de experimentos tem um papel muito importante no projeto e desenvolvimento de engenharia e na melhoria dos processos de fabricação. Geralmente, quando produtos e processos são planejados e desenvolvidos com experimentos planejados, eles têm melhor desempenho, mais alta confiabilidade e menores custos globais. Experimentos planejados também desempenham um papel crucial na redução do tempo de condução de um projeto de engenharia e do desenvolvimento de atividades. Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 15 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados • INFERÊNCIA ESTATÍSTICA: Embora seja observada “apenas” uma amostra, o objetivo de qualquer estudo é estabelecer conclusões com respeito à população de interesse. A metodologia utilizada para se fazer a passagem dos resultados obtidos na amostra para conclusões populacionais é chamada “inferência estatística”. A inferência estatística pode ser definida em duas etapas: Estimação: Obter informação sobre uma característica populacional; Teste de Hipóteses: Utilização da informação amostral para responder as hipóteses de interesse no estudo. • ANÁLISE ESTATÍSTICA: O processo de organização, processamento, sumarização e retirada de conclusões sobre um determinado conjunto de dados (amostra) é chamado de análise estatística. As hipóteses (questões de interesse) daqueles que realizam o estudo indicam o tipo de dado que precisa der obtido e conseqüentemente a inferência a ser realizada. O quadro abaixo resume uma análise estatística de dados. Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 16 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados Figura 2.1. Análise Estatística. 2.2. ORGANIZAÇÃO, SUMARIZAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DE DADOS: A organização, sumarização e apresentação dos dados observados são essenciais para um bom julgamento estatístico, dado que permitem que sejam identificadas características importantes da amostra e ainda mais, indicar modelos que podem ser mais adequados para verificação da hipótese em estudo. Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 17 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 18 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados 2.2.1. TIPOS DE VARIÁVEIS: As informações obtidas em uma amostra são denominadas, usualmente, de “variáveis” em estudo. Em cada estudo pode-se observar uma ou mais variáveis em função das necessidades e objetivos a serem investigados. Assim, por exemplo, pode-se observar uma única medida num dado experimento, como é possível observar uma série de características de interesse na aplicação de um questionário. As variáveis observadas em uma amostra podem ser classificadas em dois tipos: Variáveis Categóricas (Qualitativas) ou Variáveis Contínuas (Quantitativas). Variáveis Categóricas: Denominamos variáveis categóricas aquelas medidas (características) observadas na amostra que apenas identificam a unidade de observação. Em outras palavras, uma variável categórica identifica um atributo, classe, qualidade,..., da unidade de observação. Exemplo: Sexo, Grau de escolaridade, tipo de solo, fornecedor, etc. As variáveis qualitativas podem ainda ser classificadas como qualitativas nominais e qualitativas ordinais. As nominais apenas identificam um atributo à unidade experimental sem qualquer outra propriedade (sexo, por exemplo), enquanto que as ordinais identificam um atributo que estabelece uma estrutura de ordem nas unidades de observação (grau de escolaridade, por exemplo). Variáveis Quantitativas: Denominamos de variáveis quantitativas aquelas medidas (características) observadas na amostra que estabelecem uma informação resultante de uma contagem ou de uma mensuração feita na unidade experimental. As variáveis quantitativas podem também ser classificadas em dois grupos: Quantitativas discretas ou quantitativas contínuas. As quantitativas discretas podem assumir um conjunto finito ou enumerável de valores (número de acidentes em uma determinada região da cidade, por exemplo), por outro lado, as quantitativas contínuas podem assumir valores num intervalo de números reais. Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 19 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados Observação: Uma variável quantitativa pode ser categorizada, porém a recíproca não é possível. É importante, porém considerar a PERDA DE INFORMAÇÃO que ocorre nesses casos. Figura 2.2. Classificação das Variáveis. Para cada tipo de variável existem técnicas apropriadas para organizar e resumir a informação, embora em muitos casos se verifique as técnicas usadas em um caso podem ser adaptadas para outros. 2.2.2. APRESENTAÇÃO DOS DADOS: A apresentação de informações contidas num conjunto de dados pode ser feita de várias formas. Para cada tipo de variável existe formas mais adequadas e corretas de apresentá-las. O objetivo de uma apresentação dos dados é organizar os valores observados de forma a obter o máximo de informação. Os procedimentos usuais de apresentação de dados são tabelas e gráficos. Consideremos o seguinte experimento: Uma indústria química formula um experimento para verificar se um novo método de fabricação de um produto químico é superior a um método tradicional de fabricação. Um experimento foi realizado Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 20 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados obtendo-se dados de produção industrial dos métodos A (Tradicional) e B (Novo Método), cujos resultados estão apresentados na Tabela 2.1: TABELA 2.1. Dados de Produção Industrial. Lote Método Produção Lote Método Produção 1 A 89.7 11 B 84.7 2 A 81.4 12 B 86.1 3 A 84.5 13 B 83.2 4 A 84.8 15 B 91.9 5 A 87.3 15 B 86.3 6 A 79.7 16 B 79.3 7 A 85.1 17 B 82.6 8 A 81.7 18 B 89.1 9 A 83.7 19 B 83.7 10 A 84.5 20 B 88.5 O problema apresenta duas variáveis: Método de Produção e Produção Observada. A variável método de produção é categórica nominal e a variável produção é quantitativa contínua. A apresentação usual dos dados observados é feita através de uma tabela denominada distribuição de freqüências. Nesta forma são apresentados os valores observados, a freqüência com que cada valor foi observado, o percentual que este número de freqüência representa em relação ao total de observação, bem como os respectivos valores acumulados. Para tabela acima as distribuições de freqüências são dadas por: TABELA 2.2. Distribuição de Freqüência da Variável Método de Produção Industrial. Método Freqüência Absoluta Freqüência Percentual Freqüência Acumulada Percentual Acumulada A 10 50.00 10 50.00 B 10 50.00 20 100.00 Método Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 21 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados TABELA 2.3. Distribuição de Freqüência da Variável Produção Industrial Produção Produção Freqüência Absoluta Freqüência Percentual Freqüência Acumulada Percentual Acumulada 79.3 1 5.00 1 5.00 79.7 1 5.00 2 10.00 81.4 1 5.00 3 15.00 81.7 1 5.00 4 20.00 82.6 1 5.00 5 25.00 83.2 1 5.00 6 30.00 83.7 2 10.00 8 40.00 84.5 2 10.00 10 50.00 84.7 1 5.00 11 55.00 84.8 1 5.00 12 60.00 85.1 1 5.00 13 65.00 86.1 1 5.00 14 70.00 86.3 1 5.00 15 75.00 87.3 1 5.00 16 80.00 88.5 1 5.00 17 85.00 89.1 1 5.00 18 90.00 89.7 1 5.00 19 95.00 91.9 1 5.00 20 100.00 Notação: fi = freqüência do i-ésimo valor pi = freqüência percentual do i-ésimo valor ⇒ pi = fi / n n = tamanho da amostra (número de unidades observadas) Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 22 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados Fi = freqüência acumulada até o i-ésimo valor, ou seja, número de observações até o i i-ésimo valor ⇒ Fi = ∑ f a a =1 Pi = freqüência percentual acumulada até o i-ésimo valor, ou seja, percentual de i Pi = ∑ p a observações até o i-ésimo valor ⇒ a =1 Observação: Nos casos de variáveis qualitativas nominais a freqüência acumulada e percentual acumulada não tem sentido de interpretação. Problema: No caso das variáveis quantitativas, como no exemplo acima, podemos ter que a variável assume um grande número de valores todos (ou a grande maioria) com baixas freqüências, logo a distribuição de freqüências se torna grande sem uma maior contribuição para a interpretação dos dados. Nessas situações, recomenda-se a categorização da variável através do estabelecimento de intervalos de acordo com os objetivos do estudo. No exemplo: TABELA 2.4. Distribuição de Freqüência da Variável Produção Industrial Categorizada. Produção Categorizada Produção Categorizada Freqüência Absoluta Freqüência Percentual Freqüência Acumulada Percentual Acumulada Menor que 80 2 10.00 2 10.00 [80,85) 10 50.00 12 60.00 [85,90) 7 35.00 19 95.00 90 ou mais 1 5.00 20 100.00 Sugestão Usual: Os intervalos gerados pela categorização devem ter o mesmo comprimento e/ou aproximadamente mesmas freqüências. Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 23 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados Uma segunda forma de apresentação dos dados é através de uma representação gráfica dos mesmos. Usualmente representa-se graficamente a distribuição de freqüências. O tipo de gráfico a ser utilizado está associado ao tipo de variável em estudo. Variáveis qualitativas podem ser representadas por: • Gráfico em Barras • Gráfico de Setores (Gráfico de “Pizza”) • Gráfico em Retângulo Variáveis quantitativas podem ser representadas por: • Diagrama de Pontos • Histogramas • Polígono de Freqüências • Ramos e Folhas Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 24 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados REPRESENTAÇÃO GRÁFICA – DADOS CATEGÓRICOS Sexo Sexo Sexo 100 80 Feminino 42% 58.06 60 41.94 58.06 41.94 40 Masculin o 58% 20 0 Masculino Feminino Sexo Masculino Feminino Bom 32% 9.68 32.26 Bom 0 20 40 60 40% 60% Masculino 80% 100% Feminino 100% 9.68 80% 58.06 Algum 20% Dominio de Computador Nenhum 10% Nenhum 0% 80 100 Computador Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 Algum 58%Bom Algum Nenhum 60% 58.06 40% 20% 0% 32.26 Bom Algun Nenhum 25 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados REPRESENTAÇÃO GRÁFICA – DADOS QUANTITATIVOS Ramo e Folhas 5 10 14 (8) 9 6 4 2 1 Diagrama de Pontos . . : : : :. .. :. . : .. . . . .. . . . . . -----+---------+---------+---------+---------+---------+Peso 56.0 63.0 70.0 77.0 84.0 91.0 5 22222 5 55689 6 0014 6 55555789 7 124 7 57 8 01 85 90 Peso dos Alunos 33 14 87.1% 12 27 11 29.0% 21 No of obs 9 8 7 6 6.5% 3.2% 3.2% 3.2% 3.2% 3.2% 3.2% 3.2% 3.2% 3.2% 3.2% 3.2% 3.2% 3.2% 3.2% 3.2% 3.2% 3.2% 61.3% 18 15 12 5 6.5% 74.2% 24 32.3% 10 16.1% 100.0% 93.5% 30 13 No of obs 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 16.1% 5 4 3 2 1 0 Peso dos Alunos 15 12.9% 29.0% 12.9% 4 9 3 6 6.5% 6.5% 2 <= 53 (53;54] (54;55] (55;56] (56;57] (57;58] (58;59] (59;60] (60;61] (61;62] (62;63] (63;64] (64;65] (65;66] (66;67] (67;68] (68;69] (69;70] (70;71] (71;72] (72;73] (73;74] (74;75] (75;76] (76;77] (77;78] (78;79] (79;80] (80;81] (81;82] (82;83] (83;84] (84;85] (85;86] (86;87] (87;88] (88;89] > 89 No of obs Peso dos Alunos 3 1 0 0 0 1 PESO Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 2 3 4 PESON 5 6 7 0 1 2 3 4 5 6 7 PESON 26 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados 2.2.3. SUMARIZAÇÃO DOS DADOS: A distribuição de freqüências além de apresentar os dados observados, também pode ser considerada uma sumarização de dados. Porém, na maioria dos casos, é desejado obter valores que possam representar cada uma das variáveis em estudo. Esses valores devem ser medidas que, sob algum ponto de vista sejam representativos dos dados observados. As medidas usualmente utilizadas se referem a locação e dispersão dos dados. 2.2.3.1. MEDIDAS DE LOCAÇÃO OU TENDÊNCIA CENTRAL: Medidas relacionadas à “posição” dos dados, ou ainda a valores em torno dos quais os valores observados tendem a se agrupar. As principais medidas de posição são: • Moda • Mediana • Quartis, Decis, Percentis. • Média • MODA: Definição: Valor (Classe, intervalo..) que ocorre com maior freqüência. Vantagem: Pode ser obtida para qualquer tipo de variável, porém, é mais apropriada para dados qualitativos nominais. Observações: 1) Podemos encontrar variáveis em um conjunto de dados com mais de uma moda (bimodal, tri-modal.); 2) Podemos ter variáveis em um conjunto de dados onde a moda não existe. Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 27 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados • MEDIANA: Definição: Valor que ocupa a posição central num conjunto de dados ordenados, ou seja, valor para o qual 50% dos valores observados são inferiores e 50% dos valores observados são superiores a ele. Condição: Para obtenção da mediana a variável em estudo deve ser pelo menos qualitativa ordinal. Cálculo da Mediana: 1) Dados devem ser ordenados 2) Se o número de observações é: 2.1) Ímpar: Mediana é o valor que está no centro da série, ou seja o valor que ocupa a posição (n+1)/2. 2.2) Par: Mediana é qualquer valor entre aqueles dois valores que estão no centro da série, ou seja, qualquer valor entre aqueles que ocupam as posições n/2 e (n/2)+1. Valor usual: Média dos valores que ocupam a posição (n/2) e (n/2)+1. • QUARTIS, DECIS, PERCENTIS: Definição: A mediana divide o conjunto de dados em duas partes. Quartis decis e percentis seguem o mesmo princípio, porém dividem os dados observados em 4, 10 e 100 partes respectivamente. Desta forma temos que: percentil (50) = mediana ou segundo quartil (Md) percentil (25) = primeiro quartil (Q1) percentil (75) = terceiro quartil (Q3) percentil (10) = primeiro decil Observação: Mediana, Quartis, Decis, Percentiis também são chamados de separatrizes. • MÉDIA ARITIMÉTICA: Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 28 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados Definição: A média aritmética simples de um conjunto de dados observados é o quociente da divisão por n da soma dos valores destas observações. Seja x1, x2, x3, .....xn os valores de uma variável observada na amostra. A média x (lê-se “x barra”) é dada por: n x + x 2 + x3 + ... + x n x= 1 = n ∑x i i =1 n Onde xi é o símbolo que indica a observação de ordem i = 1,2,....n Condição: Possível de obtenção apenas para dados quantitativos. Propriedades: A média aritmética possui propriedades interessantes que podem ser úteis em determinadas situações: 1) Se x1=x2=x3=......=xn= a então n x == ∑a i =1 n =a “a média de uma constante é a própria constante”; 2) Se a todo valor observado é adicionado uma constante “a”, então: n y i = xi + a ⇒ y == ∑y i =1 n n i = ∑x i +a i =1 n = x+a “se adicionamos uma mesma constante a toda observação, a média também fica adicionada deste valor”. 3) Se a todo valor observado é multiplicado por uma constante “a”, então: Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 29 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados n y i = axi ⇒ y == ∑y n i i =1 n = ∑ ax i =1 n i = ax “se multiplicamos toda observação por uma mesma constante, a média também fica multiplicada deste valor”. 4) A soma dos desvios em torno da média é zero: n ∑ (x i − x) = 0 i =1 Observação: Outros tipos de médias são conhecidos tais como: média ponderada, média harmônica, média geométrica, média aparada. Cada uma destas médias tem sua utilizada e aplicações específicas e podem ser encontradas na grande maioria de textos de Estatística Básica. 2.2.3.2. COMPARANDO CENTRAL: MEDIDAS DE LOCAÇÃO OU TENDÊNCIA Uma comparação da média, mediana e moda, nas situações onde é possível calcular todos estes valores, podem nos revelar uma informação sobre o comportamento dos dados, denominada “assimetria”. Definição: Uma variável é dita ter comportamento (ou distribuição) assimétrica quando os seus valores estão mais concentrados em um dos seus extremos (valores altos ou baixos). As possíveis situações de assimetria e simetria são derivadas do comportamento dos valores da média, mediana e moda e podem ser representadas da seguinte forma: Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 30 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados Figura 2.3. Assimetria de Uma Variável 2.2.3.3. MEDIDAS DE DISPERSÃO: Na análise de uma variável de interesse em qualquer estudo, quase nunca é suficiente para descrever de modo satisfatório, observar apenas uma única medida de posição. Podemos facilmente encontrar variáveis que apresentam o mesmo valor para uma medida de locação (média, por exemplo), porém com dados apresentando comportamentos completamente diferentes. Esses diferentes comportamentos são conseqüência de dados com diferentes graus de dispersão. Objetivo: Verificar o quanto os valores observados estão “dispersos”, ou ainda o quanto “variam” os dados. Apresentamos a seguir algumas medidas de dispersão. • AMPLITUDE: Definição: Diferença entre o maior e o menor valor observado na amostra. Notação: Seja X(n) = maior valor observado para a variável na amostra; Seja X(1) = menor valor observado para a variável na amostra; Amplitude = A = X(n) – X(1) Observações: 1) Medida sujeita a influencia da presença de valores extremos. Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 31 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados 2) O aumento do número de observações na amostra não produz qualquer mudança no valor dado pela amplitude. • DIFERENÇA DE QUARTIS: Definição: Valor dado pela diferença entre os valores que delfinem os 50% dos valores centrais observados. Notação: Seja Q(1) = 1º quartil dos dados observados (25% das observações na amostra); Seja Q(3) = 3º quartil dos dados observados (75% das observações na amostra); Logo Q(3) – Q1) contém 50% das observações e, consequentemente Diferença de Quartis = DQ = Q(3) – Q(1) • VARIÂNCIA – DESVIO PADRÃO: Definição: A VARIÂNCIA é uma medida de variabilidade dos dados em torno da média, ou seja, ela quantifica a variabilidade ou o espalhamento ao redor da média. É natural procurar uma medida de dispersão que dependa dos desvios de cada observação em relação à média (xi – x ), e é razoável considerar a soma de todos estes desvios. Quanto maior forem os desvios, maior será a variabilidade presente nos dados. Entretanto, pela definição de média, ∑(xi – x ) = 0 para qualquer conjunto de dados. Uma alternativa, para se obter uma medida de dispersão, é elevar os desvios de cada observação em relação à média ao quadrado, isto é, di= (xi - x )2 Assim, ∑ (xi – x )2 É a soma dos quadrados dos desvios em relação à média. Desta forma somamos somente valores positivos. Torna-se necessário considerar o nº de observações, Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 32 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados pois quanto maior o nº de observações maior será o valor deste somatório. Assim, a variância amostral é definida por: n S2 = ∑ (xi − x ) i =1 2 n −1 Por que (n-1)? Quando dividimos por n-1 temos que S2 é um estimador não viciado, importante propriedade da inferência estatística: Se a amostra é grande, os valores obtidos dividindo por n ou n-1 são praticamente iguais. Propriedades da Variância 1) A variância de uma constante é zero, isto é, xi = a, para todo i= 1, 2,..,n então S2 = 0 2) Se multiplicarmos cada valor da variável por uma constante a, a variância será a variância da variável original multiplicada por a2. y = a X, então Var(y) = Var (a x)= a2 Var(x). 3) Se somarmos ou subtrairmos de cada valor da variável uma constante a, a variância não se altera. Seja y = X + a, então Var(y) = Var (x + a)= Var(x). 4) Se dividirmos cada valor da variável por uma constante a, a variância será a variância da variável original dividida por a2. Seja y = 1 1 1 x então Var(y) = Var ( x )= 2 Var(x). a a a Note que a unidade de medida de S2 é a unidade de medida das observações elevada ao quadrado. Então, para obter uma medida de variabilidade com a mesma unidade de medida das observações extraí-se a raiz quadrada. Esta medida é denominada DESVIO PADRÃO e definida por: Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 33 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados n S= ∑ (xi − x ) 2 i =1 n −1 Observações: 1) S mede a dispersão em torno da média e só deve ser calculado quando a média é tomada como medida de locação. 2) S ≥ 0. Logo, quanto maior a dispersão em torno da média, maior o valor do desvio padrão, ou maior valor de S. Além das medidas de dispersão aqui apresentadas, algumas outras são encontradas na literatura, como por exemplo, as medidas de simetria e de achatamento (também ditas de curtose). Para as aplicações que serão feitas ao longo desse curso, as medidas aqui apresentadas são suficientes, outras medidas podem ser encontradas em livros de Estatística Básica. 2.2.3.4. MEDIDAS DE DISPERSÃO RELATIVA: Em muitos casos, em particular em situações que desejamos comparar a dispersão de variáveis com diferentes unidades de medida, é conveniente expressar a dispersão em termos relativos, ou seja, expressar a variabilidade dos dados tirando a influência da ordem de grandeza da variável. • COEFICIENTE DE VARIAÇÃO: Definição: O desvio padrão descreve o desvio padrão relativo à média. É expresso em termos de valores percentuais. Notação: O coeficiente de variação, que é definido por: CV = Sx *100 Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 34 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados O coeficiente de variação (CV) é adimensional, isto é, um número puro e usualmente expresso em porcentagem. Sua utilidade é fornecer uma medida para a homogeneidade do conjunto de dados. Quanto menor o CV mais homogêneo é o conjunto de dados. Pelo fato do CV ser adimensional, é possível comparar a variabilidade de dois conjuntos de dados muitos distintos. O CV é muito útil na comparação de duas variáveis ou dois grupos que a princípio não são comparáveis (por exemplo, com ordens de grandeza das variáveis muito diferentes). Um valor de CV maior que 50% indica um alto grau de dispersão e conseqüentemente uma baixa representatividade da média. Um valor de CV menor ou igual a 25% geralmente indicará que o conjunto de dados é razoavelmente homogêneo. Entretanto, esse padrão varia de acordo com a aplicação. Uma possível classificação é a seguinte: CV: Baixo - (inferior a 0,10); Médio - (de 0,10 a 0,25); Alto Muito Alto - (≥0,35). - (0,25 a 0,35); 2.2.3.5. UMA REPRESENTAÇÃO GRÁFICA CONJUNTA DE LOCAÇÃO E DE DISPERSÃO: DE MEDIDAS Como apresentado anteriormente, uma análise de dados deve, minimamente considerar conjuntamente uma medida de locação e uma medida de dispersão. Nesse sentido é importante também estabelecer uma representação gráfica conjunta de medidas de locação e dispersão através da qual seja possível verificar o comportamento da variável em ambos os aspectos. • ESQUEMA DE CINCO NÚMEROS: Proposta: Identificar 5 valores dentre o conjunto de n observados que possa dar condições de se ter uma idéia geral do comportamento geral das observações. Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 35 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados Condição: Possível para variáveis quantitativas; Valores Propostos (Tukey): Mediana Valor Maximo (X(n)) e Valor Mínimo (X(1)) 1º e 3º Quartis Observação: Alguns outros autores e softwares propõem o uso de média e desvio padrão no lugar de mediana e quartis. Tukey justifica o uso de mediana e quartis dado eu as mesmas são medidas de locação e dispersão que não são influenciadas pela presença de valores extremos no conjunto de dados e que, portanto permitem uma mais fácil identificação de presença dos mesmos dentre os valores observados. • DESENHO ESQUEMATICO – BOX PLOT: Proposta: Representação gráfica do esquema de 5 números. O Box-plot é obtido seguindo-se os passos: 1. Numa reta são marcados o 1º quartil (Q1), a mediana (Q2 ) e o 3º quartil (Q3). 2. Acima dessa reta constrói-se um retângulo com limites iguais às posições do 1º e 3º quartis, cortado por um segmento de reta na posição relativa à mediana. 3. A partir dos limites do retângulo, traçam-se linhas até: a. Encontrar um extremo (valor máximo ou mínimo) ou b. Um valor correspondente a 1,5 DQ, se o extremo correspondente estiver a mais de 1,5 DQ do quartil respectivo. Os pontos que estão a mais de 1,5 DQ do quartil correspondente até 3DQ são chamados pontos externos (* ) e os que estão a mais de 3DQ, pontos soltos (o). Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 36 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados BoxBox-Plot linha auxiliar ⇓ _Q3+1,5d altura _Q3 d _Q1 * * _Q3+1,5d _Q3 _Q3 _Q3 _md _md _md _Q1 _Q1 _Q1 _Q1-1,5d _Q1-1,5d * Q1 = 1º quartil md = mediana Q3 = 3º quartil * * * d = diferença interquartil Figura 2.4. Construído o Box - Plot Construção LS=Q3+1,5(Q3-Q1) “Máximo” Q3 Mediana Q1 75% 50% 25% “Mínimo” LI=Q1-1,5(Q3-Q1) “Máximo” é o maior valor menor que LS; “Mínimo” é o menor valor maior que LI. Figura 2.5. Forma Final do Box - Blot O Box – Plot é um procedimento que permite iidentificar em um conjunto de dados: Simetria Dispersão Valores Discrepantes Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 37 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados IMPORTANTE: O Box–Plot, além das aplicações apresentadas, é um procedimento extremamente importante na comparação de diferentes grupos (tratamentos) que são observados e, por exemplo, dentre os quais, deseja-se identificar aquele com melhor desempenho. Exemplo: Comparando o total de pontos obtidos pelos alunos ingressos no processo seletivo 2005 nos diferentes cursos da UFSCar. Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 38 Capítulo 2 – Análise Descritiva e Exploratória de Dados 2.3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Barros Neto, B., Scarminio, I. S., Bruns, R. E. (2001) – Como Fazer Experimentos: Pesquisa e desenvolvimento na ciência e na indústria. Editora da Unicamp, Campinas, SP. Montgomery, D. C., Runger, G. C. (2003) – Estatística APlicada e Probabilidade para Engenheiros, LTC Editora, 2a Edição, Rio Janeiro, RJ. Triola, M. F. (2005) – Introdução a Estatística, LTC Editora, 9ª Edição, Rio Janeiro. Anderson, T.W., Sclove, S. L. (1974) – Introductory Statistical Analysis, Houghton Miflin, Boston. Vieira, S. (1999) – Princípios de Estatística, Pioneira, São Paulo, SP. Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos C – 1o Semestre de 2009 39