OS MINERAIS: TENdÊNCIAS E COMplExIdAdE dE USO

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MINERAIS
FUNCIONAIS & NUTRACÊUTICOS
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OS MINERAIS:
TENdÊNCIAS E
COMplExIdAdE
dE USO
Os minerais são substâncias inorgânicas necessárias à saúde equilibrada do
corpo humano. Estão presentes nos tecidos corporais em pequenas quantidades,
aproximadamente 4% do peso do nosso corpo são representados pelos minerais.
Podem estar presentes no corpo combinados como compostos orgânicos (proteínas,
vitaminas, lipídios, etc.), na forma de compostos inorgânicos (outros minerais) e na forma
livre. Na natureza, são encontrados nos solos e nas águas dos rios, lagos e oceanos.
Estão presentes principalmente nos vegetais, cereais e alimentos de origem animal.
Os minerais estão presentes também na água, cujas qualidades terapêuticas são
reconhecidas desde a Antigüidade, existindo hoje cada vez mais estudos científicos que
associam a redução do risco de contrair determinadas doenças ao consumo regular
de água com características minerais específicas. Existe evidência científica relativa
aos efeitos benéficos dos minerais veiculados através da água, particularmente no que
concerne ao cálcio, magnésio, bicarbonato, potássio, sódio, fósforo, ferro, fluoreto e a sílica.
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Generalidades
Os minerais são um dos alicerces
da indústria de nutracêuticos. São um
dos ingredientes que mais foram estudados e apresentam benefícios comprovados na prevenção ou melhoria de
condições para uma ampla variedade
de doenças. Porém, é também a classe
de nutrientes que apresenta o maior
estado deficitário.
Acredita-se que cerca de 60 elementos são necessários para manter
o corpo humano em ótimo estado
de saúde, mas o mesmo não produz
um único mineral. Assim, as nossas
necessidades em minerais dependem
da ingestão de alimentos ou suplementos, caso contrário irá ocorrer
uma gradual erosão da estrutura corporal e de seu bom funcionamento,
o que pode levar, inexoravelmente,
a doença.
Acontece que a qualidade, do
ponto de vista nutricional, de nossa
alimentação e de nossa água vem diminuindo ao longo dos tempos. Seja
em decorrência do processamento
dos alimentos ou da filtração, no caso
mais específico da água, as nações
industrializadas estão, cada vez mais,
deficientes em mineral.
Por quê?
Só nos últimos 20 anos, o rendimento de nossas principais culturas
tem quase que dobrado; o mundo
está literalmente produzindo o dobro
a partir do mesmo solo, adicionando
basicamente nitrogênio, potássio e
fósforo e quase mais nada. Os minerais
que vêm do solo são cada vez mais diluídos, devido as maiores quantidades
produzidas e, por sua vez, produzem
alimentos com menor teor em minerais. Esses acontecimentos têm levado
os especialistas a considerar rever os
níveis recomendados de ingestão de
minerais e fazer uma atualização dos
mesmos.
Os consumidores mais avisados e
preocupados com a saúde são mais
conscientes dos benefícios de alguns
alimentos e, por exemplo, incorporam
mais frutas e verduras em sua dieta,
porém, embora alguns deles possam
ser ricos em vitaminas e outros nutrientes saudáveis, frutas e vegetais, na
maioria, apresentam baixíssimo teor
de minerais essenciais. Assim, mais
uma vez, enquanto o corpo humano
têm a capacidade de suprir algumas
deficiências em vitaminas, aminoácidos e ácidos graxos, nada pode fazer
no caso de falta de minerais.
Embora alguns especialistas considerem que o mercado de vitaminas
e minerais seja um mercado maduro - e que a descoberta de um novo
mineral seja altamente improvável -,
novas pesquisas sobre mecanismos de
atuação e novas formas de apresentação têm insuflado nova vida nesses
segmentos, levando a uma nova fase
de crescimento. Ademais, existe uma
tendência cada vez maior em fortificação de alimentos, para atender os
consumidores mais conscientes das
deficiências da dieta normal.
Enquanto os especialistas estudam
como melhorar o consumo de mineral
das populações, as empresas pesquisam como melhorar os processos de
formulação para oferecer produtos
atraentes e com a maior eficácia possível. Existem não somente desafios
técnicos, como também outros que
podem ser de natureza cultural, institucional ou legal.
Falta de
conhecimento
Fora a crença popular e asserções
feitas e repetidas de pais para filhos,
existe somente uma grande falta de
conhecimento real por parte dos
consumidores em geral no que tange
aos minerais, sua absorção, meio de
ação e benefícios. Nos últimos anos,
o grau de conhecimento dos consumidores com relação aos minerais e seu
impacto nutricional tem melhorado,
porém ainda está limitado a algumas
poucas faixas de consumidores.
Mesmo neste caso, o conhecimento não chega a ser suficiente para que
os consumidores mais avisados saibam
distinguir se este ou aquele mineral
especificado em alguma etiquetagem
vai funcionar ou não de forma adequada. Se o label for convincente, o
produto será adquirido, independentemente da qualidade do(s) mineral(ais)
incorporados e de sua real eficácia.
Embora com o uso amplamente
disseminado, os minerais são um dos
nutrientes menos valorizados e menos
compreendidos, particularmente, no
que se refere a sua importância para a
saúde, quanto à forma com a qual eles
podem ser ingeridos. Existem alguns
conhecimentos gerais, tais como o
cálcio é bom para os ossos e os dentes,
o ferro para o sangue, o zinco para
proteger contra gripes e resfriados,
etc., porém nada de mais profundo. De
forma geral, a imprensa que poderia
educar de forma mais eficiente, normalmente dá mais ênfase a produtos
sensacionalistas para perder peso, ter
mais energia ou maior apetite sexual,
do que em produtos que são realmente necessários para manter a saúde do
corpo em geral.
A maior conscientização continua
sendo com relação ao cálcio, para a
manutenção e prevenção da saúde
óssea, seguida pelo magnésio e o zinco, porém já em escala bem menor.
Mesmo assim, poucos sabem que se
o cálcio é benéfico à saúde óssea, sua
ação é melhorada quando associado a
magnésio e vitamina C. E os benefícios
do cálcio na manutenção do peso?
Os benefício do potássio passaram
a ser mais conhecidos depois da FDA
aprovar um claim dizendo que “dietas contendo alimentos que são boas
fontes de potássio, podem reduzir os
riscos de pressão sangüínea alta e
enfarte...”.
A conscientização com relação
ao cálcio e ferro é mais ou menos
geral, mas os outros minerais, como
magnésio e potássio, por exemplo,
são somente conhecidos por pessoas
interessadas em produtos específicos
para necessidades nutricionais ligadas
a esporte ou programas de redução de
peso, enquanto o zinco e o selênio já
são quase que totalmente desconhe­
cidos.
De forma global, o que os consumidores normalmente não sabem é que
existem minerais e minerais. Alguns
se apresentam em forma mais assimilável do que outros, ou seja, algumas
formas, geralmente mais baratas, são
engolidas e, como se fossem um mero
grão de areia, passam simplesmente
pelo organismo antes de serem expelidas sem ter propiciado beneficio
algum. No que se refere a qualidade
dos insumos minerais utilizados pelos
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processadores de alimentos ou fabricantes de suplementos, o consumidor
é totalmente leigo. O importante não
é a quantidade de um determinado
mineral que é absorvido, mas sim,
o quanto o organismo irá absorver
desse mineral! Esse conceito é válido,
tanto no que se refere a fortificação
de alimentos, quanto a formulação de
suplementos (comprimidos, cápsulas,
drágeas, etc.).
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As dificuldades de
formulação
A utilização de minerais na formulação de alimentos fortificados
apresenta alguns problemas, os quais
são bem menos graves no caso da
suplementação. Em fortificação de alimentos, os processos envolvendo calor
e umidade (quase todos!) aumentam
significativamente a possibilidade de
ocorrer interações entre vitaminas,
minerais e outros ingredientes, levando assim a uma perda de estabilidade
e/ou biodisponibilidade. A formulação
de alimentos funcionais e fortificados
apresenta reais desafios em termos de
estabilidade, gosto, textura, mouthfeel,
biodisponibilidade e fornecimento de
uma dose eficaz. As eventuais dificuldades de incorporação dos minerais
na receita também devem ser levadas
em conta.
No caso de formulação de suplementos as dificuldades são menores
e envolvem estabilidade (especialmente em formulações com diversos
ingredientes), a facilidade no encapsu­
lamento ou compressão (para comprimidos), a biodisponibilidade e em
manter o tamanho físico da dosagem
a menor possível.
Os formuladores devem também
se garantir de que o produto contenha
a quantidade suficiente do nutriente
para que seja realmente eficaz e, no
caso de fortificação, é de suma importância que a aparência e sabor final
do produto permaneçam inalterados.
Veremos, mais adiante, que a microencapsulação pode ser um meio de
solucionar os problemas relacionados
ao sabor, bem como pode estender o
shelf life do produto.
Assim, cabe aos fornecedores de
minerais desenvolver produtos que
apresentam a eficácia que os formuladores querem e que sejam compatíveis
do ponto de vista organoléptico. Os
principais desafios, como já mencionado anteriormente, estão ligados
a biodisponibilidade ou absorção,
solubilidade, contaminação e manufaturabilidade.
Biodisponibilidade ou absorção.
Mais uma vez, convém mencionar
que o consumidor não conhece e,
conseqüentemente, não distingue
as diferentes taxas de absorção que
existem entre diversas formas de minerais. Assim, por exemplo, não sabe
diferenciar se é melhor ingerir um
carbonato de cálcio ou um quelato
de cálcio. Os benefícios vão depender
de quanto do carbonato de cálcio é
solúvel e mesmo assim, o corpo não
pode absorvê-lo todo, porque minerais, por natureza, não são 100%
biodisponíveis. Em outras palavras,
um carbonato de cálcio que apresenta
uma taxa de absorção de 23%, em uma
formulação de 1000mg, somente fornecerá ao organismo cerca de 230mg
de cálcio.
A biodisponibilidade pode ser
estudada de várias formas e depende
não somente da forma do mineral
ingerido, como também de quem é o
consumidor. A maior parte dos minerais vendidos aos consumidores ainda
o são sob a forma de sais minerais
inorgânicos. Embora originalmente
considerados como specialty minerals
(e superior aos sais inorgânicos), os
quelatos já se tornaram altamente
competitivos. O maior desafio é promover a utilização de melhores formas
de minerais e justificar o seu alto
custo por benefícios maiores baseados
em evidências.
Solubilidade. A solubilidade é um
aspecto particularmente importante
no caso de fortificação de bebidas,
particularmente as bebidas mais
claras, como águas. Se o mineral não
for totalmente solubilizado ocorrerá
sedimentação e turbidez.
Contaminação. A contaminação
é outro assunto que tem levantado
preocupação por parte da indústria de
minerais. A contaminação dos minerais com metais pesados, como chumbo, arsênico e cádmio, é altamente
preocupante. A maioria das empresas
com comportamento industrial ético
se abastece de minerais com baixo
nível deste tipo de contaminante. O
problema é que esse tipo de fonte é,
obviamente, mais oneroso. Os testes
laboratoriais para assegurar a pureza
dos minerais também são caros. Esses
custos terão que ser repassados para
os consumidores. Mas, mais uma vez,
os consumidores não sabem que esse
custo extra é associado ao fornecimento de um zinco sem cádmio, por
exemplo, e irão escolher uma marca
de suplemento de zinco mais barata,
porém que contém maior teor de
cádmio!
Manufaturabilidade. Um dos
grandes desafios, do ponto de vista
industrial na fortificação de alimentos
com minerais é a manutenção da estabilidade do processo e a biodisponibilidade dos minerais. Os fornecedores
de minerais trabalham no sentido de
poder oferecer aos processadores de
alimentos e bebidas minerais que podem ser adicionados na maior variedade de aplicações possíveis, nos níveis
adequados, sem comprometer o perfil
sensorial e garantindo benefícios nutricionais. Com todos os desafios que
apresenta a incorporação de minerais em formulações alimentícias, os
fornecedores procuram desenvolver
minerais de fácil utilização, particularmente no que tange a solubilidade.
As repercussões sobre gosto, aroma
e textura tem levado os fabricantes
a evitar cada vez mais as fontes de
minerais insolúveis. O desafio é manter o mesmo perfil de gosto, aroma e
textura para o produto fortificado e
para o produto não fortificado.
Os produtos de conveniência continuam sendo uma força motora neste
mercado e, em particular, as bebidas.
Elas são utilizadas para garantir a
saúde óssea e a saúde do coração,
aumentar a resposta imune e a saúde ocular. Os sucos de laranja e as
bebidas lácteas recebem fortificação
e, de alguns anos para cá, as águas
passaram também a receber minerais.
A adição de qualquer nutriente a uma
água é, obviamente, mais difícil do que
em sucos ou bebidas lácteas.
Algumas das tecnologias que podem ser empregadas para solucionar
os desafios da incorporação de mine-
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menor percentual de mineral ativo e,
geralmente, são muito mais caros do
ponto de vista da atividade total.
No caso das bebidas, é interessante
trabalhar com macro minerais, porém
sob a forma micronizada (pulverizada). Isso permite uma melhor dispersão dos minerais menos solúveis.
Em todos os casos, a formulação de
um blend de minerais para fortificação
de um alimento requer uma cuidadosa
avaliação da composição complexa do
mesmo em macronutrientes. Uma
vez que cada alimento possui uma
composição única de macronutriente,
o formulador está se defrontando de
forma permanente com novos desafios. O caso da suplementação é bem
mais fácil e não envolve cheiro, textura
e outros fatores, já que o usuário irá
simplesmente engolir um comprimido
ou uma célula.
Minerais quelatos:
prós e contras
Com tantas formas de minerais
disponíveis, torna-se difícil para o
consumidor analisar as etiquetagens
para tentar entender o que realmente está dentro da fortificação ou
suplementação. Mais complicado
ainda é o consumidor saber qual é o
melhor produto. Carbonato de cálcio
ou cálcio quelato? Qual é a melhor
alternativa?
Um quelato é um composto químico formado por um íon metálico
ligado por várias ligações covalentes
a uma estrutura heterocíclica de compostos orgânicos, como aminoácidos,
peptídeos ou polissacarídeos. O nome
quelato provém da palavra grega chele,
que significa garra ou pinça, referindose à forma pela qual os íons metálicos
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rais em alimentos são a microencapsulação, o uso de agentes mascaradores
de sabor, estabilização com agentes
de cargas (proteínas hidrolisadas,
polissacarídeos), quelação, micropulverização e lipossomas.
A microencapsulação protege os
nutrientes de reações hostis, previne os problemas organolépticos, e
­aumenta o shelf life.
Para eliminar os problemas de gosto, aparência e/o textura, os formuladores tentam combinar aromatizantes, estabilizantes e outros ingredients
com os minerais para neutralizar os
seus efeitos negativos.
Os minerais quelatos apresentam
maior biodisponibilidade e são mais
fáceis de serem absorvidos pelo corpo humano. São tipicamente mais
solúveis do que os sais minerais tradicionais, porém também contêm um
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são “aprisionados” no composto. O
termo quelato foi primeiramente usado em 1920 por Sir Gilbert T. Morgan
e H. D. K. Drew.
A quelação é um processo que leva
tempo. Para que ocorra, o mineral
necessita ser ionizado e colocado em
solução com um agente quelante.
Pode levar de 2 a 18 horas para que
ocorram as ligações químicas entre
o cátion e o ligante. As soluções são
devidamente aquecidas ou resfriadas,
com agitação contínua para assegurar
que os componentes não precipitem a
solução antes que a quelação ocorra.
O pH é monitorado atenciosamente,
uma vez que a idéia é assegurar que
o quelato não será hidrolisado no
ambiente ácido do estômago, mas
sim redirecionado ao pH alcalino do
intestino e, então, para a mucosa do
jejuno.
Os quelatos devem ser eletricamente neutros. Há cargas positivas
e negativas na membrana de cada
célula intestinal, se um quelato não
for neutro, será repelido ou ligado
a membrana, sendo sua absorção
prejudicada. Para alcançar um estado
elétrico neutro, o quelato deve ser
complexado a um ânion facilmente
ionizável, como um halógeno ou um
grupo sulfato, e o ligante deve satisfazer, tanto o estado oxidativo, quanto o
número coordenado do átomo metal.
Isso afeta a proporção molar ligante
metal.
Ao sintetizar quelatos, os cientistas também devem monitorar o peso
molecular, que esta relacionado diretamente com a biodisponibilidade.
Para determinar o peso molecular
total de um quelato, é necessário ter
o peso atômico de todos os átomos
da ligação mais o peso atômico do
metal que está sendo quelato. Como
descreve a definição do NNFA, o peso
molecular não pode exceder 800
daltons, quase 100 daltons maior
do que o mais pesado dos minerais
aminoácidos quelatos (molibdênio,
o maior mineral nutricionalmente
essencial, com 95,94 daltons mais três
moléculas de triptofano, 204,22 por
molécula). Enquanto os aminoácidos
individuais apresentam peso molecular conhecido, o peso molecular
de uma proteína hidrolisada ou seus
aminoácidos podem variar de 1.000 a
100.000 daltons ou mais.
O organismo é designado a absorver melhor aminoácidos e pequenos
peptídeos do que proteínas. As empresas podem usar enzimas químicas
ou hidrolíticas para quebrar proteínas
ou utilizar aminoácidos pré-formados,
ambas são escolhas relativamente
caras. Os gastos envolvidos podem
explicar o uso de proteínas hidrolisadas ao invés de aminoácidos préformados. Entretanto, eles podem
não formar quelatos e, se formarem,
é muito difícil provar que o processo
de quelação ocorreu. Cada cadeia de
peptídeo também apresenta absorção
limitada. Estruturas de dipeptídeos ou
tripeptídeos podem resistir a hidrólise
do ácido gástrico e a clivagem das enzimas intestinais. Elas são levadas por
transporte ativo nos sítios de absorção
do jejuno. Pense nesses sítios como
buracos de uma rede. Esses buracos
são apenas grandes o suficiente para
permitir a passagem de um pequeno
peptídeo para ser usado pelo organismo. Grandes cadeias de peptídeos são
quebradas na acidez do estômago na
tentativa de preparar as moléculas
para absorção intestinal. Este processo destrói qualquer ligação existente,
liberando sais inorgânicos que não são
bem absorvidos.
A quelação pode ocorrer entre os
minerais e muitos tipos de compostos; entretanto, ao utilizar ligantes
facilmente metabolizados, como os
aminoácidos, tem se 100% da densidade do nutriente. Isto significa
que todos os quelatos, tanto o metal
como o ligante, são biologicamente
utilizados.
Alguns agentes quelantes, como o
EDTA ou o ácido picolinico, não são
biologicamente utilizados. Quando o
organismo separa o ligante do metal,
ele é deixado como uma partícula estranha não metabolizável (o ligante)
e deve ser eliminado para não causar
danos biológicos.
A norte-americana Albion, de
Clearfield, UT, é uma das maiores especialistas mundiais em minerais quelatos. Estudos clínicos com minerais
quelatos Albion demonstraram sua
segurança e eficácia para um grande
número de condições de saúde.
A anemia por deficiência de ferro
vem sendo uma das áreas de pesquisa
de maior foco, comprovando a eficácia do Ferrochel® (ferro bis glicina
quelado). Pesquisadores de São Paulo,
Brasil, estudaram 71 gestantes que
tomaram 15mg/d de Ferrochel® e
74 gestantes que tomaram 40mg/d
de sulfato ferroso. Após 13 semanas,
apenas 30,8% das gestantes que
tomaram Ferrochel® apresentaram
depleção de ferro, comparado a 54,5%
do grupo que tomou sulfato ferroso.
Os pesquisadores concluíram que a
suplementação diária com Ferrochel®
foi significativamente mais efetiva em
fornecer ferro às gestantes, mesmo
com baixa dosagem, comparado a
suplementação com sulfato ferroso.
As mulheres não são as únicas a se
beneficiarem da suplementação com
minerais aminoácidos quelatos. Por
exemplo, vários estudos, demonstraram como o zinco, selênio e magnésio,
são minerais importantes para a saúde
da próstata. O zinco e o magnésio também exercem efeitos na regulação dos
hormônios andrógenos. Um estudo realizado na Weber State University com
o zinco Chelazome® e zinco Arginina
Quelato®, demonstrou que o zinco
Arginina Quelato® apresenta maior
penetração nas gônadas masculinas,
comparado ao zinco ­Chelazome®; os
resultados engrandecem claramente
os benefícios da adição da arginina ao
suplemento de zinco no tratamento
da próstata.
A diabetes é uma séria condição
que afeta ambos os sexos e está atingindo níveis alarmantes nos Estados
Unidos. O nível de muitos minerais,
especialmente zinco, cromo e manganês, são deficientes nos diabéticos.
Esses minerais estão relacionados à
resistência a insulina e são necessários na resposta ao stress oxidativo
do organismo. Os estudos da Albion
têm demonstrado a biodisponibilidade
superior de cada mineral aminoácido
quelado, bem como a menor toxicidade quando comparado as formas
minerais inorgânicas. Isto é muito
importante para determinar o limiar
de doses seguras e doses tóxicas de
microminerais, como o cromo. Os
minerais Chelazome® da Albion são
muito bem tolerados, não apresentam
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Os minerais são um dos alicerces da indústria de nutracêuticos.
São um dos ingredientes que mais foram estudados e apresentam
benefícios comprovados na prevenção ou melhoria de condições para
uma ampla variedade de doenças.
Complexos,
combinações ou
formulação com
mineral único
Houve um tempo onde os
c­ omple­xos multivitamínicos/minerais
eram considerados como suficientes
para manter uma boa saúde. Ainda
existem muitos desses complexos,
alguns deles sendo verdadeiros bestsellers, porém existe também uma
certa tendência em oferecer produtos
focados para determinadas condições
de saúde, seja na forma de formulação
com mineral único seja agora, com
maior freqüência, combinações de
alguns componentes específicos. Essa
última tendência é bastante compreensível, uma vez que um mineral
sozinho não pode preencher todas as
deficiências, enquanto que em combinação com outros, pode melhorar
a performance global de todos. O
caso mais freqüentemente citado é
o cálcio que, sozinho, pode somente
manter a saúde óssea, porém não
reconstituir perdas de massa óssea.
São necessários outros elementos
para construir massa óssea, motivo
pelo qual formulações combinando
diversos elementos são cada vez mais
encontradas. As combinações à base
de cálcio devem também conter boro
e vitamina D. Embora as necessidades
diárias do organismo em boro são de
cerca de 1mg, uma dosagem da ordem
de 3mg aumenta a absorção de cálcio
pelo organismo. No caso da vitamina
D, suas funções são aumentar os
níveis de cálcio e fósforo no sangue
e permitir a mineralização adequada
dos ossos. No organismo, ela aumenta
a eficiência de absorção de cálcio pelo
intestino e participa da formação do
tecido ósseo. Desta forma, a absorção
de cálcio pelo intestino depende da
quantidade de cálcio ingerido e da
presença de vitamina D. Da mesma
forma, os suplementos para o sexo
masculino devem, preferencialmente,
incorporar uma combinação de zinco,
selênio e vitamina D.
As combinações se aproveitam dos
sinergismos potenciais entre minerais, os quais podem contribuir para
uma melhoria da saúde.
Isto não significa que é errado
ingerir suplemento cuja formulação
contém somente um mineral, mas
simplesmente significa que sempre
existe uma combinação de minerais
que será mais eficiente. Também
depende, obviamente, do objetivo perseguido pelo consumidor ou motivo
pelo qual está ingerindo esse tipo de
suplemento. As formulações com um
único mineral continuam populares e
continuarão a existir.
Futuro &
tendências
O crescimento futuro do mercado
de minerais depende diretamente
dos investimentos que serão feitos
em pesquisas científicas e educação
dos consumidores. Os próprios organismos reguladores estão quase que
forçando as empresas a trabalharem
nesse sentido. Os testes de campo e
outras pesquisas envolvendo minerais
e suas formas de absorção só podem
trazer maiores alicerces científicos a
esses produtos e, conseqüentemente,
fazer dos mesmos produtos cada vez
mais procurados pelos consumidores.
A conscientização de que a ingestão
de minerais não é somente para a
saúde óssea, e a explicação científica
de suas outras virtudes, fez com que,
em 10 anos, a população que tomava algum suplemento, nos Estados
Unidos, passasse de 30% para 80%,
atualmente.
Os especialistas apostam vigorosamente no uso crescente de minerais
aminoácidos quelatos, os quais são
as formas mais compatíveis do ponto
de vista biológico. Maior atenção será
provavelmente dada aos minerais
traços, como boro, silício, vanádio,
germânio e molibdênio, já que é também tendência das empresas do ramo
tentar desenvolver posicionamento
especial em determinados minerais,
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efeitos colaterais, como diarréia associada a ingestão de sais de magnésio
ou náuseas e gastrites que podem
ocorrer com a suplementação com
sais de zinco. A Albion Laboratories
possui dezenas de patentes na área
de minerais quelatos.
Os minerais quelatos são absolutamente necessários, especialmente do
ponto de vista da biodisponibilidade,
porém são produtos que envolvem
maior tecnologia e complexo processo
de produção, o que os torna, con­
seqüentemente, mais onerosos. Como
o mercado para fortificação e suplementação em minerais é altamente
sensível ao fator preço, o uso de minerais quelatos fica bastante comprometido, já que para os consumidores
o fator preço sempre leva a vantagem
com relação ao fator qualidade.
Os minerais quelatos são, simplesmente, superiores. Não somente
protegem o mineral de interações
nefastas e antagônicas com a dieta,
como também são melhor utilizados
e aproveitados em vários sistemas
biológicos. Ademais, asseguram uma
melhor absorção e utilização mesmo
em condições de stress e sob condições nutricionais variáveis, o que
não pode ser obtido com as formas
inorgânicas ou iônicas.
Na realidade, não é que as empresas usam minerais que sejam
ruins, mas os minerais quelatos são,
simplesmente, melhores. Não adianta
ingerir minerais que não sejam biodisponíveis ou de qualidade inferior,
porque, mais uma vez, passaram pelo
organismo como se fossem meros
grãos de areia.
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FUNCIONAIS & NUTRACÊUTICOS
para se distinguir dos generalistas,
produtores de complexos e panacéias
globais.
De maneira geral, a fortificação
de alimentos deverá crescer de forma
significativa. Os consumidores não
estão mais satisfeitos com a mera prevenção de deficiências nutricionais;
hoje, ao lado de prevenir deficiências
e doenças relacionadas as mesmas,
querem ter uma ótima saúde. Os
processadores de bebidas e alimentos
estão respondendo a essa demanda
com linhas cada vez maiores de produtos fortificados. Mesmo se ainda não
entendem totalmente os conceitos de
biodisponibilidade, absorção e outros,
os consumidores estão cada vez mais
lendo as etiquetagens e valores nutricionais e a decisão de compra começa
a ser influenciada por essas leituras.
Mas quais são os minerais que
deverão ganhar mais espaços nas
prateleiras e mentes dos consumidores? Os grandes clássicos continuarão
existindo. De fato, a deficiência em
ferro, por exemplo, bem como em
zinco e magnésio, continua sendo
um problema global. As pesquisas
para esses minerais continuam sendo
no sentido de procurar formas com
maior biodisponibilidade e formas
com maior efeito em determinadas
populações, em função de seus usos e
costumes. O ferro é particularmente
importante para crianças.
Um estudo efetuado nos Estados
Unidos, com 209 estudantes (11 do
sexo feminino e 98 do sexo masculino)
comprovou a importância do zinco.
Os estudantes ingeriram diariamente,
durante 10 a 12 semanas, um suco
de laranja com 0,10mg ou 20mg de
gluconato de zinco; estudantes, pais e
professores não foram informados de
quem estava bebendo o que. No início
e no fim da pesquisa foram realizadas
baterias de testes elaborados para medir a atividade mental e motora, como
atenção, memória, solução de problemas e coordenação visual. Os estudantes que ingeriram o suco de laranja
com 20mg de zinco apresentaram
uma melhor performance nos testes
de memória e de atenção, comparativamente aqueles que não receberam
suplementação de zinco ou que receberam somente 10mg de gluconato
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MINERAIS
de zinco. A deficiência em zinco é tão
comum quanto a deficiência em ferro,
mesmo nos Estados Unidos, porém
o risco é particularmente maior em
adolescentes em fase de crescimento
rápido e, muitas vezes, com pobres
hábitos alimentares. Ademais, é mais
difícil de ser detectada.
O cálcio continua sendo o mineral
mais difundido e comercializado. Um
estudo recente de longo prazo forneceu evidencias concretas de que uma
maior absorção de cálcio leva a uma
melhoria tangível da saúde óssea. Foi
realizado um estudo pelo Children’s
Nutrition Research Center, da Baylor
University, com 100 adolescentes que
tomaram diariamente, durante um
ano, ou 8gr de Synergy1, um produto
único da Beneo, composto de oligo-
frutose e inulina, ou uma quantidade
equivalente de um placebo. A absorção de cálcio e a densidade mineral
óssea (DMO) foram nitidamente superiores nos adolescentes que ingeriram
o Beneo Synergy1. Após um ano, o
aumento da densidade mineral óssea
nos integrantes do grupo que absorveram Beneo Synergy1 foi 45% maior,
comparado com o grupo que ingeriu
o placebo. Os pesquisadores também
mediram o conteúdo mineral ósseo
(BMC) e observaram que o grupo
que ingeriu Beneo Synergy1 tinha
um maior acúmulo diário de cálcio de
30mg por dia, prova concreta de um
maior acúmulo de cálcio nos ossos.
O magnésio, muitas vezes esquecido, está recebendo maior atenção.
A deficiência em magnésio é normal-
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MINERAIS
mente grande, porque a quantidade
requerida pelo organismo é relativamente alta, enquanto que o aporte
de magnésio pela dieta continua
pequeno. Embora seja comum quando se fortifica algum elemento com
cálcio também adicionar magnésio é,
normalmente, o cálcio que leva toda
a publicidade. O magnésio atua junto
com o cálcio para manter a circulação, as funções neurais e cardíacas
e está envolvido nos problemas de
coágulos sangüíneos. É armazenado
nos ossos como reservas para o resto
do organismo. A WHO está considerando a possibilidade de recomendar
a fortificação das águas potáveis com
magnésio, para reduzir o número de
mortes decorrentes de ataques cardía­
cos, relacionados a uma deficiência
deste mineral.
renais e de fígado. Em princípio, se
considera o crômio (em seu estado de
oxidação +3 ) um elemento químico essencial, ainda que não se conheça com
exatidão suas funções. Parece participar
no metabolismo dos lipídeos e no dos
hidratos de carbono, assim como em
outras funções. Tem-se obser­vado que
alguns de seus complexos parecem
participar na potencialização da ação da
insulina, sendo por isso, denominado de
“fator de tolerância à glicose”, devido a
esta relação com a ação da insulina. A
ausência de crômio provoca uma intolerância a glicose e, como conseqüência, o
aparecimento de diversos distúrbios. É
justamente seu envolvimento na normalização do funcionamento da insulina
que está favorecendo o crescimento
desse mineral, particularmente, em
suplementos.
AIDS do que pessoas com níveis de
selênio adequado.
Existem várias áreas mo mundo
onde o solo é deficiente em selênio
e a fortificação de alimentos com selênio está sendo estudada pela saúde
pública. Na Finlândia, por exemplo,
onde tal caso ocorre, os fertilizantes
são enriquecidos com selênio.
Os minerais-traços, minerais coloidais, minerais iônicos e eletrólitos
eram, no passado, considerados como
não essenciais para a saúde humana.
Hoje, o quadro apresentado pelos
cientistas é bem diferente e, con­
seqüentemente, muitos desses minerais-traços estão sendo re-classificados
como benéficos ou essenciais para a
saúde humana. Os únicos minerais
e nutrientes que poderão sustentar
alguma posição no mercado como
O fósforo está normalmente presente em nossa dieta em nível bastante importante, porém deve-se
considerar que boa parte dele não está
biodisponível. Estudos recentes indicam que em fortificação com cálcio,
pelo menos uma parte deste cálcio
deveria ser um fosfato de cálcio para
manter efetivamente a saúde óssea.
Existe uma co-dependência entre cálcio e fósforo. Foi demonstrado que se
o fósforo não está incluso no caso de
um aumento da ingestão de cálcio, a
absorção do próprio fósforo ficará reduzida. Acredita-se que o fósforo é necessário para aumentar a assimilação
de mais cálcio pelos ossos, reduzindo
assim sua perda através da urina.
O próprio IFAC (International Food
Additives Council) solicitou à FDA
uma modificação das reivindicações
relacionadas ao cálcio e osteoporose
para incluir o fósforo.
A carência em cromo nos humanos
pode causar ansiedade, fadiga e problemas de crescimento. Seu excesso (em
nível de nutriente) nos humanos pode
causar dermatites, úlcera, problemas
O selênio também tem mostrado
um crescimento acima da média do
mercado, principalmente pelo seu
papel na prevenção do câncer da próstata. O Select (Selenium and Vitamin
E câncer prevention trial) é um estudo
clínico organizado pelo National Cancer Institute (NCI) e coordenado pelo
Southwest Oncology Group (SWOG),
para averiguar se um ou ambos desses
suplementos possuem ação preventiva
no câncer da próstata. O estudo que
começou em 2004 e irá durar sete
anos, conta com 35.000 participantes e foi empreendido baseado em
observações preliminares indicando
que o selênio e a vitamina E poderiam
reduzir os riscos de câncer da próstata
em 60% e 30%, respectivamente.
Mas o papel do selênio na saúde
parece ir além da prevenção do câncer da próstata; existem evidencias
cada vez maiores de que poderia ter
efeitos importantes na progressão de
infecções virais. A literatura científica
mostra que pessoas com deficiência
de selênio com HIV positivo passarão
mais rapidamente para o estágio de
sendo meios de melhora ou conservação de um bom estado de saúde são
aqueles que possuem fortes raízes na
literatura médica.
Uma das maiores ironias dessa
deficiência cada vez maior em minerais, é que as populações estão se
alimentando cada dia mais com fast
food e alimentos de conveniência
processados, desprovidos de qualquer
conteúdo em minerais essenciais.
Os consumidores mais preocupados
com a saúde e bem-estar se mantêm
hidratados com uma quantidade cada
vez maior de água engarrafada; infelizmente, muitas das águas etiquetadas
como puras, puríssimas e outras passaram por sofisticados processos de
filtração que eliminaram os mineraistraços naturalmente presentes em
nossos rios, lagos e poços. Embora
sódio, cloro e micróbios tenham sido
removidos dessas águas puras, o fato
é que durante muitos séculos a água
de torneira foi uma fonte sistemática
e significativa de minerais essenciais
para o bom funcionamento do nosso
corpo e metabolismo.
FUNCIONAIS & NUTRACÊUTICOS
Enquanto os especialistas estudam como melhorar o consumo de
mineral das populações, as empresas pesquisam como melhorar os
processos de formulação para oferecer produtos atraentes e
com a maior eficácia possível.
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