MINERAIS FUNCIONAIS & NUTRACÊUTICOS © Popa Sorin Dreamstime.com OS MINERAIS: TENdÊNCIAS E COMplExIdAdE dE USO Os minerais são substâncias inorgânicas necessárias à saúde equilibrada do corpo humano. Estão presentes nos tecidos corporais em pequenas quantidades, aproximadamente 4% do peso do nosso corpo são representados pelos minerais. Podem estar presentes no corpo combinados como compostos orgânicos (proteínas, vitaminas, lipídios, etc.), na forma de compostos inorgânicos (outros minerais) e na forma livre. Na natureza, são encontrados nos solos e nas águas dos rios, lagos e oceanos. Estão presentes principalmente nos vegetais, cereais e alimentos de origem animal. Os minerais estão presentes também na água, cujas qualidades terapêuticas são reconhecidas desde a Antigüidade, existindo hoje cada vez mais estudos científicos que associam a redução do risco de contrair determinadas doenças ao consumo regular de água com características minerais específicas. Existe evidência científica relativa aos efeitos benéficos dos minerais veiculados através da água, particularmente no que concerne ao cálcio, magnésio, bicarbonato, potássio, sódio, fósforo, ferro, fluoreto e a sílica. 22 minerais.indd 22 29/10/2008 10:06:22 Generalidades Os minerais são um dos alicerces da indústria de nutracêuticos. São um dos ingredientes que mais foram estudados e apresentam benefícios comprovados na prevenção ou melhoria de condições para uma ampla variedade de doenças. Porém, é também a classe de nutrientes que apresenta o maior estado deficitário. Acredita-se que cerca de 60 elementos são necessários para manter o corpo humano em ótimo estado de saúde, mas o mesmo não produz um único mineral. Assim, as nossas necessidades em minerais dependem da ingestão de alimentos ou suplementos, caso contrário irá ocorrer uma gradual erosão da estrutura corporal e de seu bom funcionamento, o que pode levar, inexoravelmente, a doença. Acontece que a qualidade, do ponto de vista nutricional, de nossa alimentação e de nossa água vem diminuindo ao longo dos tempos. Seja em decorrência do processamento dos alimentos ou da filtração, no caso mais específico da água, as nações industrializadas estão, cada vez mais, deficientes em mineral. Por quê? Só nos últimos 20 anos, o rendimento de nossas principais culturas tem quase que dobrado; o mundo está literalmente produzindo o dobro a partir do mesmo solo, adicionando basicamente nitrogênio, potássio e fósforo e quase mais nada. Os minerais que vêm do solo são cada vez mais diluídos, devido as maiores quantidades produzidas e, por sua vez, produzem alimentos com menor teor em minerais. Esses acontecimentos têm levado os especialistas a considerar rever os níveis recomendados de ingestão de minerais e fazer uma atualização dos mesmos. Os consumidores mais avisados e preocupados com a saúde são mais conscientes dos benefícios de alguns alimentos e, por exemplo, incorporam mais frutas e verduras em sua dieta, porém, embora alguns deles possam ser ricos em vitaminas e outros nutrientes saudáveis, frutas e vegetais, na maioria, apresentam baixíssimo teor de minerais essenciais. Assim, mais uma vez, enquanto o corpo humano têm a capacidade de suprir algumas deficiências em vitaminas, aminoácidos e ácidos graxos, nada pode fazer no caso de falta de minerais. Embora alguns especialistas considerem que o mercado de vitaminas e minerais seja um mercado maduro - e que a descoberta de um novo mineral seja altamente improvável -, novas pesquisas sobre mecanismos de atuação e novas formas de apresentação têm insuflado nova vida nesses segmentos, levando a uma nova fase de crescimento. Ademais, existe uma tendência cada vez maior em fortificação de alimentos, para atender os consumidores mais conscientes das deficiências da dieta normal. Enquanto os especialistas estudam como melhorar o consumo de mineral das populações, as empresas pesquisam como melhorar os processos de formulação para oferecer produtos atraentes e com a maior eficácia possível. Existem não somente desafios técnicos, como também outros que podem ser de natureza cultural, institucional ou legal. Falta de conhecimento Fora a crença popular e asserções feitas e repetidas de pais para filhos, existe somente uma grande falta de conhecimento real por parte dos consumidores em geral no que tange aos minerais, sua absorção, meio de ação e benefícios. Nos últimos anos, o grau de conhecimento dos consumidores com relação aos minerais e seu impacto nutricional tem melhorado, porém ainda está limitado a algumas poucas faixas de consumidores. Mesmo neste caso, o conhecimento não chega a ser suficiente para que os consumidores mais avisados saibam distinguir se este ou aquele mineral especificado em alguma etiquetagem vai funcionar ou não de forma adequada. Se o label for convincente, o produto será adquirido, independentemente da qualidade do(s) mineral(ais) incorporados e de sua real eficácia. Embora com o uso amplamente disseminado, os minerais são um dos nutrientes menos valorizados e menos compreendidos, particularmente, no que se refere a sua importância para a saúde, quanto à forma com a qual eles podem ser ingeridos. Existem alguns conhecimentos gerais, tais como o cálcio é bom para os ossos e os dentes, o ferro para o sangue, o zinco para proteger contra gripes e resfriados, etc., porém nada de mais profundo. De forma geral, a imprensa que poderia educar de forma mais eficiente, normalmente dá mais ênfase a produtos sensacionalistas para perder peso, ter mais energia ou maior apetite sexual, do que em produtos que são realmente necessários para manter a saúde do corpo em geral. A maior conscientização continua sendo com relação ao cálcio, para a manutenção e prevenção da saúde óssea, seguida pelo magnésio e o zinco, porém já em escala bem menor. Mesmo assim, poucos sabem que se o cálcio é benéfico à saúde óssea, sua ação é melhorada quando associado a magnésio e vitamina C. E os benefícios do cálcio na manutenção do peso? Os benefício do potássio passaram a ser mais conhecidos depois da FDA aprovar um claim dizendo que “dietas contendo alimentos que são boas fontes de potássio, podem reduzir os riscos de pressão sangüínea alta e enfarte...”. A conscientização com relação ao cálcio e ferro é mais ou menos geral, mas os outros minerais, como magnésio e potássio, por exemplo, são somente conhecidos por pessoas interessadas em produtos específicos para necessidades nutricionais ligadas a esporte ou programas de redução de peso, enquanto o zinco e o selênio já são quase que totalmente desconhe­ cidos. De forma global, o que os consumidores normalmente não sabem é que existem minerais e minerais. Alguns se apresentam em forma mais assimilável do que outros, ou seja, algumas formas, geralmente mais baratas, são engolidas e, como se fossem um mero grão de areia, passam simplesmente pelo organismo antes de serem expelidas sem ter propiciado beneficio algum. No que se refere a qualidade dos insumos minerais utilizados pelos FUNCIONAIS & NUTRACÊUTICOS MINERAIS 23 minerais.indd 23 29/10/2008 10:06:25 MINERAIS processadores de alimentos ou fabricantes de suplementos, o consumidor é totalmente leigo. O importante não é a quantidade de um determinado mineral que é absorvido, mas sim, o quanto o organismo irá absorver desse mineral! Esse conceito é válido, tanto no que se refere a fortificação de alimentos, quanto a formulação de suplementos (comprimidos, cápsulas, drágeas, etc.). FUNCIONAIS & NUTRACÊUTICOS As dificuldades de formulação A utilização de minerais na formulação de alimentos fortificados apresenta alguns problemas, os quais são bem menos graves no caso da suplementação. Em fortificação de alimentos, os processos envolvendo calor e umidade (quase todos!) aumentam significativamente a possibilidade de ocorrer interações entre vitaminas, minerais e outros ingredientes, levando assim a uma perda de estabilidade e/ou biodisponibilidade. A formulação de alimentos funcionais e fortificados apresenta reais desafios em termos de estabilidade, gosto, textura, mouthfeel, biodisponibilidade e fornecimento de uma dose eficaz. As eventuais dificuldades de incorporação dos minerais na receita também devem ser levadas em conta. No caso de formulação de suplementos as dificuldades são menores e envolvem estabilidade (especialmente em formulações com diversos ingredientes), a facilidade no encapsu­ lamento ou compressão (para comprimidos), a biodisponibilidade e em manter o tamanho físico da dosagem a menor possível. Os formuladores devem também se garantir de que o produto contenha a quantidade suficiente do nutriente para que seja realmente eficaz e, no caso de fortificação, é de suma importância que a aparência e sabor final do produto permaneçam inalterados. Veremos, mais adiante, que a microencapsulação pode ser um meio de solucionar os problemas relacionados ao sabor, bem como pode estender o shelf life do produto. Assim, cabe aos fornecedores de minerais desenvolver produtos que apresentam a eficácia que os formuladores querem e que sejam compatíveis do ponto de vista organoléptico. Os principais desafios, como já mencionado anteriormente, estão ligados a biodisponibilidade ou absorção, solubilidade, contaminação e manufaturabilidade. Biodisponibilidade ou absorção. Mais uma vez, convém mencionar que o consumidor não conhece e, conseqüentemente, não distingue as diferentes taxas de absorção que existem entre diversas formas de minerais. Assim, por exemplo, não sabe diferenciar se é melhor ingerir um carbonato de cálcio ou um quelato de cálcio. Os benefícios vão depender de quanto do carbonato de cálcio é solúvel e mesmo assim, o corpo não pode absorvê-lo todo, porque minerais, por natureza, não são 100% biodisponíveis. Em outras palavras, um carbonato de cálcio que apresenta uma taxa de absorção de 23%, em uma formulação de 1000mg, somente fornecerá ao organismo cerca de 230mg de cálcio. A biodisponibilidade pode ser estudada de várias formas e depende não somente da forma do mineral ingerido, como também de quem é o consumidor. A maior parte dos minerais vendidos aos consumidores ainda o são sob a forma de sais minerais inorgânicos. Embora originalmente considerados como specialty minerals (e superior aos sais inorgânicos), os quelatos já se tornaram altamente competitivos. O maior desafio é promover a utilização de melhores formas de minerais e justificar o seu alto custo por benefícios maiores baseados em evidências. Solubilidade. A solubilidade é um aspecto particularmente importante no caso de fortificação de bebidas, particularmente as bebidas mais claras, como águas. Se o mineral não for totalmente solubilizado ocorrerá sedimentação e turbidez. Contaminação. A contaminação é outro assunto que tem levantado preocupação por parte da indústria de minerais. A contaminação dos minerais com metais pesados, como chumbo, arsênico e cádmio, é altamente preocupante. A maioria das empresas com comportamento industrial ético se abastece de minerais com baixo nível deste tipo de contaminante. O problema é que esse tipo de fonte é, obviamente, mais oneroso. Os testes laboratoriais para assegurar a pureza dos minerais também são caros. Esses custos terão que ser repassados para os consumidores. Mas, mais uma vez, os consumidores não sabem que esse custo extra é associado ao fornecimento de um zinco sem cádmio, por exemplo, e irão escolher uma marca de suplemento de zinco mais barata, porém que contém maior teor de cádmio! Manufaturabilidade. Um dos grandes desafios, do ponto de vista industrial na fortificação de alimentos com minerais é a manutenção da estabilidade do processo e a biodisponibilidade dos minerais. Os fornecedores de minerais trabalham no sentido de poder oferecer aos processadores de alimentos e bebidas minerais que podem ser adicionados na maior variedade de aplicações possíveis, nos níveis adequados, sem comprometer o perfil sensorial e garantindo benefícios nutricionais. Com todos os desafios que apresenta a incorporação de minerais em formulações alimentícias, os fornecedores procuram desenvolver minerais de fácil utilização, particularmente no que tange a solubilidade. As repercussões sobre gosto, aroma e textura tem levado os fabricantes a evitar cada vez mais as fontes de minerais insolúveis. O desafio é manter o mesmo perfil de gosto, aroma e textura para o produto fortificado e para o produto não fortificado. Os produtos de conveniência continuam sendo uma força motora neste mercado e, em particular, as bebidas. Elas são utilizadas para garantir a saúde óssea e a saúde do coração, aumentar a resposta imune e a saúde ocular. Os sucos de laranja e as bebidas lácteas recebem fortificação e, de alguns anos para cá, as águas passaram também a receber minerais. A adição de qualquer nutriente a uma água é, obviamente, mais difícil do que em sucos ou bebidas lácteas. Algumas das tecnologias que podem ser empregadas para solucionar os desafios da incorporação de mine- 24 minerais.indd 24 29/10/2008 10:06:25 MINERAIS menor percentual de mineral ativo e, geralmente, são muito mais caros do ponto de vista da atividade total. No caso das bebidas, é interessante trabalhar com macro minerais, porém sob a forma micronizada (pulverizada). Isso permite uma melhor dispersão dos minerais menos solúveis. Em todos os casos, a formulação de um blend de minerais para fortificação de um alimento requer uma cuidadosa avaliação da composição complexa do mesmo em macronutrientes. Uma vez que cada alimento possui uma composição única de macronutriente, o formulador está se defrontando de forma permanente com novos desafios. O caso da suplementação é bem mais fácil e não envolve cheiro, textura e outros fatores, já que o usuário irá simplesmente engolir um comprimido ou uma célula. Minerais quelatos: prós e contras Com tantas formas de minerais disponíveis, torna-se difícil para o consumidor analisar as etiquetagens para tentar entender o que realmente está dentro da fortificação ou suplementação. Mais complicado ainda é o consumidor saber qual é o melhor produto. Carbonato de cálcio ou cálcio quelato? Qual é a melhor alternativa? Um quelato é um composto químico formado por um íon metálico ligado por várias ligações covalentes a uma estrutura heterocíclica de compostos orgânicos, como aminoácidos, peptídeos ou polissacarídeos. O nome quelato provém da palavra grega chele, que significa garra ou pinça, referindose à forma pela qual os íons metálicos FUNCIONAIS & NUTRACÊUTICOS © Raja Rc Dreamstime.com rais em alimentos são a microencapsulação, o uso de agentes mascaradores de sabor, estabilização com agentes de cargas (proteínas hidrolisadas, polissacarídeos), quelação, micropulverização e lipossomas. A microencapsulação protege os nutrientes de reações hostis, previne os problemas organolépticos, e ­aumenta o shelf life. Para eliminar os problemas de gosto, aparência e/o textura, os formuladores tentam combinar aromatizantes, estabilizantes e outros ingredients com os minerais para neutralizar os seus efeitos negativos. Os minerais quelatos apresentam maior biodisponibilidade e são mais fáceis de serem absorvidos pelo corpo humano. São tipicamente mais solúveis do que os sais minerais tradicionais, porém também contêm um 25 minerais.indd 25 29/10/2008 10:06:28 FUNCIONAIS & NUTRACÊUTICOS MINERAIS são “aprisionados” no composto. O termo quelato foi primeiramente usado em 1920 por Sir Gilbert T. Morgan e H. D. K. Drew. A quelação é um processo que leva tempo. Para que ocorra, o mineral necessita ser ionizado e colocado em solução com um agente quelante. Pode levar de 2 a 18 horas para que ocorram as ligações químicas entre o cátion e o ligante. As soluções são devidamente aquecidas ou resfriadas, com agitação contínua para assegurar que os componentes não precipitem a solução antes que a quelação ocorra. O pH é monitorado atenciosamente, uma vez que a idéia é assegurar que o quelato não será hidrolisado no ambiente ácido do estômago, mas sim redirecionado ao pH alcalino do intestino e, então, para a mucosa do jejuno. Os quelatos devem ser eletricamente neutros. Há cargas positivas e negativas na membrana de cada célula intestinal, se um quelato não for neutro, será repelido ou ligado a membrana, sendo sua absorção prejudicada. Para alcançar um estado elétrico neutro, o quelato deve ser complexado a um ânion facilmente ionizável, como um halógeno ou um grupo sulfato, e o ligante deve satisfazer, tanto o estado oxidativo, quanto o número coordenado do átomo metal. Isso afeta a proporção molar ligante metal. Ao sintetizar quelatos, os cientistas também devem monitorar o peso molecular, que esta relacionado diretamente com a biodisponibilidade. Para determinar o peso molecular total de um quelato, é necessário ter o peso atômico de todos os átomos da ligação mais o peso atômico do metal que está sendo quelato. Como descreve a definição do NNFA, o peso molecular não pode exceder 800 daltons, quase 100 daltons maior do que o mais pesado dos minerais aminoácidos quelatos (molibdênio, o maior mineral nutricionalmente essencial, com 95,94 daltons mais três moléculas de triptofano, 204,22 por molécula). Enquanto os aminoácidos individuais apresentam peso molecular conhecido, o peso molecular de uma proteína hidrolisada ou seus aminoácidos podem variar de 1.000 a 100.000 daltons ou mais. O organismo é designado a absorver melhor aminoácidos e pequenos peptídeos do que proteínas. As empresas podem usar enzimas químicas ou hidrolíticas para quebrar proteínas ou utilizar aminoácidos pré-formados, ambas são escolhas relativamente caras. Os gastos envolvidos podem explicar o uso de proteínas hidrolisadas ao invés de aminoácidos préformados. Entretanto, eles podem não formar quelatos e, se formarem, é muito difícil provar que o processo de quelação ocorreu. Cada cadeia de peptídeo também apresenta absorção limitada. Estruturas de dipeptídeos ou tripeptídeos podem resistir a hidrólise do ácido gástrico e a clivagem das enzimas intestinais. Elas são levadas por transporte ativo nos sítios de absorção do jejuno. Pense nesses sítios como buracos de uma rede. Esses buracos são apenas grandes o suficiente para permitir a passagem de um pequeno peptídeo para ser usado pelo organismo. Grandes cadeias de peptídeos são quebradas na acidez do estômago na tentativa de preparar as moléculas para absorção intestinal. Este processo destrói qualquer ligação existente, liberando sais inorgânicos que não são bem absorvidos. A quelação pode ocorrer entre os minerais e muitos tipos de compostos; entretanto, ao utilizar ligantes facilmente metabolizados, como os aminoácidos, tem se 100% da densidade do nutriente. Isto significa que todos os quelatos, tanto o metal como o ligante, são biologicamente utilizados. Alguns agentes quelantes, como o EDTA ou o ácido picolinico, não são biologicamente utilizados. Quando o organismo separa o ligante do metal, ele é deixado como uma partícula estranha não metabolizável (o ligante) e deve ser eliminado para não causar danos biológicos. A norte-americana Albion, de Clearfield, UT, é uma das maiores especialistas mundiais em minerais quelatos. Estudos clínicos com minerais quelatos Albion demonstraram sua segurança e eficácia para um grande número de condições de saúde. A anemia por deficiência de ferro vem sendo uma das áreas de pesquisa de maior foco, comprovando a eficácia do Ferrochel® (ferro bis glicina quelado). Pesquisadores de São Paulo, Brasil, estudaram 71 gestantes que tomaram 15mg/d de Ferrochel® e 74 gestantes que tomaram 40mg/d de sulfato ferroso. Após 13 semanas, apenas 30,8% das gestantes que tomaram Ferrochel® apresentaram depleção de ferro, comparado a 54,5% do grupo que tomou sulfato ferroso. Os pesquisadores concluíram que a suplementação diária com Ferrochel® foi significativamente mais efetiva em fornecer ferro às gestantes, mesmo com baixa dosagem, comparado a suplementação com sulfato ferroso. As mulheres não são as únicas a se beneficiarem da suplementação com minerais aminoácidos quelatos. Por exemplo, vários estudos, demonstraram como o zinco, selênio e magnésio, são minerais importantes para a saúde da próstata. O zinco e o magnésio também exercem efeitos na regulação dos hormônios andrógenos. Um estudo realizado na Weber State University com o zinco Chelazome® e zinco Arginina Quelato®, demonstrou que o zinco Arginina Quelato® apresenta maior penetração nas gônadas masculinas, comparado ao zinco ­Chelazome®; os resultados engrandecem claramente os benefícios da adição da arginina ao suplemento de zinco no tratamento da próstata. A diabetes é uma séria condição que afeta ambos os sexos e está atingindo níveis alarmantes nos Estados Unidos. O nível de muitos minerais, especialmente zinco, cromo e manganês, são deficientes nos diabéticos. Esses minerais estão relacionados à resistência a insulina e são necessários na resposta ao stress oxidativo do organismo. Os estudos da Albion têm demonstrado a biodisponibilidade superior de cada mineral aminoácido quelado, bem como a menor toxicidade quando comparado as formas minerais inorgânicas. Isto é muito importante para determinar o limiar de doses seguras e doses tóxicas de microminerais, como o cromo. Os minerais Chelazome® da Albion são muito bem tolerados, não apresentam 26 minerais.indd 26 29/10/2008 10:06:28 MINERAIS Os minerais são um dos alicerces da indústria de nutracêuticos. São um dos ingredientes que mais foram estudados e apresentam benefícios comprovados na prevenção ou melhoria de condições para uma ampla variedade de doenças. Complexos, combinações ou formulação com mineral único Houve um tempo onde os c­ omple­xos multivitamínicos/minerais eram considerados como suficientes para manter uma boa saúde. Ainda existem muitos desses complexos, alguns deles sendo verdadeiros bestsellers, porém existe também uma certa tendência em oferecer produtos focados para determinadas condições de saúde, seja na forma de formulação com mineral único seja agora, com maior freqüência, combinações de alguns componentes específicos. Essa última tendência é bastante compreensível, uma vez que um mineral sozinho não pode preencher todas as deficiências, enquanto que em combinação com outros, pode melhorar a performance global de todos. O caso mais freqüentemente citado é o cálcio que, sozinho, pode somente manter a saúde óssea, porém não reconstituir perdas de massa óssea. São necessários outros elementos para construir massa óssea, motivo pelo qual formulações combinando diversos elementos são cada vez mais encontradas. As combinações à base de cálcio devem também conter boro e vitamina D. Embora as necessidades diárias do organismo em boro são de cerca de 1mg, uma dosagem da ordem de 3mg aumenta a absorção de cálcio pelo organismo. No caso da vitamina D, suas funções são aumentar os níveis de cálcio e fósforo no sangue e permitir a mineralização adequada dos ossos. No organismo, ela aumenta a eficiência de absorção de cálcio pelo intestino e participa da formação do tecido ósseo. Desta forma, a absorção de cálcio pelo intestino depende da quantidade de cálcio ingerido e da presença de vitamina D. Da mesma forma, os suplementos para o sexo masculino devem, preferencialmente, incorporar uma combinação de zinco, selênio e vitamina D. As combinações se aproveitam dos sinergismos potenciais entre minerais, os quais podem contribuir para uma melhoria da saúde. Isto não significa que é errado ingerir suplemento cuja formulação contém somente um mineral, mas simplesmente significa que sempre existe uma combinação de minerais que será mais eficiente. Também depende, obviamente, do objetivo perseguido pelo consumidor ou motivo pelo qual está ingerindo esse tipo de suplemento. As formulações com um único mineral continuam populares e continuarão a existir. Futuro & tendências O crescimento futuro do mercado de minerais depende diretamente dos investimentos que serão feitos em pesquisas científicas e educação dos consumidores. Os próprios organismos reguladores estão quase que forçando as empresas a trabalharem nesse sentido. Os testes de campo e outras pesquisas envolvendo minerais e suas formas de absorção só podem trazer maiores alicerces científicos a esses produtos e, conseqüentemente, fazer dos mesmos produtos cada vez mais procurados pelos consumidores. A conscientização de que a ingestão de minerais não é somente para a saúde óssea, e a explicação científica de suas outras virtudes, fez com que, em 10 anos, a população que tomava algum suplemento, nos Estados Unidos, passasse de 30% para 80%, atualmente. Os especialistas apostam vigorosamente no uso crescente de minerais aminoácidos quelatos, os quais são as formas mais compatíveis do ponto de vista biológico. Maior atenção será provavelmente dada aos minerais traços, como boro, silício, vanádio, germânio e molibdênio, já que é também tendência das empresas do ramo tentar desenvolver posicionamento especial em determinados minerais, FUNCIONAIS & NUTRACÊUTICOS efeitos colaterais, como diarréia associada a ingestão de sais de magnésio ou náuseas e gastrites que podem ocorrer com a suplementação com sais de zinco. A Albion Laboratories possui dezenas de patentes na área de minerais quelatos. Os minerais quelatos são absolutamente necessários, especialmente do ponto de vista da biodisponibilidade, porém são produtos que envolvem maior tecnologia e complexo processo de produção, o que os torna, con­ seqüentemente, mais onerosos. Como o mercado para fortificação e suplementação em minerais é altamente sensível ao fator preço, o uso de minerais quelatos fica bastante comprometido, já que para os consumidores o fator preço sempre leva a vantagem com relação ao fator qualidade. Os minerais quelatos são, simplesmente, superiores. Não somente protegem o mineral de interações nefastas e antagônicas com a dieta, como também são melhor utilizados e aproveitados em vários sistemas biológicos. Ademais, asseguram uma melhor absorção e utilização mesmo em condições de stress e sob condições nutricionais variáveis, o que não pode ser obtido com as formas inorgânicas ou iônicas. Na realidade, não é que as empresas usam minerais que sejam ruins, mas os minerais quelatos são, simplesmente, melhores. Não adianta ingerir minerais que não sejam biodisponíveis ou de qualidade inferior, porque, mais uma vez, passaram pelo organismo como se fossem meros grãos de areia. 27 minerais.indd 27 29/10/2008 10:06:28 FUNCIONAIS & NUTRACÊUTICOS para se distinguir dos generalistas, produtores de complexos e panacéias globais. De maneira geral, a fortificação de alimentos deverá crescer de forma significativa. Os consumidores não estão mais satisfeitos com a mera prevenção de deficiências nutricionais; hoje, ao lado de prevenir deficiências e doenças relacionadas as mesmas, querem ter uma ótima saúde. Os processadores de bebidas e alimentos estão respondendo a essa demanda com linhas cada vez maiores de produtos fortificados. Mesmo se ainda não entendem totalmente os conceitos de biodisponibilidade, absorção e outros, os consumidores estão cada vez mais lendo as etiquetagens e valores nutricionais e a decisão de compra começa a ser influenciada por essas leituras. Mas quais são os minerais que deverão ganhar mais espaços nas prateleiras e mentes dos consumidores? Os grandes clássicos continuarão existindo. De fato, a deficiência em ferro, por exemplo, bem como em zinco e magnésio, continua sendo um problema global. As pesquisas para esses minerais continuam sendo no sentido de procurar formas com maior biodisponibilidade e formas com maior efeito em determinadas populações, em função de seus usos e costumes. O ferro é particularmente importante para crianças. Um estudo efetuado nos Estados Unidos, com 209 estudantes (11 do sexo feminino e 98 do sexo masculino) comprovou a importância do zinco. Os estudantes ingeriram diariamente, durante 10 a 12 semanas, um suco de laranja com 0,10mg ou 20mg de gluconato de zinco; estudantes, pais e professores não foram informados de quem estava bebendo o que. No início e no fim da pesquisa foram realizadas baterias de testes elaborados para medir a atividade mental e motora, como atenção, memória, solução de problemas e coordenação visual. Os estudantes que ingeriram o suco de laranja com 20mg de zinco apresentaram uma melhor performance nos testes de memória e de atenção, comparativamente aqueles que não receberam suplementação de zinco ou que receberam somente 10mg de gluconato © Andrea Danti Dreamstime.com MINERAIS de zinco. A deficiência em zinco é tão comum quanto a deficiência em ferro, mesmo nos Estados Unidos, porém o risco é particularmente maior em adolescentes em fase de crescimento rápido e, muitas vezes, com pobres hábitos alimentares. Ademais, é mais difícil de ser detectada. O cálcio continua sendo o mineral mais difundido e comercializado. Um estudo recente de longo prazo forneceu evidencias concretas de que uma maior absorção de cálcio leva a uma melhoria tangível da saúde óssea. Foi realizado um estudo pelo Children’s Nutrition Research Center, da Baylor University, com 100 adolescentes que tomaram diariamente, durante um ano, ou 8gr de Synergy1, um produto único da Beneo, composto de oligo- frutose e inulina, ou uma quantidade equivalente de um placebo. A absorção de cálcio e a densidade mineral óssea (DMO) foram nitidamente superiores nos adolescentes que ingeriram o Beneo Synergy1. Após um ano, o aumento da densidade mineral óssea nos integrantes do grupo que absorveram Beneo Synergy1 foi 45% maior, comparado com o grupo que ingeriu o placebo. Os pesquisadores também mediram o conteúdo mineral ósseo (BMC) e observaram que o grupo que ingeriu Beneo Synergy1 tinha um maior acúmulo diário de cálcio de 30mg por dia, prova concreta de um maior acúmulo de cálcio nos ossos. O magnésio, muitas vezes esquecido, está recebendo maior atenção. A deficiência em magnésio é normal- 28 minerais.indd 28 29/10/2008 10:06:31 MINERAIS mente grande, porque a quantidade requerida pelo organismo é relativamente alta, enquanto que o aporte de magnésio pela dieta continua pequeno. Embora seja comum quando se fortifica algum elemento com cálcio também adicionar magnésio é, normalmente, o cálcio que leva toda a publicidade. O magnésio atua junto com o cálcio para manter a circulação, as funções neurais e cardíacas e está envolvido nos problemas de coágulos sangüíneos. É armazenado nos ossos como reservas para o resto do organismo. A WHO está considerando a possibilidade de recomendar a fortificação das águas potáveis com magnésio, para reduzir o número de mortes decorrentes de ataques cardía­ cos, relacionados a uma deficiência deste mineral. renais e de fígado. Em princípio, se considera o crômio (em seu estado de oxidação +3 ) um elemento químico essencial, ainda que não se conheça com exatidão suas funções. Parece participar no metabolismo dos lipídeos e no dos hidratos de carbono, assim como em outras funções. Tem-se obser­vado que alguns de seus complexos parecem participar na potencialização da ação da insulina, sendo por isso, denominado de “fator de tolerância à glicose”, devido a esta relação com a ação da insulina. A ausência de crômio provoca uma intolerância a glicose e, como conseqüência, o aparecimento de diversos distúrbios. É justamente seu envolvimento na normalização do funcionamento da insulina que está favorecendo o crescimento desse mineral, particularmente, em suplementos. AIDS do que pessoas com níveis de selênio adequado. Existem várias áreas mo mundo onde o solo é deficiente em selênio e a fortificação de alimentos com selênio está sendo estudada pela saúde pública. Na Finlândia, por exemplo, onde tal caso ocorre, os fertilizantes são enriquecidos com selênio. Os minerais-traços, minerais coloidais, minerais iônicos e eletrólitos eram, no passado, considerados como não essenciais para a saúde humana. Hoje, o quadro apresentado pelos cientistas é bem diferente e, con­ seqüentemente, muitos desses minerais-traços estão sendo re-classificados como benéficos ou essenciais para a saúde humana. Os únicos minerais e nutrientes que poderão sustentar alguma posição no mercado como O fósforo está normalmente presente em nossa dieta em nível bastante importante, porém deve-se considerar que boa parte dele não está biodisponível. Estudos recentes indicam que em fortificação com cálcio, pelo menos uma parte deste cálcio deveria ser um fosfato de cálcio para manter efetivamente a saúde óssea. Existe uma co-dependência entre cálcio e fósforo. Foi demonstrado que se o fósforo não está incluso no caso de um aumento da ingestão de cálcio, a absorção do próprio fósforo ficará reduzida. Acredita-se que o fósforo é necessário para aumentar a assimilação de mais cálcio pelos ossos, reduzindo assim sua perda através da urina. O próprio IFAC (International Food Additives Council) solicitou à FDA uma modificação das reivindicações relacionadas ao cálcio e osteoporose para incluir o fósforo. A carência em cromo nos humanos pode causar ansiedade, fadiga e problemas de crescimento. Seu excesso (em nível de nutriente) nos humanos pode causar dermatites, úlcera, problemas O selênio também tem mostrado um crescimento acima da média do mercado, principalmente pelo seu papel na prevenção do câncer da próstata. O Select (Selenium and Vitamin E câncer prevention trial) é um estudo clínico organizado pelo National Cancer Institute (NCI) e coordenado pelo Southwest Oncology Group (SWOG), para averiguar se um ou ambos desses suplementos possuem ação preventiva no câncer da próstata. O estudo que começou em 2004 e irá durar sete anos, conta com 35.000 participantes e foi empreendido baseado em observações preliminares indicando que o selênio e a vitamina E poderiam reduzir os riscos de câncer da próstata em 60% e 30%, respectivamente. Mas o papel do selênio na saúde parece ir além da prevenção do câncer da próstata; existem evidencias cada vez maiores de que poderia ter efeitos importantes na progressão de infecções virais. A literatura científica mostra que pessoas com deficiência de selênio com HIV positivo passarão mais rapidamente para o estágio de sendo meios de melhora ou conservação de um bom estado de saúde são aqueles que possuem fortes raízes na literatura médica. Uma das maiores ironias dessa deficiência cada vez maior em minerais, é que as populações estão se alimentando cada dia mais com fast food e alimentos de conveniência processados, desprovidos de qualquer conteúdo em minerais essenciais. Os consumidores mais preocupados com a saúde e bem-estar se mantêm hidratados com uma quantidade cada vez maior de água engarrafada; infelizmente, muitas das águas etiquetadas como puras, puríssimas e outras passaram por sofisticados processos de filtração que eliminaram os mineraistraços naturalmente presentes em nossos rios, lagos e poços. Embora sódio, cloro e micróbios tenham sido removidos dessas águas puras, o fato é que durante muitos séculos a água de torneira foi uma fonte sistemática e significativa de minerais essenciais para o bom funcionamento do nosso corpo e metabolismo. FUNCIONAIS & NUTRACÊUTICOS Enquanto os especialistas estudam como melhorar o consumo de mineral das populações, as empresas pesquisam como melhorar os processos de formulação para oferecer produtos atraentes e com a maior eficácia possível. 29 minerais.indd 29 29/10/2008 10:06:33