Império instantâneo

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Texto complementar
Império instantâneo
Lauro Jardim
GEOGRAFIA
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Geografia
Assunto: Desenvolvimento econômico chinês
Império instantâneo
[...] A China não para: é, de longe, o país que mais cresceu desde 1980. Uma média de 9,6% por ano neste
quarto de século. Significa dizer, por exemplo, que nos últimos três anos acrescentou quase um Brasil inteiro
ao seu PIB. No primeiro semestre de 2006, sua economia manteve-se como a mais vigorosa entre todas.
Cresceu mais 10,9%.
Cresceu também em qualidade. Esqueça a China como o país apenas das baratíssimas camisetas de
5 centavos de dólar e das quinquilharias. Em 2005, o país fabricou (ou montou) 400 bilhões de dólares em
produtos de alta tecnologia. Por exemplo, sete em cada dez aparelhos de DVD vendidos no mundo vêm de
lá. Preste atenção no seguinte fenômeno: o país ainda será por décadas o das camisetas a preço de banana,
mas será cada vez mais um superfabricante de produtos de alta tecnologia e um criador de marcas mundiais
– simultaneamente.
Para segurar a base da pirâmide, não falta mão de obra barata chegando todos os dias do empobrecido
campo para abastecer o mercado de trabalho. Somente a região de Xangai recebe diariamente 28 000 novos
trabalhadores ávidos por encarar jornadas de seis a sete dias por semana, doze horas por dia, recebendo algo
entre 100 e 200 dólares por mês. Para sustentar as partes do meio e o topo dessa pirâmide, é formado por
ano cerca de meio milhão de cientistas e engenheiros. Ao ritmo de hoje, o Brasil levaria cerca de 45 anos para
formar tanta gente nessas áreas.
O país é uma máquina de produzir como nunca se viu outra igual. Uma máquina que mistura características
do comunismo e do capitalismo. Mistura, portanto, baixos salários, partido único, ausência de direitos civis e
de reivindicação com a busca pela produtividade, meritocracia, capital abundante, atração de estrangeiros e
investimento em capital humano. É uma máquina bafejada pelas circunstâncias de ter a seu dispor o maior
mercado interno do mundo e o maior mercado externo do mundo – os Estados Unidos. Uma máquina de
produzir riquezas que estabeleceu com os EUA um pacto de morte, em que uma precisa que o outro esteja
saudável para que ele próprio permaneça crescendo. [...]
JARDIM, Lauro. Veja, São Paulo: Abril, ed. 1968, 2006. Disponível em: ‹http://veja.abril.com.br/090806/p_146.html›.
Acesso em: abr. 2012. 1
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