Fascículo 2 Eficácia e Efeitos Adversos dos Fármacos Antiepilépticos Revisão Atualização Conduta Atualização no Tratamento das Crises Epilépticas e das Epilepsias Drª Elza Márcia Targas Yacubian CRM/SP 27653 Professora Livre Docente em Neurologia, Departamento de Neurologia e Neurocirurgia Universidade Federal de São Paulo Eficácia e Efeitos Adversos dos Fármacos Antiepilépticos Atualização no Tratamento das Crises Epilépticas e das Epilepsias Elza Márcia Targas Yacubian Professora Livre Docente em Neurologia, Departamento de Neurologia e Neurocirurgia Universidade Federal de São Paulo Efeito adverso R esposta não intencional e nociva a um fármaco que ocorre em doses normalmente utilizadas em seres humanos com objetivo profilático, diagnóstico ou terapêutico ou ainda visando a modificação de funções fisiológicas. Organização Mundial de Saúde, 19721 M ais de 150 anos após a descoberta dos brometos como primeiro Fármaco Antiepiléptico (FAE) eficaz, os efeitos adversos continuam representando uma das principais causas de falha do tratamento da epilepsia contribuindo para o fracasso do tratamento em até 40% dos pacientes e representando um dos principais determinantes do prejuízo na qualidade de vida de pessoas com epilepsia. Os efeitos adversos dos FAEs podem se desenvolver de forma aguda ou muitos após o início do tratamento e podem afetar qualquer órgão. Os mais comuns são dose-dependente e reversível 2. Efeitos idiossincrásicos podem se expressar como um espectro, que chamaremos de síndromes de hipersensibilidade aos FAEs, desde quadros benignos como erupções cutâneas até erupções acompanhadas de sintomas sistêmicos e eosinofilia (DRESS - Drug Rash with Eosinophilia and Systemic Symptoms), Síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica, potencialmente fatais. Quase todos os FAEs convencionais aumentam o risco de malformações congênitas quando administrados durante a gravidez e o potencial de teratogenicidade dos novos FAEs é ainda desconhecido. Nas últimas duas décadas, foram feitos muitos esforços visando a redução da carga de toxicidade dos FAEs com a aplicação de vários métodos para rastrear e quantificar os efeitos adversos. Perfis de pacientes associados a um risco aumentado de efeitos adversos específicos foram descobertos através de avanços nas áreas de epidemiologia e farmacogenômica 2. Vários FAEs da nova geração apresentam melhores perfis de tolerabilidade e menor potencial de interação medicamentosa. Em geral, esses avanços têm expandido as oportunidades para individualizar o tratamento com FAEs, visando melhorar a eficácia e minimizar o risco de efeitos tóxicos. Infelizmente, como a eficácia da maioria dos FAEs continua semelhante, o perfil de efeitos adversos é o principal fator determinante na seleção de FAEs 3. Escolhendo o Fármaco Antiepiléptico I deal A escolha do FAE é feita de acordo com o tipo de crise, eficácia e perfil de efeitos adversos e este deve, sempre que possível, ser utilizado Yacubian, E.M.T. |3 em monoterapia. A razão da conduta é que não se demonstra superioridade da adição de um segundo medicamento quando o primeiro não proporciona controle das crises; com a monoterapia evitar-se-á interação medicamentosa com maior possibilidade de adesão do paciente ao tratamento e menor custo4. A Tabela 1 mostra os FAEs disponíveis no Brasil e mais utilizados no tratamento das crises epilépticas. O princípio mais importante na escolha do FAE é selecionar o medicamento mais eficaz para o tipo de crise ou síndrome epiléptica em questão, o que pode ser encontrado nos guias baseados em evidência 5. Este deve ser escalonado lentamente até dose máxima tolerada definida como a maior quantidade de FAE que o paciente é capaz de tomar sem apresentar efeitos adversos. Se estes ocorrerem, a medicação deve ser reduzida até a dose imediatamente inferior à que os produziu, ou seja, a dose máxima tolerada4. Piridoxina (vitamina B6) e corticosteroides como o Hormônio Adrenocorticotrófico (ACTH), são utilizados principalmente no tratamento da Síndrome de West e epilepsias graves da infância. Dieta cetogênica ou Dieta Atkins modificada são alternativas terapêuticas para o tratamento de epilepsias refratárias aos FAEs6. Para o tratamento das crises focais em geral, deve-se preferir o FAE tradicional carbamazepina, especialmente em sua formulação de liberação controlada, a qual permite administração em duas tomadas diárias na dose de cerca de 600-800 mg/dia para adultos e 10-20 mg/kg/dia para crianças. Pode-se ainda considerar o perfil do paciente na escolha do FAE mais apropriado individualmente. Para tratamento das crises generalizadas primárias em geral, valproato/divalproato é considerado o FAE de primeira escolha por sua eficácia nos três tipos de crises que coexistem nesta condição: mioclonias, ausências e crises tônico-clônicas generalizadas. É utilizado na dose de 500-1500 mg para adultos e 10-60 mg/kg/dia para crianças. Para o tratamento das crises de ausência, etosuximida (usualmente usada na dose de 750 mg/dia para adultos e 10-20 mg/kg/dia para crianças) e valproato terão resultados semelhantes e, algumas vezes, a associação de ambos proporcionará melhor controle das crises. Da mesma forma, pode-se ainda considerar o perfil do paciente na escolha do FAE mais apropriado individualmente. Tabela 1. Lista dos principais tipos de crises epilépticas e a indicação individualizada dos fármacos antiepilépticos para tratamento dos mesmos5. Crises Focais Crises Focais Secundariamente Crises Generalizadas Generalizadas Tipos de crises Ausências Mioclônicas Atônicas/tônicas Fármacos carbamazepina carbamazepina etosuximida valproato valproato valproato clonazepam de primeira escolha Fármacos fenitoína fenitoína clonazepam fenobarbital clonazepam fenobarbital fenobarbital lamotrigina lamotrigina nitrazepam de segunda gabapentina lamotrigina topiramato topiramato lamotrigina escolha pregabalina oxcarbazepina topiramato lacosamida topiramato lamotrigina oxcarbazepina topiramato valproato vigabatrina 4 | Eficácia e Efeitos Adversos dos Fármacos Antiepilépticos Tabela 2. Principais medicações utilizadas para tratamento das epilepsias atualmente disponíveis no Brasil, doses habituais e de manutenção e formas de administração. Fármaco Dose inicial/ Doses Doses de Número de antiepiléptico dia (mg) habituais (mg) manutenção (mg) tomadas/dia carbamazepina 100-200 600-800 400-2000 2-4 clobazam clonazepam fenitoína fenobarbital gabapentina lacosamida lamotrigina oxcarbazepina pregabalina topiramato valproato/divalproato vigabatrina 10 1 100-200 50-100 300-400 50-100 12,5-25 150-300 150-300 25 250-300 500-1.000 20 4 100-600 100-200 2.400 200-400 200-400 900-1.200 150-600 100-200 1.000 3.000 Outros FAEs como os benzodiazepínicos diazepam, clonazepam, nitrazepam e clobazam são utilizados como fármacos adjuntivos ou em situações agudas pois sua utilização crônica promove o desenvolvimento de tolerância, ou seja, perda da eficácia ao longo do tempo. Nos últimos anos foram introduzidos no Brasil sete novos FAEs: oxcarbazepina, ga- 10-60 2-8 300-400 100-200 1.200-4.800 200-600 100-800 600-2.400 150-600 100-600 500-3.000 2.000-4.000 1-2 1-2 2 1 3 2 2 2 2 2 1-3 1-2 bapentina, lamotrigina, topiramato, pregabalina, vigabatrina e lacosamida. A lamotrigina e o topiramato são considerados FAEs de amplo espectro representando alternativa adequada para tratamento de pacientes com crises focais e com crises generalizadas que apresentam efeitos adversos intoleráveis com os FAEs tradicionais. Por seu melhor perfil farmacocinético, vários dos novos FAEs têm encontrado in- Tabela 3. Classificação dos efeitos adversos dos fármacos antiepilépticos, prevenção e manejo (modificada de Perucca & Gilliam2). Descrição Tipo A Efeitos atribuídos aos mecanismos de ação do fármaco. Usualmente vistos no início do tratamento ou após a titulação, usualmente vão se reduzindo com o tempo ou após redução da dose. Previsível, reversível Exemplos Prevenção Manejo Sonolência, fadiga, tontura, desequilíbrio, visão borrada ou dupla, dificuldade de concentração, problemas de memória, irritabilidade e depressão. Comece com doses baixas; titule gradualmente até a dose mínima necessária Reduza a dose; modifique o esquema de doses; troca de FAE se estas medidas não são eficazes Yacubian, E.M.T. |5 Tipo B Efeitos idiossincrásicos incomuns (0.1-1%) ou raros (<0.1%) por vulnerabilidade individual; primeiras semanas de tratamento; imprevisíveis; alta morbidade e mortalidade; reversíveis Reações máculo-papulares cutâneas, reações hematológicas, hepáticas ou pancreáticas. Comece com doses baixas; titule gradualmente até a dose mínima necessária. Evite em populações de risco Retire o FAE. Institua medidas de suporte. Substitua o agressor pelo FAE de menor risco de reação cruzada Tipo C São reações crônicas rela- Perda e ganho de peso, de- Escolha o FAE Suplementação cionadas à exposição cumu- ficiência de folato e vitami- de acordo com o ácido fólico, cállativa do fármaco na D, retinopatia, desordens perfil do paciente cio, vitamina D; do tecido conectivo substitua o FAE se necessário Tipo D São efeitos teratogênicos Malformações fetais Evitar o FAE em e carcinogênicos e pseudolinfoma mulheres em idade fértil Tipo E São aqueles decorrentes da Aumento risco reações alér- Evitar politerapias Ajustar as dointeração de fármacos. gicas pela adição da lamotri- desnecessárias ses; mensurar gina ao valproato; queda da níveis séricos lamotrigina por anticoncepcionais hormonais; sintomas vestíbulo-cerebelares por administração de bloqueadores de canais de sódio dicação em pacientes com comorbidades como alterações hepáticas e renais, obesidade, cefaleia e transtornos do humor. Nestes casos sua indicação deveria ser considerada em monoterapia e algumas vezes, como primeira opção terapêutica. Na Tabela 2 estão listadas das doses e formas de administração dos FAEs. Guiando a I ndicação Terapêutica pelos Perfis de Efeitos A dversos Efeitos adversos dos FAEs podem ser classificados em cinco classes: tipo A. Efeitos agudos, relacionados às propriedades farmacológicas do fármaco; tipo B. Efeitos idiossincrásicos; tipo C. Efeitos adversos crônicos; tipo D: retardados, relacionados à exposição pré-natal ao FAE; e tipo E. Secundários à interação de fármacos2,3. Benzodiazepínicos Benzodiazepínicos como clonazepam, nitrazepam e clobazam são muito utilizados como adjuvantes no tratamento das crises epilépticas. Os efeitos adversos são numerosos, incluindo efeitos neurológicos e psiquiátricos, sedação, problemas de memória, hiperatividade, efeitos 6 | Eficácia e Efeitos Adversos dos Fármacos Antiepilépticos de abstinência e desenvolvimento de tolerância, ou seja, perda de eficácia ao longo do tempo. A sonolência é mais comum com benzodiazepínicos com meias-vidas longas como clonazepam cuja meia-vida se estende por 20-80 horas. Tolerância aparece mais rapidamente com benzodiazepínicos com meias-vidas curtas. Insônia de rebote pode ocorrer após a retirada7. Hipersecreção brônquica é comumente observada em lactentes e crianças pequenas8. Carbamazepina Frequentes e/ou importantes: Exige introdução lenta pois causa sedação, cefaleia, borramento visual. Em superdosagem, carbamazepina causa nistagmo, ataxia de marcha e sonolência. Hiponatremia sintomática pode ocorrer ocasionalmente e, se não reconhecida, pode prejudicar o controle das crises o que resulta em incremento das doses de carbamazepina prescritas, agravando o problema. Como indutor forte da atividade do citocromo P450 pode produzir deficiência de vitamina D resultando em osteopenia e osteoporose8. Idiossincrásicos: Erupções cutâneas ocorrer logo após a ingestão em até 5-10% ou mais dos pacientes e se não é imediatamente interrompida, podem ocorrer toxicidade sistêmica grave (Figura 1). Etnias orientais são mais sujeitas a formas graves de hipersensibilidade (reação tipo B)8. Importante: Bradicardia significativa e bloqueio cardíaco foram verificados em indivíduos susceptíveis (aqueles com anormalidades cardíacas pré existentes e idosos) 8. Fenitoína Frequentes e/ou importantes: Os efeitos da fenitoína sobre o sistema nervoso central são relacionados à dose e representados por sinais vestíbulo-cerebelares e incluem nistagmo, incoordenação e ataxia (efeitos tipo A). A estes, mais comuns, devem ser acrescentados ainda, sonolência e alterações de humor, náuseas, alterações extrapiramidais e alterações mentais. Doses elevadas podem causar agravamento das crises epilépticas8. Uso crônico: Podem ocorrer erupções cutâneas, alterações cosméticas faciais, acne e hipertrofia gengival (efeitos tipo C). Ainda, atrofia cerebelar (Figura 2). Outros: Reações de hipersensibilidade, neuropatia periférica, lúpus eritematoso sistêmico e linfoma. Ocasionalmente, e, raramente, alterações da medula óssea, incluindo anemia megaloblástica e tendência a sangramento, além de hepatotoxicidade. Como indutor forte do sistema P-450, fenitoína pode resultar em redução dos níveis séricos de folato e de vitamina D com consequentes osteomalácia e aumento de risco de fraturas ósseas8. Importante: A administração de fenitoína por via intravenosa deve ser realizada em veia calibrosa e de forma lenta pois, por seu pH muito elevado, pode resultar em irritação e destruição tecidual significativa no membro em que é administrado, quadro denominado Síndrome da Mão Violácea9. A administração de fenitoína intravenosa deve ser realizada sob monitorização cardíaca, pois, por sua ação antiarrítmica, pode também causar hipotensão, arritmias e colapso, se realizada de forma rápida. Figura 1. Efeito tipo B da carbamazepina. Erupção máculo-papular, mais comuns em orientais com antígeno leucocitário humano HLA-B*1502 e HLA-A*31012. Etosuximida Frequentes e/ou importantes: Sintomas gastrintestinais (anorexia, náuseas, vômitos, dores abdominais e diarreia). Soluços e cefaleia. Superdosagem pode promover sedação e alterações comportamentais 8. Graves: Síndrome de hipersensibilidade aos FAEs 8. Yacubian, E.M.T. |7 Fenobarbital Frequentes e/ou importantes: Fenobarbital e seus congêneres têm efeitos sedativos relacionados à dose os quais podem ser inaceitáveis em um número significativo de pacientes. Estes efeitos por vezes ocorrem em concentrações que seriam consideradas sub terapêuticas. A sedação pode às vezes não ser evidente mas se expressar como alterações do humor (principalmente depressão) e cefaleia, e, em crianças, alterações do humor e deterioração comportamental e cognitiva. Paradoxalmente, enquanto adultos tornam-se deprimidos, crianças podem se tornar hiperativas quando expostas a fenobarbital (efeitos tipo A) 8. Graves: Hepatite, colestase, trombocitopenia, agranulocitose, síndrome de hipersensibilidade aos FAEs. Gabapentina Frequentes e/ou importantes: Além de sintomas vestíbulo-cerebelares, figuram aumento de apetite e ganho de peso. Alterações comportamentais também são descritas 8. Lacosamida Frequentes e/ou importantes: Tontura, cefaleia, diplopia, náusea, vômito e borramento visual (efeitos tipo A) 8. Graves: Aumento do intervalo PR no eletrocardiograma. Contraindicado para pacientes com bloqueio átrio-ventricular de 2º e 3º graus8. Outros: Alterações do tecido conjuntivo como síndroCuidado: Efeitos me ombro -mão, tipo A muito acencontratura de tuados quando Dupuytren e Dolacosamida é coença de Peyronie -administrada com podem determinar outros bloqueadoa retirada deste res de canais de FAE (efeitos tipo sódio como carC) (Figura 3). Em bamazepina, fenisuperdosagem potoína e lamotrigina. dem surgir sinais Figura 2. Efeitos tipo C da fenitoína. Hipertrofia gengivestíbulo-cerebeLamotrigina val, acne, hirsutismo, atrofia cerebelar. lares, como nisFrequentes e/ tagmo e ataxia de ou importantes: marcha. FenobarErupções cutâneas, cefaleia, náusea, diplobital é um indutor forte do sistema do citocromo pia, tontura, ataxia, tremor, astenia, ansiedade, P450, a sua utilização prolongada pode causar agressividade, irritabilidade, insônia, vômitos, deficiência de vitamina D e, eventualmente, diarréia, confusão mental, alucinações e transosteomalácia. Os bancos de gestação internatornos do movimento. cionais mostram atualmente que fenobarbital é Graves: Erupção cutânea de natureza alérgica o segundo FAE mais teratogênico, acarretando principalmente malformações cardíacas 8. em 10% dos pacientes em 2-8 semanas após 8 | Eficácia e Efeitos Adversos dos Fármacos Antiepilépticos o início deste FAE que pode evoluir para DRESS, Síndrome de Stevens-Johson e necrólise epidérmica tóxica (efeitos do tipo B). Fatores de risco: 1. Co-administração de lamotrigina com valproato; 2. Doses iniciais muito elevadas; 3. Titulação muito rápida. Comece com doses baixas e titule lentamente. Serão necessários 3 meses ou mais para atingir doses terapêuticas ótimas. Anormalidades hematológicas e insuficiência hepática 8. Cuidado: Atenção especial na gestação pois os níveis séricos são reduzidos em mais da metade. No período pós-parto reduzir a dose para níveis anteriores à gestação. Topiramato Frequentes e/ou importantes: sonolência, anorexia, fadiga, nervosismo. Graves: Alentecimento mental, dificuldades em encontrar a palavra (relacionados à titulação rápida). Dificuldade de atenção/concentração, comprometimento da memória, alentecimento psicomotor. Perda de peso (10% pacientes). Parestesias e dor abdominal, acidose metabólica, nefrolitíase ou nefrocalcinose. Hipertermia 8. Figura 3. Efeito tipo C do fenobarbital. Contratura de Dupuytren em criança de 10 anos, após uso crônico de fenobarbital. Oxcarbazepina Frequentes e/ou importantes: Cefaleia, tontura, fadiga, sonolência, ataxia e diplopia. Graves: Erupção cutânea 2% adultos e 5% crianças. Reatividade cruzada com carbamazepina em 25%. Hiponatremia (sódio sérico <125 mmol/l) em 3% pacientes. Usualmente benigna, pode ser revertida por restrição hídrica ou redução na dose de oxcarbazepina 8. Cuidado: Mensurar níveis de sódio em pacientes nefropatas e naqueles que usam diuréticos, contraceptivos orais e antinflamatórios não esteroidais. Evitar grandes volumes hídricos. Pregabalina Frequentes e/ou importantes: Ganho de peso em 5,6% dos pacientes. Sonolência, tontura, irritabilidade, distúrbio atencional, redução da libido, disfunção erétil 8. Graves: Reações tipo B. Cuidado: Aconselhar aumento na ingestão de líquidos para redução nos riscos de 1. nefrolitíase; 2. febre após exercícios físicos ou exposição ao calor8. V alproato Frequentes e/ou importantes: Tremor, em geral discreto e dependente da dose. Efeitos gastrintestinais dependentes da formulação (mais comuns com ácido valpróico e valproato de sódio), ganho de peso em até 20% dos pacientes, queda de cabelos com alterações na textura e cor. Plaquetopenia relacionada à dose pode ser observada, mas VPA não causa alterações na hemostasia ou aumenta o risco de sangramento em procedimentos cirúrgicos 10. Graves: Insuficiência hepática e necrose pancreática foram relatados em 1: 15.000 pacientes, ocorrendo geralmente em lactentes gravemente enfermos e crianças pequenas. Em contraste, elevações nos testes da função hepática de nenhum significado clínico ocorrem em cerca de 60% dos pacientes tratados com FAEs. O risco de toxicidade hepática grave, pode ser muito maior em certos grupos de Yacubian, E.M.T. |9 risco, em especial lactentes (por exemplo, com defeitos genéticos metabólicas) 8. Em mulheres: Valproato pode contribuir para o desenvolvimento dos ovários policísticos e síndrome do ovário policístico. Esta é provável que seja de base multifatorial, envolvendo fatores genéticos, dieta e o uso de valproato em monoterapia, em vez de politerapia 11, 12. Teratogenicidade associada com valproato a qual é dose-dependente e pode ser associada a graves defeitos congênitos, como a espinha bífida, anomalias cardíacas, ósseas, e malformações renais, bem como déficit cognitivo, QI, linguagem e possível autismo é o principal efeito adverso em mulheres em idade fértil (efeitos tipo D) 13. Vigabatrina Frequentes e/ou importantes: Sintomas vestíbulo-cerebelares, ganho de peso, distúrbios cognitivos, de memória e comportamentais8. Graves: Restrição concêntrica do campo visual por retinopatia GABAérgica em pelo menos 30% de adultos e crianças. Esta retinopatia usualmente não é reversível 8. 10 | Eficácia e Efeitos Adversos dos Fármacos Antiepilépticos Referências 1. World Health Organization. International drug monitoring: the role of national centres. 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