“Adamastor” – Síntese Introdução Estâncias 37-38 Assunto - Localização geográfica e temporal da acção. - Criação do ambiente para o aparecimento do gigante. - Reacções provocadas por esta mudança súbita. Resumo Depois de cinco dias (“cinco sóis”) a navegar com tranquilidade, surge uma nuvem negra “tão temerosa e carregada” que põe “nos corações um grande medo” e leva Vasco da Gama a interpelar o próprio Deus todo poderoso. Recursos expressivos adjectivação expressiva (“cortadora”, “temerosa”, “carregada”); Sensações visuais (o predomínio do negro e das trevas) e auditivas (“Bramindo, o negro mar de longe brada, / Como se desse em vão nalgum rochedo”) - aliteração em r e dos sons fechados e nasais, que sugerem o ruído do mar (onomatopeia): “Bramindo o negro mar de longe brada”. Desenvolvimento 39-59 - Caracterização do gigante Adamastor (39-40) - Ameaça do Adamastor (41-48) - Interpelação de Vasco da Gama (49). - História amorosa do Adamastor (50-59) O gigante é caracterizado física e psicologicamente (de forma directa e indirecta, respectivamente), sobretudo através de uma adjectivação abundante e sugestiva, a conotar a imponência da figura e o terror e a estupefacção de Gama e dos seus companheiros (“Arrepiam-se as carnes e o cabelo / a mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo!”) Na primeira parte do discurso do gigante, de carácter profético e ameaçador, o Adamastor, num tom de voz “horrendo e grosso”, anuncia os castigos e os danos por si reservados para aquela “gente ousada” que invadira os seus “vedados términos/nunca arados de estranho ou próprio lenho”: a morte de quem o descobriu (Bartolomeu Dias), a morte de D. Francisco de Almeida, primeiro vice-rei da Índia, o naufrágio da família Sepúlveda e as “naus portuguesas” em geral, que terão sempre “inimiga esta paragem” através de “naufrágios, perdições de toda a sorte/Que o menor mal de todos seja a morte”. Na estrofe 49, Vasco da Gama interpela o gigante e questiona-o acerca da sua identidade. Essa pergunta tão simples promove uma viragem no discurso do Adamastor, fazendo-o recordar a frustração amorosa passada e meditar na sua actual situação de proscrito solitário e petrificado. A segunda parte do discurso do gigante, em resposta à pergunta de Gama, tem já um carácter autobiográfico e o seu tom é triste e disfórico (melancólico, deprimente), “com voz pesada e amara”, pois assistimos à evocação do seu passado amoroso infeliz. - adjectivação expressiva / dupla adjectivação (caracterização física): “figura robusta e válida”, “o rosto carregado”… - Comparação (para melhor visualizar a figura do Adamastor e para o caracterizar psicologicamente): “…este era o segundo/de Rodes estranhíssimo Colosso” (hipérbato) “Cum tom de voz nos fala, horrendo e grosso, / Que pareceu sair do mar profundo” “…como voz pesada e amara,/como quem da pergunta lhe pesara”. - apóstrofe (“ó gente ousada”) - predominam os verbos no Imperativo (“ouve”, “sabe”) e os Futuros do Indicativo (“terão”, “farei”, “acabará”,…) e Conjuntivo (“Fizerem”, “fizer”, “ficarem”…), que se adequam ao carácter profético e ameaçador. - perífrase: “…do húmido elemento” (mar). - eufemismo: “Abraçados, as almas soltarão / da fermosa e missérima prisão.” Frases exclamativas e interrogativas (para dar mais ênfase ao discurso do gigante). - hipérbole: “Ó Ninfa, a mais bela fermosa do Oceano” - gradação: “ou fosse monte, nuvem, sonho ou nada?” (reflecte aquilo que o gigante sentiu, que tinha algo palpável e passou a não ter nada). Conclusão 60 - Desaparecimento do gigante. - A nuvem negra desfaz-se e Vasco da Gama pede a Deus que as profecias e ameaças do gigante não se realizem. O episódio termina com o súbito - hipérbato: “A Deus pedi que desaparecimento do gigante, agora choroso removesse os duros / Casos, que pela evocação do seu passado triste e, levando Adamastor contou futuros” consigo a nuvem negra e o “sonoro bramido” do mar com que aparecera. Vasco da Gama pede a Deus que remova “os duros casos, que Adamastor contou futuros”.