PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA NO CIBRESPAÇO Ana Michelina Lopes Graduando do curso de Biblioteconomia da UFAL [email protected] Márcio Adriano C. dos Santos Graduando do curso de Biblioteconomia da UFAL [email protected] Maria Luiza Russo Duarte Professora do curso de Biblioteconomia da UFAL [email protected] Resumo: a preservação da memória é objeto de várias pesquisas desenvolvidas no campo do saber científico. A Ciência da Informação vem estudando tal área com uma visão do ponto de vista biblioteconômico como parte prática da preservação de qualquer conhecimento disponível à sociedade. Busca-se contribuir com as discussões sobre como se dá a preservação da memória no ciberespaço. Tal temática é de alta relevância tendo em vista que, a sociedade vem cada vez mais fazendo uso dos novos meios de comunicação em seu cotidiano. Dentre as diversas atividades que a sociedade pode praticar no ciberespaço destaca-se a importância da mesma entender que ela faz parte da preservação da memória cultural da sua comunidade, pois estendemos que o ciberespaço é um ambiente propício na contribuição efetiva da preservação e difusão da memória no mundo virtual. Palavras-chaves: Preservação da memória no ciberespaço. Preservação da Memória. Memória Oral. Ciberespaço. Memória Virtual. 1 INTRODUÇÃO O advento das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC’s) na década de 69, fez com que a sociedade tomasse um novo rumo, mas vale salientar que, a explosão dessas ferramentas deu-se nos anos 90, proporcionando para a sociedade nova forma instantânea de comunicação, transmissão, transferência entre outras especificidades. Diante de tais avanços tecnológicos, os indivíduos estão mais atentos aos aspectos da preservação da memória, frente ao novo que é denominado por alguns autores de ciberespaço. Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo central contribuir com as discussões sobre como se dá a preservação da memória no ciberespaço. Uma vez que o tema é muito relevante num momento em que a sociedade vem cada vez mais fazendo uso dos novos meios de comunicação em seu cotidiano. Assim, dentre diversas atividades que a sociedade pode praticar no ciberespaço, pode-se entender que ela deve também preservar a memória cultural da sua comunidade, pois estendemos que o ciberespaço é um ambiente propício na contribuição efetiva da preservação e difusão da memória no mundo virtual. Ora, a sociedade contemporânea precisa despertar quanto à preservação da memória entende-se que ela não é menos importante e nem mais importante do que o advento das novas tecnologias de informação e comunicação, tanto a memória como as NTIC’s, são partes de um todo que pertence à própria sociedade. Sendo assim, não podemos entender as partes separadamente, conforme alguns entendem de forma equivocado acerca dessa dimensão. No obstante, o ciberespaço se bem usado pela sociedade proporcionará a inclusão de várias manifestações culturais da nossa sociedade que, como a maioria das pessoas sabe é bem diversificada. Porém toda via, o referido trabalho chama atenção para um fato preocupante no que diz respeito aos textos que abordam essa linha de raciocínio. Na recuperação dos referidos textos na Web, ficou nítida a presença incipiente de artigos acerca dessa problemática do ponto de vista, da preservação da memória no contexto do ciberespaço. Nesse sentido, cabe-nos citar as possíveis lacunas teóricas no meio virtual, ou seja, na Internet sobre um tema dimensional. Portanto, o nosso arcabouço teórico dar-se em alguns textos recuperados e, que se aproximam da nossa discussão que é acerca da preservação da memória no ciberespaço. 2 A CULTURA Todas as sociedades: antigas, medievais, modernas, pós-modernas e contemporâneas sempre tiveram e tem uma cultura, transmitida ao longo do processo histórico. Essa transmissão deu-se e dar-se de geração a geração, os seus artefatos como: os mitos, as lendas, os costumes, as crenças religiosas, os códigos jurídicos, os valores éticos, que refletem e norteiam as formas de agir, de sentir, de pensar de uma determinada sociedade. Pois, essas características podem ser chamadas de cultura, sobretudo, sendo um patrimônio cultural da humanidade. Nesse sentido, deve-se entender a cultura, como um complexo no qual estão incluídos todas as invenções desenvolvidas durante sua existência, nos períodos mais remotos que as identifica. Esse, complexo deve ser entendido do ponto de vista, dos elementos que se inter-relacionam e, funcionam em harmonia com a sociedade. A organização da sociedade pode ser percebível nos diversos fatores, que faz com que surja uma nova organização econômica, proporcionado a sociedade e a cultura, outras formas culturas de século em século. Desta forma, a cultura vem se re-estruturando, se aperfeiçoando, se fortalecendo continuamente, mas, nem de maneira percebível aos olhares atentos que os indivíduos deveriam ter acerca desse desenvolvimento que a cultura fez enquanto obra da sociedade. Diante disto, sabe-se que a cultura com homem, sofre constantemente alterações ao longo do tempo, sobretudo, ficando mais fica em relação aos novos elementos desenvolvidos pela alteração do homem. De acordo com Edgar Morin (2006, p. 75-76), a noção de cultura não é menos obscura, incerta e múltipla nas ciências do homem do que no vocabulário corrente. Assim, o referido ao autor afirma que: a. “há um sentido antropológico em que cultura se opõe a natureza e engloba, portanto, tudo que não depende do comportamento inato. Como é próprio do homem dispor de instinto muito precariamente programado, a cultura, isto é, tudo que depende da organização, da estruturação, da programação social, confunde-se finalmente, com tudo que é propriamente humano”; b. “Outra definição antropológica faria depender da cultura tudo que é dotado de sentido a começar pela linguagem. Com tanta amplitude quanto na primeira definição, à cultura é cobrir todas as atividades humanas, mas para tirar o que há de melhor no seu aspecto semântico e intelectual”; c. “Há um sentido etnográfico em que a cultura se apoiaria ao tecnológico e reagruparia crenças, ritos, normas, valores, modelos de comportamentos (termos heteróclitos tirados de diversos vocabulários e estocados, à falta de coisa melhor, no bazar cultural)”; d. “O sentido sociológico da palavra é ainda mais residual: recuperando os detritos não assimiláveis pelas disciplinas econômicas, demográficas, sociológicas, etc., envolve o domínio psico-afetivo, a personalidade, a “sensibilidade” e suas aderências culturais, às vezes até se reduz ao chamaremos a cultura ilustrada, isto é:” e. “A concepção que a cultura nas humanidades clássicas e no gosto literário-artístico. Esta concepção, ao contrário das anteriores, é valorizadíssima: o culto se opõe, em conceito social e eticamente, ao inculto”. Sendo assim, a palavra cultura, deve ser entendida como um produto da sociedade e, que tem dimensões no sentido total, no sentido residual, no sentido antropo-sócio-etnográfico e em sentido ético-estético. De tal modo que, precisamos perceber a referida demissão, que expressão cultura internaliza enquanto artefato da coletividade humana. Como descreve Reisewitz (2004, p. 81), “onde há ser humano há cultura. Onde quer que o ser humano toque, o que quer que faça, está a modificar a realidade e a si próprio e, assim, que interfere no mundo natural ou dele participa, está a criar um mundo cultural.” Portanto, a cultura segue o processo evolutivo da sociedade, assim, a sociedade, pode apropriasse dos produtos desenvolvidos por esta evolução. Que, pode enriquecerá o conjunto cultural da mesma. Em fim, deve-se perceber a cultura como um contíguo de artefatos, possibilitando a identificação de uma cultura, isto em qualquer época, mas, para isso, é preciso ter em mente um estado de consciência sobre a importância de se preservar a cultura de uma sociedade. Finalmente, a cultura foi e, sempre uma fonte de desenvolvimento para a sociedade como um todo. 2.1 A PRESERVAÇÃO DA CULTURA A despeito da necessidade de se preservar a cultura, sobretudo, no meio virtual, chamou a atenção de Carmelita do Espirito Santo, aluna do Mestrado em Ciência da Informação pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia/ Escola de Comunicação de Universidade Federal do Rio de Janeiro em 2003. A referida estudante defendeu a dissertação, cujo título é “Quissamã somos nós”: pesquisa participante para construção de hipertexto sobre identidade cultural. Para isso, a autora afirma que foi necessário caracterizar toda comunidade acerca dos aspectos: social, político, econômico, cultural e informacional. ESPIRITO SANTO (2003, p. 15) afirma que: “se trata da identidade cultural implica relacioná-la com a cultural, é válido ressaltar de que forma cultura pode ser inserida no contexto da informação”. Nesse sentido, a autora vai mais além sobre este contexto e, diz: “é sob este ponto de vista que relacionamos o papel da informação com a questão da preservação da identidade cultural, na sociedade em rede”. Portanto, conclamamos com Lévy (2000), quando afirma que, há um dilúvio informação no atual momento, em que uso intensivo que a sociedade contemporânea faz das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, influenciará na preservação da memória, sobretudo, no ciberespaço. 2.2 O ADVENTO DO CIBERESPAÇO A sociedade contemporânea pode ser conderada uma das mais privilegiado, justamente por está no atual momento onde tudo ou quase tudo, pode ser veiculado pelas novas formas de se comunicação instantânea pelo computador, principalmente pela Internet. Esse, novo faz surge, o termo cibercultura cunhado pelo filósofo contemporâneo Pierre Lévy (2000), teve a pretensão de nos mostrar como se deu o surgimento de tal term. Nesse sentido, Lévy (2000), afirmar no livro cibercultura, que o termo é conseqüência do conjunto de técnicas da sociedade que ao longo de todo processo histórico evolutivo e tecnológico, propiciou a advento de novas tecnologias, principalmente na década de 69, data do surgimento das NTIC’s, nos Estado Unidos da América. Vale destacar que, o auge dessas NTIC’s deu-se na chamada década de 90, onde elas propagaram-se com maior intencionalidade no meio da sociedade contemporânea proporcionando os seguintes processos: maior comunicação entre os usuários, transmissão, transferência e interatividade entre outros. Portanto, é no contexto tecnológico que, surge o termo ciberespaço, que se constitui por meio do engendramento de um conjunto de tecnologias. Sinalizando acerca do ciberespaço Guimarães (1999, p, 2), diz que: [...] o termo Ciberespaço pode ser definido como o lócus virtual criado pela conjunção das diferentes tecnologias de telecomunicação e telemática, em especial, mas não exclusivamente, as mediadas por computador. É importante sublinhar que essa definição não circunscreve o Ciberespaço às redes de computadores, mas sim percebe como suas instâncias diferentes aparatos de telecomunicação, desde tele-conferências analógicas, passando por redes de computadores, pagers, comunicação entre rádioamadores e por serviços do tipo tele-amigos. A Internet, portanto, apesar de ser o mais presente, não é a única instância de CMC, e por extensão, de suporte ao Ciberespaço. Atualmente, contudo, percebe-se uma tendência de unificação da esfera global de telecomunicações a partir de plataformas digitais, seja a partir da rede Internet "pública" ou através de redes privadas. O Ciberespaço, assim definido, configura-se como um lócus de extrema complexidade, de difícil compreensão em termos gerais, cuja heterogeneidade é notória ao percebermos o grande número de ambientes de sociabilidade existentes, no interior dos quais se estabelecem as mais diversas e variadas formas de interação, tanto entre homens, quanto entre homens e máquinas e, inclusive, entre máquinas. Monteiro, Carelli e Pickler (2008, p. 1), afirmam que o ciberespaço é: Um ambiente inconstante e virtual, no qual os dados se encontram em interminável movimento e se sucedem se modificam, se interagem e se excluem. No ciberespaço a questão da preservação da informação e do conhecimento é questionada, pois, estando no ambiente virtual, não há garantias de que uma informação esteja disponível após certo tempo. O ciberespaço, devido as suas características intrínsecas, torna evidente o esquecimento, isso porque a preservação, nesse meio e neste momento, não é um fator essência. Nesse sentido, se constitui um real conjunto de tecnologias, enraizado de tal forma na vida em sociedade que lhe modifica as estruturas e princípios, transformando o próprio homem, que de sujeito histórico torna-se objeto de uma realidade virtual que os conduz e determina. O ciberespaço tem o objetivo de introduzir em qualquer pessoal, uma visão global de navegações virtuais, como é a função da Word Wide Web no atual momento. De acordo com Gontijo (s/d, p. 2) et al. A presença das tecnologias de informação e de comunicação-TICs na sociedade contemporânea e a lógica virtual dela advinda têm produzido significativas transformações na dialética relação do sujeito com o mundo, revolucionando todas as dimensões da vida humana: relações de trabalho e produção, instituições, práticas sociais, códigos culturais, espaços e processos formativos, etc. Segundo Castells (1999), ao firmar categoricamente que, nós estamos diante de uma nova forma social, isto é, a ausência do individuo nesse contexto pode provocar uma lacuna de sociabilidade virtual, pois, conforme Gontijo (s/d,) et al. de fato, observa-se na realidade das grandes metrópoles a disseminação de terminais de computadores, terminais de vídeo com acesso a bancos de dados nacionais e internacionais, videogames, telefones públicos ligados a centrais automatizadas, telefones celulares, enfim, todo um aparato tecnológico que está sendo incorporado às atividades cotidianas das pessoas. Assim, há indivíduos que conseguem falar como seria vida sem as referidas ferramentas tecnológicas na sociedade. Tendo em vista a grande relevância que as mesmas têm nas diversas atividades do cotidiano. Mediante tais argumentos têm-se as seguintes palavras: “o que devemos considerar aqui não é exatamente se isso as reconfigurações técnicas e psico-sócio comunicativas é positivo ou negativo, pois assim cairíamos novamente nas ciladas da metafísica, mas que nova disposição estaria se formando e a que nova sociedade conduzindo” afirma (Gontijo s/d) et al. citando MARCONDES-FILHO 2001). Assim, este autor chama atenção para o fato de que não podemos ter uma visão simplória sobre os aspectos fenomenológicos e ideológicos, que estão intrínsecos na lógica dessa nova morfologia social, pois devemos compreender na maioria das vezes os processos a e dimensão estrutural que as NTIC’s têm acerca do momento tecnológico, principalmente no que diz respeitos aos desafios gerados pelas diferentes apropriações e possibilidades de usos das tecnologias para os seres humanos frente ao processo de está no ciberespaço. GUIMARÃES (1999) citado por Gontijo (s/d,) et al. entende o ciberespaço como um fenômeno que vai além da comunicação no sentido estrito do termo. Mais do que um espaço de comunicação, oferece suporte a um espaço simbólico que desencadeia repertórios de atividades de caráter societário, tornando-se palco de práticas e representações dos diferentes grupos que o habitam. É sabido que, uma das características do ciberespaço é de proporcionar lócus virtual de interação social, transformando o mesmo em um laboratório ontológico para as pessoas que experimentam diversas possibilidades de ser. Gontijo (s/d, p. 8) et al. contribui da seguinte forma: Essa perspectiva nos leva a pensar o ciberespaço, então, como um campo gerador de infinitas possibilidades interativas, um novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de reconfiguração de identidades, para além de sua dimensão mais visível e pragmática, organização e transação da informação e do conhecimento. No entanto, que ou quais mudanças estariam envolvidas com os aspectos da gestão e como ponto fundamental dessa questão a concretização do ciberespaço com sendo um universo de todas essas possibilidades?. A despeito desta problemática Gontijo (s/d, p. 8) et al. propõe algumas mudanças afim de melhor compreensão e sistematização de tais mudanças para que a visão de universalidade do ciberespaço, não fique incompreensível para a sociedade de modo geral. Contudo, apresentam-se nesse momento as referidas mudanças, assim são elas: a) “Mudança na tecnologia informática - A tela do computador não é espaço de irradiação, mas ambiente de adentramento e manipulação, com janelas móveis e abertas a múltiplas conexões”; b) “Mudança na esfera social - Há um novo espectador menos passivo diante da mensagem mais aberta à sua intervenção. Ele aprendeu com o controle remoto da TV, com o joystick do videogame e agora aprende com o mouse. Essa mudança significa emergência de um novo leitor”; c) “Mudança no cenário comunicacional - Ocorre à transição da lógica da distribuição (transmissão) para a lógica da comunicação (interatividade). Isso significa modificação radical no esquema clássico da informação baseado na ligação unilateral emissor-mensagem-receptor”. Portanto, o conjunto dessas mudanças vai fazer referência ao que Lévy (2000) chama de cibercultura, pois para o referido autor é um “o conjunto de técnicas materiais e intelectuais, de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”. Finalmente, podemos inferir que o ciberespaço pode ser também um local para prática e fomento da preservação dos valores de uma cultura seja ela qual for. 3 PRESERVAÇÃO A sociedade enquanto, produtora do conhecimento deve sem dúvida preservar sua cultura, pois, é preservando que ela pode em qualquer época ser descoberta, como aconteceu em outros períodos da história. De acordo com Santos (2003) preservação é um conjunto de procedimento e medidas destinadas a assegurar a proteção física dos arquivos, bibliotecas etc., contra agentes de deterioração. Nesse sentido, pode-se entender a preservação como um ato ou efeito de preservar alguma coisa contra agentes que possa danificar os artefatos que apresenta a memória de um determinado povo. Desta forma, percebe-se a grande incumbência que se tem na preservação da memória, principalmente no contexto ciberespaço. Portanto, se faz necessário o entendimento dos os indivíduos que, usam o ciberespaço como um meio de transferência de informação e, também meio de preservação da sua memória local, da identidade cultural. 3.1 TIPOS DE MEMÓRIAS As sociedades são um conjunto de indivíduos com características heterogenias e necessidade especifica que, vem se desenvolvendo ao longo de todo processo histórico de sua existência na humanidade. Este fomento dar-se também na evolução de suas técnicas, representada em qualquer época, sobretudo, rompendo: lugar, tempo e espaço. Dentro deste contexto, os tipos de memória são: o esquecimento e as temporalidades da memória, Memória Oral, Memória Escrita e Memória Digital. Discorrer sobre os vários tipos de memória é relevante, pois os estudos acerca deste assunto são considerados complexo pela maioria dos autores que suscitam sobre esta discussão. 3.2 Memória Oral No referido tópico sobre memória oral as seguintes autoras Monteiro, Carelli e Pickler (2008 P.4), confirmam que “as sociedades consideradas orais são aquelas que antecedem a invenção da escrita, nas quais todo o saber era transmitido oralmente aos indivíduos por meio de narrações, ritos e mitos”. Nesta época pode-se inferir que a memória oral era uma forma de conhecimento, mas de tal modo centralizado pelos indivíduos que transmitiam as narrações e, por conseguinte ritos e mitos. Portanto, faz-se saber que, a memória oral é preservada nas mentes dos integrantes e grupos que repassavam tais conhecimentos de geração a geração, afirmam tais autores. 3.3 Memória Escrita A cada época que a sociedade evolui-se passando pelo período geográfico, principalmente pelo alfabeto que, marca datas importantes na historia de toda humanidade. O tempo é sem duvida um fato, a ser levado em consideração no processo da memória escrita que, desenvolve artefatos como: os calendários, as datas, as atas, os folhetas entres tantos fatos que nos lembram da existência deste período. De acordo com Monteiro, Carelli e Pickler (2008, p. 7) dizem que: “[...] o advento da escrita, os fatos poderiam ser registrados em suporte, não mais cabendo à memória humana a exclusiva função de reter e preservar informações. O eterno retorno da oralidade foi substituído pelas longas perspectivas da história” Assim, com advento da escrito, a sociedade pode ter acesso alguns textos que o ajudaram a fomentar suas necessidades do dia a dia. Conforme afirma Lévy (2000), no livro: “as tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática”, que a memória escrita proporcionou um fomento do período agrícola, isto é, a agricultura se beneficiou de forma aguda da memória escrita. Monteiro, Carelli e Pickler (2008, p. 8) de fato: [...] percebe-se o deslocamento semântico e pragmático da memória, ou seja, a memória na sociedade oral significou reter, saber de cor determinados saberes. Platão previu esse deslocamento do sentido da memória com o advento da escrita, uma vez que tal tecnologia não se prestava à memória viva, o saber de cor, à memorização, mas sim, ao registro que poderia ser retomado, externamente, o que ocorreu, de fato, muitos anos após o advento da escrita. Eis que a preservação, e não mais a “decoração”, tornou-se o sentido semântico da memória escrita. Na Idade Média, a memorização se fez presente, mesmo com a escrita, por meio das mnemotécnicas e da retórica, até o momento em que se tornou a tecnologia dominante e o atirador cognitivo da sociedade. Nesse sentido, nota-se que há uma diferença entre os períodos da memória oral e da memória escrita, como próprio Plantão pensou nos sues estudos da memória. Portanto, é com a memória escrita que o conhecimento se prolifera do ponto de vista, exponencial. Em fim, “a escrita externaliza a capacidade de memorização do cérebro humano; e, aparentemente, tudo é possível de ser lembrado, uma vez que seja registrado e preservado”. 4 Memória Digital O aparecimento das novas tecnologias de informação e comunicação concede velocidade aos novos meios virtuais, conhecidos ciberespaços. Para Monteiro, Carelli e Pickler (2008, p. 11) é nesse contexto que: Os mecanismos de busca no Ciberespaço têm grande importância nesse tipo de memória, pois realizam “lembranças” dos conteúdos que lá estão, entretanto, eles não atuam na Internet “invisível”, onde grandes quantidades de dados não são acessíveis aos indivíduos. Para se ter uma idéia, o Google, hoje, é uma das maiores plataformas de processamento de dados do mundo, entretanto, seu objetivo é a busca e não a preservação dessa memória. Diante deste contexto, deve-se levar em consideração o próprio objetivo do ciberespaço que, como á sabido, pela maioria dos indivíduos sabem dar-se na virtualização e desterritorialização dos itens que há no ciberespaço. Assim diz os autores citando Lévy (1993): [...] a própria noção de memória ainda é pertinente: O enorme estoque de imagens e palavras ressoando ao longo das conexões, cintilando sobre as telas, repousando em massas compactas nos discos, esperando apenas um sinal para levantar-se, metamorfosear-se, combinar-se entre si e propagarse pelo mundo em ondas inesgotáveis, esta profusão de signos, de programas, esta gigantesca biblioteca de modelos em vias desconstrução, toda esta imensa reserva não constitui ainda uma memória. Porque ao peração da memória não pode ser concebida sem as aparições e supressões que a desagregam, que a moldam de seu interior [...] Ainda é necessária, portanto, uma memória humana singular para esquecer os dados dos bancos, assimulações, os discursos entrelaçados dos hipertextos [...]. (grifo do autor). No tocante, a memória digital pode-se ainda notar nas palavras dos autores a seguinte afirmação: Na sociedade digital, sobretudo no Ciberespaço, o esquecimento é uma constante (como na memória biológica), pois nesse meio não há garantias de preservação. O esquecimento é inerente ao Ciberespaço, se levarmos em conta que a “retirada” de documentos antes disponíveis na rede, a Web invisível e a desterritorialização dos signos implicam em esquecimento. Nesse sentido, podemos perceber que o esquecimento afeta, de maneira mais sutil, a sociedade escrita que as demais. O esquecimento, entre outras características, aproxima a sociedade oral da sociedade digital. Portanto, percebe-se o ciberespaço é um ambiente no qual há ausência da preservação da memória e, que o esquecimento por inerente ao ciberespaço, não pode ser uma justificativa dos aspectos da preservação da memória, enquanto essência de uma sociedade em desenvolvimento recíproco. 4.1 O ESQUECIMENTO E AS TEMPORALIDADES DA MEMÓRIA O termo memória enquanto um fenômeno social é entendido no processo histórico e tradicional sob o aspecto da cultura de um determinado povo. Nesse sentido, Monteiro, Carelli e Pickler (2008), afirmam que: a memória pode, ainda, ser entendida como memória coletiva, aquela que ultrapassa a memória individual e biológica de um indivíduo por ser a memória de uma sociedade. Desta forma, pode-se entender que ha níveis de memória, do ponto de vista individual, sobretudo, no aspecto coletivo, pois a memória coletiva tem dimensão quantitativa em relação à memória individual. Conforme LE GOFF (2003), citado por Monteiro, Carelli e Pickler (2008), assim, afirma o autor: A memória coletiva refere-se à memória da sociedade oral, pois, com o advento da escrita, a memória coletiva se materializa em duas formas: a primeira é a comemoração, a memória no formato da inscrição e do monumento, e a segunda, é a forma do documento em suportes próprios para o registro da escrita. Percebe-se que o autor enfatiza categoricamente que no processo da escrita, houve uma profunda sistematização da memória coletiva, provocando um fomento tanto do conhecimento como da memória escrita. Por conseguinte, percebeu-se durante o processo evolutivo da memória que vários fatores podem influenciar na preservação da memória no contexto das novas tecnologias de informação e comunicação, enfim, a memória coletiva é um fator de desenvolvimento da cultura, seja ela em qualquer tempo e espaço. 4.2 METODOLOGIA O referido trabalho usou técnicas quantitativas e qualitativas na coleta de textos que suscitem acerca do contexto da preservação da memória no ciberespaço. Dessa forma, se fez necessário sistematizar duas etapas para nortear esta metodologia. Assim sendo, a primeira etapa, recuperou alguns textos disponíveis na Web, os referidos artigos somam cerca de 10 (dez), sobre a temática, entretanto, pode-se considerar ínfima, tendo em vista a importância de se debater, a preservação da memória no ciberespaço no contexto das novas tecnologias da informação e comunicação na sociedade contemporânea. No tocante as etapas, a segunda faz uma análise qualitativa dos textos que faz relevância aos lixos de discussão no presente trabalho. Contudo, vale destacar que, ainda estamos em fase de estudos mais intensos sobre um tema em crescimento no mundo virtual. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante das explicitações acerca da preservação da memória no ciberespaço, fica a nossa indagação de se produzir mais conteúdos norteadores, principalmente num oportuno onde cada vez mais a sociedade, faz uso das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação, com intuito de suprir a sua necessidade do dia a dia. Mas, a sociedade precisa perceber há de uma grande oportunidade no ciberespaço para desenvolver a referida preservação da memória, enquanto essência da própria sociedade. Portanto, todos os outros períodos a priori sobre a memória devem ser considerados a grande gênese de todo esse marco evolutivo da técnica, entendida aqui como mais uma característica de qualquer sociedade, pois, a técnica é a sociedade já dizia Lévy, (2000). REFERÊNCIAS A memória coletiva e o ciberespaço na era do conhecimento. Diponível em: <http://www.ebah.com.br/a-memoria-coletiva-e-o-ciberespaço-na-era-d conhecimento-pdf-a13067.html>. Acesso em: 07 nov. 2009. BARBOSA, Marialva. Memória e tempo: arcabouços do sentido da contemporaneidade. Ciberlegenda, n. 1, 1998. CASTELLS, Manuel. A galáxia da Internet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003. CARVALHO, V. A.; MONTEIRO, S. D. PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA NO CIBERESPAÇO: o recurso cachê como modelo possível. Disponível em: <http://www.uel.br/inclusaosocial/pages/arquivos/iiiEBIS/trabalhos/pdf/Vania %20Aparecida%20de%20Carvalho.pdf>. Acesso em: 07 nov. 2009. ESPIRITO SANTO, Carmelita do. “Quissamã somos nós”: pesquisa participante para construção de hipertexto sobre identidade cultural. 2003. 111f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia/ Escola de Comunicação de Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2003. FRAGOSO, S. ‘Espaço, Ciberespaço, Hiperespaço’, Textos de Comunicação e Cultura, n. 42, UFBa, 2000, p. 105-113. GONTIJO, Cynthia Rúbia Braga. et al. CIBERESPAÇO: QUE TERRITÓRIO É ESSE?. [ S.l.: s.n.]. Disponível em:<http://www.sitre.cefetmg.br/Arquivos%20CD %202006/Ciberespaco.pdf>. Acesso em: 07 nov. 2009. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2000a. LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola, 1998. __________. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. São Paulo: Editora 34, 1993. MONTEIRO, S.; CARELLI, A.; PICKLER, E. Representação e memória no ciberespaço. Ci. Inf., Brasília, v. 35, n. 3, p. 115-123, set./dez. 2006. MONTEIRO, Silvana Drumond. O ciberespaço e os mecanismos de busca: novas máquinas semióticas. Ciência da Informação, Brasília, v. 53, n. 1, p. 31-38, jan./abr. 2006. MONTEIRO, S. D.; CARELLI, A. E.; PICKLER. A Ciência da Informação, Memória e Esquecimento. DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.9 n.6, dez 08. Disponível em:<http://www.datagramazero.org.br/dez08/Art_02.htm>. Acesso em: 07 nov. 2009. PEREIRA, Vinícius Andrade. Ciberespaço: um passo da dança semiótica do universo. Disponível em: < http://souzaesilva.com/Website/portfolio/webdesign/siteciberidea/vinicius/textos/ciber espaco.pdf>. Acesso em: Acesso em: 07 nov. 2009. REISEWITZ, Lúcia. Direito ambiental e patrimônio cultural: direito à preservação da memória, ação e identidade do povo brasileiro. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2004. SANTOS, G. C. A. Siglas e termos técnicos: arquivística, biblioteconomia, documentação, informática. Campinas, SP: Editora, Ática, 2003. 277p.