Informações sobre Sedação com Óxido Nitroso

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Equipamento que utiliza óxido nitroso promete pôr fim à dor na cadeira do dentista
Uma máscara nasal, capaz de sedar o paciente que apresenta medo ou fobia ao se sentar numa cadeira
de dentista, é uma das novidades apresentadas durante o 22º Congresso Internacional de Odontologia,
que termina neste domingo, no Anhembi, em São Paulo. O evento reuniu cerca de 70 mil pessoas, entre
congressistas, estudantes, visitantes e profissionais do setor da saúde.
Uma pesquisa divulgada pela Revista de Saúde Pública, da Universidade de São Paulo (USP), mostra
que cerca de 30% dos pacientes que procuram tratamento odontológico de emergência apresentam
medo ou fobia. Em alguns casos, a ansiedade do paciente é tamanha que chega a prejudicar ou mesmo
interromper o trabalho do profissional.
De acordo com José Ranali, professor titular de farmacologia, anestesiologia e terapêutica da Faculdade
de Odontologia de Piracicaba (Unicamp), essa sensação é denominada comportamento fóbico e se
resume a medos universais: medo da dor, do desconhecido, do desamparo, da dependência, da mudança
e mutilação do corpo, e da morte.
José Ranali garante que essa sensação desagradável nada mais é do que ansiedade e está diretamente
associada à dor. "Se estou ansioso na hora de ir ao dentista, a dor fica mais difícil de ser controlada. É
daí que surge o estresse. O medo de sentir dor é cultural. É a expectativa de senti-la que assusta as
pessoas", comenta.
Sedação
Apesar de alguns cirurgiões-dentistas recorrerem a soluções via oral para diminuir as queixas de dor
nos consultórios, como o uso de comprimidos ansiolíticos, uma técnica alternativa começa a ser
disseminada no Brasil. A sedação consciente inalatória inclui um equipamento contendo um balão que
mistura oxigênio e óxido nitroso. A mistura é inalada pelo paciente através da máscara nasal e, num
espaço de três a cinco minutos, os gases atingem o sistema nervoso central.
O resultado é praticamente imediato: o paciente fica menos ansioso, sente o relaxamento dos músculos
e uma sensação de bem-estar, sendo capaz de responder a estímulos físicos e conversar com o dentista.
Para Juliana Ramacciato, doutora em farmacologia, anestesiologia e terapêutica pela Unicamp, a
vantagem é que, ao contrário dos comprimidos ansiolíticos, a sedação consciente não atinge as vias
urinárias ou o fígado. "No caso dos comprimidos, o efeito permanece no organismo até por 20 horas",
argumenta.
Entre as contra-indicações da inalação, alguns pacientes se queixam de náuseas. O professor Ranali
ressalta, no entanto, que o processo é seguro e não deve custar muito para o bolso dos pacientes. "A
utilização do gás durante 60 minutos custa, em média, de R$ 15 a R$ 20, o que demonstra que não é
uma técnica muito cara". O equipamento é vendido entre R$ 6 mil a R$ 8 mil.
Animosidade
Embora seja utilizada há mais de 20 anos em países desenvolvidos, como o Japão e os Estados Unidos,
no Brasil a técnica ainda enfrenta a animosidade da categoria médica. "Erroneamente, muitos médicos
comparam a sedação consciente à anestesia geral, o que não é verdade. A técnica não suprime a dor, e
sim, a ansiedade. Portanto, ela deve estar sempre combinada à anestesia local", explica o professor.
José Ranali acrescenta que a sedação consciente pode ser utilizada em crianças, adultos ou mesmo em
pacientes que apresentam doenças cardiovasculares. "É até indicada a pacientes hipertensos, já que eles
vão poder inalar uma boa quantidade de oxigênio", explica. Desde dezembro, um grupo de cirurgiõesdentistas têm se reunido para normatizar a utilização da técnica. A expectativa é de que o Conselho
Federal de Odontologia (CFO) trace as diretrizes nos próximos meses.
* A subeditora viajou a convite da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD)
(Ellen Cristie/de São Paulo)
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