TRANSPORTE DA CRIANÇA COM ENFERMIDADE GRAVE O transporte deve ser bem planejado e bem executado. O deslocamento de um desses enfermos é considerado procedimento de risco, já que o paciente poderá ter a condição clínica agravada, se alguns cuidados essenciais não forem atendidos. A equipe médica e de apoio e os equipamentos devem ser especialmente adaptados à finalidade. Serão enfatizadas as atitudes a serem tomadas frente a uma criança que chega ao serviço de pronto-atendimento em estado grave e que precisa ser submetida a um transporte por via terrestre, de até 40 Km, a fim de receber tratamento na unidade receptora de maior complexidade. Comunicação entre as unidades de origem e receptora: é de grande importância o contato entre quem envia e o hospital que receberá a criança. As informações devem ser precisas e conter: nome, idade, peso, condições clínicas, hipóteses diagnósticas, exames complementares, medicações utilizadas e necessidade de intervenções cirúrgicas imediatas. Deve ser combinado o tratamento de suporte a ser oferecido ao paciente com o colega que o receberá , enquanto se aguarda transporte adequado; Modo de transporte: o urgentista deverá definir o tipo de veículo a ser utilizado, se UTI móvel ou ambulância. Esta última deve possuir instalação elétrica adequada, focos de luz, cilindros de oxigênio e ar comprimido, sistema de vácuo e cinto de segurança para os acompanhantes; Equipe de transporte: O transporte da criança grave deverá ser realizado por equipe constituída de, no mínimo, dois profissionais com treinamento em terapia intensiva, transporte ou urgência: pediatra e enfermeira , mesmo que isto resulte em atraso por parte da instituição que encaminhará o paciente, exceto nas situações onde haja necessidade de intervenção cirúrgica imediata (ex. Hematoma extra dural); Conduta médica: Dependendo do agravo sofrido pela criança, protocolos específicos se impõem. Porém, de uma forma geral, as atitudes abaixo devem ser seguidas de forma criteriosa: Temperatura: manter a neutralidade térmica, utilizando todos os meios disponíveis para evitar a hipotermia; Via aérea: considerar entubação antes do transporte, caso exista dúvidas quanto a permeabilidade das vias aéreas. É mais difícil a execução deste procedimento durante o transporte. A cânula traqueal deve ser bem fixada, a fim de evitar deslocamentos. Instalar sonda gástrica nas crianças (oral, nas menores de dois anos) com diminuição do nível de consciência, vômitos repetidos e avaliar riscos x benefícios nas com desconforto respiratório importante. Realizar aspirações, quando necessário, e monitorizar a saturação de oxigênio do paciente. Pacientes com obstrução das vias aéreas superiores devem ser transportadas em decúbito sentado e, por vezes, há necessidade de um dos pais acompanhá-lo, no intuito de minimizar a exacerbação do quadro obstrutivo secundário à agitação da criança; Acesso venoso: Inserção e manutenção de veia de grosso calibre. Fixação cuidadosa do acesso venoso, a fim de evitar perda durante o transporte; Sistema cardiovascular: Monitorizar freqüência cardíaca e tensão arterial que podem variar na dependência do estado intravascular, reserva miocárdica, uso de drogas, ventilação e sedação. Observar diurese e, quando possível, medi-la; Sistema nervoso central: Avaliar sinais neurológicos, realizar escala de coma de Glasgow, vigiar convulsões, pois estas podem piorar o estado do paciente, devido a hipoventilação e a hipóxia. Se há suspeita de lesão cervical, proceder a fixação do segmento cefálico, bem como de outras fraturas existentes; Contenção física e farmacológica: colocar luvas e avaliar necessidade de conter os punhos e outras partes do corpo. Considerar sedação de curta duração e que possa ser revertida, caso seja necessário; Termo de responsabilidade: Obter consentimento, por escrito, do representante legal da criança, para o transporte e qualquer procedimento imediato no hospital de destino; Acompanhamento após o transporte: contatos posteriores deverão ocorrer, a fim de aprimorarmos o transporte inter-hospitalar de crianças graves, bem como para ficarmos cientes da evolução do caso; Equipamentos e materiais adequados ao transporte devem ser checados e avaliados, quanto ao adequado funcionamento.