Oligop ólio Oligopólio Janaina da Silva Alves Sumário 1 Definição de oligopólio 2 Modelos de competição imperfeita 3 Modelo de Cournot 4 Cartel ou conluio 5 Modelo de Stackelberg 6 Modelo de liderança de preços 7 Modelo de Bertrand 8 Comparação das soluções 1. Oligopólio • É uma estrutura de mercado que se constitui num caso intermediário, onde há poucas firmas que competem entre si e que tem certo poder de mercado. • Quando nenhuma firma tem um monopólio, mas os produtores percebem que eles podem afetar os preços de mercado, uma indústria é caracterizada por competição imperfeita. • Por simplicidade, iremos nos concentrar em modelos com apenas 2 firmas, ou seja, duopólios. 2. Modelos de competição imperfeita • Os modelos de oligopólio diferem entre si pela variável de interesse quando da maximização: – Prioridade na determinação do preço ou quantidade. – E variam também quanto à simultaneidade ou não da decisão sobre as escolhas das firmas. • Variável de escolha: • 1. Quantidade: – Modelo de Cournot – Modelo de Stackelberg (ou de liderança de quantidade) • 2. Preço – Modelo de Bertrand – Modelo de liderança de preços • Tempo de decisão das firmas • 1. Ação simultânea: – Modelos de Bertrand e de Cournot • 2. Ação não-simultânea: – Modelos de liderança de preços e de quantidade 3. Modelo de Cournot • • • • • • • Estabelecimento simultâneo de quantidade Suponha que há 2 firmas no mercado A demanda de mercado é dada por: Y = D(p) Onde: Y= y1+y2 e p é o preço de mercado Demanda Inversa: p = p(Y) e p = p( y1+y2) Os custos individuais de cada firma são dados por c(y1) e c(y2) • As firmas 1 e 2 têm o mesmo custo marginal, ou seja, são idênticas. Maximização dos lucros de cada firma • Lucro individual da firma 1: Max π = y ⋅ P( y + y )−c( y ) 1 1 1 2 1 y 1 C.PO . .: dπ = 0⇒ y ⋅ P'( y + y )+ P( y + y )−c'( y ) = 0 dy 1 1 1 y * = CMg ( y1)− P( y1+ y2 ) 1 P '( y1+ y2 ) 2 1 2 1 • Resolvendo de forma semelhante, a função de reação da firma 2 é: CMg ( y 2)− P( y + y ) 1 2 y *= 2 P '( y1+ y2) • No caso de várias firmas, a função de reação é dada por: CMgi ( yi )− P( j∑=1 y j ) n yi*= n P '( j∑=1 y j ) • No caso especial de as firmas serem idênticas, cada uma detém uma fatia do mercado igual às demais. Assim: n Y = ∑ y j ⇒ yi = Yn , i =1,...,n . j=1 • Então podemos reescrever a C.P.O., neste caso como: Y ⋅P'(Y ) + P(Y ) −c'(Y ) = 0 n n • Note que se n=1 temos a solução de monopólio e se n→∞, então temos a solução de concorrência perfeita. 4. Cartel ou conluio • Por que as empresas não formam um cartel? • Num cartel as empresas se juntam e tentam fixar preços e produção para maximizar os lucros da indústria. Maximização de lucros num cartel para duas firmas Max π =P(y + y )⋅(y + y )−c(y)−c (y ) 1 2 1 2 1 1 2 2 y1, y2 CPO . . .: dπ =0⇒P'(y + y )⋅(y + y )+P(y + y )1 ⋅ −c'(y)=0 dy 1 2 1 2 1 2 1 1 1 Comoy1+ y2 =Y Y =CMg(y1)−P(y1+ y2) P'( y1+ y2) dπ =0⇒P'(y + y )⋅(y + y )+P(y + y )1 ⋅ −c '(y )=0 dy2 1 2 1 2 1 2 2 2 • Essas condições implicam que os custos marginais das firmas são iguais. • Na solução de cartel o que é determinado é o nível total de produção da indústria. • Neste caso as firmas são idênticas, então é natural haver uma divisão igualitária, ou seja: y1* = y2* = Y/2. • A quantidade produzida por cada firma no cartel é então menor do que a quantidade ótima de Cournot. • Os lucros das firmas individuais são maiores se elas se unem num cartel do que competindo individualmente como em Cournot. • Porém, se uma firma quebra o cartel, esta firma obtêm lucro ainda maior que o de cartel. Isto faz com que os cartéis sejam instáveis. Exemplo: a curva de demanda linear • Sejam 2 firmas idênticas; • Curva de demanda de mercado: P=30-Q onde Q = Q1+Q2 • Ambas as empresas têm CMg=0 • • • • • • Lucro da firma 1: π1 = P(Q1+Q2).Q1-C π1 = (30 - Q1 - Q2). Q1 – C π1 = 30Q1 – Q12 – Q1 Q2 – C d π1/dQ1=30 – 2Q1 - Q2 – C’ = 0 Q1 = 15 – 1/2Q2 Função de reação da firma 1 • Da mesma forma, a função de reação da firma 2 será: • Q2 = 15 – 1/2Q1 • Substituindo Q2 em Q1 acharemos que: • Q1 = Q2 = 10 • Logo Q = 20 • E o lucro total do mercado será: π = 200 Resultado de Cournot • Mas se as empresas se juntassem para maximizar o lucro total, qual seria o nível de Q? • • • • • • • • • O lucro total é maximizado quando: Rmg = Cmg Para achar a Rmg, temos que: RT = P.Q = (30-Q).Q RT = 30Q - Q2 Logo, a RMg = 30-2Q. Igualando Rmg ao Cmg, que nesse caso é zero: 30-2Q =0, então Q = 15. E: Q1 = Q2 = 7,5 Então no caso de Cartel, cada empresa produzirá uma quantidade menor que a quantidade de Cournot. • Quanto ao lucro total no caso de cartel, este será: π = 225 • Assim, o lucro total é maior que no caso de Cournot. Resultado de Cartel • E qual seria o equilíbrio competitivo? • A condição de maximização dos lucros no caso competitivo se dá quando: • P = CMg, • Assim: 30-Q = 0 Q = 30 E: Q1 = Q2 = 15. No caso competitivo a quantidade produzida por casa empresa ( e pelo mercado) é maior que no modelo de Cournot e de Cartel. E o lucro é igual a zero. Resultado de Competitivo 5. Modelo de Stackelberg • Neste modelo vamos considerar duas firmas. • Vamos assumir que a firma 1 seja a líder e a firma 2 seja seguidora. • Nesse tipo de conjuntura a seguidora toma sua decisão quanto ao seu nível de produto (quantidade) dado o nível de produto da firma líder. • Não há simultaneidade (estratégia seqüencial) nas escolhas do nível de produto das firmas. Problema de maximização dos lucros da seguidora M a x π = y ⋅P ( y + y )− c ( y ) 2 2 1 2 2 2 y2 C .P .O .: d π = 0 ⇒ y ⋅ P '( y + y ) + P ( y + y ) − c '( y ) = 0 dy2 2 1 2 1 2 y * = C M g ( y ) − P ( y1 + y 2 ) P '( y1 + y 2 ) 2 2 2 y *= f ( y ) 2 1 A função de reação da seguidora mostra como ela reagirá à escolha da produção da líder. 2 Problema de maximização dos lucros da líder Max π = y ⋅ P( y + y )−c ( y ) 1 1 1 2 1 1 y1 Max π = y ⋅ P( y + f ( y )−c ( y ) 1 1 1 1 1 1 y1 C.PO . .: dπ =0⇒ y ⋅ P'( y + f ( y ))+ P( y + f ( y ))−c'( y ) =0 dy1 1 1 y1* = CMg1( y1)− P( y1+ f ( y1)) P '( y1+ f ( y1)) 1 1 1 1 Exemplo: Liderança de quantidade para a demanda linear • Considere uma demanda inversa linear: P( y1+y2) = a - b( y1+y2) • E considere Custo marginal igual a zero. • Problema da seguidora: Max π = y ⋅(a−b(y + y ))−c 2 2 1 2 2 y2 Max π =ay − yby −by 2−c 2 2 2 1 2 2 y2 CPO . . .: dπ =0⇒a−by −2by −Cmg =0 dy2 ⇒a−by −2by =0 1 y = a−by 2b 1 1 2 y = f (y ) 2 1 2 2 2 • Problema da Líder: M a x π = y ⋅( a − b ( y + f ( y )) − c 1 1 1 1 1 y1 = a y − b y − b f ( y )⋅ y − c = a y − b y − b a −2bb y1 ⋅ y − c 1 2 1 1 2 1 1 1 1 = ay −by − 1 2 1 1 a y1 − b y 2 1 2 1 ⋅y −c 1 1 C .P .O .: d π = 0 ⇒ a − 2b y − a − 2b y1 − C m g = 0 2 d y1 ⇒ 2 a − 4b y12− a + 2b y1 = 0 1 y *= a 2b 1 1 • E a produção ótima da firma seguidora será: a a − b a − by 2 b y= = 2b 2b Veja que a produção da seguidora é y *= a menor que a produção da firma líder. 4b 1 2 2 E a produção do mercado será a soma da produção destas duas firma,s que nesse exemplo será igual a 3a/4b. 6. Liderança de preços • Agora passaremos aos modelos em que as empresas escolhem preços. • O modelo de liderança de preço é semelhante ao modelo de Stackelberg, sendo que agora a variável de escolha é o preço e não a quantidade. • Assumiremos que a firma 1 é a líder e a firma 2 é a seguidora. • Nesse modelo trabalharemos com a demanda marshalliana Y = D(p), ao invés da demanda inversa. Problema de maximização dos lucros da seguidora Max π = p ⋅ D ( p , p )−c (D ( p , p )) 2 2 1 2 2 2 1 2 2 p2 C.PO . .: dπ =0⇒ p ⋅δ D + D ( p , p )−c '(D ( p , p ))⋅δ D =0 δp δp dp2 2 2 2 2 y2* = CMg2 ( y2 )− P( y1+ y2) P '( y1+ y2) p2 = f ( p1) 1 2 2 2 1 2 2 2 Problema de maximização dos lucros da líder Max π = p ⋅ D( p , p )−c (D( p , p )) 1 1 1 1 2 1 1 1 2 p1 ⇒ p ⋅ D( p , f ( p ))−c (D( p , f ( p ))) 1 1 1 1 1 1 1 1 C.PO . .: dπ = 0 dp1 +δ D ⋅δ f ⇒ D( p , f ( p ))+ p ⋅ δδD p δf δp 1 1 1 1 1 1 1 1 +δ D ⋅δ f −c '(D( p , f ( p )))⋅ δδD p δf δp 1 1 1 1 1 1 1 1 =0 Obtemos assim p1* e substituindo na função de reação da seguidora temos p2* =f(p1* ) 7. Modelo de Bertrand • Modelo concorrência-preço • Ação simultânea • Nesse modelo as firmas mantêm seus preços fixos independentemente das decisões das demais. • Umas das firmas pode deter todo o mercado. • Vamos supor que existem 2 firmas no mercado. • O Lucro da firma 1 pode ser: π ( p, p )= p ⋅ D( p )−c(D( p )), p p2 π ( p, p )=0, p p2 π ( p, p )= p ⋅ D(2p1) −c D(2p1) , p p2 1 1 2 1 1 2 1 1 2 1 1 1 1 1< 1> 1 1 1= De forma semelhante para a firma 2. • Exemplo: O modelo de Bertrand com a demanda linear. • Demanda: Y = A – p • • • • Então as possíveis soluções são: Y1 = A – p e y2=0, se p1<p2 Y2 = 0 e Y2 = A – p, se p1>p2 Y1+Y2=A – p , se p1=p2 Equilíbrio de Bertrand • Quando as firmas são idênticas (mesma função custo) o equilíbrio de Bertrand será o equilíbrio competitivo onde, o preço é igual ao custo marginal. 8. Comparação das soluções • A solução de conluio resulta na menor produção do setor e no mais alto nível de lucro do que o modelo de Cournot e o equilíbrio competitivo. • O equilíbrio de Bertrand (o equilíbrio competitivo) resulta em maior produção e menor preço. • Os outros modelos geram resultados entre esses dois extremos. Bibliografia utilizada • PINDYCK,R.S.; RUBINFELD,D.L. Microeconomia. 5.ed. São Paulo: Makron Books, 2002. • VARIAN, H.R. Microeconomia: princípios básicos. 6.ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003.