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Prova 1 – Organização de Mercados
Graduação em Economia EPGE-FGV
Professor Eduardo Fiúza
17/04/2007
1) (2,5 pontos) Verdadeiro ou Falso? Justifique.
a) Um monopolista que venda um mesmo bem durável em duas datas
distintas (“hoje” e “amanhã”) e não possa se comprometer com um preço
para amanhã cobra necessariamente mais hoje do que amanhã.
Resposta: supondo ainda que a valorização dos consumidores pelo bem seja
conhecida e não mude, a afirmação é VERDADEIRA. Os consumidores de
maior valorização compram hoje, e os de menor valorização aguardam o preço
mais baixo de amanhã.
b) Um conluio tácito só pode ser sustentado quando o lucro por período em
conluio for suficientemente maior do que o lucro por período sob
punição.
Resposta: qualquer nível de lucro pode ser sustentado em conluio tácito se os
jogadores forem suficientemente pacientes. Logo, a afirmação é FALSA.
c) Um monopolista multi-produtor pode praticar “mark-ups” (diferença
entre preço e custo marginal) diferentes em cada mercado no qual atua,
desde que sejam sempre positivos.
Resposta: um monopolista multi-produtor de bens complementares pode cobrar
markup negativo no bem i, pois o aumento no lucro gerado pelo aumento na
demanda do bem j (complementar na demanda em relação a i) pode compensar o
prejuízo na produção do bem j. Logo, a afirmação é FALSA.
d) Quanto menor a elasticidade da demanda, maior o peso morto gerado
pelo monopólio.
Resposta: FALSO. O contra-exemplo é o monopolista que enfrenta demanda
com elasticidade constante.
e) Considere N bens substitutos (imperfeitos) na demanda. Um monopolista
que produz os N bens em fábricas distintas cobra mais em cada um deles
do que um cartel em que cada firma produz um único bem.
Resposta: VERDADEIRO. Como os bens são substitutos, a diminuição na
quantidade vendida de um deles (equivalente ao aumento no preço) aumenta a
quantidade demandada de outro bem. Como o monopolista internaliza esse efeito
(ao contrário do cartel), cobra preços mais altos.
2) (1,5 pontos) Considere o modelo de Cournot com demanda linear e custo
marginal constante e igual para cada uma das N firmas. É feito um leilão para
vender o direito de se transformar na firma líder do mercado (ou seja,
transformar o jogo estático de Cournot num jogo dinâmico de Stackelberg).
Qual o lance máximo que uma firma está disposta a dar? Suponha que, em caso
de empate, uma firma é escolhida aleatoriamente entre aquelas de maior lance
para se tornar líder. O que ocorreria se a competição se desse através de preços?
Resposta: o lance é a diferença entre o lucro da líder e o lucro da seguidora no jogo
de Stackelberg. Aceitei também o lance como a diferença entre o lucro da líder e o
lucro de Cournot (algo como um “poder de veto” em relação ao jogo de Stackelberg,
ou qual seria o lance para que o jogo não voltasse a ser de Cournot).
3) (2 pontos) Considere um duopólio repetido infinitamente em que as firmas
competem através da escolha de preços. Ambas possuem uma taxa de desconto
comum e a demanda é linear: q( p)  a  bp , mas os custos marginais
(constantes) são distintos: c1  c2 . Encontre o intervalo ao qual o lucro de
conluio deve pertencer para que o conluio seja sustentável, dada a taxa de
desconto.
Resposta:
O conluio é sustentável se e só se:
m
2
 1 
D
D
D
m

   i    2(1   ) i , em que i é o lucro da firma i ao
1  
desviar da estratégia de conluio e  m é o lucro de monopólio. Basta, então,
substituir:
 1  (a  bp m )( p m  c1 ) 
D

1


(a  bp )( p  c1 ), p  min c 2 , p m , pois a firma 1
pode expulsar a firma 2 do mercado após o desvio; e



 2  p m  c2 a  bp m , p m 
D
a  bcmin
, cmin  min c1 , c2 , pois o conluio produz
2
na firma mais barata.
4) (2 pontos) Considere o contexto de um jogo repetido (infinitamente) de n firmas.
As firmas têm um custo marginal constante c. A função demanda na data t é
qt   t D pt  , onde   1 (  é o fator de desconto intertemporal). Derive o
conjunto de fatores de desconto tais que a formação de cartel plena entre as
firmas (i.e., solução de monopólio) é sustentável como um equilíbrio no jogo
repetido. O que este modelo prevê sobre a relativa facilidade de sustentação de
cartel em indústrias que estão expandindo ou declinando?
Resposta:
Note que o lucro no período t pode ser escrito como:
 t  max ( pt  c)  t D( pt )   t max ( pt  c) D( pt )   t ( p m  c) D( p m )   t  m
m
pt
pt
(como a demanda e o custo não mudam no tempo, o preço de monopólio é o mesmo
em todos os períodos).
Logo, o conluio é sustentável se e só se (decisão no t-ésimo período):


i 0
i
 t i  m
N
 tm 
1 1
N 1
.
1  
N 1  
N
Definindo a taxa de paciência mínima para sustentação do cartel como
 min 
N 1
, segue que quanto mais forte a expansão (maior  ), mais fácil
N
sustentar o conluio.
5) (2 pontos) Considere o seguinte duopólio. As firmas competem via preços. A
demanda total é dada por p  A  bQ , em que A é suficientemente grande e
Q  q1  q2 . Cada firma possui custo marginal dado por Cmgi (qi )  2qi , se
qi<qmax; e custo marginal infinito, caso contrário. Uma única firma não consegue
suprir todo o mercado. A firma 1 vende para todos os mercados que pode
atender; à firma 2, cabe a demanda residual. Encontre o único equilíbrio de Nash
desse jogo. Qual a restrição que qmax deve atender para que esse equilíbrio
exista?
Resposta:
O equilíbrio de Nash envolve as firmas produzirem na capacidade máxima a um
preço p*  A  qi
max
 qj
max
. Não faz sentido cobrar preço menor porque não é
possível aumentar a capacidade para atender à demanda adicional. Vale a pena
aumentar o preço? Isso equivale a produzir uma quantidade menor. O lucro de uma
firma, quando a outra está jogando p*, é:
 i ( qi  qi
max
 i (qi  qi
qi
)  ( A  qi  q j
max
)
max
 A  6q i  q j
 2qi )qi . Logo,
max
, que é positivo (pois A é grande o suficiente).
Logo, temos uma solução de canto: a firma produz o máximo possível. A restrição
que os limites da capacidade devem atender é simplesmente garantir que essa
derivada seja positiva para ambas as firmas (ou, mais precisamente, para a firma
responsável pela demanda residual).
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