FÓRUM BRASIL-CHINA DE OFTALMOLOGIA: DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA OS DOIS PAÍSES EMERGENTES. Data: 22/08/2016 Fonte: MD Noticias Autor: Chen Hui Traduzida e adaptada pelo Dr. Liang Jung do Departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais da EPM/Unifesp Após mais de cinco meses de preparação, no dia 15 de agosto de 2016, foi realizada a primeira reunião histórica em São Paulo, Brasil, o Fórum Brasil-China de Oftalmologia, com a participação de mais de uma centena de especialistas e estudiosos de ambos os países. O Forum foi realizado na Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina, em parceira com a Chengdu Kang Hongsheng Technology Co e IPEPO Instituto da Visão, e teve como presidente o Prof. Dr. Rubens Belfort Jr., representante de uma das famílias de oftalmologistas mais tradicionais do Brasil. A Oftalmologia da Associação Médica Chinesa foi representada pelo seu ex-presidente, o Prof. Zhao Jialiang, do Union Medical College de Beijing, e a Profa. Li Xiaoxin (expresidente do Hospital Popular da Universidade de Beijing). Professor Belfort disse em seu discurso que a China e o Brasil, por serem países emergentes, enfrentam problemas e desafios médicos, e nesse sentido há uma grande necessidade de interação. Segundo ele, apesar dos 17.000 oftalmologistas para 200 milhões de habitantes no Brasil, em algumas regiões ainda não é possível obter assistência médica. Como fazer a moderna tecnologia médica chegar à população em áreas remotas, para que mais pessoas recebam tratamento mais rápido e melhor, é o compromisso de todos. Para o Brasil, a China ocupa uma posição de destaque, e espera que China e Brasil possam trabalhar juntos para enfrentarem os desafios em comum. O vice-presidente executivo e editor executivo da revista médica “MD News” Zhang Yanping disse em seu discurso que o fórum é um marco inicial para promover e reforçar a comunicação e interação entre a oftalmologia do Brasil e da China. Iniciado em abril deste ano, o planejamento foi realizado por ambas as partes com a intenção de compartilhar os últimos progressos globais da oftalmologia acadêmica, com ênfase na experiência no diagnóstico clínico e tratamento. Professor Zhao Jialiang assinalou que as atividades de intercâmbio acadêmico entre a China e o Brasil representam uma plataforma para fomentar os intercâmbios, especialmente em oftalmologia. É papel da China realizar esse trabalho, mas antes é importante aprender com a padronização da formação médica brasileira, como por exemplo o cumprimento de três anos de residência em Oftalmologia, realização de mais de 200 cirurgias de catarata e outros aspectos pertinentes. Segundo ele, “precisamos aprender com a experiência dos Estados Unidos, mas também para aprender mais experiências de outros países a este respeito”. Membro da delegaçao chinesa, o oftalmologista Professor Ma Xiang do Dalian Medical University, disse a repórteres que desenvolve contatos com médicos dos Estados Unidos e Europa com frequência, mas raramente essas trocas são realizadas com o Brasil. Cada país tem a sua própria experiência e o fórum é propício para melhorar a compreensão e a aprendizagem mútuas. Segundo o Professor Zhao Jialiang, a prevenção da cegueira na China tem feito grandes progressos: tracoma não é mais um problema de saúde pública; a prevalência de cegueira em oito anos caiu cerca de 25%, no entanto, a cegueira ainda é um grande problema de saúde pública que a China ainda enfrenta nas regiões rurais. O professor Zhao acredita que um programa de prevenção à cegueira deve ser ampliado em áreas rurais, especialmente para aumentar a disponibilidade e cobertura de seguro de saúde que hoje é limitado. A Profa. Li Xiaoxin apresentou o desenvolvimento para o tratamento da DMRI exsudativa, a mais recente geração de anti-VEGF denominada de combercept, produto 100% chinês, com capacidade de inibição do VEGF-a, VEGF-B e PIGF. A monoterapia com 0,5 mg por 12 meses levou à melhora da acuidade visual basal em 56,5%. Está já no mercado chinês e em testes finais nos EUA. O Professor de Oftalmologia Xiaofeng do Zhongshan do Ophthalmic Center mencionou que a cirurgia minimamente invasiva realizada atualmente em ambiente ambulatorial resolve uma questão financeira, pois as empresas de seguro de saúde não satisfazem as necessidades de todos os pacientes. Os procedimentos ambulatoriais reduzem as despesas médicas sem reduzir a qualidade ou a segurança da cirurgia. No entanto, para os procedimentos ambulatoriais, o papel do médico no processo é de suma importância. Professor Dr. Rubens Belfort Jr., Professor Titular de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo, disse que atualmente no Brasil um bebê recém-nascido com vírus Zika apresenta deformidades com ameaça de sequelas. Cerca de 34,5% dessas crianças apresentam retinopatia, tendo que enfrentar o risco de cegueira, uma vez que a infecção pelo vírus Zika em mulheres grávidas carecem de métodos de detecção e diagnóstico precoce de infecção viral. Mesmo se houvesse uma detecção precoce, ainda não existe vacina e tratamentos eficazes, juntamente com a política nacional brasileira que não permite o aborto. Portanto, o diagnóstico precoce e tratamento o mais cedo possível são as tarefas a partir de agora. Professor Dr. Michel Farah, vice-chefe do Departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais da EPM/Unifesp, também da Universidade Federal de São Paulo descreve um método de tratamento para a DMRI --Ziv-Aflibercept, investigação em andamento no hospital. Segundo relatos, os resultados de estudos em animais e alguns ensaios clínicos têm demonstrado a sua segurança e eficácia. Professor Dr. Paulo Schor, chefe do Departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais da EPM/Unifesp, observou que a inovação médica nos países desenvolvidos diferem dos países em desenvolvimento, devido ao financiamento dos recursos médicos, sendo as pesquisas inovadoras realizadas com base nas condições reais. Às vezes, uma boa pesquisa de inovação não necessariamente precisa ser grande.