1 Humanização hospitalar: o estudo do espaço de internação psiquiátricas Dezembro/2016 Humanização hospitalar: o estudo do espaço de internação psiquiátricas Carine Rech Farias- [email protected] Pós- Graduação em Master Arquitetura Instituto de Pós Graduação IPOG Florianópolis/SC, 24 de Fevereiro de 2016 Resumo O presente artigo possui como objeto de estudo a humanização dosespaços de internação psiquiátrica em ambientes hospitalares. A falta de qualidade em ambientes hospitalares, assim como a crescente demanda nos serviços de saúde,ocasionam a carência de infraestrutura adequada para a recuperação dos pacientes e impactam negativamente na qualidade de vida dos trabalhadores que atuam nesses espaços. Este artigo, portanto,buscaexpor como a humanização hospitalar atua com grande importância na saúde e recuperação de pacientes. Para a confecção do presente artigo utilizou-se como metodologia a revisão bibliográfica, com referências literáriase informações buscadas junto a livros, trabalhos de conclusão de curso eoutros artigos. No que se refere à conclusão, ao final do presente estudo foi possível constatar que o tema tem sido discutido e tratado com maior atenção nos últimos anos, sendo possível encontrar teses e estudos que demonstram como espaços bem projetados e humanizados dentro dos hospitais - especialmente nos setores de internação psiquiátrica - têm trazido benefícios efetivos para os seus usuários. Palavras- chave: Humanização. Hospital. Psiquiatria. 1. Introdução No que se diz respeito a humanização hospitalar ainda estão começando estudo que revelam as melhorias no espaço com a relação da cura. O espaço arquitetônico tem grande influencia em seus usuários, e se tratando de ambientes hospitalares essa concepção vem tornando outras formas com o maior comprometimento que se tem hoje com os usuários dos espaços, as sensações que se causa e o bem estar físico e emocional. A arquitetura hospitalar trata essa preocupação com o conforto do paciente, pois encontra-se em estados debilitados. As pessoas querem mais que um atendimento médico.Acima de tudo, desejam maior atenção e amparo. Procuram entender sua doença e como fazer para curarem-se. Essa nova forma no tratamento se reflete no ambiente hospitalar que precisa acompanhar essa evolução conceitual de tratamento. (GÓES, 2010, p. 48) A ideia central para a humanização tem como principal foco a necessidade de um melhor atendimento, junção de espaços tecnológicos com o acolhimento, além de um melhor atendimento para pacientes, melhor espaço de trabalho para funcionários. ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 12ª Edição nº 012 Vol.01/2016 Dezembro/2016 2 Humanização hospitalar: o estudo do espaço de internação psiquiátricas Dezembro/2016 Os valores mais importantes para uma humanização de qualidade que podemos analisar considerando os usuários do espaço que tem o direito de serem bem atendidos, a relação com o profissional da saúde com o paciente que tem o compromisso de interagir e se comunicar com o paciente afim de amenizar o sofrimento, o trabalhador da saúde que deve ter formação e capacitação para manter a qualidade de vida do paciente no ambiente hospitalar, a gestão das organizações e o estado. Quando falamos de espaços destinados a tratamento psiquiátrico analisamos na maioria espaços adaptados para tal função. Somente a partir da década de 70 no Brasil baseados em experiências italianas constitui-se o Movimento dos Trabalhadores em Saúde mental e posteriormente tornouse o Movimento Nacional na Luta Antimanicomial, quando o doente mental começou a ser tratado com mais humanidade. O movimento antimanicomial italiano é considerado como uma referência no conjunto de iniciativas de reforma psiquiátrica do cenário ocidental, desde o final dos anos 60, por significar a radicalização de toda uma tendência do pós-guerra de reforma humanizadora das instituições psiquiátricas. [...] o movimento se guiou pela promoção da justiça e da liberdade. (GOULART, p. 20, 2007) Inicia-se as discuções sobre a saúde do paciente com transtornos mentais e sobre a humanização dos espaços de atendimento, principalmente nos espaços fora do ambiente hospitalar, que são mais comuns nos dias de hoje, como espaços adaptados para tal função. 2. Humanização hospitalar Não existe um conceito básico para humanização hospitalar, esse conceito é utilizado para abordar uma melhoria nos espaços de atendimento hospitalar, que deve-se tanto a arquitetos que desenvolvem projetos para tais fins, com conceitos mais definidos sobre conforto acústico, iluminação, uso de cores e texturas, fala-se também de gestores que estão diretamente ligados ao ambiente hospitalar, fazendo o uso do espaço assim como pacientes, que teriam uma preocupação direta com a melhoria do atendimento com a relação de um maior bem estar dos pacientes. Alguns conceitos ou tentativas de definição de humanização encontrados na literatura são: Humanização é o ato de humanizar, ou seja, dar estado ou condições de homem, no sentido de ser humano (Grande Biblioteca Larousse Cultural, 1998). Humanização é o aumento do grau de co-responsabilidade na produção de saúde e de sujeitos (Ministério da Saúde, Política Nacional de Humanização Hospitalar, 2003). Humanização diz respeito à mudança na cultura da atenção dos usuários e da gestão dos processos de trabalho (Ministério da Saúde, Política Nacional de Humanização Hospitalar, 2003). Nos últimos anos, tem-se visto que um hospital, com uma boa direção e uma boa equipe, funciona bem. Com condições idênticas de trabalho, um hospital consegue melhores resultados que outro se houver compromisso da liderança, qualidade na gestão, competência e criatividade ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 12ª Edição nº 012 Vol.01/2016 Dezembro/2016 3 Humanização hospitalar: o estudo do espaço de internação psiquiátricas Dezembro/2016 da equipe. Os bons resultados dependem, em grande medida, da capacidade de o hospital oferecer um atendimento humanizado à população. Para tanto, é necessário cuidar dos próprios profissionais da área da saúde, constituindo equipes de trabalho saudáveis e, por isso mesmo, capazes de promover a humanização do serviço. E, por profissionais de saúde, consideram-se aqui todas as pessoas que trabalham nas unidades de saúde e não apenas médicos e paramédicos. (Ministério da Saúde, Programa Nacional de Humanização Hospitalar, 2001). Segundo o Manual PNHAH do Ministério da Saúde humanizar é garantir a palavra a sua dignidade ética. O sofrimento e as percepções do corpo, para serem humanizadas, precisam que as palavras que o expressam sejam reconhecidas pelo outro. Pela linguagem fazemos descobertas pessoas de comunicação com o outro, sem que nos desumanizamos. Sem comunicação não há humanização, que depende da nossa capacidade de falar e ouvir, do nosso diálogo com nossos semelhantes. O Manual PNHAH do Ministério de saúde cria parâmetros para humanização de atendimento aos usuários: - Condições de acesso e presteza de serviços; Qualidade das instalações, equipamentos e condições ambientais do hospital; Clareza das informações oferecidas ao usuário; Qualidade da relação do usuário com o profissional; Gestão hospitalar e participação dos profissionais; Condições de trabalho na instituição; Condições de apoio aos profissionais; Qualidade da comunicação entre profissionais; Relacionamento interpessoal no trabalho; Valorização do trabalho e motivação profissional. Humanizar é o cuidado que temos com a qualidade da relação entre o paciente e o profissional da saúde. PESSINI 2006, fala em seu livro da presença solidária do profissional com a habilidade humana e cientifica. Diante do cotidiano desafiador ser sensível com o outro, criar vínculos, ter diálogos, criando uma relação de confiança, mostrando a competência com responsabilidade ética. No campo da saúde, o conceito de humanização surge como um principio vinculado ao paradigma de direitos humanos – expressos individual e socialmente – e referidos a pacientes, usuários, consumidores, clientes e cidadãos como sujeitos. A fonte mais recente dos princípios da humanização pode ser buscada na Declaração Universal dos Direitos do Homem (ONU, 1948), que se funda nas noção de dignidade e igualdade de todos os seres humanos: Em outras palavras, o que é devido ao paciente como um ser humano, pelos médicos e pelo Estado, se conformou em grande parte devido a esta compreensão dos direitos básicos da pessoa <www.who.int/entity/genomic/elsi/en>. (VAITSMAN,2005, pag. 608). ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 12ª Edição nº 012 Vol.01/2016 Dezembro/2016 4 Humanização hospitalar: o estudo do espaço de internação psiquiátricas Dezembro/2016 A discussão sobre humanização vai além do próprio conceito de cura dos pacientes em relação ao espaço, tem a relação com a satisfação do usuário com o espaço que está utilizando, na área da saúde tem-se desenvolvido pesquisas a esse respeito. Essas pesquisas vieram focalizar as distintas dimensões que envolvem o cuidado a saúde, desde a relação médico-paciente até a qualidade das instalações, passando pela qualidade técnica dos profissionais da saúde (VAITSMAN,2005). Aimportância da relação equipe de saúde e usuário que, quando satisfatória, tem grande influência na satisfação e evolução do tratamento do paciente. A equipe deve saber lidar com as emoções e as dimensões subjetiva e social da pessoa, além de adquirir sensibilidade para a escuta. Sugere algumas medidas fundamentais para incrementar politicas de humanização em saúde: - Publicação de normas e portarias para fornecer o suporte legal; - Investimento nas organizações, criando ambientes mais propícios e acolhedores; - Difusão de novos protocolos, visando à sensibilização e capacitação de uma cultura institucional menos autoritária e voltada para as necessidades do usuário; - Divulgação ampla de conteúdos e praticas que deem oportunidades ao usuário de escolher com maior autonomia e esclarecimento e o prepare para estabelecer relaçõessimétricas com o profissional de saúde; - Combinação da abordagem de saúdepublica com a médica e social; - Criação de programas e politicas melhores desenhados que possibilitem a gestão das organizações caminhar em direção à humanização e inclusão social. (BOARETO 2014). Outro ponto citado em algumas referências é a humanização dos espaços, e a arquitetura pode contribuir com a criação desses espaços, que trazem maior conforto ambiental, na utilização de cores, texturas e iluminação. Segundo (CAVALCANTI,2002) as soluções possíveis para garantir a qualidade desejadas ao ambiente hospitalar são: - Proporcionar conforto visual, sonoro e higrotérmico no interior do edifício; Possibilitar ao paciente realizar escolhas e controlar as condições ambientais; Promover a estimulação sensorial (equilíbrio, tato, visão, audição, e paladar-olfato) dos usuários do espaço, o qual deve apresentar características como dinamismo e interesse; Assegurar a integração interior-exterior, possibilitando a visualização e o contato com a natureza; Incorporar elementos artísticos e decorativos ao espaço; Conferir a privacidade necessária ao paciente; ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 12ª Edição nº 012 Vol.01/2016 Dezembro/2016 5 Humanização hospitalar: o estudo do espaço de internação psiquiátricas - Dezembro/2016 Permitir a manutenção do contato com os familiares. Miquelin (1992) ressalta os aspectos básicos que devem ser analisados acerca da iluminação: níveis de iluminação de acordo com as exigências do conforto humano; sistemas de iluminação que podem ser direto, indireto ou misto; tipo de fonte de luz; eficiência luminosa; reprodução da cor. No caso dos hospitais, os diferentes tipos de usuários e as diversas atividades requerem estudos específicos para que proporcionem o bem-estar visual. No ambiente hospitalar, o padecimento dos pacientes que afeta aos seus visitantes e familiares, e a exaustiva rotina do corpo médico e de enfermagem também devem ser levados em consideração na proposta de iluminação. A luz não elimina o sofrimento do paciente, mas pode ameniza-lo através da criação de um ambiente saudável e aconchegante. Ao colaborar com a saúde mental e psicológica dos funcionários o espaço também favorece a otimização da sua produtividade o que inclui o melhor atendimento aos paciente. Como consequência do bem-estar dos usuários do espaço, e da melhoria da imagem da instituição, a adequada proposta de iluminação contribui para que a mesma assegure sua competitividade no mercado. (PATRICIA, 2002, pag. 57). No conceito de conforto acústico deve-se, observar que alguns sons produzidos podem caracterizar conforto: o barulho de uma cascata num jardim interno, o barulho da chuva, canto dos pássaros etc. Esses sons benéficos devem ser, sempre que possível aproveitados nos E.S. Neste sentido as aberturas de um espaço voltado à saúde, em especial das áreas de internação, por exemplo, deverão estar voltadas para locais menos ruidosos. As aberturas normalmente são os pontos mais frágeis à penetração do ruído. (Sistema de Controle das Condições Ambientais de Conforto. Anvisa). A importância da humanização hospitalar deve ser ressaltada nas instituições, tendo a em vista cada vez mais o conforto das pessoas que utilizam o espaço, a exigência das pessoas em um mundo competitivo, a utilização obrigatória de normas técnicas atualizadas e a contratação de profissionais da área da arquitetura, profissionais capacitados para a melhoria desses espaços. 3.Os espaços de tratamento psiquiátrico A busca da conquista da saúde enquanto direito, com um novo modelo de assistência às pessoas, foi, e ainda é articulada por trabalhadores da Saúde Mental, usuários e seus familiares, que reivindicaram, principalmente a partir dos anos 1980, a garantia dos direitos das pessoas com sofrimento psíquico, e que, agora amparados pelos princípios e diretrizes do SUS, de universalidade, integralidade, igualdade, equidade, descentralização e participação da comunidade, têm mais argumentos legais para enfrentar este desafio (Coga&Vizzotto, 1997). Acerca dos obstáculos ao processo de desinstitucionalização da loucura, destacase o risco da redução da reforma a ações de desospitalização. Autores como Dimenstein e Amorim (2009); Amarante (2003); Antunes e Queiroz (2007), Rotelli (2001), entre outros trabalham com a possibilidade de que tal redução se resumiria à saída dos usuários dos hospitais psiquiátricos, sem a real ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 12ª Edição nº 012 Vol.01/2016 Dezembro/2016 6 Humanização hospitalar: o estudo do espaço de internação psiquiátricas Dezembro/2016 desmontagem desses. Nesse caso, não se trata apenas do deslocamento da atenção em saúde mental para serviços substitutivos territoriais integrados à rede de saúde mais ampla, mas sim o desmantelamento completo de uma cultura manicomial, que institucionaliza a loucura, esteja esta dentro ou fora do hospital.(RODRIGUES, 2010). Segundo Rotelli (2001), para que ocorra a desinstitucionalização, é necessária a desmontagem da cultura e da estrutura psiquiátrica que separou a doença da existência do sujeito, dando maior ênfase ao diagnóstico e ao sintoma, do que a sua experiência concreta e as relações que estabelece no corpo social. Ele afirma que o primeiro passo para a desmontagem desta lógica de exclusão é a renuncia à perseguição da cura, tendo como objeto da atenção a sua existênciasofrimento em suas possibilidades de vivenciar novos papéis sociais, novas oportunidades e possibilidades. No texto de Acioly (2009), fala que ao longo do século XX, o hospital psiquiátrico ocupa a dimensão de espaço de tratamento aos socialmente reconhecidos como loucos. Nesse sentido, não representa exatamente o resultado de avançoscientíficos nos modos de “lidar” com o fenômeno loucura ou com a questão da “doença mental”. Do ponto de vista histórico, essencialmente, o hospital psiquiátrico oferece respostas a determinadas demandas sociais, institucionaliza necessidades da sociedade. A suposta finalidade terapêutica seria aquela que se apresenta como a mais explicita dessas demandas sociais em relação ao hospital psiquiátrico, objetivando a supressão do que é estranho no sujeito, isto é, a supressão do conflito como forma de tratamento. Acerca desta questão, GOFFMAN (2001), em Manicômios, prisões e conventos, ao apresentar a noção de instituições totais, destaca que estas se configuram como estufas para mudar pessoas, o que se relaciona à noção de “tratamento” com base na extinção do conflito. A mudança de estratégia do tratamento de doenças mentais exige que seja criada uma rede de cuidados, objetivando o tratamento e a reinserção deste paciente no âmbito social. A articulação dos diversos serviços com os múltiplos espaços da cidade, que substituem o espaço manicomial é de suma importância para o sucesso da emancipação dos doentes mentais. (GONZATTI, 2010). A palavra "manicômio" deriva do grego: "manía" significa loucura e "komêin" quer dizer curar. Portanto, a partir do seu significado, se infere que o manicômio seja um instituto destinado ao tratamento das pessoas com transtornos mentais. O termo se refere aos dois tipos de hospital psiquiátrico, a instituição destinada à "cura" de tais pessoas. No Brasil a rede de atendimento aos pacientes com transtornos metais na rede publica são chamados de CAPS, espaços destinados a acolherer pacientes e familiares. Esses espaços buscam a integração dos pacientes com a ambiente social, esses espaços fazem parte da principal estratégia da reforma psiquiátrica no Brasil.Também existem os espaços de atendimento particular, clínicas especializadas em tratamento de pessoas com algum distúrbiopsicológico, espaços melhores adaptados para permanência prolongada dos paciente. ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 12ª Edição nº 012 Vol.01/2016 Dezembro/2016 7 Humanização hospitalar: o estudo do espaço de internação psiquiátricas Dezembro/2016 Pode ser temerário afirmar que a era asilar tenha sido suplantada no Brasil, considerando que, em muitos casos, o internamento psiquiátrico como ato de exclusão e isolamento ainda persiste em muitas localidades. O que se pode afirmar é que a assistência à saúde mental no Brasil apresenta uma clara tendência para a perda de hegemonia institucional do hospital psiquiátrico e aponta para uma nova convergência no modelo assistencial. Mas, o fato de um serviço ser externo não garante sua natureza não-manicomial e sua qualidade. Uma das críticas mais contundentes da Reforma Psiquiátrica diz respeito à identificação de certo processo de “reinstitucionalização” nas políticas de saúde mental, que é demonstrado pela configuração de uma “CAPScização” do modelo assistencial, na forma como os CAPS são colocados como “centro do sistema” (AMARANTE e TORRE, 2010, p. 130). A rede do CAPSatuam como espaços de cuidado intermediário entre o regime ambulatorial e a internação hospitalar. Esses espaços oferecem atendimento diário às pessoas com algum transtorno mental, realizando acompanhamento clínico e a reinserção social através do acesso ao lazer e trabalho. Os CAPS podem ser de tipo I, II, III, Álcool e Drogas (CAPS AD) e Infanto- Juvenil (CAPSi), e são implantados conforme os parâmetros populacionais, mas levando em consideração as necessidades locais. CAPS I - serviços para municípios de pequeno porte, disponibiliza rede básica de assistência à saúde mental para todos os públicos; CAPS II – serviços para municípios de médio porte, disponibiliza rede básica de assistência à saúde mental juntamente com o CAPs I para o público adulto, atendendo somente durante o dia; CAPS – serviços para municípios de médio porte, disponibiliza serviços assistenciais para o público infantil e adolescente, funcionam no turno diurno; CAPSad – serviços para municípios de médio porte, disponibiliza serviços assistenciais para pessoas com problemas causados pelo álcool e drogas, funcionam durante o dia. CAPS III – serviços para municípios de grande porte, disponibiliza serviços assistenciais 24h, atendendo o público adulto. Obrigatoriamente todas as unidades devem ser compostas por equipes multiprofissionais, com psiquiatra, enfermeiro, psicólogo e assistente social, entre outros. ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 12ª Edição nº 012 Vol.01/2016 Dezembro/2016 8 Humanização hospitalar: o estudo do espaço de internação psiquiátricas Dezembro/2016 Rede de atenção à saúde mental Disponível em:http://www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/pdf/SM_Sus.pdf Os CAPS devem contar com espaçopróprio e adequadamente preparado para atender à suademanda especifica, sendo capazes de oferecer um ambiente adequado e estruturado. Deverão contar, no mínimo, com os seguintes recursos físicos: consultórios para atividades individuais (consultas, entrevistas, terapias); salas para atividades grupais; espaço de convivência; oficinas; refeitório (o CAPS deve ter capacidade para oferecer refeições de acordo com o tempo de permanência de cada paciente na unidade); sanitários; área externa para oficinas, recreação e esportes. ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 12ª Edição nº 012 Vol.01/2016 Dezembro/2016 9 Humanização hospitalar: o estudo do espaço de internação psiquiátricas Dezembro/2016 Embora os primeiros CAPS tenham surgido no país em meados da década de 1980, só a partir de 2002 passaram a receber uma linha específica de financiamento do Ministério da Saúde, quando se observa uma grande expansão desses serviços. Com o cadastramento de 122 novos CAPS em 2011, entre eles cinco CAPSad 24h, a cobertura nacional em saúde mental chegou a 72%, com 1.742 CAPS em funcionamento (BRASIL, 2012). Apesar do crescimento numérico extraordinário dessas unidades de serviço, esses números ainda estão aquém do parâmetro estabelecido pelo Ministério da Saúde, que é de um CAPS para cada 100.000 habitantes. Além disso, a distribuição espacial desses serviços no território nacional também é bastante desigual (BRASIL, 2010). Embora o perfil populacional seja um dos principais critérios para o planejamento da rede de atenção à saúde mental nas cidades, esse é apenas um critério orientador para o planejamento das ações. 3. A saúde mental A questão da saúde mental pode ser compreendida a partir da formação socioeconômica e cultural da cada sociedade, considerando-se sua dinâmica processual em determinados momentos históricos. O binômio saúde/doença tem que ser entendido a partir de um contexto no qual qualidade e modo de vida são determinantes. A doença mental tem muitos fatores, sua etiologia é biológica, psicológica, social e de outros fatores desconhecidos que participam de sua formação (GÓES,2010). Kaplan (1998, p.12) define os transtornos mentais como: Psicóticos: perda do teste de realidade com delírios e alucinações; Neuróticos: sem perda do teste da realidade, baseados principalmente em conflitos intrapsíquicos ou acontecimentos vitais ansiogênicos; aparecem como um sintoma, na forma de uma obsessão, fobia ou compulsão; Funcionais: ausência de um dano estrutural ou fator etiológico claro que explique o comprometimento; Orgânicos: doença causada por um agente especifico que causa uma alteração estrutural no cérebro, geralmente associados com o comprometimento cognitivo. Para se tornar mais fácil o diagnóstico, o tratamento e o reconhecimento desses transtornos, foi criada a Classificação Internacional de Doenças (CID) pela Organização Mundial de Saúde (OMS) afim de promover a comparação internacional das doenças. Desde 1992 o CID encontrase em sua décima revisão, que classifica os transtornos mentais da seguinte forma: - Transtornos mentais orgânicos inclusive os sintomáticos. – Transtornos mentais e comportamentais devido a uso de substancias psicoativas. – Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes. – Transtornos de humor (afetivos) – Transtornos neuróticos, transtornos relacionados aos stress e transtornos somatoformes. – Síndromes comportamentais associadas a disfunções fisiológicas e fatores físicos. – Distorções da personalidade e do comportamento adulto. – Retardo mental. ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 12ª Edição nº 012 Vol.01/2016 Dezembro/2016 10 Humanização hospitalar: o estudo do espaço de internação psiquiátricas Dezembro/2016 – Transtornos do desenvolvimento psicológico. – Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que aparecem habitualmente durante a infância ou a adolescência. – Transtorno mental nãoespecificado. O transtorno mental vem crescendo nessas últimas décadas, ela atinge de 6 a 16 % do sexo masculino e de 2 a 9% do sexo feminino, esse risco é maior no meio urbano que na zona rural. Essas pessoas não são doentes mentais, mas se não forem vigiadas podem cair em estado delirante, não são portadores da doença “construída” mas precisam de um apoio que os permita inserir-se no meio social e na realidade, quando são jovens são rejeitados na escola, ajudando-os a fechar-se no mundo deles criando um isolamento. A população de portadores de transtornos mentais desenvolvem-se notavelmente por diversos fatores sociais. PESSINI 2006, diz que é a dimensão do sofrimento, que pode ter múltiplos fatores causais num capítulo de alta complexidade na área da saúde mental. Entre inúmeras situações críticas que podem desencadear sofrimento psíquico, lembramos o enfrentamento da própria morte. Brotam sentimentos caracterizados por mudanças de humor, sentimento de perda do controle sobre o processo de morrer, perda de esperanças e sonhos ou necessidade de redefinir-se perante o mundo. A população que sofre de algum transtorno mental é reconhecida como uma das mais excluídas socialmente. Essas pessoas apresentam redes sociais menores do que a média das outras pessoas. Para Fernandes e Moura (2009) a segregação não é apenas fisicamente, permeia o corpo social numa espécie de barreira invisível que impede a quebra de velhos paradigmas. Vários estudos demonstram que a pessoa que sofre de transtorno mental severo e persistente, quando inserido em redes fortes de troca e suporte apresentam maior probabilidade de êxitos positivos no tratamento (MANGUIA e MURAMOTO, 2007). Instalado forçosamente na periferia do espaço social, nos confins do espaço urbano, nos limites da cidade e da razão, o louco como um não sujeito e como um quase sujeito seria ativamente convertido em sujeito da razão e da vontade, mediante as técnicas de sociabilidade asilar impostas pelo tratamento moral (BIRMAN, 1992, p. 75). Acioly fala em seu texto que as formas atuais de tratamentos psiquiátricos visam que o paciente seja razoável e sociável. Os discursos terapêuticos tem uma perspectiva de restaurar ou preencher uma certa lacuna, tornando o paciente um cidadão moderno. Na busca de promover a convivência do paciente, o tratar ele inclui uma perspectiva de adequar suas ações e seu comportamento para que seja aceito na sociedade. Nesse sentido a autora concorda com COSTA (2003) de que os serviços de atenção em saúde mental que visam substituir o hospital psiquiátrico, tais como os CAPS, devem ter a capacidade de se relacionar com a experiência da loucura em suas diferentes formas de expressão sem a intenção de moldála, discipliná-la. ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 12ª Edição nº 012 Vol.01/2016 Dezembro/2016 11 Humanização hospitalar: o estudo do espaço de internação psiquiátricas Dezembro/2016 Ainda segundo ela énecessário que esses serviços possam ir além da aplicação de psicofarmacos e terapias, enfim, fomentar - e, algumas vezes, viabilizar - o diálogo entre a chamada loucura e a cidade. De acordo com COSTA (2003), a arte pode ser um meio para isso, não no sentido de possibilitar interpretações da loucura, mas da convivência entre os ditos não-loucos e os chamados loucos. A exclusão social dos portadores de transtorno mental fomenta e perpetua o dualismo segregacionista entre “normais” e “anormais”, limitando ou mesmo aniqui- lando a subjetividade e o individualismo daqueles cidadãos que nãosão produtivos ou nãosãohomogêneos diante da sociedade estruturada no sistema neoliberal. Essa legalização da exclusão, edificada durante séculos nas políticaspúblicas de saúde no tocante a minorias, perdeu espaço depois da reforma psiquiátrica e de outros movimentos como a luta antimanicomial. 5.Conclusão O estudo feito sobre a humanização hospitalar conclui-se que para um bom resultado em atendimento aos pacientes, assim como ambiente de trabalho hospitalar, deve-se estar atendo a algumas normas, devemos como profissional ter o cuidado de atender esse público conforme a necessidade de cada um, tornando os espaços mais agradáveis possíveis. Espaços humanizados pensados por profissionais da arquitetura podem fazer a diferença no tratamento de pessoas dentro de hospitais. Estudos mostram que através de algumas ações pode-se obter uma cura mais rápida de pacientes, essas ações podem ser feitas em conjunto com profissionais e instituições, que preocupam-se com a qualidade do atendimento. A conscientização das instituições de que a humanização deve ser levada a sério e que os benefícios para saúde dos pacientes é o primeiro passo para que tenhamos melhores espaços de atendimento que contribuam efetivamente para a melhora no tratamento e recuperação de pacientes. Ao examinar os espaços destinados a saúde mental no Brasil nota-se que vem se modificando com a reforma psiquiátrica, espaços que poderiam ser melhores para um atendimento de qualidade estão divididos conforme a necessidade. Não se veem espaços humanizados conforme deveriam ser para que déssemos mais atenção para essas pessoas.A reforma psiquiátrica vem trazendo novas ideias para o atendimento de pessoas com algum transtorno mental, propondo novos modos de atenção a esses pacientes, acompanhando novas tendências mundiais para alguns tipos de tratamentos psiquiátricos. A forma de como são tratadas essas pessoas e o local destinados a esses tratamentos estão se adaptando a evolução do mundo moderno. A população mundial com algum tipo de transtorno psicológico vem crescendo, doenças mentais ou algum tipo de transtorno que necessitam de tratamentos especiais estão mais comuns. Refletindo a forma de vida atual do ser humano, a relação dos pessoas e a forma de como vive a nossa sociedade. Pessoas com algum tipo de transtorno mental devem ser tratadas adequadamente por profissionais capacitados e em locais específicos para isso, pois requerem cuidados maiores e não devem ser esquecidas pelasfamílias e amigos, para poderem se recuperar da melhor forma para que não sejam vistos como um problema para a nossa sociedade. ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 12ª Edição nº 012 Vol.01/2016 Dezembro/2016 12 Humanização hospitalar: o estudo do espaço de internação psiquiátricas Dezembro/2016 Referências ACIOLY, Yanee. Reforma Psquiatrica:Construção de outro lugar social para a loucura?Seminário Nacional Sociologia e Política UFPR 2009 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência a Saúde. Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar. Brasília. BRASIL, Ministério da Saúde. Manual do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar – PNHAH. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. BOARETO, C. 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