Um algoritmo de decisão para a lógica do plausível Tiago Augusto dos Santos Boza¹ Hércules de Araujo Feitosa² ¹ Faculdade de Filosofia e Ciências – Unesp – Campus de Marília ² Departamento de Matemática, Faculdade de Ciências – Unesp – Campus de Bauru Resumo: Esse trabalho tem como objetivo apresentar a lógica proposicional do plausível, originalmente introduzida em versão hilbertiana, em uma versão de tableaux. Com isso, pretende-se obter um algoritmo decisório para determinação das fórmulas válidas para esta lógica não-clássica, que é um caso particular lógica modal. Palavras Chave: Tableaux, Plausível, Lógicas Modais. A meta deste trabalho é a apresentação de um sistema de dedução para a Lógica Proposicional do Plausível num algoritmo mais eficiente do que a abordagem hilbertiana, na qual ela foi inicialmente apresentada. O objetivo foi alcançado através do sistema de tableaux para esta lógica modal, que aqui denotamos por TPl. A Lógica Proposicional do Plausível (LPP), que foi introduzida por Feitosa, Grácio e Nascimento (2009), inclui um novo operador modal, o operador do plausível, denotado por ∇, e estende conservativamente a Lógica Proposicional Clássica (LPC): (LPC) Axiomas da LPC (MP) A, A → B ⊢ B. Com o acréscimo dos seguintes axiomas e regra de dedução específicos para ∇: (Ax1) (∇A∧∇B) → ∇(A∧B) 572 (Ax2) (∇A∨∇B) → ∇(A∨B) (Ax3) ∇A → A (Ax4) ∇(A∨¬A) (R∇) A↔B ⊢ ∇A↔∇B. Tais axiomas e regras específicos possuem a motivação de capturar as seguintes noções intuitivas, advindas do conceito de pseudotopologia: (Ax1) Se A é plausível e B é plausível, então A∧B é plausível; (Ax2) Se A é plausível ou B é plausível, então A∨B é plausível; (Ax3) Se A é plausível, então A vale; (Ax4) Todo teorema é plausível; (R∇) Garante que se duas proposições A e B são equivalentes, então também são equivalentes ∇A e ∇B. Como modelos desta lógica, Feitosa, Grácio e Nascimento (2009) introduzem as álgebras do plausível. Esta versão proposicional foi motivada por uma lógica de primeira ordem acrescida de um quantificador generalizado, um caso de lógica modulada, introduzida por Grácio (1999). Uma lógica modulada é aquela que insere um novo quantificador, neste caso, o quantificador da ubiquidade ou quantificador do plausível, denotado por U. Este novo quantificador não pode ser definido a partir dos quantificadores lógicos clássicos “para todo” e “existe algum”. Grácio denominou aquela lógica de Lógica do Plausível. A Lógica do Plausível é determinada por todos os axiomas da Lógica Clássica de Primeira Ordem, acrescidos de axiomas específicos para o novo quantificador U. Para interpretar os elementos de tal lógica, Grácio introduziu os espaços pseudotopológicos, uma variação do conceito de espaço topológico. As estruturas e modelos da Lógica do Plausível são estruturas de primeira ordem estendidas por espaços pseudotopológicos sobre o domínio da estrutura dada. 573 Já a Lógica Proposicional do Plausível (LPP) mantém o conceito de espaço pseudotopológico como ambiente semântico, mas faz a formalização lógica no contexto proposicional. O método dos tableaux é baseado em refutação, isto é, para se verificar a validade de uma fórmula A, em um sistema lógico, considera-se como hipótese a sua negação, ou seja, assumimos que vale ¬A e, então, utilizando uma estrutura que se assemelha a uma árvore ordenada diádica, aplica-se regras do sistema de tableaux. Agora, sucintamente, apresentamos um sistema de tableaux para a LPP. O sistema de tableaux para a LPP será denotado por TPl. A linguagem de TPl é determinada pelos seguintes itens: (i) O alfabeto de TPl é constituído pelo alfabeto da LPC, acrescido do operador ∇; (ii) O conjunto de fórmulas de TPl é definido recursivamente pelas fórmulas da LPC acrescido da seguinte cláusula: Se A é uma fórmula, então ∇A também é uma fórmula; (iii) O conjunto de regras de dedução do sistema TPl é formado pelas regras de dedução dos tableaux da LPC acrescido das regras de dedução específicas para o operador ∇, que são: (R∇1) ∇A ⊢ A (R∇2) ¬∇A, A ⊢ ⊥, onde ⊥denota uma contradição qualquer; (R∇3) ¬∇(A∧B) ⊢ ¬∇A∨¬∇B (R∇4) ¬∇(A∨B) ⊢ ¬∇A∧¬∇B (R∇5_A) ¬∇(A→B) ⊢ ¬∇(¬A∨B) (R∇5_B) ¬∇(A↔B) ⊢ ¬∇((A→B)∧(B→A)) (R∇6) ⊩A↔B ⊢ (∇A∧∇B)∨(¬∇A∧¬∇B) (iv) Um ramo do tableau fecha ao obtermos fórmulas contraditórias no mesmo ramo ou ainda o símbolo de contradição denotado aqui por ⊥. 574 As regras de dedução específicas do operador ∇ adicionam pelo menos uma nova fórmula ao final de cada ramo que contém a premissa da regra. A motivação intuitiva para as regras são as seguintes: (R∇1) Naturalmente, segue do axioma (Ax3); (R∇2) Esta regra nos permite a obtenção da validade do axioma (Ax4). Notemos que esta regra dá exatamente o caráter algorítmico desejado. Já que, quando encontramos uma expressão ¬∇A, então testamos A. Se A é válida, isto é, o tableau de ¬A fecha, então incluímos o símbolo de contradição ⊥ e fechamos o tableau, pois quando A é válida, existe um tableau que se fecha para ¬A. Em caso contrário, expandimos o tableau com uma das outras regras: (R∇3) e (R∇4) dão conta dos axiomas (Ax1) e (Ax2); (R∇5_A) e (R∇5_B) têm apenas a função de dar caráter algorítmico ao tableau ao dizer exatamente qual caminho a ser seguido; (R∇6) Esta regra tem a incumbência de validar a regra (R∇), que apenas se aplica sobre bicondicionais sabidamente válidas. Finalmente, com estas regras mostramos que tal sistema é correto, completo e decisório, ou seja, para cada fórmula dada podemos decidir se ela é válida ou não, através deste novo sistema. Referências: [1] H. A. FEITOSA, M. C. NASCIMENTO, M. C. C. GRÁCIO. A propositional version of the logic of the plausible. In: Cezar Mortari e Luiz Henrique Dutra. (Org.). Simpósio Internacional Principia - Rumos da Epistemologia. Florianópolis: NEL/UFSC, v. 9, p. 185-196, 2009. [2] M. C. C. GRÁCIO. Lógicas moduladas e raciocínio sob incerteza. Doctor Thesis (in Portuguese), Institute of Philosophy and Human Sciences, State University of Campinas, Campinas, Brazil, p. 194, 1999. 575