Banco Mundial Comunicado à imprensa No. 2002/225/S Contatos: Ana E. Luna (202) 473-2907 [email protected] Stevan Jackson (202) 458-5054 [email protected] Cynthia Case McMahon (TV/Rádio) (202) 473-2243 [email protected] BANCO MUNDIAL PREVÊ RECUPERAÇÃO GLOBAL E PEDE MAIOR ASSISTÊNCIA AOS PAÍSES POBRES WASHINGTON, 13 de março de 2002 – Os países em desenvolvimento que atualmente sofrem com a recessão econômica mundial deverão retomar o crescimento neste ano. Mas as taxas de crescimento em muitos países pobres ainda será lenta demais para uma redução rápida da pobreza. A produção econômica dos países em desenvolvimento deverá aumentar 3,2 por cento neste ano, uma taxa apenas um pouco maior do que em 2001. Eles deverão continuar a crescer mais rapidamente que os países ricos, que apesar dos sinais de recuperação deverão registrar um crescimento de apenas 0,8 por cento em 2002, aproximadamente a mesma taxa do ano passado, segundo o Global Development Finance, relatório anual do Banco sobre as finanças externas dos países em desenvolvimento. O crescimento nos países em desenvolvimento deverá acelerar-se para 5 por cento em 2003. Contudo, a recuperação será menos pronunciada em muitas economias mais pobres e dependentes de produtos primários, em virtude da continuada abatimento dos preços daqueles produtos. Esses países ficarão aquém das taxas de crescimento necessárias para atingir a meta internacional de redução pela metade do número das pessoas em situação de pobreza extrema entre 1990 e 2015. Os líderes mundiais fixaram a redução da pobreza como o elemento central das Metas de Desenvolvimento do Milênio, aprovadas na Cúpula das Nações Unidas no ano passado. O Banco Mundial está instando os países ricos a demonstrar o seu empenho nessas metas por meio da Banco Mundial /Global Development Finance 2002 Página 1 de 5 abertura dos seus mercados aos produtos dos países em desenvolvimento e do aumento da assistência aos países de baixa renda que usam a assistência eficazmente. “Muitos países em desenvolvimento melhoraram as suas políticas, instituições e desempenho na última década. Tendo em vista que a assistência é cada vez mais canalizada para esses países, ela é mais eficaz do que nunca”, afirma o Economista Chefe do Banco Mundial, Nicholas Stern. “Mas mesmo os países pobres mais bem sucedidos sofrem com a desaceleração do crescimento, com a deterioração dos preços das mercadorias e com a redução da assistência”. Segundo o Global Development Finance 2002, o desaquecimento da economia mundial é excepcionalmente profundo e amplo, visto que a desaceleração das taxas de crescimento foi igualmente rápida tanto para os países ricos quanto para os em desenvolvimento. Nos últimos 40 anos, a desaceleração do PIB mundial só foi maior em 1974, na primeira crise do petróleo. Os países dependentes das exportações de produtos primários estão sofrendo mais agora porque os preços de mercadorias tão diversas como café, algodão, arroz, soja e metais preciosos estão próximos ou já desceram aos níveis mais baixos de toda a sua história. Países que dependem do turismo também sofreram em virtude da redução das viagens depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 em Washington e Nova York. O acesso de muitos países em desenvolvimento aos mercados de capital diminuiu em virtude da redução global dos empréstimos internacionais, da crescente incerteza entre os investidores e da menor disposição em assumir riscos. Os fluxos de investimentos estrangeiros diretos (IED), que têm sido mais estáveis do que os fluxos dos mercados de capital, mudaram pouco em relação ao ano anterior; os US$168 bilhões alcançados em 2001 representam uma queda de apenas US$15 bilhões em relação ao nível mais alto, atingido em 1999. Ao todo, os fluxos líquidos de capital privado a longo prazo para os países em desenvolvimento caíram em 2001 pelo quinto ano seguido para cerca de US$234 bilhões, US$30 bilhões a menos do que no ano anterior Assistência governamental líquida a países em e mais de US$100 bilhões menos do desenvolvimento que no ano recordista de 1997. (US$ bilhões) A assistência governamental para o desenvolvimento (AGD) caiu, aumentando a defasagem entre a disponibilidade de assistência e as necessidades dos países mais pobres. A AGD declinou abruptamente na década de 90, após o término da Guerra Fria, recuperou-se brevemente como reação à crise financeira da Ásia Oriental e, nos últimos dois anos, caiu novamente. Em 2001, o total da AGD foi 20 por Banco Mundial /Global Development Finance 2002 60 50 40 30 20 10 0 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Fonte: OCDE, CAD e Sistema de Registro da Dívida e estimativas do Banco Mundial Página 2 de 5 cento menor do que em 1990, em dólares corrigidos pela inflação do período. Países ricos instados a fortalecer seu apoio às metas de desenvolvimento do milênio Segundo Stern, o relatório ressalta a necessidade de que os líderes mundiais adotem medidas específicas para formar uma parceria mais firme e duradoura em prol do desenvolvimento quando se reunirem em Monterrey, no México, na Conferência Internacional sobre o Financiamento do Desenvolvimento. “Um número crescente de países pobres está instituindo políticas, instituições e formas de bom governo necessárias para atingir o crescimento sustentável favorável aos pobres”, afirma o Economista do Banco Mundial, Nick Stern. “A reunião de Monterrey constitui uma oportunidade histórica para que os países mais ricos demonstrem o seu apoio a essas iniciativas por meio da constante abertura dos seus mercados e do aumento substancial da assistência”. Cinco países doadores alcançaram ou ultrapassaram a meta internacional de contribuição de 0,7 por cento de seu PIB para a assistência ao desenvolvimento, mas, embora a necessidade de assistência continue a crescer, muitos outros países ainda estão distantes dessa meta e. O Banco Mundial calcula que serão necessários de US$40 a US$60 bilhões em assistência adicional por ano para atingir as Metas de Desenvolvimento do Milênio, desde que os países em desenvolvimento apresentem um melhor desempenho. Essas metas visam reduzir pela metade o número de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia em relação a 1990 e a melhorar substancialmente a saúde e a educação nos países em desenvolvimento até 2015. A abertura dos mercados dos países ricos para as exportações dos países em desenvolvimento, inclusive para produtos têxteis e agrícolas, é um elemento chave da nova parceria para o desenvolvimento. A decisão tomada na Organização Mundial do Comércio (OMC) em Doha, em novembro passado, de iniciar uma rodada de negociações multilaterais de comércio concentradas no desenvolvimento poderá ser um passo importante nessa direção. “Os países industriais estão aumentando a assistência técnica relacionada ao comércio para os países em desenvolvimento, conforme prometido em Doha”, afirma Uri Dadush, Diretor do Grupo de Políticas e Perspectivas Econômicas, acrescentando, contudo, que “a assistência técnica não pode substituir a abertura dos mercados”. Países pobres cada vez mais integrados ao sistema financeiro mundial Até mesmo os países mais pobres estão cada vez mais integrados ao sistema financeiro mundial, por exemplo, por meio da autorização para que bancos estrangeiros funcionem nos seus territórios e da atração de investimentos estrangeiros. Embora esses países ainda tenham dificuldades para levantar empréstimos nos mercados de capital, quando se leva em conta o tamanho de suas economias eles atraem o mesmo montante de IED que os países em desenvolvimento de renda média. Banco Mundial /Global Development Finance 2002 Página 3 de 5 “Apesar da sua falta de acesso aos mercados de capital, a integração dos países pobres à economia mundial significa que eles enfrentam desafios de políticas semelhantes aos países de renda média, inclusive como lidar com a mobilidade do capital”, afirma William Shaw, principal autor do relatório. Países com condições propícias aos investimentos – inclusive políticas, governança e instituições eficazes, infra-estrutura adequada e regulamentação apropriada – têm melhores condições de aumentar o volume e a produtividade dos investimentos tanto nacionais quanto estrangeiros, acrescenta Shaw. Por exemplo, países pobres com melhores políticas conseguiram aumentos muito mais rápidos de IED do que os países pobres com políticas inadequadas e também foram capazes de absorver as tecnologias avançadas e as aptidões que geralmente acompanham os IED. Residentes de países pobres com políticas de investimentos mais atraentes que a média só mandaram para fora do país um sexto do capital exportado pelos residentes dos países onde o clima para os investimentos está abaixo da média. Melhores políticas também permitiram que alguns países pobres atraíssem fluxos mais diversificados de IED – a parcela de IED destinada aos países pobres dedicada à exportação de recursos naturais diminuiu bastante na década de 90. Da mesma forma, países que criaram as condições de concorrência necessárias para atrair bancos estrangeiros conseguiram maior eficiência dos seus bancos nacionais e, conseqüentemente, uma redução dos custos da intermediação financeira. Recuperação começará no final desse ano O relatório conclui que as conseqüências econômicas dos eventos de 11 de setembro atrasaram em cerca de dois trimestres a recuperação prevista da economia mundial. Contudo, à medida em que se revertem muitas das reações mais fortes aos ataques terroristas e os sinais de uma recuperação nos Estados Unidos e nos setores de alta tecnologia começam a se intensificar, esperam-se índices mais dinâmicos de crescimento na segunda metade de 2002. Crescimento do PIB nas regiões em desenvolvimento 7 6 2001 2002 2003 2004 5 4 3 2 1 0 East Asia South Asia LAC CEE/CIS MENA Africa Fonte: Banco Mundial, dados e projeções da EPPG Banco Mundial /Global Development Finance 2002 Página 4 de 5 O relatório projeta um crescimento de 3,6 por cento no PIB mundial em 2003, que representa um avanço em relação a 2001 e 2002, mas ainda aquém da percentagem mais alta de 3,9 alcançada em 2000. Em 2003, a recuperação deverá ser mais forte no Leste da Ásia, região cujos países beneficiaram-se de medidas internas de estímulo e onde um fortalecimento dos setores de alta tecnologia poderia novamente ter efeitos positivos.. Em seu conjunto, os países latinoamericanos também deverão recuperar-se do lento crescimento de 2002, mas deverão crescer menos rapidamente que os países asiáticos, tendo em vista as altas limitações financeiras e a expectativa de aumento apenas modesto nos preços dos produtos primários. Os preços baixos dos produtos primários também continuarão a inibir o crescimento econômico em alguns dos países mais pobres, particularmente na África Subsaariana. O crescimento no Sul da Ásia continuará dinâmico, ao passo que o declínio recente nos preços do petróleo deverá limitar o crescimento no Oriente Médio e Norte da África. A recuperação na Europa Central e Oriental será estimulada pelo crescimento mais acelerado na União Européia, enquanto que o declínio recente no preço do petróleo limitará o crescimento na Rússia e em alguns outros países da CIS. -###Jornalistas podem acessar o material antes da expiração do embargo por meio do Centro de Informações à Imprensa do Banco Mundial na Internet, no endereço http://media.worldbank.org/secure/ Jornalistas credenciados que ainda não têm uma senha podem solicitá-la preenchendo o formulário de inscrição encontrado no endereço: http://media.worldbank.org/ O resumo do relatório e material conexo está à disposição do público na World Wide Web imediatamente após a expiração do embargo no endereço: http://www.worldbank.org/prospects/gdf2002 Solicita-se que os meios de comunicação incluam esse endereço da Web na sua cobertura deste relatório Banco Mundial /Global Development Finance 2002 Página 5 de 5