1 CURSO DE BIOSSEGURANÇA Este curso se propõe a dar conhecimentos importantes sobre biossegurança, incluindo leis, procedimentos, ações de socorro em casos de acidentes, etc. Este curso foi elaborado pelo Prof. Estevão Julio Walburga Keglevich de Buzin (Biólogo, especialista em recursos hídricos, Mestre em Agronegócios) e pela Profª Ivonete Parreira (Historiadora, Médica veterinária e Mestre em Sanidade Animal). Caso possuir sugestões ou informações complementares, contate-nos. ÍNDICE A BIOSSEGURANÇA ........................................................................................... 04 BIOSSEGURANÇA EM ODONTOLOGIA ............................................................ 28 IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO ....................................................................... 29 CENTRAL DE ESTERILIZAÇÃO .......................................................................... 34 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA ESTERILIZAÇÃO ....................................... 36 ARTIGOS A SEREM ESTERILIZADOS ............................................................... 37 DA VALIDAÇÃO DO PROCESSO DE ESTERILIZAÇÃO ................................... 37 EQUIPE DE ESTERILIZAÇÃO ............................................................................. 38 BIOSSEGURANÇA EM CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO .............................. 39 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (E.P.I.) .................................... 39 NORMAS PARA O ATENDIMENTO AO PACIENTE ........................................... 40 CUIDADOS COM O MATERIAL PARA ATENDIMENTO CLÍNICO ..................... 43 DESINFECÇÃO DE MATERIAIS DE MOLDAGEM ............................................. 45 VACINAS .............................................................................................................. 46 DESCARTE DE RESÍDUOS CONTAMINADOS E MEIO AMBIENTE ................. 46 BIOSSEGURANÇA EM TUBERCULOSE NA UNIDADE DE SAÚDE E NO LABORATÓRIO..................................................................................................... 55 www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 2 MEDIDAS IMPORTANTES QUE EVITAM O CONTÁGIO................................... 56 BIOSSEGURANÇA NA COLETA E TRANSPORTE DA AMOSTRA.................... 58 BIOSSEGURANÇA NA REALIZAÇÃO DA BACILOSCOPIA .............................. 59 BIOSSEGURANÇA NA REALIZAÇÃO DA CULTURA ....................................... 61 A POSTURA EM LABORATÓRIO....................................................................... 63 PROCEDIMENTOS DE BIOSSEGURANÇA PARA EVITAR ACIDENTES E CONTAMINAÇÃO................................................................................................. 63 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)....................................... 65 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA (EPC)......................................... 66 CAIXA DE PRIMEIROS SOCORROS................................................................... 68 SINALIZAÇÃO....................................................................................................... 69 RISCOS NO TRABALHO COM AGENTES BIOLÓGICOS................................... 70 FORMAS DE INFECÇÃO POR MICRORGANISMOS.......................................... 70 MANIPULAÇÃO DE PLANTAS ............................................................................ 71 MANIPULAÇÃO DE INVERTEBRADOS............................................................. 72 MANIPULAÇÃO DE VERTEBRADOS.................................................................. 74 MANIPULAÇÃO DE AVES.................................................................................... 74 MANIPULAÇÃO DE ANFÍBIOS............................................................................. 75 MANIPULAÇÃO DE RÉPTEIS ............................................................................. 75 MANIPULAÇÃO DE MAMÍFEROS....................................................................... 76 ANIMAIS E PRINCIPAIS DOENÇAS TRANSMITIDAS ....................................... 77 OS BIOTÉRIOS.................................................................................................... 80 AGENTES QUÍMICOS ........................................................................................ 81 SUBSTÂNCIAS RADIOATIVAS......................................................................... 103 BIOSSEGURANÇA EM RAIOS X....................................................................... 108 NORMAS DE BIOSSEGURANÇA EM RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA.......... 109 ANIMAIS PEÇONHENTOS................................................................................. 111 A BIOSSEGURANÇA EM ARQUITETURA DE BIOTÉRIOS.............................. 122 CARACTERIZAÇÃO DE BIOTÉRIOS................................................................. 123 TIPOS DE BIOTÉRIOS........................................................................................124 CRITÉRIOS GERAIS DE PROGRAMAÇÃO....................................................... 124 www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 3 IMPLANTAÇÃO DO BIOTÉRIO........................................................................... 125 CONDIÇÕES AMBIENTAIS – ASPECTOS RELEVANTES................................ 126 CONSIDERAÇÕES SOBRE O MICRO-AMBIENTE............................................129 RISCOS PROVENIENTES DO MANEJO DE ANIMAIS...................................... 130 NÍVEIS DE CONTENÇÃO FÍSICA....................................................................... 130 BARREIRAS PRIMÁRIAS.................................................................................. 131 BIOSSEGURANÇA: RISCOS E PERIGOS ....................................................... 135 QUALIDADE EM BIOSSEGURANÇA............................................................... 135 RISCO................................................................................................................. 135 PERIGO.............................................................................................................. 135 ACIDENTES....................................................................................................... 136 GRANDES CAUSAS DE ACIDENTES............................................................... 136 CARACTERÍSTICAS DAS EXPOSIÇÕES A MATERIAIS BIOLÓGICOS........... 137 RISCOS BIOLÓGICOS e PROFISSIONAIS DE SAÚDE................................... 140 CONTEÚDO A CONSTAR NA FICHA DE ANAMNESE.................................... 141 EXPRESSÕES TÉCNICAS EM BIOSSEGURANÇA........................................ 143 UTILIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE LABORATÓRIO................................ 146 DICAS IMPORTANTES...................................................................................... 148 SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS................................................................. 149 NORMAS BÁSICAS PARA CONSUMO DE ALIMENTOS.................................. 151 DO USO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS.................................................... 152 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 153 AVALIAÇÕES ................................................................................................... 160 www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 4 MODULO 1 A BIOSSEGURANÇA A Biossegurança pode ser considerada como a soma de todas as ações relacionadas com a preservação e segurança da vida. Nela incluem-se procedimentos de esterilização, de proteção individual, normas para se evitar acidentes e procedimentos para socorro de acidentes químicos, físicos e biológicos. É muito importante que se tenha consciência de que conceitos e métodos abordados neste curso podem ser perfeitamente aplicáveis em outras áreas, além das mencionadas. O Governo brasileiro acaba de elaborar uma lei sobre BIOSSEGURANÇA; é considerada uma das leis mais atuais do mundo nesta temática. Veja o conteúdo completo: CASA CIVIL SUBCHEFIA DE ASSUNTOS PARLAMENTARES PROJETO DE LEI Foi publicada, em 28.3.2005, a Lei nº 11.105, de 24.3.2005, resultante do Projeto de Lei nº 2401, de 2003, mais conhecido como Projeto da Lei de Biossegurança, ou “PL da Biossegurança” (BRASIL, 2005). Estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados - OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança - CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança e dá outras providências. O CONGRESSO NACIONAL decreta: CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 5 Art. 1o Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização da construção, cultivo, produção, manipulação, transporte, transferência, comercialização, importação, exportação, armazenamento, pesquisa, consumo, liberação e descarte dos organismos geneticamente modificados - OGM e seus derivados, visando proteger a vida e a saúde humana, dos animais e das plantas, bem como o meio ambiente. Art. 2o As atividades previstas no art. 1o deverão atender ao disposto nesta Lei e na Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, e nos seus regulamentos, como forma efetiva de prevenção e mitigação de ameaça à saúde humana e da degradação ambiental, observado o Princípio da Precaução. Art. 3o As atividades e projetos relacionados ao ensino com manipulação de organismos vivos, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico e de produção industrial, que envolvam OGM e seus derivados, ficam restritos ao âmbito de entidades de direito público ou privado, que serão tidas como responsáveis pela obediência aos preceitos desta Lei e de sua regulamentação, bem como pelos eventuais efeitos ou conseqüências advindas de seu descumprimento. § 1o Para os fins desta Lei, consideram-se atividades e projetos no âmbito de entidades como sendo aqueles conduzidos em instalações próprias ou sob a sua responsabilidade técnica ou científica. § 2o As atividades e projetos de que trata este artigo são vedados a pessoas físicas enquanto agentes autônomos independentes, mesmo que mantenham vínculo empregatício ou qualquer outro com pessoas jurídicas. § 3o Sem prejuízo da aplicação das regras de biossegurança previstas nesta Lei, o Poder Público adotará tratamento simplificado às atividades de pesquisa, www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 6 respeitando a finalidade da atividade, o tipo e a classe de risco do OGM, conforme disposto em regulamento. § 4o As organizações públicas e privadas, nacionais, estrangeiras ou internacionais, financiadoras ou patrocinadoras de atividades ou de projetos referidos no caput deste artigo, deverão exigir a apresentação da Autorização Específica de Funcionamento emitida pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização de que trata o art. 14, sob pena de se tornarem co-responsáveis pelos eventuais efeitos advindos de seu descumprimento. Art. 4o Para os efeitos desta Lei, define-se: I - organismo: toda entidade biológica capaz de reproduzir ou de transferir material genético, incluindo vírus, prions e outras classes que venham a ser conhecidas; II - ácido desoxirribonucléico (ADN), ácido ribonucléico (ARN): material genético que contém informações determinantes dos caracteres hereditários transmissíveis à descendência; III - moléculas de ADN/ARN recombinante: aquelas resultantes da modificação de segmentos de ADN/ARN natural ou sintético, assim como as resultantes de sua multiplicação; IV - organismo geneticamente modificado (OGM): organismo cujo material genético (ADN/ARN) tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética; V - engenharia genética: atividade de produção e manipulação de moléculas ADN/ARN recombinante; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 7 VI - derivado de OGM: produto obtido de OGM que não possua capacidade autônoma de replicação ou que não contenha forma viável de OGM; VII - célula germinal humana: célula mãe responsável pela formação de gametas presentes nas glândulas sexuais femininas e masculinas e suas descendentes diretas em qualquer grau de ploidia. Parágrafo único. Não são considerados como OGM aqueles resultantes de técnicas que impliquem a introdução direta, num organismo, de material hereditário, desde que não envolvam a utilização de moléculas de ADN/ARN recombinante ou OGM, tais como fecundação in vitro, conjugação, transdução, transformação, indução poliplóide e qualquer outro processo natural. Art. 5o Esta Lei não se aplica quando a modificação genética for obtida por meio das seguintes técnicas, desde que não impliquem a utilização de OGM como receptor ou doador: I - mutagênese; II - formação e utilização de células somáticas de hibridoma animal; III - fusão celular, inclusive a de protoplasma, de células vegetais, que possa ser produzida mediante métodos tradicionais de cultivo; IV - autoclonagem de organismos não-patogênicos que se processe de maneira natural. Art. 6o É vedado, nas atividades relacionadas a OGM e seus derivados: www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 8 I - qualquer manipulação genética de organismos vivos ou o manejo in vitro de ADN/ARN natural ou recombinante, realizados em desacordo com as normas previstas nesta Lei; II - manipulação genética de células germinais humanas; III - intervenção em material genético humano in vivo, exceto para realização de procedimento com finalidade de diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças e agravos, previamente aprovado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio, pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização competentes e, quando se tratar de pesquisa clínica, pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP, do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde; IV - produção, armazenamento ou manipulação de embriões humanos destinados a servir como material biológico disponível; V - intervenção in vivo em material genético de animais, excetuados os casos em que tais intervenções se constituam em avanços significativos na pesquisa científica e no desenvolvimento tecnológico, respeitando-se princípios éticos, tais como o princípio da responsabilidade e o princípio da prudência, e com aprovação prévia da CTNBio; VI - liberação ou o descarte no meio ambiente de OGM e seus derivados em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio, pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização e constantes na regulamentação desta Lei; VII - fornecimento de produto sem adequada informação ao usuário quanto aos critérios de liberação e requisitos técnicos aplicáveis à manutenção da biossegurança; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 9 VIII - implementação de projeto sem providenciar o prévio cadastramento da instituição dedicada à pesquisa e manipulação de OGM e seus derivados, e de seu responsável técnico, bem como da CIBio; IX - liberação no meio ambiente de qualquer OGM e seus derivados sem o parecer da CTNBio e o licenciamento do órgão ou entidade ambiental responsável, mediante publicação no Diário Oficial da União; X - funcionamento de laboratórios, biotérios, casas de vegetação e estações experimentais que manipulam OGM e seus derivados sem observar as normas desta Lei e da legislação de biossegurança; XI - ausência ou insuficiência de ações voltadas à investigação de acidentes ocorridos no curso de pesquisas e projetos na área de engenharia genética, ou não enviar relatório respectivo à autoridade competente no prazo máximo de cinco dias a contar da data do evento; XII - implementação de projeto sem manter registro de seu acompanhamento individual; XIII - ausência de notificação imediata à CTNBio e às autoridades da saúde pública e ligadas ao meio ambiente, sobre acidente que possa provocar a disseminação de OGM e seus derivados; XIV - ausência de adoção dos meios necessários à plena informação da CTNBio, das autoridades da saúde pública, do meio ambiente, da defesa agropecuária, da coletividade, e dos demais empregados da instituição ou empresa, sobre os riscos a que estão submetidos, bem como os procedimentos a serem tomados, no caso de acidentes. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 10 CAPÍTULO II DO CONSELHO NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA - CNBS Art. 7o Fica criado o Conselho Nacional de Biossegurança - CNBS, vinculado à Presidência da República, órgão de assessoramento superior do Presidente da República para a formulação e implementação da Política Nacional de Biossegurança - PNB, competindo-lhe fixar princípios e diretrizes para a ação administrativa dos órgãos e entidades federais com competências sobre a matéria e apreciar, se entender necessário, em última e definitiva instância, os aspectos de conveniência e oportunidade, os pedidos de autorização para atividades que envolvam a construção, cultivo, produção, manipulação, transporte, transferência, comercialização, importação, exportação, armazenamento, pesquisa, consumo, liberação e descarte de OGM e seus derivados. Parágrafo único. O pronunciamento do CNBS em última e definitiva instância quanto aos aspectos de conveniência e oportunidade requer manifestação favorável do CTNBio e dos órgãos e entidades de registro e fiscalização, bem como determinação do Presidente da República ou solicitação de qualquer de seus membros. Art. 8o O CNBS é composto pelos seguintes membros: I - Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República, que o presidirá; II - Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República; III - Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia; IV - Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 11 V - Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; VI - Ministro de Estado da Justiça; VII - Ministro de Estado da Saúde; VIII - Ministro de Estado Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome; IX - Ministro de Estado do Meio Ambiente; X - Ministro de Estado das Relações Exteriores; XI - Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; e XII - Secretário Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República. § 1o O CNBS reunir-se-á sempre que convocado pelo Ministro de Estado Chefe da Casa Civil, ou mediante provocação de quatro de seus membros, e deliberará mediante resolução. § 2o O CNBS poderá convidar representantes de outros órgãos ou entidades públicas e privadas, para participar de suas reuniões. CAPÍTULO III DA COMISSÃO TÉCNICA NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA - CTNBio Art. 9o A CTNBio, integrante da estrutura básica do Ministério da Ciência e Tecnologia, é instância colegiada multidisciplinar de caráter consultivo e deliberativo, para prestar apoio técnico e de assessoramento ao Governo Federal www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 12 na formulação, atualização e implementação da PNB de OGM e seus derivados, bem como no estabelecimento de normas técnicas de segurança e pareceres técnicos referentes à proteção da saúde humana, dos animais e das plantas e do meio ambiente, para atividades que envolvam a construção, cultivo, produção, manipulação, transporte, transferência, comercialização, importação, exportação, armazenamento, pesquisa, consumo, liberação e descarte de OGM e seus derivados. Parágrafo único. A CTNBio exercerá suas competências acompanhando o desenvolvimento e o progresso técnico e científico na biossegurança, na biotecnologia, na bioética e em áreas afins, visando proteger a saúde do homem, dos animais e das plantas, e o meio ambiente. Art. 10. A CTNBio, composta de membros titulares e suplentes, designados pelo Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia, será constituída por vinte e seis cidadãos brasileiros de reconhecida competência técnica, notório saber científico e com destacada atividade profissional, preferencialmente nas áreas de biologia molecular, biologia, imunologia, ecologia, bioética, genética, virologia, entomologia, saúde pública, segurança e saúde do trabalhador, bioquímica, farmacologia, patologia vegetal e animal, microbiologia, toxicologia, biotecnologia ou biossegurança, sendo: I - dez especialistas de notório saber científico e técnico, em efetivo exercício profissional, representantes de sociedades científicas, sendo dois da área de saúde humana, dois da área animal, dois da área vegetal, dois da área ambiental e dois da área de ciências sociais, indicados pelo CNBS; II - um representante de cada um dos seguintes órgãos, indicados pelos respectivos titulares: a) Ministério da Ciência e Tecnologia; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 13 b) Ministério da Saúde; c) Ministério do Meio Ambiente; d) Ministério do Desenvolvimento Agrário; e) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; f) Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; g) Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca; h) Gabinete do Ministro de Estado Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome; III - um representante de instituição legalmente constituído de defesa do consumidor; IV - um representante de instituição legalmente constituída, representativa do setor empresarial de biotecnologia; V - um representante de instituição legalmente constituída na área de saúde; VI - um representante de instituição legalmente constituída de defesa do meio ambiente; VII - um representante de instituição legalmente constituída da área de bioética; VIII - um representante de instituição legalmente constituída do setor agroindustrial; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 14 IX - um representante de instituição legalmente constituída de defesa da agricultura familiar; X - um representante de instituição legalmente constituída de defesa do trabalhador. § 1o Cada membro efetivo terá um suplente, que participará dos trabalhos na ausência do titular. § 2o O funcionamento da CTNBio e a forma de indicação e escolha dos representantes de que tratam os incisos I e III a X serão definidos pelo regulamento desta Lei. § 3o Os membros da CTNBio deverão pautar a sua atuação pela observância estrita dos conceitos ético-profissionais, declarando-se suspeitos ou impedidos de participar em deliberações que envolvam interesse de ordem profissional ou pessoal, sob pena de perda de mandato, na forma do regulamento. § 4o O quórum de deliberação da CTNBio é de dezessete votos favoráveis. § 5o O quórum de reunião da CTNBio é de dezessete membros presentes, incluindo, necessariamente, a presença de, pelo menos, um representante de cada uma das áreas referidas no inciso I deste artigo. § 6o Entendendo necessário, órgãos e entidades integrantes da administração pública federal poderão solicitar participação nas reuniões da CNTBio para tratar de assuntos de seu especial interesse. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 15 § 7o Poderão ser convidados a participar das reuniões, em caráter excepcional, representantes da comunidade científica, do setor público e da sociedade civil, com direito a voz, mas sem direito a voto. § 8o O Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia designará para mandato de dois anos, renováveis por até dois períodos consecutivos, um dos membros da CTNBio para exercer a presidência da Comissão, a partir de lista tríplice elaborada pelo Colegiado. Art. 11. A CTNBio constituirá subcomissões setoriais específicas permanentes na área de saúde humana, na área animal, na área vegetal e na área ambiental e subcomissões extraordinárias, para análise prévia dos temas a serem submetidos ao plenário da Comissão. § 1o Tanto os membros titulares quanto os suplentes participam das subcomissões setoriais, cabendo a todos a distribuição dos processos para análise. § 2o O funcionamento e a coordenação dos trabalhos nas subcomissões setoriais serão definidos no regimento interno da CTNBio. Art. 12. Compete à CTNBio: I - prestar apoio técnico consultivo e de assessoramento ao CNBS na formulação da PNB de OGM e seus derivados; II - estabelecer, no âmbito de suas competências, critérios de avaliação e monitoramento de risco de OGM e seus derivados; III - proceder à análise da avaliação de risco, caso a caso, relativamente a atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados, a ela encaminhados; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 16 IV - acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico-científico na biossegurança de OGM e seus derivados; V - relacionar-se com instituições voltadas para a biossegurança de OGM e seus derivados, em nível nacional e internacional; VI - estabelecer normas relativamente às atividades e aos projetos relacionados a OGM e seus derivados; VII - propor a realização de pesquisas e estudos científicos no campo da biossegurança de OGM e seus derivados; VIII - estabelecer os mecanismos de funcionamento das Comissões Internas de Biossegurança - CIBio, no âmbito de cada instituição que se dedique ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial que envolvam OGM e seus derivados; IX - emitir parecer sobre qualidade em biossegurança, com vistas à Autorização Específica de Funcionamento, prevista no art. 14, inciso II, para o desenvolvimento de atividades com OGM e seus derivados em laboratório, instituição ou empresa; X - estabelecer requisitos relativos à biossegurança para autorização de funcionamento de laboratório, instituição ou empresa que desenvolverá atividades relacionadas a OGM e seus derivados; XI - definir o nível de biossegurança a ser aplicado ao OGM e seus usos, e os respectivos procedimentos e medidas de segurança quanto ao seu uso, conforme as normas estabelecidas na regulamentação desta Lei, bem como quanto aos seus derivados; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 17 XII - classificar os OGM segundo a classe de risco, observados os critérios estabelecidos no regulamento desta Lei; XIII - emitir parecer técnico prévio, caso a caso, de caráter conclusivo, sobre atividades, consumo ou qualquer liberação no meio ambiente de OGM e seus derivados, incluindo sua classificação quanto ao grau de risco e nível de biossegurança exigido, bem como medidas de segurança exigidas e restrições ao seu uso, encaminhando-os aos órgãos e entidades competentes de registro e fiscalização; XIV - emitir resoluções, de natureza normativa, sobre as matérias de sua competência; XV - apoiar tecnicamente os órgãos competentes no processo de investigação de acidentes e de enfermidades, verificados no curso dos projetos e das atividades com técnicas de ADN/ARN recombinante; XVI - apoiar tecnicamente os órgãos e entidades de fiscalização no exercício de suas atividades relacionadas a OGM e seus derivados; XVII - divulgar no Diário Oficial da União, previamente à análise, os extratos dos pleitos e, posteriormente, dos pareceres dos processos que lhe forem submetidos, bem como dar ampla publicidade no Sistema de Informações em Biossegurança SIB à sua agenda, processos em trâmite, relatórios anuais, atas das reuniões e demais informações sobre suas atividades, excluindo-se as informações sigilosas, de interesse comercial, apontadas pelo proponente e assim consideradas pela CTNBio; XVIII - identificar, visando subsidiar os órgãos e entidades de que trata o caput do art. 14, as atividades e produtos decorrentes do uso de OGM e seus derivados www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 18 potencialmente causadores de significativa degradação do meio ambiente e que possam causar riscos à saúde humana; XIX - prestar esclarecimentos adicionais sobre o parecer técnico, por solicitação dos órgãos e entidades de registro e fiscalização, com vistas à elucidação de questões específicas relacionadas à atividade com OGM e seus derivados; XX - reavaliar suas decisões, por solicitação de seus membros, do CNBS ou dos órgãos e entidades de registro e fiscalização, fundamentada em fatos ou conhecimentos científicos novos, que sejam relevantes quanto à biossegurança do OGM ou derivado, no tempo e modo disciplinados no regimento interno; XXI - apresentar proposta de regimento interno ao Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia. § 1o O parecer técnico prévio conclusivo da CTNBio vincula, se negativo, os demais órgãos e entidades da administração, quanto aos aspectos de biossegurança do OGM e seus derivados por ela analisados. § 2o Concluindo favoravelmente ao seu prosseguimento, a CTNBio remeterá o processo respectivo aos órgãos e entidades de que trata o art. 14 desta Lei, que observarão, para o seu eventual registro e licenciamento, a legislação aplicável. § 3o Como procedimento de instrução, caberá à CTNBio solicitar aos órgãos e entidades de registro e fiscalização termo de referência contendo quesitos para a avaliação da biossegurança do OGM e seus derivados. § 4o O parecer técnico conclusivo da CTNBio deverá conter resumo de sua fundamentação técnica e o atendimento aos quesitos dos termos de referência, explicitando as medidas de segurança e restrições ao uso do OGM e seus derivados e considerando as particularidades das diferentes regiões do País, www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 19 visando orientar e subsidiar os órgãos e entidades de registro e fiscalização no exercício de suas atribuições. § 5o Não se submeterá à análise e emissão de parecer técnico da CTNBio o derivado cujo OGM já tenha sido por ela aprovado. § 6o As pessoas físicas ou jurídicas envolvidas em qualquer das fases do processo de produção agrícola, comercialização ou transporte de produto geneticamente modificado que tenham recebido o parecer técnico prévio conclusivo favorável da CTNBio e decisão favorável dos órgãos e entidades de que trata o caput do art. 14 para a comercialização estão dispensadas de apresentação de Autorização Específica de Funcionamento de que trata o inciso IX do caput deste artigo. Art. 13. A CTNBio poderá realizar audiências públicas, sendo estas obrigatórias no caso de análise de solicitações de liberação comercial. CAPÍTULO V DOS ÓRGÃOS E ENTIDADES DE REGISTRO E FISCALIZAÇÃO Art. 14. Caberá aos órgãos e entidades de registro e fiscalização do Ministério da Saúde, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Ministério do Meio Ambiente e à Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, dentre outras atribuições, no campo de suas competências, observados o parecer técnico da CTNBio, as deliberações da CNBS e os mecanismos estabelecidos na regulamentação desta Lei: I - o registro, a autorização, o licenciamento, a fiscalização e o monitoramento das atividades e projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, produção e manipulação de OGM e seus derivados; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 20 II - a emissão de Autorização Específica de Funcionamento de laboratório, instituição ou empresa que desenvolverá atividades relacionadas a OGM e seus derivados; III - a emissão do registro e autorização ou licenciamento de produtos contendo OGM e seus derivados a serem comercializados para uso humano, animal ou em plantas, ou para a liberação no meio ambiente; IV - a emissão de autorização/licenciamento para a entrada no País de qualquer produto contendo OGM e seus derivados; V - manter informado o SIB, atualizando o cadastro das instituições e responsáveis técnicos que realizem atividades e projetos relacionados a OGM e seus derivados no território nacional; VI - encaminhar para publicação no Diário Oficial da União e divulgação no SIB os registros e autorizações concedidas; VII - aplicar as penalidades de que trata esta Lei; VIII - a expedição de autorização temporária de experimento de campo com OGM e seus derivados; IX - apresentar à CTNBio termo de referência contendo quesitos para a avaliação de biossegurança de OGM e seus derivados; e X - avaliar a necessidade de monitoramento e gestão do risco decorrente de derivados, por meio da aplicação dos incisos I, II, III e IX. § 1o Os órgãos e entidades de licenciamento, registro, autorização e fiscalização, previstos no caput deste artigo, deverão observar os aspectos de biossegurança www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 21 do OGM e seus derivados, dispostos no parecer técnico prévio conclusivo da CTNBio. § 2o Em caso de discordância do conteúdo do parecer técnico da CTNBio, os órgãos e entidades de registro e fiscalização poderão requerer a sua revisão mediante fundamento técnico-científico na forma do inciso XX do art. 11. § 3o Os interessados em obter autorização para as atividades previstas nesta Lei deverão requerer a manifestação da CTNBio, a qual encaminhará seu parecer técnico conclusivo aos órgãos e entidades previstos no caput no prazo fixado em regulamento e, quando for o caso, observando a decisão do CNBS. § 4o Após a manifestação favorável da CTNBio, caberá: I - ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento emitir as autorizações e registros e fiscalizar produtos e atividades que utilizem OGM e seus derivados destinados a uso animal, na agricultura, pecuária, agroindústria e áreas afins, de acordo com a legislação em vigor e segundo o regulamento desta Lei; II - ao órgão competente do Ministério da Saúde emitir as autorizações, registros e fiscalizar os produtos e atividades com OGM e seus derivados destinados a uso humano, farmacológico, domissanitário e áreas afins, de acordo com a legislação em vigor e segundo o regulamento desta Lei; III - ao órgão competente do Ministério do Meio Ambiente emitir as autorizações, registros e licenciamento e fiscalizar produtos e atividades que envolvam OGM e seus derivados a serem liberados nos ecossistemas, de acordo com a legislação em vigor e segundo o regulamento desta Lei; e IV - à Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca emitir as autorizações e os registros previstos neste artigo referentes a produtos e atividades com OGM e www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 22 seus derivados destinados ao uso na pesca e aqüicultura, de acordo com a legislação em vigor e segundo o regulamento desta Lei. § 5o É assegurado aos órgãos e entidades de registro e fiscalização o acesso irrestrito às informações constantes das solicitações submetidas pela CTNBio. CAPÍTULO VI DA COMISSÃO INTERNA DE BIOSSEGURANÇA - CIBio Art. 15. Toda instituição que utilizar técnicas e métodos de engenharia genética ou OGM e seus derivados deverá criar uma CIBio, além de indicar um técnico principal responsável para cada projeto específico. Art. 16. Compete a CIBio, no âmbito da instituição onde constituída: I - manter informados os trabalhadores e demais membros da coletividade, quando suscetíveis de serem afetados pela atividade, sobre todas as questões relacionadas com a saúde e a segurança, bem como sobre os procedimentos em caso de acidentes; II - estabelecer programas preventivos e de inspeção para garantir o funcionamento das instalações sob sua responsabilidade, dentro dos padrões e normas de biossegurança, definidos pela CTNBio na regulamentação desta Lei; III - encaminhar a CTNBio os documentos cuja relação será estabelecida na regulamentação desta Lei, visando a sua análise, registro ou autorização do órgão competente, quando couber; IV - manter registro do acompanhamento individual de cada atividade ou projeto em desenvolvimento envolvendo OGM e seus derivados; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 23 V - notificar a CTNBio, os órgãos e entidades de registro e fiscalização e as entidades de trabalhadores, o resultado de avaliações de risco a que estão submetidas as pessoas expostas, bem como qualquer acidente ou incidente que possa provocar a disseminação de agente biológico; VI - investigar a ocorrência de acidentes e as enfermidades possivelmente relacionados a OGM e seus derivados, notificando suas conclusões e providências à CTNBio. CAPÍTULO VII DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES EM BIOSSEGURANÇA - SIB Art. 17. Fica criado, no âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia, o Sistema de Informações em Biossegurança - SIB, destinado à gestão das informações decorrentes das atividades de análise, autorização, registro, monitoramento e acompanhamento das atividades que envolvam OGM e seus derivados. § 1o As disposições dos atos legais, regulamentares e administrativos que alterem, complementem ou produzam efeitos sobre a legislação de biossegurança de OGM e seus derivados deverão ser divulgadas no SIB concomitantemente com a entrada em vigor desses atos. § 2o Os órgãos e entidades de registro e fiscalização deverão alimentar o SIB com as informações relativas às atividades de que trata esta Lei, processadas no âmbito de sua competência. CAPÍTULO VIII DA RESPONSABILIDADE CIVIL E ADMINISTRATIVA www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 24 Art. 18. Sem prejuízo da aplicação das penas previstas nesta Lei, os responsáveis pelos danos ao meio ambiente e a terceiros responderão, solidariamente, por sua indenização ou reparação integral, independentemente da existência de culpa. Art. 19. Considera-se infração administrativa toda ação ou omissão que viole as normas previstas nesta Lei e demais disposições legais pertinentes. Parágrafo único. As infrações administrativas serão punidas na forma estabelecida no regulamento desta Lei, independentemente das medidas cautelares de apreensão de produtos, suspensão de venda de produto e embargos de atividades, com as seguintes sanções: I - advertência; II - multa; III - apreensão de OGM e seus derivados; IV - suspensão da venda de OGM e seus derivados; V - embargo da atividade; VI - interdição parcial ou total do estabelecimento, atividade ou empreendimento; VII - suspensão de registro, licença ou autorização; VIII - cancelamento de registro, licença ou autorização; IX - perda ou restrição de incentivo e benefício fiscal concedidos pelo governo; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 25 X - perda ou suspensão da participação em linha de financiamento em estabelecimento oficial de crédito; XI - intervenção no estabelecimento; XII - proibição de contratar com a administração pública, por período de até cinco anos. Art. 20. Compete aos órgãos e entidades de registro e fiscalização definir critérios, valor e aplicar multas de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais), proporcionalmente à gravidade da infração. § 1o As multas poderão ser aplicadas cumulativamente com as demais sanções previstas neste artigo. § 2o No caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro. § 3o No caso de infração continuada, caracterizada pela permanência da ação ou omissão inicialmente punida, será a respectiva penalidade aplicada diariamente até cessar sua causa, sem prejuízo da paralisação imediata da atividade ou da interdição do laboratório ou da instituição ou empresa responsável. § 4o Os recursos arrecadados com a aplicação de multas serão destinados aos laboratórios oficiais responsáveis pelas análises dos alimentos transgênicos, aos órgãos e entidades de registro e fiscalização que aplicarem a multa e ao custeio das ações da CTNBio. Art. 21. As multas previstas nesta Lei serão aplicadas pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização dos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, da Saúde, do Meio Ambiente e da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, de acordo com suas respectivas competências. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 26 § 1o Os órgãos e entidades fiscalizadores da administração pública federal poderão celebrar convênios com os Estados, Distrito Federal e Municípios, para a execução de serviços relacionados à atividade de fiscalização prevista nesta Lei, podendo repassar-lhes parcela da receita obtida com a aplicação de multas. § 2o A autoridade fiscalizadora encaminhará cópia do auto de infração a CTNBio. § 3o Quando a infração constituir crime ou contravenção, ou lesão à Fazenda Pública ou ao consumidor, a autoridade fiscalizadora representará junto ao órgão competente para apuração das responsabilidades administrativa e penal. CAPÍTULO IX DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Art. 22. Os alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de organismos geneticamente modificados deverão conter informação nesse sentido em seus rótulos, conforme regulamento, sem prejuízo do cumprimento da legislação de rotulagem vigente. § 1o A informação determinada no caput deste artigo também deverá constar do documento fiscal, de modo que essa informação acompanhe o produto ou ingrediente em todas as etapas da cadeia produtiva. § 2o Regulamento poderá estabelecer quantidade mínima de OGM que dispense o cumprimento do disposto no caput. Art. 23. A CTNBio deverá rever suas deliberações de caráter normativo, no prazo de cento e vinte dias, a fim de promover sua adequação às disposições desta Lei. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 27 Art. 24. As instituições que estiverem desenvolvendo atividades reguladas por esta Lei na data de sua publicação deverão adequar-se às suas disposições no prazo de cento e vinte dias, contados da publicação do decreto que a regulamentar, bem como apresentar relatório circunstanciado dos produtos existentes, pesquisas ou projetos em andamento envolvendo OGM. Art. 25. A CTNBio contará com uma Secretaria-Executiva, cabendo ao Ministério da Ciência e Tecnologia prestar-lhe o apoio técnico e administrativo. Art. 26. O art. 13 da Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso: “VI - construir, cultivar, produzir, transportar, transferir, comercializar, importar, exportar ou armazenar organismo geneticamente modificado, ou seu derivado, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Pena - reclusão de um a três anos.(NR) Art. 27. A descrição do Código 20 do Anexo VIII da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, passa a vigorar com a seguinte redação: “Código 20, Descrição: silvicultura; exploração econômica da madeira ou lenha e subprodutos florestais; importação ou exportação da fauna e flora nativas brasileiras; atividade de criação e exploração econômica de fauna exótica e de fauna silvestre; utilização do patrimônio genético natural; exploração de recursos aqüáticos vivos; introdução de espécies exóticas, exceto para melhoramento genético vegetal e uso na agricultura; introdução de espécies geneticamente modificadas previamente identificadas pelo órgão ou entidade de registro e fiscalização do Ministério do Meio Ambiente como potencialmente causadoras de degradação do meio ambiente; uso da diversidade biológica pela www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 28 biotecnologia em atividades previamente identificadas pelo órgão ou entidade de registro e fiscalização do Ministério do Meio Ambiente como potencialmente causadoras de degradação do meio ambiente.” Art. 28. Esta Lei será regulamentada no prazo de noventa dias a contar da data de sua publicação. Art. 29. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 30. Revogam-se a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, exceto o seu art. 13, e a Medida Provisória no 2.191-9, de 23 de agosto de 2001. Brasília, --------------------------------------------------------------------------------------------- BIOSSEGURANÇA EM ODONTOLOGIA Um importante trabalho de pesquisa em biossegurança foi executado por SILVA et al, (2002) na Universidade de Taubaté-SP; servindo de embasamento para condutas adequadas e questionamento da postura profissional. Resultados de pesquisa : Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística com o objetivo de verificar se existe diferença significativa entre o grau de assimilação das normas de biossegurança entre os alunos do sexo feminino e masculino. Os alunos do sexo masculino quanto ao uso dos equipamentos de proteção individual, pode-se observar eficácia quanto ao uso deles, com exceção dos óculos de proteção, que não foram usados por 30,77% dos alunos. No entanto, consegue-se observar ainda que, embora façam uso desses equipamentos, www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 29 alguns o fazem de maneira incorreta, vindo a luva em primeiro lugar (61,53%), seguida pelo avental (38,47%). Os alunos do sexo feminino quanto ao uso dos equipamentos de proteção individual, observa-se que , semelhantemente aos alunos do sexo masculino, também fazem uso deles eficazmente, com exceção dos óculos de proteção que não são usados por 11,12% dos alunos. Analisando os erros cometidos, pode-se observar que o avental está em primeiro lugar (47,23%), seguido pela luva (30,56%), máscara (13,88%), pelos óculos de proteção (11,11%) e gorro (8,33%). Os alunos do sexo masculino quanto à utilização de barreiras de proteção de superfície, vê-se que o refletor, a botoneira da cadeira, as pontas (seringa tríplice, micromotor e alta rotação), as unidades de controle e a mesa auxiliar estão sendo protegidas por 100% dos alunos, embora alguns estejam fazendo de maneira incorreta nas pontas e na mesa auxiliar (61,5%). Já o encosto da cadeira, o encaixe das pontas e a unidade auxiliar não estão sendo protegidas por 100% dos alunos. Os alunos do sexo feminino quanto à utilização de barreiras de proteção de superfície, observa-se que o uso das mesmas não foi tão eficaz quando comparado com os alunos do sexo masculino, uma vez que, embora protegidos, o refletor (97,2%), a botoneira da cadeira (94,5%), as pontas (98,8%), a unidade auxiliar (66,7%), a unidade de controle (86,1%) e a mesa auxiliar (100%), à exceção da última, todos não foram protegidos por 100% dos alunos. Outros protegeram de maneira incorreta algumas superfícies, como as pontas (57,2%) e a mesa auxiliar (63,9%). Além disso, pode ser observado ainda que 100% dos alunos não utilizam as barreiras de proteção de superfície em certos locais, como no encosto da cadeira e no encaixe das pontas. Os resultados desta pesquisa são muito importantes para a análise da postura dos futuros profissionais. É necessário que sempre se realizem pesquisas como esta para a análise tanto dos futuros profissionais quanto dos profissionais ativos. IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO: www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 30 A grande prevalência de doenças como a hepatite B, AIDS, tuberculose e sífilis, entre outras, tem motivado a classe odontológica a buscar mais informações, na tentativa de minimizar as chances de contaminação entre pacientes e profissionais envolvidos nos atendimentos. Equipamentos, instrumentos, utensílios e, inclusive, a própria equipe odontológica e paciente deveriam ser submetidos a alguns processos, como: limpeza (procedimento antimicrobiano de remoção de sujidades e detritos para manter em estado de asseio os artigos e áreas); desinfecção (processo de destruição de agentes infecciosos sob a forma vegetativa, potencialmente patogênica, existente em superfícies inertes); esterilização (processo de destruição ou eliminação total de todos os microrganismos nas formas vegetativas e esporuladas); anti-sepsia (processo que objetiva o controle da infecção, por meio do uso de substâncias microbicidas e microbiostáticas, na pele e mucosas); e assepsia (metodologia empregada para impedir que determinado local, superfície, equipamento e/ou instrumental sejam contaminados). Ambos estão diretamente relacionados a biossegurança, que é o conjunto de condutas e medidas técnicas, administrativas e educacionais que devem ser empregadas por profissionais da área de saúde ou afins, para prevenir acidentes em ambientes biotecnológicos, hospitalares e clínicas ambulatoriais (BRASIL, 1990 e 1995; GONÇALVES et al., 1996; GUANDALINI et al., 1997; TEIXEIRA; 1999; BELASCO et al., 2001;). Atualmente, com o conhecimento das formas possíveis de infecção, recomenda-se a utilização de equipamentos de proteção individual (gorro, máscara, etc.) por toda a equipe odontológica. As barreiras de proteção de superfícies, tais como papel-filme, papel-craft, toalha de papel, etc. são importantes formas de evitar o contágio de doenças. Sem medidas especiais para evitar contaminações, os consultórios dentários podem se transformar em verdadeiros focos de disseminação de infecções, provocando uma reação em cadeia denominada infecção cruzada (MEDEIROS et al., 1998). Prevenir e controlar a infecção cruzada no consultório www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 31 odontológico é hoje exigência e direito do cliente e, sobretudo, uma declaração de respeito à equipe de trabalho (SILVA et al, 2002). Todo cirurgião-dentista no exercício da profissão entra em contato com fluidos corpóreos dos pacientes, como saliva e sangue, além de microrganismos provenientes desses fluidos, tornando-se vulnerável ao contágio por vírus, bactérias ou fungos (CHINELLATO & SCHEIDT, 1993). O avental é importante para proteger a roupa do profissional de saúde durante o atendimento e deve ser trocado, no mínimo, uma vez por período, após toda consulta em que houve produção de aerossol ou sempre que alguma sujidade for percebida. Não deve possuir dobras, pregas, apliques, entre outros. Deve ter mangas compridas, gola fechada (gola de padre) e comprimento suficiente para que possa cobrir as coxas do profissional quando sentado. Os punhos das mangas do avental devem ser cobertos pela luva para que permaneçam descontaminados. É mais vantajosa a utilização de aventais descartáveis, uma vez que têm custo menor e diminuem trabalho com técnicas de limpeza, desinfecção e esterilização (CHINELLATO & SCHEIDT, 1993; COUTO et al., 1994; GUANDALINI et al., 1997; MEDEIROS et al., 1998; TEIXEIRA & SANTOS, 1999; BELASCO et al., 2001; CARMO, 2001). O gorro tem a finalidade de proteger o operador e o paciente durante o atendimento, uma vez que aerossol e gotículas se formam e são lançadas da boca do paciente quando se usam as peças de mão. Essas sujidades precipitam-se sobre os cabelos, secam e deixam sobre eles germes e resíduos como partículas de dentes ou materiais abrasivos, que podem se desprender facilmente e se lançam sobre um prato de comida, dentro da boca de outro paciente, sobre uma criança de colo. O gorro deve ser descartável e quando estiver sujo com material orgânico, deve ser substituído, não precisando necessariamente ser trocado para cada cliente atendido, nos casos de atendimentos semi-críticos (atendimentos em que o profissional utiliza instrumentais e equipamentos que entram em contato com a pele não íntegra ou com mucosa íntegra do paciente). É importantíssimo e imprescindível que o gorro cubra todo o cabelo do profissional (COUTO et al., www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 32 1994; GUANDALINI et al., 1997; MEDEIROS et al., 1998; TEIXEIRA & SANTOS, 1999; BELASCO et al., 2001; CARMO, 2001). A máscara é indispensável para a proteção das mucosas da boca e do nariz contra a ingestão ou inalação de aerossóis pelos profissionais e na transmissão de microrganismo para o paciente. Deve ser bem ajustada ao nariz e, durante a consulta, não deve ser tocada. Uma vez úmida ou molhada, deverá ser trocada imediatamente. Deve ser de boa qualidade, apresentando paredes duplas ou triplas, tendo capacidade de filtrar o ar respirado sem dificultar a respiração. O cirurgiãodentista deve usar uma máscara para cada atendimento e, de preferência, descartável, sendo esta utilizada por no máximo duas horas, que é o tempo recomendado para uma proteção eficaz (CHINELLATO & SCHEIDT, 1993; COUTO et al., 1994; GUANDALINI et al., 1997; MEDEIROS et al., 1998; TEIXEIRA & SANTOS, 1999; BELASCO et al., 2001; CARMO, 2001). Os óculos de proteção têm a finalidade de cobrir os olhos do profissional, protegendo-os de traumas mecânicos, de substâncias químicas e de contaminação microbiana, devendo ser usados pelos integrantes da equipe de saúde e pelo paciente. Devem abranger além da região dos olhos, apresentar suas laterais fechadas, ser leves e confortáveis e proporcionar fácil limpeza e desinfecção, com o mínimo de reentrâncias (CHINELLATO & SCHEIDT, 1993; COUTO et al., 1994; GUANDALINI et al., 1997; MEDEIROS et al., 1998; TEIXEIRA & SANTOS, 1999; BELASCO et al., 2001; CARMO, 2001). As luvas apresentam papel fundamental na proteção do operador contra a saliva e o sangue, além de proteger também o paciente. Devem ser usadas em todos os procedimentos, não existindo motivo ou manobra clínica que possa ser realizada sem a proteção oferecida por essa barreira, pois numerosos trabalhos demonstram que a saliva do paciente é disseminada por todas as partes do consultório odontológico, produzindo focos de infecção em todos os lugares tocados pelo profissional, durante ou após o atendimento. (CHINELLATO & ; SCHEIDT, 1993; COUTO et al., 1994; GUANDALINI et al., 1997; MEDEIROS et al., 1998; TEIXEIRA & SANTOS, 1999; BELASCO et al., 2001; CARMO, 2001). www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 33 Após atendimentos críticos (atendimentos em que o profissional utiliza instrumentos e equipamentos que penetram na pele ou mucosa adjacentes, atingindo o tecido conjuntivo e os vasos sanguíneos), todos os equipamentos de proteção individual devem ser esterilizados ou caso sejam descartáveis, devem ser desprezados (CARMO, 2001). CAMPOS et al, (1988) analisando procedimentos utilizados no controle de infecção em consultórios odontológicos de Belo Horizonte, observaram que apenas 4,8% dos cirurgiões-dentistas faziam uso rotineiro de luvas, 52,4% nunca as utilizam e 42,8% as utilizavam em algumas circunstâncias, como cirurgias, pacientes desconhecidos, indivíduos portadores de alguma patologia de risco reconhecido, e quando da presença de ferimentos nas próprias mãos. Com relação às máscaras, puderam observar que 87,37% dos cirurgiões-dentistas utilizavam máscara rotineiramente, coincidindo com o que foi encontrado na nossa pesquisa de 89,79% do uso correto da máscara entre ambos os sexos. COUTO et al., (1994) observando o controle da contaminação nos consultórios odontológicos, em 1994, verificou que, quanto às barreiras de proteção individual, a mais difundida é o uso de máscaras (44%), vindo a seguir a utilização de óculos de grau (37%), de avental (28%) e luvas para todos os procedimentos (18%). MEDEIROS et al. (1998) analisando o uso das normas de controle de infecção na prática odontológica observaram que, quanto ao uso de luvas, 97,4% dos profissionais as utilizavam para todos os pacientes, e 100% deles descartavam-nas após o uso, sendo esta a barreira de proteção mais utilizada, seguida da máscara (96%), e do jaleco (83,4%). Os óculos de proteção (51,7%) e o gorro (21,2%) foram barreiras menos utilizadas. Os profissionais que possuem o hábito de circular em ambientes públicos com as mesmas roupas utilizadas durante os atendimentos clínicos, funcionam como verdadeiros transportadores de microrganismos, colocando em risco a saúde de sua própria família (CARMO, 2001). Para que a disseminação de agentes infecciosos seja reduzida, é dever do cirurgião-dentista cobrir www.conhecer.org.br as superfícies que podem ser contaminadas, - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 34 principalmente aquelas de difícil desinfecção e, desinfetar superfícies descobertas que serão contaminadas. Superfícies e itens (cabo e interruptor do refletor, aparelho de raio X, unidade auxiliar, pontas, encosto de cabeça, botoneira da cadeira sem controle de pé, entre outros) devem ser cobertos com papel impermeável, folha de alumínio ou plástico. Superfícies a serem desinfetadas devem passar por processo de limpeza (água e sabão líquido, neutro, biodegradável e com ação antimicrobiana ou com desincrostante) e desinfecção (hipoclorito de sódio a 1% ou álcool etílico a 70%). No intervalo entre o atendimento de dois pacientes, essas barreiras de proteção devem ser removidas e descartadas, sendo que novas barreiras de proteção de superfícies devem ser colocadas (FARACO & MOURA, 1993; COUTO et al., 1994; GONÇALVES et al., 1996; TEIXEIRA & SANTOS, 1999). Ainda segundo estes autores todo material descartável deve ser acondicionado de acordo com o tipo de resíduo, devidamente identificado. Segundo CAMPOS et al., (1998) o cirurgião-dentista deve ter sempre em mente que os riscos de infecção cruzada dentro dos consultórios odontológicos não se resumem apenas aos instrumentos contaminados. CENTRAL DE ESTERILIZAÇÃO A descontaminação de instrumentos e equipamentos com material ou fluidos orgânicos provenientes de pacientes é muito importante na prevenção das possíveis infecções. A esterilização dos instrumentais deve ser sempre realizada antes e após o contato com os fluídos provenientes do paciente (sangue, saliva e fluidos corporais) ou quando o instrumento estiver em contato com ambiente não esterilizado antes do seu uso. Características de uma central de esterilização: www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 35 a) Deve ser um espaço de fácil acesso, e reservado exclusivamente para as atividades relativas à Central de Esterilização, não sendo compartilhado com outras atividades. A temperatura no interior do recinto deve ser controlada (aproximadamente 20°C), e a umidade relativa do ar em torno de 30 a 60% , com entrada e circulação restrita. b) A Central de Esterilização deve possuir 4 áreas: área de processamento, com a função de recebimento do material, embalado em recipientes apropriados. Área de esterilização, onde o material é submetido aos processos próprios de esterilização que suportam. Área de estocagem, onde o material já esterilizado é estocado em prateleiras, já com embalagem apropriada para evitar nova contaminação. Área de apoio, onde fica o controle das informações relacionadas com os itens esterilizados, e controle do estoque. c) Toda Central de Esterilização deve possui autoclave, para realizar esterilização sem produtos químicos. d) As paredes e bancadas são feitas de modo que sejam fáceis de limpar, sem ângulos vivos e reentrâncias, evitando o acúmulo de poeira. As bancadas da área de processamento de material são limpas com o uso de soluções de hipoclorito de sódio, com álcool 70% ou com álcool iodado. O piso deve ser feito com material de fácil limpeza e manutenção, como o granito; deve ser lavado e seco diariamente. As paredes e teto também devem ser limpos diariamente. e) A Central de Esterilização deve possuir extintores de incêndio classe C, estando visivelmente dispostos, sendo limpos com freqüência para a eliminação de poeira. f) A manipulação do instrumental recém esterilizado requer a utilização de luvas de proteção térmica. O pessoal deve utilizar outros equipamentos de proteção www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 36 individual (vestimenta adequada, gorro, máscara, luvas grossas e de procedimentos, proteção tipo propés). g) Os painéis de sinalização devem ser colocados à vista. Dentre eles: proibido fumar, entrada restrita ao pessoal autorizado, utilização de vestimenta adequada (jaleco). EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA ESTERILIZAÇÃO A esterilização dos instrumentos é realizada com a utilização de autoclave, segundo as instruções do fabricante. As autoclaves utilizam como método de esterilização o calor sob pressão (calor úmido), o qual transfere calor com maior eficiência em tempo menor, reduzindo, o período necessário para a realização do processo. O processo de esterilização empregado de forma mais efetiva utiliza a temperatura de 121°C, pressão de 15 psi (15 Lbs/pol2), por período de 15 minutos. A autoclave atua sobre os materiais, exercendo três importantes fatores de esterilização: - Temperatura. - Pressão. - Fluxo de vapor. Os equipamentos e materiais a serem esterilizados em autoclave devem ser compatíveis com a sua ação, ou seja, devem ser capazes de suportar a temperatura e a pressão a que serão expostos. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 37 ARTIGOS A SEREM ESTERILIZADOS. Todo o instrumental utilizado no atendimento ao paciente ou que seja necessária sua esterilização para o uso, deverá ser entregue na área de processamento de material, devidamente embalado e identificado através de uma fita adesiva para a indicação do processo. A identificação do material é de fundamental importância, e a embalagem, cassete ou a caixa metálica deve conter o nome do proprietário, para que não ocorram trocas de material ou instrumental. DA VALIDAÇÃO DO PROCESSO DE ESTERILIZAÇÃO: São utilizados métodos de validação do processo de esterilização como indicadores da efetividade da esterilização. Periodicamente são utilizados indicadores do processo de esterilização, que são extremamente importantes para indicar que os instrumentais foram submetidos ao calor. Consiste de fitas adesivas para autoclaves que, após submetidas a temperaturas altas, mudam de cor. Apesar de não permitirem um monitoramento da efetividade do processo de esterilização, elas impedem que ocorram dúvidas caso o instrumental não tenha sido esterilizado, indicando, ainda, se o aparelho atingiu uma determinada temperatura. Indicadores biológicos são utilizados para verificar a efetividade da esterilização. Consistem em tiras de papel impregnadas com esporos bacterianos (estrutura extremamente resistente aos diferentes agentes físicos e químicos). As tiras contendo tais microrganismos (normalmente empacotadas em tubos, cápsulas, envelopes e outras apresentações) devem ser colocadas no interior de pacotes grandes ou junto com o material a ser esterilizado. Após o ciclo de esterilização, as tiras são removidas e semeadas em meios de cultura para a observação do crescimento. Tiras controle (não esterilizadas) também são incluídas. Caso ocorra crescimento, o equipamento é novamente testado e, caso continue originando www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 38 resultados positivos para o crescimento do esporo, o aparelho deverá ser reparado por pessoal especializado. Os microorganismos utilizados para esta verificação da efetividade de esterilização são geralmente esporos (por serem mais resistentes) que porém não desenvolvem nenhum tipo de patologia ou enfermidade em humanos. Um exemplo são as cepas de Bacillus stearothermophilus, que devem ser inativadas (mortas) quando o teste demonstra que a esterilização foi eficiente. Este tipo de microorganismos é comercializado por empresas e laboratórios especializados, como a 3M. EQUIPE DE ESTERILIZAÇÃO O treinamento do corpo técnico da Central de Esterilização tem como objetivos: a) fornecer informação referente aos riscos potenciais do local de trabalho; b) instruir os técnicos sobre o manuseio seguro dos equipamentos e agentes químicos presentes na unidade; c) fornecer informações sobre os procedimentos de emergência em caso de acidentes, no caso de incêndio e evacuação do ambiente; d) orientar sobre a regulamentação vigente sobre os procedimentos de biossegurança; e) orientar sobre a motivação dos outros membros da comunidade para a segurança e saúde do trabalho, estimulando-os para os procedimentos de trabalho com segurança. f) Orientar sobre a forma de organização da Central de Esterilização, procedimentos internos e metodologias a serem aplicadas. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 39 A equipe que deverá trabalhar nesta Central de Esterilização deve possuir qualificação profissional para tal atividade, sendo esta atribuição obrigatória por lei. BIOSSEGURANÇA EM CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO Existem instrumentos que devem ser esterilizados de forma especial, por não suportarem altas temperaturas. Um exemplo são os Posicionadores plásticos para técnica intra-oral do paralelismo – após o atendimento do paciente, o profissional deverá colocar o dispositivo num recipiente, certificando-se de que fique totalmente imerso em solução de glutaraldeído a 2% por um período de 10 horas consecutivas. Cuidados com vetores não críticos : Cadeira Radiológica - As superfícies que entram em contato com a pele do paciente deverão estar protegidas com barreiras plásticas (filme de PVC) ou deverão ser degermadas com álcool Iodado antes dos procedimentos radiográficos. Cilindro Localizador - Deverá estar envolto por filme de PVC antes das tomadas radiográficas e deverá ser trocado de paciente para paciente. Painel de Controle e Disparador dos Raios X - Idem ao tratamento com o Cilindro Localizador. Avental Plumbífero - Realizar a degermação com álcool Iodado após uso. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (E.P.I.) Uniforme O uso de jaleco branco, longo, de tecido (microfibra ou similar), de mangas curtas ou longas, e de mangas curtas para os auxiliares de clínica. Durante os www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 40 procedimentos clínicos cirúrgicos, o jaleco deverá ser descartável, branco, longo, de mangas compridas. Não é permitido o uso de saia, roupas tipo jeans, bermudas ou shorts, camiseta e sandálias abertas durante o atendimento clínico ou trabalho nos laboratórios. No atendimento clínico é obrigatório o uso de jaleco, gorro, máscara, luvas, e óculos de proteção. Para os procedimentos cirúrgicos, os gorros, máscaras e luvas, deverão ser descartáveis. A utilização de gorro, máscara, óculos e luvas em laboratório está sujeita à atividade que será desenvolvida. NORMAS PARA O ATENDIMENTO AO PACIENTE Antes de cada atendimento ou procedimento clínico lavar as mãos com sabão líquido antisséptico, e secar com toalhas descartáveis de papel e calçar luvas. Desinfetar as superfícies do equipamento, micro motor e demais superfícies metálicas com clorexidina. Superfícies não metálicas, incluindo a bancada de trabalho, devem ser desinfetadas com solução de hipoclorito de sódio a 1% (solução de Milton) em um borrifador, lançando o spray e friccionando a superfície por 60 segundos com uma compressa de gaze ou algodão. Lembrar que o hipoclorito de sódio é corrosivo ao metal. Como a esterilização do micro-motor na autoclave não é recomendada pelo fabricante, torna-se imprescindível que antes do atendimento, sua superfície seja desinfetada e coberta pelo filme de PVC. É muito importante que todos os utensílios autoclaváveis sejam submetidos a este processo após o atendimento do paciente. Sendo dispensado o uso do filme de PVC sobre estes utensílios, desde que um segundo paciente não seja atendido com os mesmos, ou não tenham contato com superfície que possa ter algum tipo de contaminação. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 41 Em consultórios odontológicos, antes de utilizar a seringa tríplice, desprezar o primeiro jato de água e spray. No caso de serem atendidos dois ou mais pacientes no mesmo turno, proceder da seguinte maneira: a) caneta de alta rotação deve ser recoberta com protetor para canetas no início do turno, trocando-se esta cobertura após cada paciente; b) o contra-ângulo e a peça de mão devem ser recobertos no início do turno com filme PVC ou saco plástico de boca estreita, trocando-se esta cobertura após cada paciente; c) no caso do micromotor, trocar o filme de PVC ou saco plástico que foi colocado para o paciente anterior. d) proceder a degermação das mãos e metade do antebraço com uso de uma escova macia e sabão líquido anti-séptico. Uso de sobre-luvas Luvas de látex para procedimento e sobre-luvas plásticas deverão ser trocadas entre pacientes ou durante o tratamento do paciente, sempre que estiverem comprometidas. Importante: Com as luvas calçadas e após contato com o paciente, o profissional não deverá tocar em objetos de uso comum, tais como: telefones, teclado de computador, maçanetas, embalagens de instrumentos, fichas de pacientes, radiografias, blocos de receituário, incluindo objetos de uso pessoal, como celulares, carteiras, etc. a não ser com o uso de sobre-luvas. Após o procedimento clínico www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 42 1) Liberar o paciente, descartar as luvas de procedimento e depositá-las no saco plástico para materiais potencialmente contaminantes. 2) Calçar luvas grossas para limpeza, remover as barreiras, e eliminar o material descartável que foi utilizado, como por exemplo: sugadores, compressas de gaze, algodão, guardanapos e filme de PVC, usando o saco plástico para materiais potencialmente contaminantes. 3) Colocar o instrumental contaminado em recipientes contendo solução de glutaraldeido a 2%, por um mínimo de 10 minutos. 4) Um saco plástico pequeno com boca larga deverá ser usado para coletar algodões e gazes contaminadas com saliva e/ou sangue. Este mesmo saco poderá ser usado para recolher o material descartável no final da sessão clínica (ex: sugadores e barreiras). Ao término do turno, este saco deverá ser lacrado e descartado como material contaminado. 5) Objetos pérfuro-cortantes, como agulhas utilizadas para anestesia, lâminas de bisturi e fios de sutura, deverão ser dispensados em caixas de papelão tipos Descarpack, que devem estar à disposição na clínica. NUNCA DESCARTAR AGULHAS E LÂMINAS CONTAMINADAS NAS LIXEIRAS CONVENCIONAIS, POIS OS SERVIDORES DA LIMPEZA PODERÃO SE FERIR E ASSIM SEREM CONTAMINADOS! 6) Os restos de amálgama devem ser dispensados em recipientes de plástico de paredes rígidas contendo água e rotulado Mercúrio - Risco Biológico, e que estarão a disposição nas clínicas, onde esse material específico pode ser utilizado. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 43 7) Após desinfecção em solução de glutaraldeido a 2%, lavar e secar o instrumental, utilizando luvas grossas para limpeza doméstica. 8) Ainda com as luvas grossas calçadas, lavá-las com sabão líquido anti-séptico, secá-las e promover nova seqüência de desinfecção e degermação para atender novo paciente. Luvas grossas para limpeza, manchadas, gastas, perfuradas ou rasgadas devem ser descartadas. 9) Ao encerrar o atendimento do dia, proceder à desinfecção das superfícies dos equipamentos, canetas de alta rotação, micro-motor, contra ângulo, peça de mão, seringa tríplice e demais superfícies metálicas, com lenços umedecidos em clorexidina, que devem ser friccionados nas peças por 60 segundos. As superfícies não metálicas, incluindo a bancada de trabalho, devem ser desinfetadas com solução de hipoclorito de sódio a 1% (solução de Milton), a qual também pode ser acondicionada em um borrifador, friccionando-a por 60 segundos sobre estas superfícies, com uma compressa de gaze ou algodão. 10) Lavar as luvas de limpeza com sabão anti-séptico, secá-las e acondicioná-las em recipiente adequado. Retirar o gorro e mascara e dispensá-los em sacos de lixo brancos marcados com o emblema de “infectante”. 11) Fechar o saco de lixo e lacrá-lo com fita adesiva. 12) Retirar o jaleco e transportá-lo em um saco plástico impermeável, devendo este então, ser lavado separadamente das outras roupas de uso pessoal. CUIDADOS IMPORTANTES COM O MATERIAL PARA ATENDIMENTO CLÍNICO 1) Antes de ser lavado, o instrumental e os óculos de proteção devem ser desinfetados, por meio de imersão, em solução de glutaraldeido a 2%, durante 10 www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 44 minutos. Os óculos de proteção devem ser cuidadosamente lavados após desinfecção, para remover resíduos da solução, evitando irritações à pele e olhos. 2) O instrumental deve ser lavado com uma escova reservada apenas para isto, utilizando para tal detergente neutro, removendo resíduos de qualquer espécie. Enquanto não estiver em uso, a escova deve permanecer imersa em solução de glutaraldeido a 2%. Evitar usar jatos de água muito fortes ao lavar materiais contaminados, projetando água para fora da pia. Lavar apenas 1 ou 2 instrumentos de cada vez, minimizando as chances de acidente. Nunca deixar material contaminado nas pias, sem supervisão. 3) Após enxaguado, o instrumental deve ser seco com papel absorvente, guardado nas caixas ou bolsas de nylon, identificados e enviados para a esterilização. 4) O material para autoclave deverá ser embalado com material fornecido pela central de esterilização (geralmente papel craft). Caso haja sinal de danificação da embalagem do material esterilizado, este deverá ser novamente empacotado e submetido a um novo ciclo de esterilização. Observação: O lacre da embalagem, com o respectivo indicador químico (fita para autoclave), somente deverá ser removido momentos antes do início do atendimento, e na presença do paciente. 5) Caso a esterilização a frio seja necessária, o material deve permanecer totalmente imerso em solução de glutaraldeido a 2% por, pelo menos 10 horas. O aluno deve estar atento para o prazo em que a solução permanece ativa. Para isto, a embalagem contendo a solução devera ser datada. Ao serem retirados da solução de glutaraldeido, os instrumentais deverão ser lavados em um recipiente www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 45 com álcool ou soro fisiológico, antes de serem utilizados. Este método de esterilização deverá ser limitado a materiais que não suportam o processo de autoclavagem (potes Dappen, pincéis, taças de borracha para polimento, pontas de silicone para acabamento, pontas abrasivas de borracha, etc...). 6) As brocas diamantadas, pedras de Arkansas, pontas para acabamento e polimento e escovas de Robinson devem ser esterilizadas em autoclave. 7) Materiais de vidro, tais como placas de vidro e potes Dappen, podem ser esterilizados em autoclave. Eles devem ser embalados em envelope tipo grau cirúrgico. 8) Tubetes de anestésicos não devem ser submersos em soluções, devido ao risco potencial de contaminação da solução anestésica. Tubetes de vidro poderão ser esterilizados em autoclave, envolvidos em bolsas de nylon (temperatura: 121º C, tempo: 20 minutos, pressão 1,2 BAR), porém isto só é recomendado para procedimentos cirúrgicos. Para uso regular na clínica, os tubetes deverão ser mantidos em suas embalagens originais, e desinfetados com os lenços de clorexidina, imediatamente antes do uso. Descarte de sobras: Descartar sempre qualquer sobra de anestésico após terminar o procedimento de um paciente. Esse anestésico não pode ser utilizado em outro indivíduo. DESINFECÇÃO DE MATERIAIS DE MOLDAGEM 1) Assim como os demais instrumentais, moldeiras também deverão ser devidamente esterilizadas. Todas as moldagens deverão ser lavadas cuidadosamente sob água corrente, para remover excesso de saliva e sangue. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 46 2) Moldagens de alginato deverão ser borrifadas com solução de hipoclorito de sódio a 1 % (solução de Milton), lavadas e vazadas imediatamente. 3) Moldagens de silicone, polissulfeto, pasta zinco-enólica, poliéter e também os registros de cera deverão ser imersos, por 10 minutos, em solução de hipoclorito de sódio a 1 % (solução de Milton) ou solução de glutaraldeido a 2%, lavadas e vazadas de acordo com a recomendação do fabricante. 4) Para evitar danos às impressões, é recomendado não manter materiais de moldagem imersos em desinfetantes além do tempo recomendado, ou seja, mais que 10 minutos. VACINAS São recomendadas as imunizações contra tétano, difteria e hepatite, e as datas da imunização devem constar da caderneta de vacinação individual. DESCARTE DE RESÍDUOS CONTAMINADOS E MEIO AMBIENTE O descarte de resíduos contaminados deve ser efetuado através de coleta seletiva de acordo com as normas do CONAMA - RESOLUÇÃO Nº 005, 1993. Clínicas, hospitais laboratórios e outros locais que efetuem descarte de materiais contaminados, devem acondicionar este lixo em lixeiras especiais, que devem permanecer trancadas até o momento de sua coleta, para evitar o acesso de crianças, catadores, curiosos e outros. RESOLUÇÃO DO CONAMA Nº 5, DE 5 DE AGOSTO DE 1993 O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições previstas na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, alterada pelas Leis www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 47 nº 7.804, de 18 de julho de 1989, e nº 8.028, de 12 de abril de 1990, e regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 06 de junho de 1990, e no Regimento Interno aprovado pela Resolução/conama/nº 025, de 03 de dezembro de 1986. Considerando a determinação contida no art. 3º da Resolução/conama/nº 006, de 19 de setembro de 1991, relativa a definição de normas mínimas para tratamento de resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, portos e aeroportos, bem como a necessidade de estender tais exigências aos terminais ferroviários e rodoviários; Considerando a necessidade de definir procedimentos mínimos para o gerenciamento desses resíduos, com vistas a preservar a saúde pública e a qualidade do meio ambiente; e, considerando, finalmente, que as ações preventivas são menos onerosas e minimizam os danos à saúde pública e ao meio ambiente, resolve: Art. 1º Para os efeitos desta Resolução definem-se: I - Resíduos Sólidos: conforme a NBR nº 10.004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT - "Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d'água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível". II - Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos: documento integrante do processo de licenciamento ambiental, que aponta e descreve as ações relativas ao manejo de resíduos sólidos, no âmbito dos estabelecimentos mencionados no art. 2º desta Resolução, contemplando os aspectos referentes à geração, www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 48 segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como a proteção à saúde pública; III - Sistema de Tratamento de Resíduos Sólidos: conjunto de unidades, processos e procedimentos que alteram as características físicas, químicas ou biológicas dos resíduos e conduzem à minimização do risco à saúde pública e à qualidade do meio ambiente; IV - Sistema de Disposição Final de Resíduos Sólidos: conjunto de unidades, processos e procedimentos que visam ao lançamento de resíduos no solo, garantindo-se a proteção da saúde pública e a qualidade do meio ambiente. Art. 2º Esta Resolução aplica-se aos resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários e estabelecimentos prestadores de serviços de saúde. Art. 3º Para os efeitos desta Resolução, os resíduos sólidos gerados nos estabelecimentos, a que se refere o art. 2º, são classificados de acordo com o Anexo I, desta Resolução. Art. 4º Caberá aos estabelecimentos já referidos o gerenciamento de seus resíduos sólidos, desde a geração até a disposição final, de forma a atender aos requisitos ambientais e de saúde pública. Art. 5º A administração dos estabelecimentos citados no art. 2º, em operação ou a serem implantados, deverá apresentar o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, a ser submetido à aprovação pelos órgãos de meio ambiente e de saúde, dentro de suas respectivas esferas de competência, de acordo com a legislação vigente. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 49 § 1º Na elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, devem ser considerados princípios que conduzam à reciclagem, bem como a soluções integradas ou consorciadas, para os sistemas de tratamento e disposição final, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelos órgãos de meio ambiente e de saúde competentes. § 2º Os órgãos de meio ambiente e de saúde definirão, em conjunto, critérios para determinar quais os estabelecimentos estão obrigados a apresentar o plano requerido neste artigo. § 3º Os órgãos integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, definirão e estabelecerão, em suas respectivas esferas de competência, os meios e os procedimentos operacionais a serem utilizados para o adequado gerenciamento dos resíduos a que se refere esta Resolução. Art. 6º Os estabelecimentos listados no art. 2º terão um responsável técnico, devidamente registrado em conselho profissional, para o correto gerenciamento dos resíduos sólidos gerados em decorrência de suas atividades. Art. 7º Os resíduos sólidos serão acondicionados adequadamente, atendendo às normas aplicáveis da ABNT e demais disposições legais vigentes. § 1º Os resíduos sólidos pertencentes ao grupo "A" do Anexo I desta Resolução, serão acondicionados em sacos plásticos com a simbologia de substância infectante. § 2º Havendo, dentre os resíduos mencionados no parágrafo anterior, outros perfurantes ou cortantes estes serão acondicionados previamente em recipiente rígido, estanque, vedado e identificado pela simbologia de substância infectante. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 50 Art. 8º O transporte dos resíduos sólidos, objeto desta Resolução, será feito em veículos apropriados, compatíveis com as características dos resíduos, atendendo às condicionantes de proteção ao meio ambiente e à saúde pública. Art. 9º A implantação de sistemas de tratamento e disposição final de resíduos sólidos fica condicionada ao licenciamento, pelo órgão ambiental competente em conformidade com as normas em vigor. Art. 10. Os resíduos sólidos pertencentes ao grupo "A" não poderão ser dispostos no meio ambiente sem tratamento prévio que assegure: a) a eliminação das características de periculosidade do resíduo; b) a preservação dos recursos naturais; e, c) o atendimento aos padrões de qualidade ambiental e de saúde pública. Parágrafo único. Aterros sanitários implantados e operados conforme normas técnicas vigentes deverão ter previstos em seus licenciamentos ambientais sistemas específicos que possibilitem a disposição de resíduos sólidos pertencentes ao grupo "A". Art. 11. Dentre as alternativas passíveis de serem utilizadas no tratamento dos resíduos sólidos, pertencentes ao grupo "A", ressalvadas as condições particulares de emprego e operação de cada tecnologia, bem como considerando se o atual estágio de desenvolvimento tecnológico, recomenda-se a esterilização a vapor ou a incineração. § 1º Outros processos de tratamento poderão ser adotados, desde que obedecido o disposto no art. 10 desta Resolução e com prévia aprovação pelo órgão de meio ambiente e de saúde competentes. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 51 § 2º Após tratamento, os resíduos sólidos pertencentes ao grupo "A" serão considerados "resíduos comuns" (grupo "D"), para fins de disposição final. § 3º Os resíduos sólidos pertencentes ao grupo "A" não poderão ser reciclados. Art. 12. Os resíduos sólidos pertencentes ao grupo "B" deverão ser submetidos a tratamento e disposição final específicos, de acordo com as características de toxicidade, inflamabilidade, corrosividade e reatividade, segundo exigências do órgão ambiental competente. Art. 13. Os resíduos sólidos classificados e enquadrados como rejeitos radioativos pertencentes ao grupo "C", do Anexo I, desta Resolução, obedecerão às exigências definidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN. Art. 14. Os resíduos sólidos pertencentes ao grupo "D" serão coletados pelo órgão municipal de limpeza urbana e receberão tratamento e disposição final semelhante aos determinados para os resíduos domiciliares, desde que resguardadas as condições de proteção ao meio ambiente e à saúde pública. Art. 15. Quando não assegurada a devida segregação dos resíduos sólidos, estes serão considerados, na sua totalidade, como pertencentes ao grupo "A", salvo os resíduos sólidos pertencentes aos grupos "B" e "C" que, por suas peculiaridades, deverão ser sempre separados dos resíduos com outras qualificações. Art. 16. Os resíduos comuns (grupo "D") gerados nos estabelecimentos explicitados no art. 2ºm provenientes de áreas endêmicas definidas pelas autoridades de saúde pública competentes, serão considerados, com vistas ao manejo e tratamento, como pertencentes ao grupo "A". www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 52 Art. 17. O tratamento e a disposição final dos resíduos gerados serão controlados e fiscalizados pelos órgãos de meio ambiente, de saúde pública e de vigilância sanitária competentes, de acordo com a legislação vigente. Art. 18. Os restos alimentares "IN NATURA" não poderão ser encaminhados para a alimentação de animais, se provenientes dos estabelecimentos elencados no art. 2º, ou das áreas endêmicas a que se refere o art. 16 desta Resolução. Art. 19. Os padrões de emissão atmosférica de processos de tratamento dos resíduos sólidos, objeto desta Resolução, serão definidos no âmbito do PRONAR Programa Nacional de Controle e Qualidade do Ar, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da data de publicação desta Resolução, mantendo-se aqueles já estabelecidos e em vigência. Art. 20. As cargas em perdimento consideradas como resíduos, para fins de tratamento e disposição final, presentes nos terminais públicos e privados, obedecerão ao disposto na Resolução do CONAMA nº 002, de 22 de agosto de 1991. Art. 21. Aos órgãos de controle ambiental e de saúde competentes, mormente os partícipes do SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente, incumbe a aplicação desta Resolução, cabendo-lhes a fiscalização, bem como a imposição das penalidades previstas na legislação pertinente, inclusive a medida de interdição de atividades. Art. 22. Os órgãos estaduais do meio ambiente com a participação das Secretarias Estaduais de Saúde e demais instituições interessadas, inclusive organizações não governamentais, coordenarão programas, objetivando a aplicação desta Resolução e garantir o seu integral cumprimento. Art. 23. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 53 Art. 24. Revogam-se as disposições em contrário, especialmente os itens I, V, VI, VII e VIII, da Portaria/MINTER/nº 013, de 01 de março de 1979. ANEXO I Classificação de resíduos sólidos GRUPO A: resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido à presença de agentes biológicos. Enquadram-se neste grupo, dentre outros: sangue e hemoderivados; animais usados em experimentação, bem como os materiais que tenham entrado em contato com os mesmos; excreções, secreções e líquidos orgânicos; meios de cultura; tecidos, órgãos, fetos e peças anatômicas; filtros de gases aspirados de área contaminada; resíduos advindos de área de isolamento; restos alimentares de unidade de isolamento; resíduos de laboratórios de análises clínicas; resíduos de unidades de atendimento ambulatorial; resíduos de sanitários de unidade de internação e de enfermaria e animais mortos a bordo dos meios de transporte, objeto desta Resolução. Neste grupo incluem-se, dentre outros, os objetos perfurantes ou cortantes, capazes de causar punctura ou corte, tais como lâminas de barbear, bisturi, agulhas, escalpes, vidros quebrados, etc, provenientes de estabelecimentos prestadores de serviços de saúde. GRUPO B: resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido às suas características químicas. Enquadram-se neste grupo, dentre outros: a) drogas quimioterápicas e produtos por elas contaminados; b) resíduos farmacêuticos (medicamentos vencidos, contaminados, interditados ou não-utilizados); e, www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 54 c) demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos). GRUPO C - rejeitos radioativos: enquadram-se neste grupo os materiais radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia, segundo Resolução CNEN 6.05. GRUPO D: resíduos comuns são todos os demais que não se enquadram nos grupos descritos anteriormente. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 55 CURSO DE BIOSSEGURANÇA MÓDULO 2 BIOSSEGURANÇA EM TUBERCULOSE NA UNIDADE DE SAÚDE E NO LABORATÓRIO Estabelecer um manual de normas para cada rotina assistencial ou laboratorial relativo às condições de biossegurança é condição para a efetividade do controle de contaminações, e se constituirá em elementos para o acompanhamento da tuberculose. Quando conseguimos conter riscos, estamos praticando biossegurança. Todas as medidas de biossegurança devem ser direcionadas não só para quem trabalha com exposição a riscos, mas também para o meio ambiente. As bactérias do Gênero Mycobacterium chegam à Unidade de Saúde pelo paciente portador ou pelo material biológico deste. Transmissão: Acontece de forma silenciosa, inodora e invisível e pode atingir tanto pacientes como funcionários através dos aerossóis produzidos pela fala, espirro ou tosse do paciente, como também pelos aerossóis produzidos durante os procedimentos laboratoriais com os seus materiais biológicos, principalmente o escarro. Todos os procedimentos laboratoriais produzem aerossóis, em maior ou menor grau. Um dos principais instrumentos utilizados na investigação ou avaliação da transmissão do bacilo em nível institucional é o acompanhamento da evolução tuberculínica (PPD) em pacientes e/ou funcionários a partir de sua admissão, através de inquéritos epidemiológicos. Os riscos de se contrair a tuberculose numa Unidade de Saúde relacionamse com: - a prevalência da tuberculose na região da instituição; - o perfil dos casos atendidos; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 56 - a área de trabalho; - o grupo ocupacional; - o tempo de trabalho na área de saúde; - as características arquitetônicas dos ambientes de atendimento e de diagnóstico; - e com as medidas de biossegurança adotadas. MEDIDAS IMPORTANTES QUE EVITAM O CONTÁGIO: Um conjunto de medidas administrativas que normatizam atendimentos e procedimentos, outro conjunto de medidas de controle ambiental que avaliam na estrutura arquitetônica a migração de partículas infectantes no ambiente da Unidade de Saúde, além do uso sistemático de equipamentos de proteção individual, como máscaras especiais, luvas e aventais representam as principais estratégias técnicas no controle da tuberculose institucional. Para normatizar parte da rotina do atendimento de pacientes com suspeita de tuberculose ou sintomático respiratório nos consultórios do ambulatório de uma Unidade de Saúde por exemplo, pode-se determinar que “todos os pacientes do ambulatório devam ser atendidos com horário marcado”, isto por exemplo evitaria o contágio entre eles, caso fiquem acomodados por muitas horas num ambiente mal ventilado. Podemos também determinar que “todos os funcionários que trabalham num ambiente com risco biológico sejam obrigados à utilizar jalecos limpos e/ou descartáveis, luvas e proteção respiratória (máscaras N-95 com certificação NIOSH-National Institute for Occupational Safety and Health) como proteção individual”. Sobre a proteção respiratória, esta representa um dos principais equipamentos de proteção individual, e deverá ser utilizada sempre que houver www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 57 presença de risco biológico. Funcionários que tem dificuldades de adaptação em usá-las ou se mostrem resistentes ao seu uso, devem ficar impedidos de desenvolver tarefas que demandem risco biológico por produção de aerossóis. As máscaras N-95 devem ter a capacidade de filtrar partículas de 5 micrômetros de diâmetro, com eficiência de 95%, e de se adaptar adequadamente a diferentes formatos de rosto. O NIOSH norte americano atualiza regularmente a relação de máscaras disponíveis que preencham tais requisitos. Estas podem ser reutilizadas pelo mesmo profissional por períodos longos de trabalho, desde que se mantenham íntegras, secas e limpas. É importante que as janelas e portas do ambulatório sempre permaneçam abertas durante todo o expediente, além de exautores e ventiladores sempre ligados durante o horário de atendimento. Desta forma estaremos fazendo com que as partículas infectantes (aerossóis) com o bacilo não se acumulem no ambiente, diminuindo o risco. Todo material contaminado ou suspeito de contaminação deva ser acondicionado em recipientes apropriados com identificação de risco biológico e que seu manuseio somente seja realizado por pessoal treinado e que faça uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Múltiplas tarefas são necessárias para que a biossegurança se efetive numa Unidade de Saúde, que vai desde o levantamento do problema biossegurança, passando obrigatoriamente por treinamento de pessoal e culminando com o controle ou contenção de riscos. Tarefas como avaliar eficácia de equipamentos e produtos, avaliar riscos na utilização de procedimentos invasivos e manejo de pacientes com tuberculose, mapear e sinalizar áreas de riscos, investigar causas de acidentes, normatizar e supervisionar procedimentos, manter informações sempre disponíveis e ao alcance de todos, treinar e atualizar profissionais em biossegurança, registrar acidentes, propor modificações arquitetônicas e avaliar a satisfação individual e profissional do servidor que trabalha sob risco permanente representam algumas tarefas que justificam a criação de uma Comissão de Biossegurança que pode ser institucional ou setorial. O desenvolvimento destas atividades numa Unidade de www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 58 Saúde que atende pacientes com tuberculose certamente farão parte de sua história. BIOSSEGURANÇA NA COLETA E TRANSPORTE DA AMOSTRA: A biossegurança laboratorial na tuberculose inicia-se com a coleta da amostra, principalmente do escarro, seja no laboratório, ambiente hospitalar ou doméstico. Uma boa coleta orientada, um acondicionamento e transporte adequados diminuem riscos de acidentes e garantem sucesso e velocidade no diagnóstico. No transporte coletivo de amostras o acidente mais comum é o derramamento do pote com o escarro, normalmente em caixas que não oferecem resistência à quedas ou impactos. Um derramamento de escarro numa caixa fechada por exemplo, deve ser encarada como um acidente, e dadas como perdidas todas as amostras. Não há método eficiente de descontaminação que permita salvar amostras contaminadas mesmo que seja somente em sua parte externa, até porque não temos nenhuma informação da patogenicidade ou virulência bacteriana do material acidentado. Acidentes deste tipo são de alto risco biológico, pois que existe a possibilidade da transmissão primária entre pacientes com bacilos multirresistentes. A desinfecção do local do acidente com produtos químicos (álcool à 70%, hipoclorito de sódio à 2% ou outros) e a autoclavação de todo o conteúdo é o mais indicado, em que pese haver dificuldade da coleta de novas amostras e mais demora para o diagnóstico de vários pacientes. Considerar sempre que os potes após a coleta do escarro pelo paciente estão tão contaminados em sua parte externa como interna. Na parte externa pelos aerossóis produzidos durante a coleta do material e em sua parte interna por conter o material, por isso deve-se manusear um pote com escarro apenas com luvas descartáveis. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 59 O uso de aventais e proteção respiratória durante o manuseio do pote com escarro protege o funcionário de um possível acidente, como a queda do pote que cai aberto no chão por exemplo, e que certamente produzirá aerossóis. Considerar também que o paciente bacilífero pode ser o portador do material durante sua entrega no laboratório. O acondicionamento adequado do pote com escarro dentro de sacos plásticos individuais selados ou lacrados para o transporte praticamente eliminam os riscos de contaminação e perdas de amostras por acidentes, pois num caso de derramamento e se não houver rompimento do saco plástico que o envolve, o risco biológico fica restrito à este. E não havendo extravasamento do material, o mesmo pode ser destinado à realização da baciloscopia e cultura, desde que observados os procedimentos operacionais padrão e as regras de biossegurança quanto ao seu manuseio. BIOSSEGURANÇA NA REALIZAÇÃO DA BACILOSCOPIA No Brasil, as baciloscopias para o diagnóstico laboratorial da tuberculose são realizadas em pelo menos cinco ambientes distintos. Alguns laboratórios as realizam em Cabine de Segurança Biológica(CSB) equipadas com filtros HEPA (High Efficiency Particulate Air), outros utilizam Câmaras Assépticas, que são aquelas salas que utilizam pressão negativa de ar e filtros HEPA, outros as realizam em salas arejadas com portas e janelas amplas por onde pode entrar a luz solar e fluxo de ar constante, outros em salas com pouco arejamento, pequenas e mal ventiladas, e outros ainda, em salas com portas e janelas fechadas porque utilizam equipamentos de ar condicionado. Os filtros tipo HEPA auxiliam no controle da transmissão da tuberculose, na medida que removem as partículas infectantes do ar. São considerados HEPA os filtros que conseguem remover 99,97% das partículas com 3 micrômetros de diâmetro em suspensão. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 60 A contaminação do ambiente laboratorial e dos usuários durante a realização da baciloscopia se dão pela formação de aerossóis produzidos por acidentes ou durante todos os procedimentos laboratoriais, que vão desde a abertura do pote até a fase de fixação da lâmina, momento em que os bacilos ainda se encontram viáveis. Após o processo de coloração a viabilidade dos bacilos é praticamente nula, isto é, eles não mais se desenvolvem em meios de cultura apropriados. Com a baciloscopia realizada na CSB, os aerossóis formados ficam retidos em seus filtros HEPA e não evaporam no ambiente laboratorial, protegendo os funcionários, o ambiente e a amostra. É importante ressaltar que a CSB não é um equipamento infalível, acidentes ocorrem com a cabine, dentro da cabine e em torno dela, por isso aventais, máscaras N-95 e luvas devem ser utilizadas por todos que se encontrem no ambiente realizando ou não procedimentos. É importante nunca trabalhar sozinho durante os procedimentos, pois em caso de acidente, ter-se-á alguém por perto e treinado para fornecer ajuda. Excesso de materiais dentro da CSB devem ser evitados, pois estes alteram seu fluxo de ar, favorecendo possíveis contaminações por dispersão de aerossóis. A CSB deve passar por manutenção periódica com substituição de seus filtros e conter um histórico de seu uso fixado em local visível, que deve ser preenchido após cada utilização. Neste histórico deve conter, a data, que procedimentos foram realizados, quem os realizou, e se realizou procedimentos de descontaminação ou não após o uso. Esta rotina de procedimentos ajudam a proteger o próximo usuário. O descarte de materiais contaminados durante os procedimentos na CSB deve se dar em recipientes rígidos envoltos por sacos plásticos resistentes à autoclavação e com identificação do símbolo de risco biológico. A baciloscopia quando realizada em ambientes bastante arejados, com renovação permanente de ar e que permitam a entrada de luz solar ou em câmaras assépticas que utilizam pressão negativa de ar e filtros HEPA, também podem oferecer níveis de biossegurança aceitáveis, desde que os operadores utilizem EPIs (máscaras, luvas e aventais). www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 61 Deve-se evitar a realização da baciloscopia em salas com pouco ou sem arejamento, uma vez que os aerossóis produzidos ficam retidos no ambiente, favorecendo a contaminação dos usuários. Uma boa arquitetura laboratorial que permita uma boa renovação de ar e recebimento de luz solar nas salas com risco biológico, além de uma boa distribuição das salas de recebimento, procedimentos e descarte de materiais que impeçam a circulação desnecessária da amostra com o bacilo, ajudam a reduzir a possibilidade de acidentes e contaminação. BIOSSEGURANÇA NA REALIZAÇÃO DA CULTURA A cultura de bactérias do Gênero Mycobacterium tem indicações especiais para: - Pacientes com imunodeficiência adquirida, pacientes que não respondem ao tratamento medicamentoso, pacientes suspeitos de tuberculose pulmonar com baciloscopias persistentemente negativas e pacientes com formas extrapulmonares da tuberculose. - Isolar o bacilo, identificá-lo e conhecer seu padrão de sensibilidade frente a antibióticos (antibiograma) representam tarefas complexas e trabalhosas nos laboratórios que realizam a cultura. Num laboratório, a cultura do bacilo amplia a magnitude do risco biológico em função da produção elevada de bacilos no meio de cultura. Uma única micobactéria do escarro, pode dar origem a um número infinitamente grande de novas células bacterianas. A magnitude do risco biológico é proporcional à complexidade dos procedimentos e ao seu tempo de realização. Quanto maior a complexidade do procedimento e quanto maior o tempo para sua realização maior a possibilidade de exposição ao bacilo. Assim como na baciloscopia o uso de EPIs tem importância fundamental na proteção individual complementar do indivíduo exposto ao risco por contaminação bacteriana, inclusive diante de Cabines de Segurança Biológica. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 62 A amostra quando não oriunda de sítios estéreis, ela precisa antes ser descontaminada para ser inoculada em meios de cultura específicos de isolamento bacteriano, como é o caso do escarro. Vários métodos de descontaminação da amostra (Lauril, Ogawa, Petroff, Corper/Stoner) podem ser utilizados, uns são mais eficientes para amostras paucibacilares e outros mais cáusticos para o bacilo, mas todos muito trabalhosos. A técnica a ser escolhida pode variar em função da qualidade da amostra. Os métodos mais trabalhosos oferecem maior risco biológico, em função de um maior manuseio e possibilidade de exposição ao bacilo, entretanto, podem oferecer maior possibilidade de sucesso no seu isolamento. Para a realização destas técnicas existem vários procedimentos produtores de aerossóis no laboratório, como centrifugação, separação do sobrenadante do resíduo centrifugado, adição de líquidos à amostra, aspiração e injeção de suspensões bacterianas por seringas, inoculações, destampar de frascos e etc, sem falarmos na possibilidade de acidentes como queda de frascos com derrame ou respingos de líquidos com risco biológico. Os testes de sensibilidade a drogas quando utiliza técnicas radiométricas (Bactec-C14) o risco radioativo se soma ao risco biológico no mesmo frasco. O descarte destes materiais deve primeiramente eliminar o risco biológico através de método químico ou físico, além de obedecer informações contidas na Norma CNEN-NE-6.05(9) que orienta o descarte de rejeitos radioativos no Brasil. Laboratórios que utilizam materiais radioativos em análises biológicas tem como exigência o credenciamento pela CNEN para utilizá-los. Dentre as técnicas de identificação bacteriana, estão o uso de vários testes bioquímicos e técnicas de biologia molecular, todas com utilização de manuseio intenso do bacilo. Outros riscos como o químico, o de incêndio e outros existem num laboratório de bacteriologia da tuberculose. Sinalizar o laboratório sobre os riscos existentes, estabelecer rotinas de contenção de acidentes e de primeiros socorros além de treinar pessoal para realizá-las, fazer o registro de acidentes em livro próprio, disponibilizar www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 63 informações sobre riscos, incentivar o uso de EPIs, oferecer treinamento atualizado aos funcionários sobre a utilização correta das técnicas laboratoriais além de incentivá-los a não correr riscos desnecessários, significa estar praticando biossegurança laboratorial. A POSTURA EM LABORATÓRIO Algumas das principais causas de acidentes em laboratórios são a falta de instrução, a não utilização de Equipamentos de Proteção Coletiva e Individual e de práticas de trabalho condizentes com o ambiente laboratorial. PROCEDIMENTOS DE BIOSSEGURANÇA PARA EVITAR ACIDENTES E CONTAMINAÇÃO · lave as mãos antes e imediatamente após as vezes que manusear materiais químicos e animais, sejam estes venenosos ou não; · mantenha sempre o cabelo preso; · nunca pipetar com a boca; use pipetadores automáticos, manuais ou pêras de borracha; · não coma, beba, ou prepare alimentos dentro do laboratório; · não fume no laboratório; · não guarde alimentos em geladeiras e congeladores utilizados para armazenamento de material biológico ou químico, e vice-versa; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 64 · não trabalhe com material patogênico se houver ferida na mão, no pulso ou em qualquer outra parte do corpo que possa entrar em contato com a substância nociva; · use Equipamentos de Proteção Individual (EPI) adequados para a ação a ser desenvolvida; · não manipule objetos de uso comum como telefones, maçanetas, jornais ou revistas enquanto estiver usando luvas, para não contaminá-los; · tome vacina anti-tetânica para evitar contágio em caso de ferimento; caso o trabalho envolva manipulação de animais e sangue humano aconselha-se também a vacina anti-rábica e contra hepatite B, respectivamente; · use luvas apropriadas toda vez que fornecer alimentos ou água aos animais (para cada animal existe procedimentos e equipamentos adequados). Nunca pegar ou mexer, com as mãos nuas, em qualquer objeto que esteja dentro da gaiola; · evite transportar materiais químicos ou biológicos de um lugar para outro no laboratório. Isso aumenta o risco de acidentes; · evite trabalhar sozinho no laboratório; caso isto se faça necessário, deixe avisado com algum outro integrante do laboratório e pessoa de apoio ou segurança. · procure saber onde ficam os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) e como utilizá-los; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 65 · trabalhe sempre de calça comprida de tecido resistente, calçados fechados não derrapantes (de preferência sapatos de couro), roupas de algodão e use os Equipamentos de Proteção Individual (EPI); · quando iniciar um novo procedimento, imagine os possíveis casos de acidente, como evitá-los e o que fazer caso ocorram. Isso torna o socorro muito mais rápido e eficiente, podendo salvar vidas; EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) Estes equipamentos podem variar de acordo com a atividade exercida: · avental ou jaleco de algodão, de mangas compridas e punho retrátil; · luvas de proteção; · máscara com filtro apropriado; · pipetador automático; · protetor facial ou óculos de proteção; · pêra de borracha; É muito importante que qualquer pessoa que inicie uma atividade no laboratório, sendo pesquisador, professor, técnico de apoio ou mesmo membro da equipe de limpeza; tenha informações a respeito dos procedimentos e condutas adotados. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 66 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA (EPC) -Chuveiro de emergência · extintores de incêndio; · chuveiros de segurança; · lava olhos; · pia para lavagem de mãos; · capelas de fluxo laminar; · capelas de exaustão; · exaustores; · caixas com luvas; · recipientes para rejeitos; · caixa de primeiros socorros; · recipientes especiais para transporte de material contaminado e/ou animais. É muito importante que sempre se verifique as condições funcionamento dos Equipamentos de Proteção Coletiva. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação de 67 CAPELA Lava-Olhos www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 68 CAIXA DE PRIMEIROS SOCORROS Recomenda-se ter uma caixa de primeiros socorros contendo os itens listados abaixo: · conta-gotas; · atadura e esparadrapo; · mertyolate; · cotonetes; · álcool; · soro fisiológico; · curativos adesivos; · picrato de butezin; · tesoura; · lâmina de barbear; · bolsa de água; · pinça; · lenço; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 69 · alfinetes; · um garrote (1/2 metro de borracha flexível); · analgésico; · vaselina esterelizada; · termômetro; É muito importante que além dos itens citados, o laboratório tenha soluções neutralizantes para queimaduras e lesões provocadas por ácidos e bases, além de antídotos para contaminações por outros agentes tóxicos (p. ex.: cianetos). Estas informações podem ser obtidas no cartaz da MERCK encontrado na maioria dos laboratórios. Para procedimentos com substâncias específicas, vide Agentes Químicos (Capítulo 4). SINALIZAÇÃO Identifique e sinalize riscos presentes no laboratório. Atente, também, para os símbolos que aparecem nos rótulos de produtos químicos. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 70 CURSO DE BIOSSEGURANÇA MÓDULO 3 RISCOS NO TRABALHO COM AGENTES BIOLÓGICOS As características peculiares dos agentes biológicos, sejam estes microorganismos (vírus, bactérias ou fungos), animais ou plantas, exigem do profissional que os manipula um conhecimento aprofundado de suas características e das técnicas utilizadas em coleta, armazenamento, transporte e manipulação em laboratório, bem como as normas de higiene e segurança do trabalho. Diversas características dos agentes microbiológicos, como grau de patogenicidade, poder de invasão, resistência a processos de esterilização, virulência e capacidade mutagênica devem ser conhecidos antes de serem manipulados, para que se tomem precauções básicas, minimizando as situações de risco que ocorrem freqüentemente. A infecção acidental por Tripanossoma Cruzi é um exemplo concreto dos riscos. Já foram relatados 45 casos de infecção acidental desse agente, distribuídos em universidades e centros de pesquisa em diferentes países. FORMAS DE INFECÇÃO POR MICRORGANISMOS A penetração e conseqüente infecção acidental por microorganismos pode se dar por 4 vias: via aérea: ocorre devido à propagação de aerossóis, podendo contaminar um grupo grande de pessoas; via cutânea: por picada de agulha ou outros instrumentos perfurocortantes contaminados, além da penetração por ferimentos; via oral: o ato de pipetar com a boca, fumar ou fazer refeições no laboratório e a falta de higiene pessoal são as principais causas dessa via de penetração; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 71 via ocular: a contaminação da mucosa conjuntiva ocorre por lançamento de gotículas ou aerossóis de material infectante nos olhos, podendo ocorrer também por meio do contato dos olhos com as oculares de aparelhos ópticos. Os aerossóis são micropartículas sólidas ou líquidas que podem permanecer em suspensão por várias horas. São formados pelo uso incorreto de equipamentos como centrífugas, homogeneizadores, misturadores e agitadores. Outra causa da formação de aerossóis é a realização de alguns procedimentos como agitação em alta velocidade de materiais biológicos infecciosos; remoção de meio de cultura líquido com seringa e agulha de um frasco contendo material infeccioso; o descarte da última gota de fluidos contaminados de uma pipeta; o ato de destampar um frasco de cultivo ou de suspensão de líquidos após agitá-lo, entre outros. Para evitar a formação destes, é necessário esperar um tempo para abrir frascos após a agitação e homogeneização, além de evitar que a pipeta ou seringa espirre. Identifique e sinalize os frascos contendo agentes biológicos patogênicos manipulados em seu laboratório. MANIPULAÇÃO DE PLANTAS A manipulação de plantas não oferece riscos específicos. No entanto, a pesquisa e a coleta em campo requerem medidas especiais, como serão descritas no capítulo Segurança no Campo. Muitas vezes a planta pode ser inofensiva, mas abrigar animais potencialmente nocivos (lagartas, vespas, cobras, etc.). Além disso, os riscos na manipulação de vegetais concentram-se nas diversas substâncias encontradas nestes (resinas, látex, pólen, extratos...) que podem eventualmente desencadear alergias. Deve-se, portanto, evitar o contato destas substâncias com mucosas em geral (através dos olhos e boca, por exemplo). Se forem observadas outras reações adversas, procurar usar luvas e máscara durante o trabalho com estes materiais. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 72 MANIPULAÇÃO DE INVERTEBRADOS A maioria dos invertebrados que oferece riscos para coleta e manipulação é terrestre. A coleta em ambientes como lado inferior de troncos caídos ou pilhas de madeira deve ser feita rolando-se a madeira para o lado do coletor, evitando que animais peçonhentos, como cobras, o ataquem. Invertebrados terrestres devem ser sempre coletados com pinça (nunca capturados manualmente), pois alguns deles, como aracnídeos e quilópodas, podem inocular venenos. Invertebrados aéreos que ferroem podem ser coletados em redes e transferidos delas diretamente para os frascos mortíferos, inserindo-se a dobra da rede dentro do frasco e esperando que o inseto fique atordoado. Este tipo de frasco é feito pelo pesquisador, colocando um chumaço de algodão embebido com éter ou outra substância que com os seus gases é capaz de matar os insetos rapidamente, sem destruir a sua estrutura. Insetos para coleções devem ser mortos em líquidos (geralmente álcool 70%) ou gases (acetato de etila, cianeto de potássio, éter ou clorofórmio). Os dois primeiros gases são altamente tóxicos e devem ser manipulados com extremo cuidado (vide procedimentos de segurança com agentes químicos). O tipo de reagente utilizado varia para cada ordem, pois alguns podem promover a modificação de coloração do animal. Insetos coletados com o objetivo de serem mantidos vivos devem ser transferidos diretamente do equipamento de coleta (rede, puçá, guarda-chuva entomológico, armadilhas) para frascos ou recipientes devidamente condicionados para tal. Relação dos principais organismos patogênicos manipulados laboratórios. Agente: Tripanossoma Cruzi Classificação: é um protozoário www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação em 73 Riscos: Manipulação de culturas, animais e barbeiros contaminação por vias de penetração em contato com material infectado e mordida de animais. Procedimentos de segurança: Além dos procedimentos básicos de segurança, uso de protetor facial quando ocorrer manipulação de barbeiros. Descarte : Cuidados com excretas, secreções e sangue de animais. Desinfetar todo o material contaminado com hipoclorito de sódio (água sanitária) 2%. Os materiais perfurocortantes ou reutilizáveis devem ser autoclavados antes do descarte. Agente : Giardia lamblia Riscos: Manipulação de material coprológico Ingestão de cistos presentes em material contaminado (água e alimentos) Agentes : Entamoeba Histolítica, Balantidium coli, Escherichia coli, Bactérias diversas Exemplos de uso dos agentes acima: Manipulação de culturas para estudos de diversos aspectos do microrganismo Riscos: Contaminação por vias de penetração em acidentes com material contaminado. Procedimentos básicos de segurança: Usar capela de fluxo laminar quando manipular Culturas. Agente: Paracoccidioides brasiliensis Classificação: é um fungo dimórfico Exemplos de uso: Material biológico como proteínas, DNA e RNA. No momento o cultivo do fungo ainda não é realizado no IB. Riscos: Contaminação por aspiração (via aérea) ou contato direto de ferimentos. Procedimentos básicos de segurança: Usar capela de fluxo laminar quando manipular culturas silvestres ou experimentalmente infectados. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 74 MANIPULAÇÃO DE VERTEBRADOS É importante saber que animais vertebrados podem representar riscos para quem os manuseia, pois mesmo que não experimentalmente infectados, podem estar portando agentes patogênicos inclusive doenças classificadas como zoonoses. REGRAS BÁSICAS : · conhecer bem a biologia do animal a ser manipulado; · não manusear espécies animais sem qualificação para tal; · informar imediatamente ao responsável as mordidas, os arranhões ou qualquer trauma físico que tenha sofrido; · usar jaleco de manga comprida e luvas de procedimento ou de couro. se preciso, material de contenção animal apropriado; · ter noção dos riscos, saber as regras de segurança e avisar imediatamente ao responsável qualquer situação de risco. - no caso de ofídios e outros animais peçonhentos ou venenosos; sempre possuir soro ou saber o local mais próximo capaz de prestar socorro. É muito importante ter o cuidado de minimizar o estresse do animal. Existem casos em que a estrutura nervosa do animal fica desestabilizada, gerando taquicardia e grande grau de estresse. Muitos animais simplesmente morrem com este quadro. Não devemos usar nenhum tipo de perfume quando manuseamos animais. Eles sentem os odores com um grau muito maior. Os efeitos podem ser devastadores, podem provocar alergias nos animais; mães rejeitam filhotes que foram manipulados por uma pessoa que utilizava perfume. MANIPULAÇÃO DE AVES As aves, principalmente espécies urbanas como pombos e pardais, podem transmitir doenças como encefalomielite, toxoplasmose e psitacose. Além disso, www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 75 aves como os psitacídeos (papagaios, araras), e outras que freqüentemente quebram frutos e sementes, podem causar sérios danos em suas investidas com o bico. Algumas espécies são muito agressivas durante a época reprodutiva e podem, de surpresa, causar danos físicos a curiosos e desavisados que se aproximam de seus ninhos. Os ninhos de andorinhas, jaburus e outros pássaros, podem conter barbeiros, transmissores da doença de Chagas. Nas coleções de referência, a conservação de espécimes é feita com agentes químicos perigosos como brometo de etila e naftalina. Portanto, deve-se utilizar as medidas de segurança adequadas (vide Agentes Químicos). MANIPULAÇÃO DE ANFÍBIOS Vários anfíbios possuem substâncias tóxicas em seu tegumento, que podem causar sérios danos às pessoas que não tomam cuidado ao manipulá-los. É necessário evitar o contato com mucosas e ferimentos. É essencial o uso de luvas cirúrgicas, óculos de proteção, jaleco e avental na sua manipulação e dissecação. É muito importante que se saiba realizar o seguinte discernimento: ANIMAL PEÇONHENTO: É o que possui forma de inocular o veneno em sua vítima. Por exemplo as presas da cobra, o ferrão da cauda do escorpião, etc. ANIMAL VENENOSO: É o que possui veneno porém não possui formas de inoculá-lo em sua vítima. Por exemplo o sapo bufus, que possui glândulas cerosas de veneno em sua pele. MANIPULAÇÃO DE RÉPTEIS Cobras: O mais importante ao se trabalhar com cobras é identificá-la, para saber se a espécie é ou não peçonhenta. Na manipulação é imprescindível que se www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 76 utilize gancho ou laço. O transporte deve ser feito em caixas de madeira com fecho seguro ou em sacos de pano. Lagartos: Apesar de não existir lagarto venenoso no Brasil, deve-se tomar alguns cuidados ao manipulá-los: - cuidado ao remover as armadilhas, elas podem conter escorpiões, aranhas... - usar máscara, luva, óculos e jaleco quando trabalhar com formol. Observar as medidas básicas de segurança no campo por ocasião da coleta. MANIPULAÇÃO DE MAMÍFEROS Deve-se tomar cuidado com parasitas, muitas vezes patogênicos para o homem, porque há grande risco de contaminação e infecção. Em experimentos laboratoriais, se for necessária alguma anestesia com éter ou outro agente químico, utilizar, no mínimo, máscara e luva. Pequenos roedores: Para manipular camundongos ou ratos é necessária a utilização de luvas de couro ou luvas cirúrgicas, conforme o caso. Existem técnicas específicas para manipular esses animais, portanto, se o estagiário estiver em processo de aprendizagem, é importante que uma pessoa mais experiente o acompanhe Grandes Roedores: A utilização de luvas de couro torna-se fundamental. Existem também técnicas específicas para manipular cada animal. Procure se informar antes de tomar alguma atitude para manipular o mamífero em questão. Morcegos: Procedimentos com quirópteros também devem ser realizados usando-se luvas de couro para evitar mordidas e posterior contaminação. No Brasil, são identificadas mais de 900 espécies de morcegos, menos de 1% destas possuem hábitos alimentares hematófagos (se alimentar de sangue). Saber identificá-lo quanto ao seu hábito alimentar é fundamental. Vacinação antirábica e anti-tetânica são obrigatórias. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 77 Primatas: A pesquisa com primatas envolve uma série de procedimentos essenciais, para evitar a contaminação dos tratadores e profissionais que os manipulam: · saber a origem do animal. Certas doenças, conhecidas ou não, podem surgir a partir de animais silvestres. Sabendo-se a procedência do animal, pode-se rastrear a origem da doença e advertir pessoas (possíveis portadoras) que estiveram em contato com este, para que elas tomem providências terapêuticas; · manter os animais em quarentena, ou seja, num período de reclusão que é variável, dependendo do rigor do centro ou instituição que promove a pesquisa. Os animais ficam isolados, tendo contato apenas com o tratador; · todos os profissionais que entrarem em contato com os animais devem ser vacinados contra tétano e raiva. Além disso, devem se submeter a exames periódicos de tuberculose (muito transmitida por primatas), parasitológicos e hemáticos; · na contenção (imobilização ou simples manipulação) do animal, devem ser usados protetores de couro (luvas, botas, macacão) e o profissional nunca deve estar sozinho; · em procedimentos que envolvam anestesia do animal, utilizar luvas e material cirúrgico descartável, além de proceder com desinfecção do recinto e de todo o material não descartável após o término do experimento. ANIMAIS E PRINCIPAIS DOENÇAS TRANSMITIDAS Observe o quadro com os mamíferos e aves, potenciais portadores de doenças que afetam o homem, e as respectivas zoonoses que podem transmitir; e um grupo seguinte de quadros (b.1 a b.4) com o nome das zoonoses, seus agentes e sua forma de disseminação. Animais e respectivas doenças que podem ser transmitidas ao ser humano: Animal hospedeiro: Cão Doenças: Brucelose, Leptospirose, Pneumonia, Tuberculose, Ricktesiose, Dermatomicoses, Histoplasmose e Amebíase. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 78 Animal hospedeiro: Gato Doenças: Dermatomicoses e Toxoplasmose Animal hospedeiro: Primata não-humano Doenças: Pneumonia, Shiguelose, Tuberculose, Encefalite por Herpes B, Hepatite, Protozoonoses Sanguíneas e Amebíase. Animal hospedeiro: Suíno Doenças: Pneumonia, Brucelose, Colibacilose, Tuberculose e Dermatomicoses. Animal hospedeiro: Caprino Doenças : Brucelose Animal hospedeiro: Bovino Doenças : Brucelose, Tuberculose e Coccidiose. Animal hospedeiro: Lagomorfo (coelho) Doenças: Ricktesioses, Tularemia e Pneumonia Animal hospedeiro: Ovino Doenças: Brucelose e Colibacilose Animal hospedeiro: Aves Doenças : Colibacilose, Pasteurelose, Pseudotuberculose, Tuberculoses, Dermatomicoses, Clamidiose e Psitacose Animal hospedeiro: Roedor (ratos) Doenças: Leptospirose, Pseudotuberculose, Febre grave, Ricketsioses, Febre Hemorrágica, Coriomeningite Linfocitária, Dermatomicoses, Protozoonoses sanguíneas e Hantaviroses. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 79 Abaixo estão relacionadas várias doenças e seu respectivo agente e formas de disseminação (bactérias,vírus, fungos, protozoários) : DOENÇA AGENTE Brucelose Brucella FORMAS DE INFECÇÃO suis, B.canis, Contato ou ingestão B.abortus, B.metitenses Clamidiose e Psitacose Chlamydia spp Inalação Colibacilose Escherichia coli Ingestão Leptospirose Leptospiras spp Contato, urina, água contaminada Peste Pasteurella pestis Contato ou inalação Pasteurelose Pasteurella Contato ou Inalação bronchiseptica Pneumonia Bordetella bronchiseptica Contato ou inalação Pseudotuberculose Yersínia Contato ou ingestão pseudotuberculosis Febre por mordida de S.noniliformes, Ingestão ou mordida de rato Spiriliumminus roedores Salmonelose Salmonela spp Ingestão, inalação ou contato Shiguelose Shiguela spp Contato, contaminação por fezes Tétano Clostridium tetani Contaminação de feridas Tuberculose Micobacterium spp Contato, ingestão ou inalação Tularemia Francisella tularensis Febre Hemorrágica Vírus da hemorrágica Contato ou ingestão febre Contato, comida contaminada com excretas Coriomeningite Vírus da coriomeningite Contato, Linfocitária lificitária (LCM) www.conhecer.org.br inalação, transmissão congênita - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 80 Encefalite por Herpes B Herpes simiae Contato, mordedura Hepatite A Vírus da hepatite Contato Raiva Vírus rábico Saliva contaminada, mordida de cães raivosos Dermatomicose Trychophytum spp, Contato direto Microsporum sp, Dermotophytes spp Histoplasmose Histoplasma spp Inalação de esporos Cocciodiose Coccidioises immitis Inalação de esporos Toxoplasmose Toxoplasma gondii Ingestão de oocistos em carnes cruas, água contaminada OS BIOTÉRIOS Os biotérios devem manter boa qualidade de vida dos animais para estudo e garantir a limpeza do ambiente de trabalho do pesquisador, evitando doenças. Para isso os biotérios devem ter as seguintes condições para manutenção: · boa alimentação para as cobaias; · boa iluminação; · ventilação adequada, com exaustores; · limpeza das bancadas e pisos com germicida para eliminar infecção; · lavar caixas onde ficam ratos, camundongos ou coelhos periodicamente, trocando as serragens. As caixas variam de tamanho, as pequenas suportam até 10 camundongos ou ratos, e as grandes até 20; · piso não escorregadio. Os biotérios serão abordados em seu aspecto arquitetônico em capítulo especial. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 81 CURSO DE BIOSSEGURANÇA MÓDULO 4 AGENTES QUÍMICOS É essencial para as pessoas que utilizam produtos químicos conhecer as suas principais características, os riscos que oferecem no seu uso e as precauções a serem tomadas para minimizar estes riscos, o modo correto de manipulação do agente, além dos primeiros socorros a serem prestados em caso de acidente. Normas gerais de biossegurança para o manuseio de agentes químicos: · Leia o rótulo antes de abrir a embalagem; · Verifique se a substância é realmente aquela desejada; · Considere o perigo de reações entre substâncias químicas; · Abra embalagens em área bem ventilada; · Tome cuidado durante a manipulação e uso de substâncias químicas perigosas, utilizando métodos que reduzam o risco de inalação, ingestão e contato coma pele, olhos e roupas; · Feche hermeticamente a embalagem após utilização; · Evite a utilização de aparelhos e equipamentos contaminados; · Trate dos derramamentos usando métodos e precauções apropriados para as substâncias perigosas. Segue abaixo uma lista de agentes químicos comumente utilizados nas práticas de laboratório de Biologia, e/ou aqueles que, mesmo com uso pouco freqüente, apresentam sérios riscos quando manipulados. Acetona (Dimetilcetona, 2-propanona, CH3OCH3) · Características: líquido incolor, sabor adocicado, bastante volátil, odor suave e penetrante facilmente detectável, altamente inflamável; . Exemplos de uso: extração de DNA, precipitação de proteínas, desidratação de material histológico, extração de lipídios. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 82 . Riscos: tóxica, irritante, corrosiva para materiais plásticos, inflamável. Cuidado ao manipular com ácidos sulfúreos e nítrico concentrados; · Medidas de proteção: usar luvas; manusear na capela; manter longe de chamas; · Armazenamento: cerca de 2 litros; recipiente de vidro; · Primeiros socorros: inalação: remover a pessoa da exposição e colocá-la para descansar mantendo-a aquecida; ingestão: lavar vigorosamente a boca e beber, depois, água. Procurar auxílio médico. Acetonitrila (CH3CN) · Características: líquido incolor, volátil, odor semelhante ao do éter, sabor adocicado; · Exemplo de uso: HPLC (fracionamento de toxinas); · Riscos: tóxica (inalação ou contato com pele íntegra), inflamável, explosiva em contato com o ar, reage fortemente com oxidantes. . Sintomas de superexposição: asfixia, náuseas, vômitos, convulsões; · Medidas de proteção: usar luvas, óculos de segurança; · Armazenamento: cerca de 2 litros; recipiente de vidro. Resíduos: conservar em recipientes metálicos fechados e estanques; · Em caso de incêndio: evacue o local e desligue a rede elétrica. Os agentes de extinção são o anidrido carbônico, os pós químicos e as espumas; · Primeiros Socorros: contato cutâneo: lavar com água as regiões contaminadas; retirar, se for o caso, as vestes sujas; contato com os olhos: exige uma lavagem cuidadosa e prolongada; inalação: remover a pessoa da atmosfera poluída e aplicar, se for o caso, os métodos de reanimação. Ácido Acético Glacial (CH3COOH) · Características: líquido incolor, volátil, odor penetrante e picante (característico do vinagre). É incompatível com oxidantes, metais, ácido nítrico, ácido perclórico, peróxidos, permanganatos, carbonatos e hidróxidos; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 83 · Exemplos de uso: reações orgânicas; · Riscos: altamente corrosivo, irritante e inflamável. Inalação: trato respiratório superior e, em excesso, bronquite crônica; contato com olhos: sérios danos culminando na perda total da visão; contato cutâneo: destruição dos tecidos e graves queimaduras; ingestão: graves queimaduras nas mucosas (boca e tubo gastrointestinal), causando vômito, hematêmese, diarréia, colapso circulatório, uremia e morte; · Medidas de proteção: usar luvas, óculos de segurança, avental de borracha, protetor facial. Manusear na capela de exaustão e em local onde exista chuveiro e lava-olhos de emergência. Para diluições, verta vagarosamente o ácido na água e nunca o contrário; · Armazenamento: recipiente de vidro, em um local com temperatura superior a 16,6º C; · Descarte: pia; tratamento anterior ao descarte : correção do pH entre os limites 5,5 e 8,5 (pode-se usar para neutralização: solução de hidróxido de sódio, carbonato de sódio ou bicarbonato); os sais de acetato que se formam são solúveis em água e podem facilmente ser lavados; · Primeiros Socorros: contato com os olhos: lave imediatamente com grande quantidade de água, por pelo menos 15 minutos, levantando ocasionalmente as pálpebras inferior e superior (usar lava-olhos); contato cutâneo: retire a roupa contaminada e lave a área atingida com água e sabão em abundância (mínimo de 15 minutos); não tente neutralizar o ácido com soluções alcalinas e nem use pomadas ou cremes antes de lavar bem a pele com água; inalação: em caso de inalação excessiva de vapores: remova o acidentado para local arejado, observe as condições respiratórias e aplique respiração artificial se necessário; ingestão: não provoque vômito; dê grande quantidade de água para beber. Em qualquer caso de acidente com ácido acético, procure auxílio médico. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 84 Ácido Clorídrico (ácido muriático ou HCl) · Características: líquido incolor (tendendo ao amarelo), bastante volátil quando concentrado. Odor pungente e irritante. É incompatível com oxidante e metais; · Exemplos de uso: lavagem de material, dissociação de células, correção do pH; · Riscos: altamente corrosivo (inclusive à maioria dos metais), e irritante; contato com olhos: lesão severa, podendo ocasionar perda da visão; contato cutâneo : graves queimaduras; ingestão: graves queimaduras nas mucosas da boca, esôfago e estômago; · Medidas de proteção: usar luvas, óculos de segurança, avental de borracha, protetor facial. Manusear na capela de exaustão e em local onde exista chuveiro e lava - olhos de emergência; · Armazenamento: recipiente de vidro; · Descarte: pia; tratamento anterior ao descarte : correção do pH entre os limites 5,5 e 8,5 com solução de hidróxido de sódio diluído; · Incêndio: agente extintor: dióxido de carbono e pó químico seco; · Primeiros Socorros: contato cutâneo: retirar a roupa e lavar imediatamente o local com água abundante (usar o chuveiro de emergência); contato com os olhos: lavar imediatamente com água (usar o lava - olhos), por pelo menos 15 minutos; as pálpebras devem ser afastadas durante a irrigação, para garantir o contato da água com todos os tecidos dos olhos; ingestão: se a vítima estiver consciente, deve beber água, leite ou leite de magnésio; não provoque vômito; inalação: retirar o acidentado do local, observar as condições respiratórias, fazendo respiração artificial, se necessário. Em todos os casos de acidente com ácido clorídrico, procure auxílio médico (Hospital de Queimados). Ácido Sulfúrico (H2SO4) · Características: líquido incolor (impurezas fazem-no adquirir cor amarelo escura), volátil a partir de 30oC, inodoro, consistência xaroposa. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 85 Com numerosas substâncias (matérias orgânicas, metais em pó, carburetos, clorados, cromatos, permanganatos, nitratos, fulminatos, fluosilícios, entre outros), a reação é altamente exotérmica (produz calor). Quando concentrado, reage violentamente com bases anídricas e tem ação corrosiva sobre metais a quente. Quando diluído, reage com zinco, ferro e cobre, mas não com chumbo; · Exemplos de uso: medir concentração de glicogênio e proteínas, acertar pH de tampão, dissociação de células, clarificação de tecido vegetal, reações físico-químicas; · Riscos: irritante; inalação: intensa nas mucosas do trato respiratório (asmáticos têm pouca tolerância). Pode ocasionar lacrimejamento, dores oculares, tosse e dispnéia; contato com olhos: riscos de opacidade corneana, glaucoma, catarata e até a perda total da visão; ingestão (pH £ 1,5): dores bucais, retroesternais e epigástricas, hemorragias digestivas); · Medidas de proteção: usar luvas (PVC para ácido concentrado e látex, comum, quando diluído), avental de borracha, protetor facial. Para as diluições em água, entorná-lo lentamente (pequenas quantidades) na água, agitando sem parar. Nunca entornar a água no Ácido Sulfúrico, pode explodir! Manusear na capela de exaustão e em locais onde exista chuveiro e lava - olhos de emergência; · armazenamento: estocar em recipiente fechado e protegido contra danos físicos; não guardar próximo a materiais combustíveis ou metais reativos; · Descarte: pia; tratamento anterior ao descarte : neutralização por agentes alcalinos (hidróxido de sódio, carbonato de sódio e bicarbonato) até atingir pH entre 5,5 e 8,5; · Em caso de incêndio: agente de extinção: dióxido de carbono; evacuar o local, permitindo seu acesso somente a pessoas especializadas, portadoras de equipamentos anti-ácido, aparelhos de proteção respiratória autônomos e isolantes; · Primeiros socorros: contato cutâneo ou com os olhos: lavar imediatamente por, no mínimo, 15 minutos (usar chuveiro ou lava – olhos de emergência); inalação maciça de vapores: remover a pessoa acidentada da zona poluída; se www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 86 necessário, empregar manobras de reanimação e deixar a pessoa em repouso; ingestão de soluções concentradas (pH £ 1,5) ou pH não conhecido : não permitir a ingestão de leite e nem produzir vômitos; transferir imediatamente para um hospital; ingestão de soluções diluídas (pH ³ 1,5) e em pequeno volume : beber 1 ou 2 copos de água. Em qualquer caso de acidente com ácido sulfúrico, consultar imediatamente um médico. Acrilamida (CH2=CHCONH2) · Características: cristais brancos e brilhantes; · Exemplos de uso: separação eletroforética de proteínas; · Riscos: neurotóxica (penetração via pele intacta ou inalação), carcinogênica. Os sintomas potenciais de superexposição são: atoxia, parestesia, fadiga, letargia, irritação dos olhos e da pele, dormência dos braços e pernas; · Medidas de proteção: usar luvas, óculos de segurança, aparelho de proteção respiratória; manter boa ventilação no local de trabalho, captação dos vapores ou poeiras na sua fonte de emissão e manusear em capela de exaustão; · Armazenamento: recipientes bem fechados, local escuro e frio. Resíduos: recipientes metálicos fechados e vedados. Solução: deve ser armazenada à 4o C; · Descarte: em recipientes metálicos fechados e vedados; · Primeiros socorros: inalação: remova da exposição, descanse e mantenha aquecido; contato com a pele : banhe a pele com água e lave-a com sabão. Remova as roupas contaminadas e lave-as antes de usá-las novamente; ingestão: lave a parte externa vigorosamente com água e em seguida beba água limpa; contato com os olhos: irrigar os olhos minuciosamente com água. Em casos graves ou de exposição prolongada procure assistência médica. Azida Sódica (N3Na) · Características: cristais altamente solúveis em água; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 87 · Exemplos de uso: inibir crescimento de microorganismos, fixação de oxigênio, produção de soluções diversas, potente vasodilatador usado terapeuticamente para controlar pressão sangüínea e usada em síntese orgânica; · Riscos: altamente tóxica (por contato e inalação); pode causar hipotensão, taquicardia, taquipnéia, hipotermia, convulsões e severa dor de cabeça; explosiva quando em reação com sais metálicos e produz gases venenosos quando em contato com ácidos; · Medidas de proteção: usar luvas, proteção facial e manusear na capela; · Armazenamento: em local fresco e em recipiente bem fechado; · descarte: se eliminado pela pia, o sifão pode explodir; · Primeiros socorros: inalação: remover a pessoa da exposição, colocá-la para descansar e manter aquecida; ingestão: lavar vigorosamente a boca e depois beber um pouco de água; contato cutâneo: banhar abundantemente, remover vestimentas, lavando-as antes de um novo uso e usar chuveiro de emergência. Benzeno (benzol, ciclohexanatrieno, hidreto de fenila, nafta de carvão ou C6H6) · Características: líquido incolor, pouco solúvel em água. É incompatível com oxidantes; · Exemplo de uso: reagentes histoquímicos, cromatografias; · Riscos: inflamável e tóxico; contato com a pele : bolhas, dermatoses secas com rachaduras; inalação: exposição a altas concentrações pode causar inconsciência, convulsão e morte. Exposição repetida pode causar anemia aplástica (irreversível); alteração na formação dos leucócitos, e do seu número no sangue. Incompatibilidade com oxidantes; · Medidas de proteção: usar luvas (PVC ou neoprene de cano longo), protetor facial, aparelho de proteção respiratória ou capela de exaustão; · Armazenamento: cerca de 2 litros, em recipiente de vidro e em local ventilado; · Descarte: não jogar na pia devido ao risco de explosão; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 88 · Em caso de incêndio: extintor recomendado: espuma, CO2, e pó químico seco; · Vazamento: evacuar o local, lavar com água em excesso, remover ou isolar o recipiente com o vazamento em área ventilada, transferindo o conteúdo para outro recipiente; · Primeiros socorros: contato cutâneo mucosas e olhos : lavar com água corrente em abundância por pelo menos 15 min (usar lava olhos e chuveiro de emergência); ingestão: provocar vômito (se a pessoa estiver inconsciente não provoque o vômito e nem dê qualquer bebida); inalação excessiva de vapores: remover a pessoa imediatamente para área não contaminada, manter o paciente deitado sem travesseiro, aquecido e quieto; se necessário fazer respiração artificial e em qualquer dos casos, procure imediatamente um médico. Beta-Mercapto-Etanol (C2H6OS) · Características: líquido, odor desagradável, redutor, miscível em água, álcool, éter e benzeno; · Exemplo de uso: tampão de amostra para gel de proteínas; · Riscos: inalação; pode provocar a esterilidade masculina. É irritante para olhos e pele; · Medidas de proteção: usar luvas, máscara com filtro químico e manusear na capela de exaustão; · Primeiros socorros: encaminhar imediatamente a um médico. Bis-Acrilamida · Exemplos de uso: separação eletroforética das proteínas; · Riscos: neurotóxico (inalação, contato cutâneo, ingestão) e irritante (olhos, sistema respiratório e pele); · Medidas de proteção: usar luvas e manusear na capela de exaustão; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 89 · Primeiros socorros: contato com os olhos : lave imediatamente com bastante água (use lava - olhos) e procure cuidados médicos. Bromoetano ou brometo de etila (ou, incorretamente chamado, brometo de etídeo) · Características: cor vermelha; · Exemplos de uso: corar gel de eletroforese; · Riscos: é inflamável, irritante (pele, olhos e mucosas) e prejudicial se inalado, absorvido ou ingerido (é mutagênico e carcinogênico); · Medidas de proteção: usar luvas de borracha, óculos de segurança, máscara de proteção. Incompatível com agentes oxidantes fortes. Evite contato!; · Vazamento: isole e neutralize o vazamento com água sanitária antes de escoá-lo para o esgoto com excesso de água. Para derrames de pó, apanhe o material com uma pá limpa, coloque num recipiente seco para utilização futura. e lave a área com solução de água sanitária seguida de água; · Primeiros socorros: pulmões : remova da exposição, descanse e mantenha aquecido; contato com a pele : banhe a pele com água e lave com água e sabão. Remova as roupas e sapatos contaminados e lave-os antes de usá-los novamente; ingestão: lave a boca vigorosamente com água e dê água ou leite para beber. Induza vômito; contato com os olhos: irrigar os olhos minuciosamente com água por pelo menos 15 minutos. Em casos graves ou de exposição prolongada procure assistência médica. Brometo de Cianogênio · Exemplos de uso: clivagem de proteínas para obtenção de peptídeos; · Riscos: bloqueador da cadeia respiratória; · Medidas de proteção: usar luvas, protetor facial. Manusear na capela e o mais rápido possível. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 90 Clorofórmio (CHCl3) · Características: líquido de sabor adocicado com odor característico, altamente volátil, não inflamável e miscível em álcool, benzeno, éter; · exemplos de uso: extração de DNA e anestésico; · Riscos: inflamável e irritante; inalação: irritação do trato respiratório, podendo causar morte por arritmias cardíacas; ingestão: queimaduras na boca e garganta, danos aos rins e fígado; contato cutâneo : irritação, pode causar dermatite e tumores malignos; contato com os olhos: irritação da conjuntiva; ingestão, inalação ou absorção pode ser FATAL!; · Medidas de proteção: usar luvas de borracha, óculos de segurança, máscara de proteção, manusear na capela, não usar lentes de contato e manter longe do calor, fontes de ignição, bases fortes e metais quimicamente ativos; · Derrames: ventile e isole o derrame. Remova fontes de ignição, recupere o líquido, ou absorva com um material inerte e colete como lixo prejudicial; · Primeiros socorros: inalação: remova da exposição, descanse e mantenha aquecido. Em casos graves procure assistência médica e aplique respiração artificial em caso de parada respiratória; ingestão: Lave vigorosamente com água. Se a vítima estiver consciente dê dois copos de leite ou água e induza vômito.; contato com a pele ou olhos; lave a área com grandes quantidades de água por pelo menos 15 minutos, use o chuveiro e o lava-olhos de emergência. e remova roupas contaminadas. DNS (Ácido dinitrosalicílico) · Características: ácido na forma de pó que contém fenol (Ver: Fenol); · Exemplos de uso: ensaios enzimáticos; · Riscos: queimaduras por inalação, ingestão e contato; · Medidas de proteção: usar luvas, máscara descartável e manusear na capela; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 91 · Primeiros socorros: contato com os olhos, mucosas ou pele : lave imediatamente por, pelo menos, 15 minutos, utilize o chuveiro, o lava-olhos de emergência, encaminhe a um médico. Etanol (álcool etílico) · Características: líquido incolor, volátil, solúvel em água, álcoois, éter etílico, clorofórmio e acetona; · Exemplos de uso: assepsia e fixação; · Riscos: inflamável e irritante; contato com os olhos : lesões na córnea; inalação: irritação do trato respiratório; Ingestão: sérias lesões gástricas; · Medidas de proteção: usar luvas e óculos de segurança; · Armazenamento: cerca de 2 litros, recipiente de vidro. Para quantidades maiores, usar recipiente de ferro, cobre, aço ou alumínio e manter em local ventilado; · Incêndio: extintor de pó químico ou CO2.e água (eficaz apenas em grandes quantidades); · Primeiros socorros: contato cutâneo : retirar a roupa contaminada e lavar com água em abundância; contato com os olhos: lavar com água corrente, em abundância por pelo menos 15 min. Utilizar o lava-olhos de emergência; inalação excessiva: retirar o acidentado do local, ocorrendo parada respiratória, aplicar respiração artificial e manter o acidentado deitado e aquecido; ingestão: provocar vômito (se estiver inconsciente não provoque o vômito nem dê qualquer bebida). Encaminhar a um médico. Éter Etílico (éter sulfúrico, óxido de etila, etano-oxi-etano, C4H10O) · Características: líquido incolor, bastante volátil, odor penetrante deixando sensação de frio intensa por evaporação; · Exemplos de uso: cromatografia, anestésico, anti-séptico, estimulante, solvente; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 92 · Riscos: extremamente inflamável e explosivo. É narcótico, provoca irritação cutânea, das mucosas oculares e respiratórias superiores, dores de cabeça, náuseas, vômitos, sonolência e é incompatível com oxidantes; · Medidas de proteção: usar luvas, manusear na capela, manter protegido da luz e de compostos oxidantes; · Armazenamento: cerca de 2 litros, em recipiente de vidro e manter em local arejado; · Em caso de incêndios: utilizar anidrido carbônico, pós químicos ou areia (eficaz para pequenos incêndios); · Primeiros socorros: inalação: retirar o indivíduo da zona poluída, e se houver parada respiratória, aplicar imediatamente as manobras de reanimação; contato com pele: e vestimentas : retirar as roupas contaminadas consultar um médico que decidirá o momento de se aplicar sobre a pele afetada uma preparação gordurosa à base de lanolina; contato com os olhos : lavar imediatamente com água durante no mínimo, 15 minutos, chamar um oftalmologista. Use o lava - olhos. Fenol (ácido carbólico, ácido fênico, hidroxibenzeno, ácido fenílico, benzofenol, C6H6O) · Características: massa branca ou cristalina, ou cristais agulhiformes, higroscópicos e translúcidos. Odor característico, sabor acre e adocicado; · Exemplos de uso: extração de DNA e desinfetante; · Riscos: incêndios, corrosivo, irritante; inalação: dispnéia e tosse, danos ao fígado, rins, e sistema nervoso central; ingestão: queimaduras intensas na boca e garganta, dor abdominal acentuada, cianose, fraqueza muscular, coma). Pode provocar MORTE por parada respiratória, é Incompatível com oxidantes e é rapidamente absorvido pela pele, pulmões e estômago. A toxicidade sistêmica pode ser causada pela ingestão, contato com a pele íntegra e mucosas, por soluções ou vapor. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 93 Fase inicial excitatória, rapidamente culminando para uma depressão do sistema nervoso central e coma; sintomas potenciais de superexposição agudas : respiração dificultada, muco ralo, espuma na boca e nariz, edema pulmonar, cianose, tremor, convulsões, contrações e morte por falência respiratória; · Medidas de proteção: usar luvas de cano longo, óculos de segurança, avental, protetor facial, máscara de proteção ou capela de exaustão; · armazenamento: recipiente de vidro ao abrigo da luz e em local bem ventilado; · Descarte: absorver pequenas quantidades com papel toalha (grandes quantidades podem ser absorvidas com areia seca ou vermiculita). O material absorvente pode ser incinerado. Os locais do derrame devem ser lavados com água até que o cheiro desapareça. A água não deve ser jogada no esgoto sem receber tratamento adequado: recuperar o fenol de soluções até 1% por adsorsão em carvão, extração por solventes ou destilação por arraste de vapor. Soluções mais diluídas podem sofrer oxidação biológica por cloro ou dióxido de cloro; · Em caso de incêndios: utilizar água, dióxido de carbono, ou pó químico seco; · Primeiros socorros: inalação: remova da exposição, descanse e mantenha a vítima aquecida. Não aplique Resorcinol; contato com a pele: remova as roupas contaminadas e enxágüe a pele atingida com glicerol, polietileno glicol líquido ou uma mistura de polietileno glicol líquido e álcool metílico 70:30 durante pelo menos 10 minutos. Use água se o solvente não for imediatamente disponível, utilizando o chuveiro de emergência. Lave as roupas contaminadas antes de usar novamente; - Ingestão: lave a boca vigorosamente com água, Dê grande quantidade de água ou leite para beber, 15 a 50 ml de azeite de oliva. Induzir vômito se a pessoa estiver consciente; contato com os olhos : lavar os olhos com água abundante por pelo menos 15 minutos, usar o lava – olhos, mantenha os olhos abertos e as pálpebras afastadas durante a lavagem e procure assistência médica; Formol (formaldeído, metanal, aldeído fórmico, formalina) · Características: gás incolor, odor pungente e irritante. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 94 · Exemplos de uso: estabilizante ou fixador. · Riscos: inflamável, irritante; contato cutâneo: endurecimento, rachaduras e ulceração particularmente ao redor das unhas e dermatoses; contato com olhos: provoca queimaduras, podendo evoluir à cegueira; inalação: lesões do trato respiratório superior, pode causar MORTE por edema ou espasmo da glote; ingestão: inflamação da boca, garganta, esôfago e estômago, pode causar danos aos rins e sistema nervoso central com convulsão e MORTE. Incompatibilidade com oxidantes e substâncias alcalinas; · Medidas de proteção: usar luvas, óculos de segurança, mangotes, avental de borracha, protetor facial e máscara de proteção. Manusear na capela e manter ventilação local adequada; · Armazenamento: cerca de 2 litros, em recipiente de vidro e em local com temperatura entre 16 e 35 oC; · Primeiros socorros: inalação: remova da exposição, descanse e mantenha a vítima aquecida; contato com a pele : banhe a pele com água e lave com água e sabão. Remova as roupas contaminadas e lave-as antes de usá-las novamente; ingestão: lave a boca vigorosamente com água e dê água para beber; contato com os olhos: irrigar os olhos minuciosamente com água. Em casos graves ou de exposição prolongada, procure assistência médica. Glutaraldeído (C5H8O2) · Características: líquido incolor de odor irritante; · Exemplo de uso: fixação de material biológico e esterilização de instrumentos endoscópicos; · Riscos: corrosivo e irritante; contato cutâneo: queimaduras, imediatamente absorvido; inalação e ingestão: tóxico; · Medidas de proteção: usar luvas e manusear na capela de exaustão; · Armazenamento: em recipiente de vidro guardado em câmara fria; · Primeiros socorros: chamar imediatamente um médico. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 95 Hidróxido de Potássio (KOH) · Características: pó bastante cáustico; · Exemplos de uso: fixação, medir concentração de glicogênio e proteínas em tecidos animais; · Riscos: queimadura, lesão da mucosa e intoxicação. Extremamente corrosivo. ingestão: violentas dores, hematese e colapso; · Medidas de proteção: sempre usar luvas, protetor facial e avental de borracha. Manusear em capela e somente em local seguro, onde exista chuveiro e lava-olhos de segurança; · Armazenamento: em recipiente bem fechado; · Descarte: pia, tratamento anterior ao descarte: neutralização com ácido clorídrico ou ácido sulfúrico diluídos até atingir pH entre 6 e 8; · Primeiros socorros: contato cutâneo : lavar com água corrente até que a pele fique livre do álcali, o que é indicado pelo desaparecimento do aspecto saponáceo; contato com os olhos : lavar durante 5 minutos com água corrente e então irrigar durante 30 a 60 minutos com soro fisiológico; ingestão: Diluir o álcali administrando, de imediato, água ou leite e favorecendo o aparecimento de vômitos. Suco de frutas, vinagre diluído em igual quantidade de água ou suco de limão fresco ou enlatado podem então ser dados com o objetivo de neutralizar o hidróxido de potássio. Hidróxido de Sódio (soda cáustica) - sólido ou em solução aquosa · Características: sólido branco, translúcido e muito higroscópico; · Exemplos de uso: correção de pH, preparo de reagentes, clarificação de tecido vegetal; · Riscos: irritante; contato cutâneo: queimaduras. As lesões podem ocorrer antes que se perceba o contato; contato com olhos: danos permanentes até cegueira; inalação: irritação das mucosas do sistema respiratório até pneumonia grave; ingestão: severas queimaduras nas mucosas da boca, esôfago e www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 96 estômago. Pode ser FATAL. Em contato com água ou umidade pode gerar calor suficiente para provocar ignição de materiais combustíveis; · Medidas de proteção: usar luvas (borracha, PVC ou neoprene de punho longo), avental de borracha, protetor facial. Manusear em local seguro, onde há chuveiro e lava - olhos de emergência. No preparo de soluções, adicionar lentamente a soda cáustica à água; · Armazenamento: em local seco; · Descarte: pia; tratamento anterior ao descarte: neutralização com ácido clorídrico ou ácido sulfúrico diluídos até atingir pH entre 5,5 e 8,5; · Primeiros socorros: contato cutâneo: retirar a vestimenta contaminada remover imediatamente o produto com grandes quantidades de água, pelo menos por 15 minutos (usar o chuveiro de emergência). Contato com os olhos: lavar os olhos com água corrente em abundância, pelo menos por 15 minutos. Usar o lava – olhos; inalação: transportar o contaminado para área não contaminada; ingestão: se a vítima estiver consciente, dar óleo de oliva ou outro óleo comestível para beber. Somente na impossibilidade de ministrar óleo, dar pequenas quantidades de água. Não provocar vômito. Em todos os casos, procurar um médico. - Observações: Já foram constatados acidentes com pessoas que trabalham na limpeza e usuários dos locais que estão sendo limpos. Algumas empresas utilizam este produto para desentupimento e limpeza de vaso sanitário. Aconteceram fatos onde o usuário utilizou o vaso sanitário que estava impregnado com o produto. A sensação de dor (queima) acontece apenas quando os tecidos já foram lesionados. Portanto, muito cuidado na utilização deste produto. Lugol (iodeto alcalino) Exemplos de uso: fixação de fitoplâncton e dosagem de glicogênio; · Riscos: Inflamável, de fácil absorção (sistema respiratório, nervoso central e cardiovascular), e extremamente irritante; contato cutâneo: queimaduras e www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 97 erupção na pele; contato com os olhos e inalação: vapores corrosivos para os olhos e vias aéreas superiores; ingestão: causa queimaduras; · Medidas de proteção: usar luvas e manusear na capela; · Descarte: pia, com água em excesso; tratamento anterior ao descarte: acidificação com ácido sulfúrico 3 M e posterior neutralização com soda cáustica; · Vazamento: cubra com um redutor e misture com água; · Primeiros socorros: contato com a pele e com os olhos : lave por pelo menos 15 minutos com grandes quantidades de água. Use chuveiro e lava - olhos de emergência, ingestão: dê 2 a 4 copos de água e induza vômito; inalação: remova a pessoa para um local com ar fresco e faça respiração artificial se for preciso. Metanol (álcool metílico, álcool da madeira ou carbinol) · Características : líquido incolor, odor levemente alcóolico quando puro; · Exemplos de uso: usado como solvente em espectrometria de massa, para descorar gel de proteínas e purificação de toxinas; · Riscos: inflamável, tóxico e irritante; contato cutâneo prolongado : é absorvido, provocando graves alterações sistêmicas; contato com os olhos: lesão da córnea; inalação e ingestão: podem ser FATAIS. Deprime o sistema nervoso central e provoca asfixia; ingestão: pode causar cegueira, danos aos rins e fígado; · Medidas de proteção: usar luvas, óculos de segurança, avental de neoprene, protetor facial e máscara de proteção. Manusear na capela de exaustão mantendo a ventilação local adequada; · Armazenamento: cerca de 2 litros, recipiente de vidro, local ventilado. Conservar os resíduos impregnados com álcool metílico em recipientes hermeticamente fechados; · Descarte: os resíduos devem ser absorvidos por areia seca, terra, vermiculita, cinza ou material similar. O material absorvente deve ser incinerado posteriormente. Para pequenas quantidades, absorver com toalhas de papel. Deixar evaporar em lugar seguro e então queimar o papel distante de materiais www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 98 combustíveis. Não dispor o álcool metílico diretamente no esgoto, em razão do risco de explosão. Se necessário fazê-lo, misturar com grande quantidade de água. · Em caso de vazamento: evacuar o local. Eliminar todas as fontes de ignição. Remover o recipiente com vazamento para área ventilada ou isolá-lo, transferindo seu conteúdo para recipiente adequado. As quantidades vazadas devem ser limpas imediatamente, conforme descrito no tratamento de resíduos. O local deve ser lavado com água em excesso; · Em caso de incêndio: pó químico seco ou dióxido de carbono. Pode-se utilizar espuma, desde que especial para álcool. A água é eficaz somente em grandes quantidades; · Primeiros socorros: contato cutâneo : retirar a roupa contaminada. Lavar imediatamente a área atingida com água em abundância. Use chuveiro de emergência; contato com os olhos : lavar os olhos com água corrente em abundância por, pelo menos, 15 minutos. Utilizar lava – olhos; ingestão: se o acidentado estiver consciente; provocar vômito dando água morna com sal na proporção de duas colheres de sobremesa de sal por copo de água, ou colocando o dedo na garganta) e manter o paciente deitado e aquecido. Se o paciente estiver inconsciente, não provocar vômito, nem dar nada para beber; inalação: excessiva de vapores: remover a pessoa para área não contaminada. Mantê-la deitada e aquecida. Se necessário, fazer respiração artificial. Em todos os casos chamar um médico. Nitrogênio (líquido criogênico) · Características: líquido incolor, inodoro, extremamente frio; · riscos: queimaduras criogênicas. O vapor pode causar asfixia rápida, pela falta de oxigênio. Perigos inesperados e adicionais quando 2 ou mais gases se misturam; · Medidas de proteção: usar luvas folgadas, óculos de segurança; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 99 · Armazenamento: proteger os cilindros de nitrogênio contra danos físicos, prendendo-os com uma corrente. Feche a válvula quando não estiver em uso ou quando vazio; · Descarte: aliviar vagarosamente para a atmosfera externa; · Incêndio: evacuar a área em perigo. Imediatamente inunde os cilindros com jatos de água a uma distância máxima até resfriá-los. Remova os cilindros para longe da área do fogo, se não houver riscos. Não direcione a água para o nitrogênio líquido; · Primeiros socorros: contato cutâneo: imediatamente, aqueça a área congelada com água morna (Não exceder 40º C ou cozinhará os tecidos); contato com os olhos: lave imediatamente com água corrente por 15 minutos, no mínimo; inalação: remova para o ar fresco. Administre respiração artificial se não estiver respirando. Em todos os casos, encaminhe a um médico. Piridina (C5H5N) · Características: líquido claro, inflamável, odor característico e potenciais de desagradável, fracamente alcalino; · Exemplos de uso: reações histológicas; · Riscos: cancerígeno e neurotóxico. Sintomas superexposição: dor de cabeça, nervosismo, confusão mental e insônia, náuseas, anorexia, diurese, irritação dos olhos, dermatites, riscos aos rins, fígado e pâncreas; · Medidas de proteção: usar luvas, protetor facial. Manusear na capela; · Primeiros socorros: inalação; remover a pessoa da exposição e colocá-la para descansar, mantendo-a aquecida; contato cutâneo: banhar abundantemente, remover as vestimentas, lavando-as antes de usá-las novamente; ingestão: lavar vigorosamente a boca e depois beber um pouco de água com vinagre ou ácido cítrico 1% ou suco de limão. Procurar um médico. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 100 Resina (Spurr) · Característica: mistura de vários reagentes químicos tóxicos; · Exemplo de uso: emblocar material biológico; · Riscos: irritante e tóxica. Sintomas potenciais de superexposição: irritação dos olhos e sistema respiratório superior, náuseas, dor de cabeça e confusão mental; · Medidas de proteção: usar luvas e manusear na capela; · Armazenamento: em recipiente de vidro a baixas temperaturas (câmara fria); · Descarte: deixar polimerizar e só então descartar; · Primeiros socorros: contato cutâneo e com os olhos : lavar com água em abundância por pelo menos 15 minutos e chamar um médico. Tetrahidrofurano (THF, C4H8O) · Características: líquido com odor semelhante ao do éter, miscível em água, álcool, cetonas, ésteres, éteres e hidrocarbonos; · Exemplos de uso: sequenciamento de proteínas; · Riscos: contato cutâneo, com olhos e mucosas: irritante e narcótico; · Medidas de proteção: usar luvas, protetor facial, manusear na capela, destilar apenas na presença de um agente redutor como sulfato ferroso; · Armazenamento: guardar em recipiente fortemente fechado; em área de estoque de líquidos inflamáveis bem ventilada, úmida e fria; em local escuro; · Em caso de acidentes: inalação: remover da exposição, colocar a pessoa para descansar e mantê-la aquecida; ingestão: lavar a boca vigorosamente, depois beber um pouco de água e procurar um médico; Tetroxido de Ósmio (OsO4) · Características: solução amarelada passando a amarronsada quando exposta a luz. Odor característico; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 101 · Riscos: vapores venenosos. Sintomas: lacrimejamento, distúrbio visual e conjuntivite, dor de cabeça, dispnéia, dermatite e tosse; · Exemplo de uso: processamento de material histológico, fixador de células e tecidos; · Medidas de proteção: usar luvas e manusear na capela; · Armazenamento: local fresco e escuro; · Primeiros socorros: contato com a pele e olhos: lavar imediatamente com água em abundância por, pelo menos, 15 minutos. Usar chuveiro de emergência e/ou lava - olhos. Em caso de qualquer acidente, encaminhar a um médico. TCA (Ácido Tricloro Acético) · Características: cristal altamente higroscópico, odor penetrante (vinagre); · Exemplo de uso: precipitação de proteínas, descalcificador e fixador em microscopia; · Riscos: inalação, contato e ingestão: queimaduras. · Medidas de proteção: usar luvas, ter sempre solução de carbonato de sódio que serve como antídoto; · Armazenamento: armazenar em local frio. A estocagem do TCA em solução com menos de 30% de água não é recomendada; · Primeiros socorros: contato com a pele e olhos: lavar imediatamente com água em abundância por, pelo menos, 15 minutos. Usar chuveiro de emergência e/ou lava - olhos. Em caso de qualquer acidente, encaminhar a um médico. Xilol (xileno) · Características: líquido incolor, odor similar ao benzeno ou tolueno; · Exemplos de uso: desidratante histológico, solvente de parafina, preparação de lâminas histológicas; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 102 · Riscos: inflamável, explosivo em contato com o ar e irritante no contato cutâneo, com os olhos e por inalação: provocando irritação das mucosas respiratórias, confusão mental e irritação nervosa; · Medidas de proteção: usar luvas ("viton", PVA ou borracha nitrílica), óculos de segurança, protetor facial, máscara de proteção. Manusear na capela. Enclausuramento do processo em que se utiliza o solvente. Ventilação local adequada; · Armazenagem: cerca de 2 litros, em recipiente de vidro e em local ventilado; · Descarte: combustão devidamente controlada e protegida, em local apropriado. Não lance xileno no esgoto, pois há a probabilidade de ocorrer explosão, devida ao acúmulo de vapores; · Em caso de vazamento: desligue a rede elétrica e remova toda fonte de ignição. Afaste do local materiais oxidantes. Pequenos vazamentos absorva com papel absorvente, deixa o solvente evaporar em local seguro e queime o papel no incinerador; · Em caso de incêndio: remova da área os recipientes que contenham xileno. Se não for possível, resfrie os recipientes jogando água da maior distância possível, até que o incêndio tenha sido extinto. Agente extintor recomendado: pó químico seco, dióxido de carbono; em incêndios grandes utilizar espuma ou névoa de água; · Primeiros socorros: inalação: remova a vítima da exposição, colocando-a para descansar e a mantenha aquecida; contato com a pele: umedecer a pele e depois lave com água e sabão. Arejar as roupas contaminadas, pendurando-as em local aberto e com corrente de ar até sumir o cheiro do xilol, antes de lavá-las; ingestão: lave vigorosamente a boca com água. Não provoque vômitos. Não dê nada para beber; contato com os olhos: lave os olhos imediatamente com grande quantidade de água, levantando ocasionalmente as pálpebras superiores e inferiores (utilizar lava olhos). Em casos graves ou de exposição prolongada procure assistência médica. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 103 CURSO DE BIOSSEGURANÇA MÓDULO 5 SUBSTÂNCIAS RADIOATIVAS Cuidados Básicos para Utilização de Materiais Radioativos Em muitos experimentos feitos em laboratórios são utilizadas substâncias radioativas que podem provocar sérios danos à saúde. Como a radioatividade não pode ser percebida por nossos sentidos, são necessárias medidas de segurança especiais para sua utilização. Os riscos de manuseio destas substâncias são originados da exposição interna ou externa do organismo a fontes de radioatividade. A exposição interna se dá pela contaminação do organismo por radioisótopos introduzidos pela via respiratória, digestiva ou cutânea. As precauções, neste caso, consistem na utilização de equipamentos de proteção individual (máscara, luvas, e roupas adequadas). Estes são essenciais, pois alguns produtos como o trítio podem ser absorvidos pela pele. O uso de equipamentos de proteção coletiva também é importante, por isso devem estar presentes no local de trabalho e em bom estado de funcionamento. Para a medição do nível de radiação do local de trabalho, deve-se utilizar o contador Geiger. A exposição externa ocorre quando o organismo é irradiado por uma fonte externa a ele. Os três fatores de proteção que devem ser levados em conta, neste caso, são: - Diminuir ao máximo o tempo de exposição, planejando e discutindo previamente os experimentos; - Trabalhar o mais longe possível da fonte de radiação; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 104 - Utilizar placa protetora de acrílico para atenuar a exposição, no caso do manuseio de isótopos cuja radiação atravesse eppendorfs ou outros meios de proteção de rotina (Ex.:32P). Outras medidas essenciais de proteção estão listadas abaixo: -Jamais manipule materiais radioativos sem a supervisão de um orientador. Informe-se junto a essa pessoa sobre instruções de trabalho fixadas no laboratório; -Trabalhe sempre de calça comprida de tecido resistente e calçados fechados (de preferência sapatos fechados e de couro); - Manipule em câmaras e capelas de acordo com o radionuclídeo e sua atividade; - Delimite os locais de trabalho e de armazenamento de materiais radioativos com marcação específica (data e tipo de isótopo). Identificar as substâncias e equipamentos utilizados com etiquetas; -Não retire qualquer substância ou equipamento etiquetados da sala de radioatividade; -Restrinja o acesso de pessoas não autorizadas à sala de radioatividade; minimize a circulação de pessoas na sala durante experimentos para evitar acidentes; -Confine os materiais dentro de bandejas, cobertas com papel absorvente, durante a manipulação; -Verifique sempre com um monitor de radioatividade (contador Geiger), antes e depois de cada experimento, se o local de trabalho, o material empregado, as mãos e se as roupas estão contaminadas. Caso estejam, descarte o que for possível em lixo adequado. Materiais não descartáveis devem ser limpos com agentes complexantes como Dextram (EDTA) ou Radikleen; -Certifique-se de que o material radioativo está sendo descartado adequadamente. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 105 -Sinalize os locais onde são manipulados produtos radioativos com cartazes de “Cuidado! Área radioativa e o símbolo característico.” -Todos os Equipamentos de Proteção Individual usados na manipulação de produtos radioativos deverão ser descartados ao término do uso (máscaras descartáveis e luvas). Manipulação de rejeitos - Os rejeitos devem ser separados, fisicamente, de quaisquer outros materiais; -Se não puderem ser removidos da instalação, devem ser colocados em recipientes de acrílico e armazenados até sua transferência e eliminação. O local de armazenamento provisório deve ser incluído no projeto da instalação do laboratório ou centro de saúde; -Os recipientes destinados à separação, coleta, transporte e armazenamento de rejeitos devem portar o símbolo internacional de presença de radiação, colocado de maneira clara e visível; -A separação de rejeitos deve ser feita no mesmo local em que foram produzidos, levando em conta as seguintes características: sólidos, líquidos e gasosos; · meia vida curta ou longa (mais de 60 dias); · compactáveis ou não compactáveis; · orgânicos ou inorgânicos; · putrescíveis ou patogênicos; -Outras características perigosas (explosividade, combustibilidade, inflamabilidade, piroforicidade, corrosividade e toxidade química). www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 106 Armazenagem -Os recipientes para segregação, coleta ou armazenamento provisório devem ser adequados às características físicas, químicas, biológicas e radiológicas dos rejeitos para os quais são destinados; -Os recipientes para transporte interno não devem apresentar contaminação superficial; devem possuir vedação adequada e ter seu conteúdo identificado. Tratamento Qualquer tratamento de rejeitos radioativos deve estar sujeito ao Conselho Nacional de Energia Nuclear. Descarte de rejeitos A eliminação de rejeitos líquidos, sólidos e gases está condicionada à obtenção do parecer favorável do CNEN, com base na análise técnica dos fatores ambientais pertinentes. Os rejeitos líquidos a serem eliminados para a rede de esgotos sanitários devem ser prontamente solúveis ou de fácil dispersão em água. Lista com os principais elementos radioativos Enxofre (35S) - Radiotoxicidade relativa, meia-vida: 87,5 dias; · exemplos de uso: arcação de proteínas (pesquisa biológica) e diagnóstico (medicina); · forma físico/química: líquido/metionina; · principais emissores: partículas b. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 107 Fósforo (32P) - Radiotoxicidade relativa, meia-vida: 14,3 dias; · exemplos de uso: marcadores (pesquisa biológica) e terapia (medicina); · forma físico/química: líquido/trifosfato de adenosina (biologia), líquido/fosfato de sódio e fosfato crômico coloidal B e C (medicina); · principais emissores: partículas b. Carbono (14C) – Radiotoxicidade relativa, meia-vida: 5730 anos · exemplos de uso: marcação de moléculas que contenham carbono (biologia, medicina), datação de fósseis (geologia) · forma fisico/química: líquido · principais emissores: partículas b. Trítio (3H) – Radiotoxicidade relativa, meia-vida: 12,35 anos · exemplos de uso: marcações de ácido nucleicos · forma físico/química: líquido (timidina tritiada, uridina tritiada) · principais emissores: partículas b. Condutas de Emergência Ocorrendo um acidente no laboratório os procedimentos são os seguintes: - Administrar os primeiros socorros e manter as funções vitais da vítima (no caso de ingestão, induzir o vômito e tomar muito líquido para eliminar o agente com maior rapidez; no caso de contato com a pele ou os olhos, lavar abundantemente); - Diminuir exposição do indivíduo ao agente tóxico; - Providenciar transporte para centro de tratamento de urgência, avisar o centro e manter o paciente consciente; - Dar instruções para guardar o agente tóxico suspeito no recipiente original e colocar qualquer material vomitado em recipiente limpo; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 108 - Identificar o agente tóxico e, se possível, levar o recipiente original deste para o médico, junto com a Ficha de Identificação de Segurança do Produto (FISP). BIOSSEGURANÇA EM RAIOS X O técnico em radiologia ou profissional habilitado para a operação de equipamento emissor de partículas; raios X ou semelhante; deve estar atento às seguintes normas básicas de biossegurança: - Estar sempre protegido no momento do disparo, com o avental de chumbo ou atrás do anteparo. - Observar as técnicas para a obtenção do exame com o mínimo de dosagem possível. - No local de exame, permitir o mínimo de pessoas estranhas ao exame. Lembre-se que aqueles que não estiverem protegidos receberão dosagem. - Realizar o exame com a porta fechada, pois ela possui proteção especial interna de barita ou chumbo. - Realizar exames de contraste apenas com a presença de um médico; para o caso de uma emergência, e tendo sempre para o caso de reação alérgica. - Explicar ao paciente antes do exame o que será realizado. - Observar uma série de cuidados relativos à cada tipo de exame. - Freqüentemente realizar análise com dosímetro para avaliar as dosagens de risco. - Freqüentemente realizar testes com o aparelho para avaliar a sua eficiência. Os raios X são sub-produtos da corrente elétrica, desta forma o aparelho não apresenta nenhum risco quando estiver desligado. Lembrar sempre que todos os aparelhos emissores de partículas dependem de autorização do CENEN, inclusive para a sua mudança de local. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 109 Todos os aparelhos emissores de partículas são de responsabilidade da instituição que os utiliza. NORMAS DE BIOSSEGURANÇA EM RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA Na Clínica de Radiologia, existem cuidados a serem rigorosamente cumpridos em relações as normas de biossegurança. Existem Instituições Internacionais que são responsáveis pelas regras de biossegurança a serem obrigatoriamente cumpridas: OSHA - (Occupational Safety and Health Administration); EPA (Environmental Protection Agency); ADA (American Dental Association); CDC (Center for Disease Control) e OSPA (Office Sterilization and Asepsis Procedure). No Brasil, a Vigilância Sanitária responsabiliza-se pelo controle e fiscalização das condições de higiene dos estabelecimentos de saúde. A área de atuação da Radiologia Convencional possui objetos e superfícies que entram em contato direto com a membrana mucosa e estes são chamados de vetores semi-críticos que são: A mão do operador, os filmes radiográficos intraorais e os posicionadores para técnica radiográfica intra-oral do paralelismo. Os vetores não-críticos que não entram em contato íntimo com a membrana mucosa que são: A cadeira radiológica; Cilindro localizador; Painel de controle dos aparelhos de Raios X; Disparador de Raios X e Avental plumbífero - todos devem recebem os devidos cuidados em relação a biossegurança conforme descrito a seguir: 1- Mão do Operador - Uso obrigatório de luvas descartáveis durante o exame radiográfico, não podendo o profissional reutilizá-la e tendo a necessidade da troca da mesma de um paciente para o outro. 2- Filmes Intra-Orais - Uso obrigatório do filme Ektaspeed Plus (Kodak) ou utilização de filme de PVC para promoção de uma barreira protetora exercendo a www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 110 mesma função do filme Ektaspeed Plus, com a mesma eficiência e um custo reduzido. Técnica e metodologia de Biossegurança proposta para Radiologia Seqüência da técnica : A- Envolver os filmes Intra-Orais, com película de PVC (tipo “Rolopac” ou similar); B- Colocá-los no copo descartável 01; C- Remoção dos filmes intra-orais do copo 01, para a sua utilização no paciente, com exposição aos Raios X do mesmo (estes ficarão então contaminados de saliva); D- Após a exposição, proceder a remoção do PVC dos filmes intra-orais, com devidos cuidados e colocá-los no copo 02. E– Revelar o filme. Assim, evitamos o egresso de microorganismos patogênicos para os ambientes de processamento radiográfico. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 111 CURSO DE BIOSSEGURANÇA MÓDULO 6 ANIMAIS PEÇONHENTOS A Fundação Nacional de Saúde revela que a ocorrência do acidente ofídico está, em geral, relacionada a fatores climáticos e aumento da atividade humana nos trabalhos no campo. Em levantamento realizado constatou, em relação ao local da picada, que os pés e as pernas foram atingidos em 70,8% dos acidentes notificados e em 13,4% a mão e o antebraço. A utilização de equipamentos individuais de proteção como sapatos, botas, luvas de couro e outros poderia reduzir em grande parte esses acidentes. Quanto a faixa etária observou-se que em 52,3% das notificações, a idade dos acidentados variou de 15 a 49 anos, que corresponde ao grupo etário onde se concentra a força de trabalho. O sexo masculino foi acometido EM 70% dos acidentes, o feminino em 20% e, em 10%, o sexo não foi informado (BRASIL, 1999). A soroterapia antiveneno (SAV), quando indicada, é um passo fundamental no tratamento adequado dos pacientes picados pela maioria dos animais peçonhentos. A dose utilizada deve ser a mesma para adultos e crianças, visto que o objetivo do tratamento é neutralizar a maior quantidade possível de veneno circulante, independentemente do peso do paciente. A sua aprovação deve ser preferencialmente realizada em postos de atendimento médico. Uma das principais medidas corretivas é ter soros heterólogos antivenenos, que são produzidos pelo Instituto Butantã em São Paulo, as ampolas devem ser conservadas em geladeira, à temperatura de 4 a 8 graus centígrados positivos, devendo-se evitar o congelamento, sendo sua validade , em geral de 2 a 3 anos (BRASIL,1999). www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 112 Ofidismo Identificar o animal causador do acidente é importante, pois possibilita: - A dispensa imediata da maioria dos pacientes picados por serpentes não peçonhentas; - Viabiliza o reconhecimento das espécies de importância médica ao nível regional; é medida auxiliar na indicação mais precisa do antiveneno a ser administrado. Na medida do possível o animal causador deve ser encaminhado para identificação por técnico treinado. A conservação dos animais mortos pode ser feita, embora precariamente, pela imersão dos mesmos em solução de formalina a 10% ou álcool comum a 70% e acondicionados em frascos rotulados com os dados do acidente, inclusive a procedência. Os predadores naturais das serpentes são: Cangambás, cachorros do mato, gatos, onças, porcos e até galinhas podem ocasionalmente, atacar as serpentes; corujas, jaburus, mangustos da Índia, pássaro secretário, corvos e o homem com suas máquinas (SOERENSEN, 1996). No mundo todo existem aproximadamente 2.500 espécies de serpentes. Destas, 250 ocorrem no Brasil, sendo que 70 são consideradas peçonhentas, no Brasil não existem cobras, apenas serpentes. As serpentes peçonhentas não são agressivas e atacam somente quando se sentem ameaçadas, numa atitude de defesa. Quando estão se locomovendo, com o corpo estirado e quando pressentem o perigo, rapidamente se enrodilham e ficam com o pescoço em forma de “S”. Nesta posição ela podem dar o bote, que é proporcional ao seu tamanho, alcançando em média um terço do seu comprimento. Como Prevenir Acidentes O uso de botas de cano alto ou perneira de couro, botinas e sapatos evita cerca de 80% dos acidentes; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 113 Como cerca de 15% das picadas atinge mãos ou antebraços, usar luvas de aparas de couro para manipular folhas secas, montes de lixo, lenha, palhas etc. Não colocar as mão em buracos pois cobras gostam de se abrigar em locais quentes, escuros e úmidos. Cuidado ao mexer em pilhas de lenha, palhadas de feijão, milho ou cana. Cuidado ao revirar cupinzeiros; Onde há rato há cobra. Limpar paióis e terreiros, não deixar amontoar lixo. Feche buracos de muros e frestas de portas; Evitar acúmulo de lixo, de pedras, tijolos, telhas, madeiras, bem como mato alto ao redor das casas, que atraem e abrigam pequenos animais que servem de alimento às serpentes. Primeiros Socorros: Lavar o local da picada apenas com água ou com água e sabão; Manter o paciente deitado; Manter o paciente hidratado; Procurar o serviço médico mais próximo; Se possível, levar o animal para identificação. Não deve ser feito: Não fazer torniquete ou garrote; Não cortar o local da picada; Não perfurar ao redor do local da picada; Não colocar folhas, pó de café ou outros contaminantes; Não oferecer bebidas alcoólicas, querosene ou outros tóxicos. No Brasil as serpentes peçonhentas estão distribuídas em quatro gêneros: - Jararacas (Bothrops): Jaracussu, Cotiara, Urutu, Cruzeira, etc. São encontradas em locais úmidos e atingem até 1,8 metro de comprimento quando adultas. Ocorrem em todo o território Brasileiro. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 114 - Cascavéis (Crotalus): Cascavel. Preferem locais secos e pedregosos, campos abertos, cerrados e pastagens. São encontradas em todo o Brasil com exceção da floresta amazônica, Mata atlântica e litoral. Podem chegar a até 1,6 metro de comprimento. - Surucucus (Lachesis): Surucutinga, surucucu-de-fogo, etc. São as maiores da América Latina, podendo chegar a até 3,5 metro de comprimento. Seu bote é superior a um terço do tamanho do seu corpo. Vivem em florestas altas como a Amazônia e Mata Atlântica. - Corais (Micrurus) Vivem em lugares quentes, úmidos e escuros. São encontradas em todo o Brasil. Presença de FOSSETA LOREAL: Característica de serpente venenosa. Aracnídeos (escorpiões e aranhas) Os escorpiões ou lacraias são animais predadores, alimentando-se principalmente de insetos, como grilos ou baratas. Apresentam hábitos noturnos, escondendo-se durante o dia sob pedras, troncos, dormentes de linha de trem, em entulhos, telhas ou tijolos. Alguns vivem em áreas urbanas, onde encontram abrigo dentro e próximo das casas, bem como alimentação farta. Os escorpiões podem sobreviver vários meses sem alimento e mesmo sem água, o que torna seu combate muito difícil (BRASIL, 1999). As aranhas são animais carnívoros, alimentando-se principalmente de insetos, como grilos e baratas. Muitas têm hábitos domiciliares e peridomiciliares. Segundo os dados do Ministério da Saúde, o coeficiente de incidência dos acidentes aracneídicos situa-se em torno de 1,5 casos por 100.000 habitantes. A maioria das notificações provem das Regiões Sul e Sudeste Os inimigos naturais das aranhas são predadores ocasionais como os pássaros, os sapos, as lagartixas. Há ainda os inimigos especializados como parasitas (ácaros) e vespas www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 115 que depositam os seus ovos no abdômen das aranhas que surgem na sua frente (SOERENSEN, 1996). As aranhas de importância médica são: As aranhas armadeiras ou banana spiders não constroem teia geométrica, sendo animais errantes que caçam principalmente à noite. Os acidentes ocorrem freqüentemente dentro das residências e na suas proximidades, ao se manusearem material de construção, entulhos, lenha ou calçando sapatos. Os acidentes notificados no Brasil ocorrem predominantemente nos Estados do Sul e Sudeste. Em áreas urbanas, dentro das casas e em seu entorno, atingindo principalmente os adultos de ambos os sexos. As picadas ocorrem preferencialmente em mãos e pés (BRASIL, 1999). Ocorrem em toda a América do sul. Pelo fato de abrigarem-se em cachos de banana são exportadas para outros países (SOERENSEN, 1996). Segundo este autor estas aranhas tem hábitos noturnos, caçando suas presas ativamente, sem uso de teia, apenas usando o veneno. Abrigam-se em fendas de barrancos, sob cascas de árvores ou troncos caídos, em bananeiras, bromélias, palmeiras. Também procuram as imediações das residências onde durante o dia escondem-se em madeiras empilhadas, no meio de tijolos ou telhas, onde encontram alimento abundante. As aranhas marrons constroem teias irregulares em fendas de barrancos, sob cascas de árvores, telhas e tijolos empilhados, atrás de quadros e móveis, cantos de parede, sempre ao abrigo da luz direta. Não são aranhas agressivas, picam quando comprimidas contra o corpo. No interior de domicílios, ao se refugiar-se em vestimentas, acaba provocando acidentes (BRASIL, 1999). As viúvas-negras constroem teias irregulares entre vegetações arbustivas e gramíneas, podendo apresentar hábitos domiciliares e peridomiciliares. Os acidentes ocorrem normalmente quando são comprimidas contra o corpo .As aranhas-de-grama ou aranhas-de-jardim, apesar da freqüência de acidentes, não www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 116 constituem problema de saúde pública. São aranhas errantes, não constroem teia e freqüentemente são encontradas em gramados e jardins. Aranhas caranguejeiras provocam acidentes sem maior importância médica (BRASIL, 1999). Como prevenir acidentes - Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico, material de construção nas proximidades das casas; - Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeira e outras) junto a paredes e muro das casas. Manter a grama aparada; - Limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de um ou dois metros junto das cassas; - Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los pois as aranhas e escorpiões podem se esconder neles e picam ao serem comprimidos contra o corpo; - Não por as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres. É comum a presença de escorpiões sob dormentes da linha férrea; - O uso de calçados e de luvas de raspas de couro pode evitar acidentes; - Como muitos destes animais apresentam hábitos noturnos, a entrada nas casas pode ser evitada vedando-se as soleiras das portas e janelas quando começar a escurecer; - Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques; - Combater a proliferação de insetos, para evitar o aparecimento das aranhas que deles se alimentam; - Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e paredes, consertar rodapés despregados, colocar saquinhos de areia na portas, colocar telas nas janelas; - Afastar as camas e berços das paredes. Evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão. Não pendurar roupas nas paredes; examinar roupas principalmente camisas, blusas e calças antes de vestir. Inspecionar sapatos e tênis antes de usá-los; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 117 - Acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes que possam ser mantidos fechados, para evitar baratas, moscas ou outros insetos de que se alimentam os escorpiões; - Preservar os inimigos naturais de escorpiões e aranhas como aves de hábitos noturnos (coruja), joão-bobo, lagartos, sapos, galinhas, gansos, macacos, cotias, etc.(na zona rural). Primeiros Socorros - Lavar o local da picada; - Usar compressas mornas ajudam no alívio da dor; - Procurar o serviço médico mais próximo; - Se possível, levar o animal para identificação. Abelhas e Vespas Da caracterização : A incidência de acidentes com abelhas e mamangavas, vespa amarela, vespão, maribondo e formigas, insetos que apresentam ferrões verdadeiros, é desconhecida. Os relatos de acidentes graves e de mortes pela picada de abelhas africanizadas são conseqüência da maior agressividade dessa espécie (ataque maciço) e não das diferenças de composição de seu veneno (BRASIL, 1999). Como prevenir acidentes - A remoção das colônias de abelhas e vespas situadas em lugares públicos ou residências deve ser efetuada por profissionais devidamente treinados e equipados; - Evitar aproximação de colméia de abelhas africanizadas Apis mellifera sem estar com vestuário e equipamento adequados (macacão, luvas, máscara, botas, fumigador, etc.); - Evitar aproximar-se dos ninhos quando as vespas estiverem em intensa atividade, cujo pico é atingido geralmente entre 10 e 12 horas; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 118 - Evitar caminhar e correr na rota de vôo percorrida pelas vespas e abelhas; - Evitar aproximar o rosto de determinados ninhos de vespas pois algumas esguicham o veneno no rosto do operador, podendo provocar sérias reações nos olhos; - Evitar a aproximação dos locais onde as vespas estejam coletando materiais: hortaliças e outras plantações, onde procuram por lagartas e outros insetos para alimentar sua prole; flores (coleta de néctar); galhos, troncos e folhas (coletam fibras para construir ninhos de celulose); locais onde haja água principalmente em dias quentes, outras fontes de proteína animal e carboidrato tais como frutas caídas, caldo de cana-de-açúcar (carrinhos de garimpeiros) , pedaços de carne e lixo doméstico; Barulhos, perfumes fortes, desodorantes, o próprio suor do corpo e cores escuras (principalmente preta e azul-marinho) desencadeiam o comportamento agressivo e consequentemente o ataque de vespas e abelhas. - Nunca utilizar produtos perigosos (defensivos agrícolas) para as abelhas no momento da floração, além de ser prejudicial à polinização, poderá incitar as abelhas a atacá-lo. Primeiros Socorros - Em caso de acidente, provocado por múltiplas picadas de abelhas ou vespas, levar o acidentado rapidamente ao hospital e alguns dos insetos que provocaram o acidente; - A remoção dos ferrões pode ser feita raspando-se com lâminas, evitandose retirá-los através de pinças, pois provocam a compressão dos reservatórios de veneno, o que resulta na inoculação do veneno ainda existente no ferrão. Lepidópteros (Lagartas) www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 119 Acidente muito comum em todo o Brasil, resulta do contato da pele com lagartas urticantes. Dados das Regiões Sul e Sudeste indicam que existe uma sazonalidade na ocorrência desses acidentes, que se expressa mais nos meses quentes, relacionada possivelmente ao ciclo biológico dos agentes. Normalmente o acidente é causado por contato com lagartas urticantes de vários gêneros lepidópteros, ou por contato com cerdas da mariposa Hylesia sp (BRASIL, 1999). Como prevenir Acidentes Com a Hylesia: Afastar-se de luminárias, principalmente com lâmpadas de mercúrio e fluorescente, quando ocorrer surtos de Hylesia (Mariposa-da-coceira). Nestas ocasiões a troca das roupas de cama, antes de dormir, faz-se necessária, bem como a limpeza de móveis por meio de pano úmido, retirando-se, dessa forma, as inúmeras microscópicas cerdas. Com o Pararama: Para os trabalhadores em seringais é indicado o uso de luvas. Com a Lonomia: Os acidentes ocorrem geralmente na manipulação de troncos de árvores, frutíferas e jardinagem (seringueiras, araticuns, cedro, figueiras-do-mato, ipês, pessegueiros, abacateiros, ameixeiras, etc.). Verificar previamente a presença de folhas roídas na copa, casulos e fezes de lagartas no solo com seu aspecto típico, semelhante a grãos dessecados de pimenta-do-reino. Observar, durante o dia, os troncos das árvores, locais onde as larvas poderão estar agrupadas. Ã noite, as taturanas dirigem-se para as copas das árvores para se alimentarem das folhas; Usar luvas de borracha, especialmente as pessoas que têm contato freqüente com as plantas. Primeiros Socorros: - Lavar imediatamente a área afetada com água e sabão; - Usar compressas com gelo ou água gelada que auxiliam no alívio da dor; - Procurar o serviço médico mais próximo; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 120 - Se possível, levar o animal para identificação. Coleópteros São os besouros ou coleópteros. O besouro potó (trepa-moleque, pélaégua, fogo-selvagem) vive em lugares úmidos, arrozais, culturas de milho e algodão. São espécies polífagas, predadoras de outros insetos, nematóides e girinos. Quando molestados, os adultos se defendem com as mandíbulas, tentando morder, ao mesmo tempo em que encurvam o abdomem, provavelmente também para acionar a secreção das glândulas pigidais. A compressão ou atrito destes besouros sobre a pele determina em quadro dermatológico, decorrente da liberação, por parte do inseto, de substâncias tóxicas de efeito cáustico e vesicante. O contato ocorre, muitas vezes, nas proximidades de luz artificial para a qual são fortemente atraídos (BRASIL, 1999). Como prevenir Acidentes: - Nas áreas geográficas de maior ocorrência de casos é aconselhável adotar a telagem de portas e janelas; - Ao perceber que um potó pousou sobre a pele, não se deve tocá-lo, mas tentar expulsá-lo de uma vez, soprando energicamente sobre ele, e lavar imediatamente a área de contato, com água abundante e sabão. Peixes O ictismo, são acidentes humanos provocados por peixes marinhos ou fluviais. Algumas espécies provocam acidentes por ingestão (acidente passivo), enquanto outras por ferroadas ou mordeduras (acidente ativo). Os acidentes ativos ocorrem quando a vítima invade o meio ambiente destes animais ou no seu manuseio. Nas duas formas de ação encontram-se peixes peçonhentos ou não peçonhentos (BRASIL, 1999). www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 121 Como prevenir Acidentes: - Evitar banhos em águas sabidamente habitadas por candirus, piranhas, poraquês, arraias ou tubarões; - Manusear cuidadosamente os peixes na sua retirada do anzol ou da rede Primeiros Socorros: - Lavar o local com água e fazer compressas de água morna. - Procurar o serviço médico mais próximo; - Se possível, levar o animal para identificação. FINAL DO MÓDULO 6 www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 122 CURSO DE BIOSSEGURANÇA MÓDULO 7 A BIOSSEGURANÇA EM ARQUITETURA DE BIOTÉRIOS A biossegurança de biotérios pode ser definida como sendo um conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes a estas atividades e que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Neste contexto está inserida a atuação do médico veterinário, que é essencial para o estabelecimento e manutenção das condições adequadas em uma unidade de criação ou de experimentação animal. A classificação do nível de biossegurança, nos laboratórios de experimentação animal, é norteada por diversos fatores. Dentre eles destaca-se a patogenicidade do microrganismo infectante, virulência, via de inoculação, endemicidade, conseqüências epidemiológicas, disponibilidade de tratamento eficaz e de medidas profiláticas. Muitas normas utilizadas internacionalmente por biotérios são definidas pela National Research Council. Em 1997, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança estabeleceu a “Classificação de agentes etiológicos humanos e animais com base no risco apresentado”, em sua Instrução Normativa n. 7 Como forma de exemplificação, observa-se que: Leishmania, Toxocara canis, Lepstopira interrogans, Clostridium botulinum e o vírus rábico pertencem à classe de risco 2. Brucella, Mycobacterium bovis, vírus rábico urbano e vírus da Varíola Símia pertencem à classe de risco 3. Os agentes da Febre Hemorrágica , vírus da Peste Suína, Vírus da Febre Aftosa e o vírus da Peste Equina Africana pertencem à classe de risco. Portanto, o tipo de projeto de edificação dos laboratórios de experimentação animal será determinado por esta classificação. O presente trabalho visa contribuir com a equipe multidisciplinar envolvida no planejamento de um projeto arquitetônico, no momento em que discute a www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 123 maioria das variáveis que caracterizam a ciência de animais de laboratório. O desenho das instalações que compõem um biotério ou um laboratório de experimentação animal, constitui um dos fatores de maior importância assegurando a eficácia de seu funcionamento e, consequentemente, o cuidado e a vigilância adequados à manutenção dos animais que nele ficam alojados. Para a implantação de um biotério, é necessária a observação dos aspectos da qualificação e quantificação dos animais a serem alojados, localização e edificação do biotério, dimensionamento interno, organização espacial e funcional, etc. A estruturação da área deve estar relacionada ao tipo de atividade a ser desenvolvida. A relação entre espaço e atividade é caracterizada por requisitos ambientais, morfológicos e funcionais. CARACTERIZAÇÃO DE BIOTÉRIOS Biotérios são instalações capazes de produzir e manter espécies animais destinadas a servir como reagentes biológicos em diversos tipos de ensaios controlados, para atender as necessidades dos programas de pesquisa, ensino, produção e controle de qualidade nas áreas biomédicas, ciências humanas e tecnológicas segundo a finalidade da instituição. Cada situação é específica, devendo o projeto ser estabelecido em função do plano de produção ou de necessidades de utilização de animais. Deve ser estabelecido um padrão de organização que permita a criação ou a experimentação animal dentro de padrões de higiene, assepsia e segurança necessários à obtenção ou utilização de diferentes espécies animais segundo seu padrão sanitário. Os animais criados serão usados como reativos biológicos. Portanto a sua pureza deverá ser fiscalizada ainda dentro do biotério, de forma a apresentar reações uniformes propiciando a repetibilidade e a reprodutibilidade de resultados experimentais. Caso isto não aconteça, qualquer experimento realizado com estes animais não terá valor científico algum. Tanto os animais de criação, que serão utilizados como reativos, quanto os animais infectados requerem uma permanente vigilância ambiental, higiênica, www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 124 profilática, epidemiológica, nutricional e genética. Isto necessita de uma estrita disciplina operacional. TIPOS DE BIOTÉRIOS Um dos pontos a ser analisado para a instalação de um biotério é a localização, que está diretamente relacionada à sua finalidade. São características indispensáveis: - A localização deverá ter: facilidade de estacionamento, local para carga e descarga de animais e suprimentos. - Em biotério de experimentação, onde os animais ficarão alojados durante um determinado período experimental, é necessário que esta construção seja próxima à do laboratório de pesquisa. - Deverão ser previstos espaços para a instalação de barreiras sanitárias de proteção, tanto para o trabalhador quanto para o meio ambiente. - A instalação do biotério de criação deverá ser em áreas isoladas, distantes de centros urbanos, em locais onde possa ser mais facilmente evitada a introdução de fatores ambientais desfavoráveis. CRITÉRIOS GERAIS DE PROGRAMAÇÃO As necessidades irão orientar o planejamento da edificação. É necessário observar as seguintes características para o biotério: - espécie animal; - definição do padrão sanitário; - densidade de ocupação animal; - tipo de caixas e de estantes; - tipo de separação por sala (espécie animal, tipo de ensaio ou nível de biossegurança); - Se existe necessidade de isolamento; - espaços auxiliares; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 125 - definição do fluxograma das operações; - tamanho da sala incluindo altura, largura e comprimento; - arranjo interno dos espaços; - informações a respeito da circulação ou tráfego, incluindo atividades operacionais tais como entrada de caixas, ração, saída do lixo, lavagem de materiais (caixas e bebedouros), quarentena, dentre outras; tipos de linhas de serviços (água, gases, energia, internet e interfonia); - Local de depósito de rações e outros materiais; - circulação vertical (escadas e elevadores) e rotas ( rotas de acesso e de saída); - Inclusão ou não de sala expositiva; - Sistema de filmagem; - Sistema de ar condicionado e/ou aquecimento; IMPLANTAÇÃO DO BIOTÉRIO Os biotérios podem ser implantados de duas formas: pavilhonar ou em bloco único. O sistema pavilhonar possui áreas destinadas aos animais independentes da área de controle de serviços. Nas áreas dos animais encontram-se os equipamentos mecânicos, bem como o depósito de ração e suprimentos. Nas áreas de serviço encontram-se a recepção dos suprimentos, escritórios e equipamentos para lavagem e desinfecção. Esta forma é bastante favorecida por limitar o acesso. Os animais são facilmente separados por espécie e por categoria, em edificações específicas, contendo anexos comuns. Além disto, a construção pavilhonar facilita a expansão quando necessária. Porém, para este tipo de edificação, são elevados os custos de construção e de manutenção. Os espaços de apoio comuns deverão estar localizados centralmente em relação às áreas de produção a fim de que sejam facilitados os fluxos operacionais. O sistema construção em bloco único está disposto num só piso, situado ao nível térreo, para facilitar o controle sanitário, as rotinas de trabalho, o acesso de www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 126 pessoal, de suprimentos e a evacuação de lixo. Neste tipo de implantação os acessos ao biotério se dão através de barreiras. São independentes dos acessos às outras áreas ocupadas. Pode possuir um único corredor ou um sistema de dois corredores. No sistema mais simples, que constitui o biotério convencional, a circulação de pessoas, de material limpo, de lixo contaminado e de outros materiais, são feitos através de um único corredor, o que pode propiciar contaminação. No segundo tipo o acesso e a saída das salas são separados, ou seja, passam a ocorrer por dois corredores independentes, havendo, portanto, maior nível de contenção. Este biotério possui melhor padrão sanitário porém requer maior área física. São dois corredores separados; O primeiro, denominado corredor de acesso (de distribuição ou corredor “limpo”), é destinado ao tráfego de pessoal técnico e de material a ser enviado às salas. O segundo, denominado corredor de retorno (ou corredor “contaminado” ou “sujo”) é destinado à saída de todos os materiais a serem encaminhados à esterilização, lavagem e incineração. Com o intuito de aumentar a área laboratorial e de manutenção de animais, podemos obter biotérios de altos padrões sanitários com um só corredor se houver um controle rígido das boas práticas laboratoriais. Neste tipo de biotério teríamos a entrada e saída de materiais sendo feita através de autoclaves de porta dupla. CONDIÇÕES AMBIENTAIS – ASPECTOS RELEVANTES Em termos de resposta biológica, todo experimento animal é a composição de efeitos genéticos e ambientais. Muitos fatores físicos, químicos e microbiológicos do ambiente, acrescidos aos fatores genéticos, podem, de alguma forma, influenciar a resposta do animal ao estímulo experimental. É importante observar: - Meio ambiente e espaços mal planejados podem propiciar situações dramáticas como a super-aglomeração que leva à asfixia ou ao canibalismo. - O ambiente artificial transtorna, por vezes, aspectos comportamentais essenciais. PRINCE (1976), observou tal transformação em espécies que praticam www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 127 a territorialidade mas que, em cativeiro, passam a estabelecer hierarquias sociais, desde que os indivíduos menos fortes não tenham como evitar os indivíduos dominantes. A saúde do animal depende principalmente de sua alimentação adequada e nível de estresse. Desta forma não é aconselhável a troca de tratador; barulhos em demasia; quebra dos hábitos normais do animal (período de atividade e repouso); Visita de muitas pessoas ao mesmo tempo; troca abrupta de alimentação. No biotério os ruídos originam-se de diversos fatores, tais como vocalização de pessoas e dos próprios animais, operações de limpeza e de alimentação, funcionamento de equipamentos, bater de portas, dentre outros. Avaliam-se os ruídos pela intensidade, que é medida em decibéis (dB) e, pela freqüência, que é medida em Hertz. As freqüências inaudíveis ao homem são chamadas de infra-som (baixas) (sons graves) e ultra-som (altas) (sons agudos). A maioria dos animais, incluindo os animais de laboratório, ouve sons de freqüências superiores àquelas audíveis pelo homem. Tanto o homem quanto os animais apresentam, dentro de suas faixas de freqüências de audição, as chamadas faixas de sensibilidade, ou seja, um ou mais intervalos de freqüência nos quais é maior a percepção da intensidade do som. Temperatura e umidade Estas condições estão associadas aos níveis de metabolismo e comportamento animal. Para cada espécie animal existe uma faixa requerida de temperatura e umidade ambiental, na qual a temperatura corporal pode ser mantida constante através de mecanismos termorreguladores. Para estabelecer as condições ambientais de temperatura e umidade deverá ser considerada a transferência de calor por irradiação do animal para o ambiente, a perda de calor livre ou forçado devido ao movimento do ar e a perda de calor por condução desde o corpo do animal aos materiais que entram em contato com ele. Além disto, para ajuste das condições térmicas, deverão ser www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 128 considerados ainda aqueles fatores que foram impostos aos animais para fins de sua adaptação, tais como tamanho e material da gaiola, a presença ou ausência de material de cama, densidade populacional e outros. Luminosidade Na definição das condições ambientais de luz, deverão ser considerados a duração do fotoperíodo (horas/luz X horas/escuro), a intensidade expressa em Lux (lumens/m2) e o comprimento de onda, expressa em Angstrons. A luz visível estimula fotorreceptores e é responsável pela fotoperiodicidade que regula os ritmos circadianos, ciclos reprodutivos, atividade locomotora, consumo de água e alimentos, temperatura corpórea, toxicidade e efetividade de drogas, níveis séricos de lipídeos e de outros elementos. O fotoperíodo deverá ser controlado. A luz é um fator sincronizador que origina o sistema circadiano, que é uma adaptação filogenética quase sincrônica com a rotação da Terra. É um engano achar que a iluminação obtida através das janelas ou vidraças é natural. A luz obtida desta forma, apresenta um espectro mais vermelho, para o qual os animais de laboratórios são insensíveis, e menos violeta, que, além de elevar a carga térmica do recinto, aumenta o custo dos equipamentos de climatização. Gradiente de pressão O fluxo de ar de áreas sujas para áreas limpas deve ser banido e as pressões de ar deverão ser sempre maiores nas áreas limpas ou estéreis, nas quais é requerido menor contaminação ou maior assepsia. Já nas salas de experimentação animal as pressões de ar devem ser sempre menores que nos corredores de acesso, para que seja evitada a contaminação ambiental por microrganismos patogênicos. Os gradientes de pressão, além do diferencial de pressão, deverão também www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 129 ser assegurados. Por exemplo: os gradientes de pressões em áreas estéreis ou limpas para as áreas sujas devem ser: - depósito de suprimentos esterilizados e corredor limpo: tripla positiva; - salas de animais devem possuir pressão dupla positiva; corredor sujo, pressão positiva simples e o exterior pressão normal. CONSIDERAÇÕES SOBRE O MICRO-AMBIENTE Micro-ambiente é o ambiente imediato da gaiola. Este ambiente é fundamental para o projeto e o planejamento de biotérios. Os componentes mais importantes são os materiais usados na confecção de gaiolas, o projeto da gaiola, a distribuição espacial das gaiolas e o material da cama. As correntes convectivas, provocadas pelo calor dos animais, associadas ao número de animais por gaiola, de gaiola por estante e de gaiolas por sala, são fatores que poderão contribuir para a contaminação cruzada. O movimento de ar resultante em cada sala depende da interação entre as correntes de ar que se originam das gaiolas com animais, de outras fontes de calor (equipamentos, lâmpadas e janelas), de movimento, bem como do próprio sistema de insuflamento e de exaustão. RISCOS PROVENIENTES DO MANEJO DE ANIMAIS O manejo de animais oferece aos humanos, basicamente, dois tipos de risco: o de infecção e o traumático (por agressão), que muitas vezes poderá levar ao infeccioso. Os animais podem excretar microrganismos nas fezes, urina, saliva ou aerolizá-los, originando infecções. Existe também a possibilidade de inoculação de patógenos por mordeduras ou arranhaduras, assim como a transmissão direta, por contato com o animal, seu sangue ou tecidos coletados em necrópsias e autópsias, e indireta, por inalação www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 130 de poeira originada das gaiolas e camas dos animais. Considerando, ainda, que animais infectados podem apresentar infecções subclínicas, não apresentando os sintomas da doença, todos os animais deverão ser considerados potencialmente infectados. Além disto é bom lembrar que, geralmente, as infecções naturais oferecem maior risco que as induzidas. Isto porque não são geralmente sintomáticas e não serão detectadas antes das primeiras manifestações. NÍVEIS DE CONTENÇÃO FÍSICA Os níveis de contenção física estão relacionados aos requisitos de segurança para o manuseio de agentes infecciosos. São classificados em quatro classes de risco. Estes agentes estarão presentes naturalmente ou inoculados experimentalmente em animais nos biotérios de experimentação e irão estabelecer os níveis de biossegurança. Laboratórios de experimentação animal de nível de biossegurança 1 são aqueles utilizados no ensino básico. Nestes não é necessário nenhum tipo de desenho especial além do atendimento às boas práticas laboratoriais e de um planejamento eficaz. Os laboratórios de experimentação animal de nível de biossegurança 2 são aqueles que manipulam animais infectados com microrganismos da classe de risco 2. Nestes, o atendimento às boas práticas laboratoriais estão somados alguns requisitos físicos de construção. Os laboratórios níveis 1 e 2 são considerados laboratórios básicos de experimentação animal. O laboratório de experimentação animal de contenção, nível de biossegurança 3, requer desenho e construção mais especializados que aqueles de níveis 1 e 2. Neste nível de biossegurança, os técnicos deverão receber treinamentos específicos quanto ao manuseio seguro destes microrganismos. No laboratório de experimentação animal de contenção máxima, nível de www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 131 biossegurança 4, as atividades estão diretamente relacionadas às atividades do laboratório de contenção máxima. Este tipo de laboratório apenas deverá funcionar sob o controle direto das autoridades sanitárias e, devido ao alto grau de complexidade de atividades, recomenda-se a elaboração de manual de procedimento de trabalho pormenorizado devendo ser previamente testado por exercícios de treinamento. BARREIRAS PRIMÁRIAS Barreira é um sistema que combina aspectos construtivos, equipamentos e métodos operacionais que buscam o controle das condições ambientais das áreas fechadas e a minimização das probabilidades de contaminações. São tipos de equipamentos utilizados dentro da sala para evitar a contaminação e a liberação de contaminantes biológicos, químicos ou radiológicos. São constituídas pelas caixas com sistemas de ventilação-exaustão próprios e pelas cabines de segurança biológica. - Caixas ventiladas Estas caixas podem ser: caixas com filtros no topo, caixas de isolamento e cubículos para isolamento de caixas. - Cabines de Segurança Biológica Estes tipos de equipamentos têm como objetivo principal conter quaisquer aerossóis gerados durante os ensaios com animais, tais como: necrópsias de animais infectados, manuseio de fluidos ou tecidos; ovos de animais infectados; inoculação intranasal de animais e manipulação de altas concentrações ou grandes volumes de material infeccioso. Estes equipamentos devem ser ligados ao sistema de emergência no caso de falhas no fornecimento de energia. São eles: cabine de segurança biológica classe I, classe II, classe II A, classe II B 1, classe II B 2, classe II B 3 e classe III. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 132 Sistema de contenção animal de ar limpo Este sistema de contenção parcial necessita de equipamentos de proteção individual para os técnicos. Previne a propagação de infecções entre os animais nos cubículos adjacentes. Minimiza tanto as infecções cruzadas dentro dos cubículos quanto a exposição dos animais aos contaminantes do ar da sala. Caixas convencionais são mantidas em cubículos com frente aberta, colocadas verticalmente nos dois lados da sala. O ar insuflado passa por filtros absolutos (HEPA). Incineradores A incineração é um método útil para o descarte dos resíduos dos laboratórios de experimentação animal. Este processo só será indicado em substituição ao da autoclavação nos casos de existência de um incinerador sob o controle do próprio laboratório e se houver a existência de câmara secundária de combustão. São desenhadas de forma a permitir ótima-combustão e o mínimo de emissão de poluentes no ar. Os resíduos são incinerados na câmara primária, onde a temperatura atinge pelo menos 8000 ºC. Os gases combustíveis e partículas que deixam a câmara primária são totalmente oxidados na câmara secundária por adição de calor onde a temperatura deve atingir no mínimo 10000 ºC. Os materiais que se destinam à incineração, mesmo após serem autoclavados, devem ser transportados até o incinerador, dentro de sacos plásticos fechados totalmente, de forma a não permitir o derramamento de seu conteúdo mesmo se virados para baixo. Os sacos contendo os resíduos deverão ser enviados dentro de um recipiente fechado e com tampa. As lixeiras para resíduos deste tipo deverão ser providas de tampas. O tamanho do incinerador será determinado pelo tipo, volume, peso do resíduo e tempo gasto na operação de incineração. Além destes fatores sempre, no projeto deste equipamento, deverá ser lembrado que durante a vida útil do mesmo haverá mudanças ou decaimentos na capacidade de carga. Os www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 133 incineradores podem produzir fumaça, gases, cinzas e odores. A cinza é um fator dependente do tipo de incinerador. O odor é um fator presente em todos os tipos de cima para baixo, por entre as passagens dos cubículos, e é retirado de dentro das caixas sendo exaurido pela parte inferior dos cubículos. O ar é recirculado através de filtros HEPA. - Autoclaves Os métodos mais eficazes de esterilização de materiais oriundos dos laboratórios de experimentação animal são aqueles que utilizam a aplicação de calor úmido por pressão. Para a execução destas atividades são utilizados três tipos de autoclaves: com deslocamento por gravidade, à vácuo e do tipo panela de pressão aquecida com combustível. - Barreiras secundárias São componentes de edificação que incluem: piso, paredes, teto, portas, air-locks, guichês de transferência, sistema de ar, dentre outros. a) Paredes em alvenaria estrutural reforçada, com acabamentos sem juntas nem reentrâncias, com cantos arredondados, impermeáveis a líquidos e resistentes a desinfetantes químicos e gasosos. b) Pisos antiderrapante, em resina epoxi, de alta resistência, com acabamento sem juntas, sem reentrâncias, com cantos arredondados, impermeável a líquidos e resistentes a desinfetantes químicos e gasosos. c) Tetos em estrutura lisa, sem juntas e reentrâncias, com cantos arredondados e com acabamentos resistentes a desinfetantes químicos e gasosos. d) Portas - confeccionadas em material retardante a fogo, a prova de insetos e roedores, nas dimensões de 1,00 X 2,00m (no mínimo) e, com dispositivo de abertura sem a utilização das mãos. Deverão possuir uma placa de www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 134 proteção, com altura mínima de 0,40m em relação ao piso, para evitar fuga de roedores. e) Janelas - não é recomendável a instalação de janelas com projeção ao exterior, pois podem alterar as condições climáticas. - Sistemas de Barreiras Suas principais variáveis são: a) Entrada e saída de materiais feitos através de barreiras tipo câmaras pressurizadas (air-lock), autoclaves, tanques de imersão, guichês de transferências e outros. O guichê de transferência é, normalmente, um túnel de dupla porta com abertura controlada e com sistema de desinfecção prévia por lâmpada ultravioleta, óxido de etileno ou qualquer outro desinfetante químico, que é utilizado enquanto os animais não o estão atravessando. O tanque de imersão (dip-tank) é um tanque de passagem por imersão em que o animal passa devidamente acondicionado. A câmara de transferência é um guichê mais sofisticado que apresenta adaptação para isoladores. b) Entrada e/ou saída de técnicos através de vestiário com sistema de dupla porta, pressurizadas (air lock) e outros. c) Sistema de condicionamento do meio ambiente, em especial o ar condicionado, quando obedecer a padrões pré-estabelecidos tais como filtragem, não recirculação do ar, equilíbrio e outros. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 135 CURSO DE BIOSSEGURANÇA MÓDULO 8 BIOSSEGURANÇA: RISCOS E PERIGOS “É O CONJUNTO DE AÇÕES VOLTADAS PARA A PREVENÇÃO, MINIMIZAÇÃO OU ELIMINAÇÃO DE RISCOS INERENTES ÀS ATIVIDADES DE PESQUISA, PRODUÇÃO, ENSINO, DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS, RISCOS QUE PODEM COMPROMETER A SAÚDE DO HOMEM, DOS ANIMAIS, DO MEIO AMBIENTE OU A QUALIDADE DOS TRABALHOS DESENVOLVIDOS “ ( FIOCRUZ, 2001) QUALIDADE EM BIOSSEGURANÇA: Dentro da visão da relação da Biossegurança com todos os ambientes e os seus riscos e não somente com microorganismos, a CTBio-FIOCRUZ define Qualidade em : · Qualidade em biossegurança visa o homem e o seu bem estar. · Em Biossegurança a PREVENÇÃO é a razão principal; · Não pode haver dúvidas – “Eu acho” não existe em Biossegurança ! RISCO: É o perigo mediado pelo conhecimento que se tem da situação. É o que temos como prevenir. PERIGO: Existe enquanto não se conhece a situação. É o desconhecido ou mal conhecido. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 136 Componentes básicos do RISCO: . Potencial de perdas e danos; . Incerteza de perdas e danos; . Relevância de perdas e danos. ACIDENTES: · 98% DOS ACIDENTES PODEM SER PREVENIDOS PORQUE ELES TÊM CAUSA QUE NÃO É ÚNICA, SÃO MULTIFATORIAIS. GRANDES CAUSAS DE ACIDENTES: - Instrução inadequada - Supervisão ineficiente - Práticas inadequadas - Mau uso de E.P.I. - Higiene Pessoal - Fatores sociais - Planejamento falho - Não observar normas - Manutenção falha - Lay-out incorreto - Jornada excessiva de trabalho - Motivação “ACIDENTES OCORREM NAS MELHORES INSTITUIÇÕES E SÃO DECORRENTES DE UMA FALTA DE GERENCIAMENTO PARA O ASSUNTO“. (COSTA, 1996) NO AMBIENTE DOS ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE A MAIORIA DOS ACIDENTES ESTÁ RELACIONADA COM PÉRFURO- www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 137 CORTANTES CONTAMINADOS COM MATERIAL BIOLÓGICO. CARACTERÍSTICAS DAS EXPOSIÇÕES A MATERIAIS BIOLÓGICOS Precauções-padrão ou básicas: Em 1982, mesmo antes da identificação da etiologia da Aids, os CDC (EUA) recomendaram que os profissionais de saúde deveriam prevenir o contato direto da pele ou das membranas mucosas com sangue, secreções, excreções e tecidos de pacientes com suspeita ou diagnóstico de Aids baseado nas observações iniciais sugestivas de que a doença era causada por um agente transmissível. Essas precauções recomendadas, denominadas Precauções contra Sangue e Fluidos Corporais, incluíam principalmente: a manipulação cuidadosa de instrumentos perfurocortantes contaminados com materiais biológicos, devendo ser utilizado coletor resistente para descarte desses materiais perfurantes ou cortantes e evitados o reencapamento de agulhas, por ser uma causa freqüente de acidentes, e a desconexão da agulha da seringa; o uso de luvas e de capotes (aventais) quando existisse a possibilidade de contato com sangue, fluidos corporais, excreções e secreções; a lavagem das mãos após a retirada das luvas antes da saída do quarto dos pacientes e também sempre que houvesse exposição a sangue; a utilização de desinfetantes, como o hipoclorito de sódio, na limpeza de áreas com respingos de sangue ou outros materiais biológicos; os cuidados específicos no laboratório na manipulação das amostras, como a necessidade de somente serem utilizadas pipetas mecânicas; o transporte de materiais contaminados em embalagens impermeáveis e resistentes e a marcação com rótulos e etiquetas, de artigos médico-hospitalares e de exames colhidos identificando-os como material proveniente de pacientes com Aids. www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 138 Conduta para os casos de acidente biológico Todo e qualquer acidente biológico deve ser comunicado ao professor responsável pela disciplina ou administrador da empresa ou unidade de saúde. Em caso de acidente biológico, o acidentado, e quando possível também o paciente, deverá ser prontamente encaminhados ao Setor de Emergência de Hospital - para as providências necessárias (coleta de sangue, sorologia, medicação anti-retroviral profilática, etc). Protocolo de Registro de Acidentes Biológicos Nome do acidentado: _______________________________________________ Função: __________________________________________________________ Graduação ( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado ( ) Data do acidente: ___________________ Horário: ___________________ Atividade em ocorreu o acidente: _______________________________________ Local do acidente: ___________________________________________________ Outras pessoas que estavam no local: __________________________________________________________________ Tipo de acidente: __________________________________________________________________ www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 139 __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ Providências tomadas: __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ Pessoa que está informando o acidente: _________________________________ Precauções Universais Referem-se à necessidade da instituição das medidas de prevenção na assistência a todo e qualquer paciente, independentemente da suspeita ou do diagnóstico de infecções que pudessem ser transmitidas, como a infecção pelo HIV, ao invés de precauções especiais usadas somente quando esses fluidos orgânicos fossem de pacientes com infecção conhecida por um patógeno de transmissão sangüínea. Estas Precauções Universais englobam alguns conceitos já estipulados nas recomendações prévias para prevenção da transmissão do HIV no ambiente de trabalho, como o uso rotineiro de barreiras de proteção (luvas, capotes, óculos de proteção ou protetores faciais) quando o contato mucocutâneo com sangue ou outros materiais biológicos pudesse ser previsto. Em 1996, os CDC (EUA) publicaram uma atualização das práticas de controle de infecção hospitalar englobando a categoria de Isolamento de www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 140 Substâncias Corporais e as Precauções Universais no conceito de Precauções Básicas ou Precauções Padrão. Esse novo conceito está associado à prevenção do contato com todos os fluidos corporais, secreções, excreções, pele não-íntegra e membranas mucosas de todos os pacientes ao contrário das Precauções Universais, que eram associadas somente aos fluidos corporais que pudessem transmitir o HIV e outros patógenos de transmissão sangüínea. Alguns trabalhos publicados demonstram que a freqüência de exposição a sangue foi reduzida em mais de 50% quando os esforços foram direcionados na motivação para cumprimento das normas de Precauções Universais. Entretanto, nenhuma dessas medidas de comportamento alcançou de forma consistente uma redução satisfatória na freqüência de exposições percutâneas. Desta forma, é extremamente pertinente a abordagem com seriedade da questão de biossegurança por todos os profissionais. RISCOS BIOLÓGICOS E PROFISSIONAIS DE SAÚDE Para profissionais que atuam na área clínica, somente a partir da epidemia da Aids nos anos 80, as normas para as questões de segurança no ambiente de trabalho foram estabelecidas. O profissional de saúde é considerado aquele cuja sua formação e sua capacitação adquiridas com objetivo a atuar no setor. A equipe do pessoal de saúde, definida como o conjunto de trabalhadores que, tendo formação ou capacitação específica - prática ou acadêmica, trabalha exclusivamente nos serviços ou atividades de saúde. A probabilidade de ocorrer a exposição é grande entre estudantes ou estagiários e entre profissionais em fase de treinamento já que não há treinamentos adequados nos cursos de formação técnica ou profissional sobre as formas de prevenção às exposições a material biológico. Conforme as estatísticas observadas, a equipe de enfermagem é uma das principais categorias profissionais sujeitos a exposições de material biológico. Esse número elevado de exposições relaciona-se com o fato de o grupo ser o www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 141 maior nos serviços de saúde, ter mais contato direto na assistência aos pacientes e também ao tipo e à freqüência de procedimentos realizados por seus profissionais. A freqüência de exposições é maior entre atendentes, auxiliares e técnicos de enfermagem, quando comparados a profissionais de nível de instrução superior. A realização da ficha de anamnese do paciente é fundamental para se identificar possíveis riscos. CONTEÚDO A CONSTAR NA FICHA DE ANAMNESE: 1) IDENTIFICAÇÃO ; 2) DADOS DE SAÚDE GERAL : Febre Reumática ( ) sim ( ) não Hepatite ( ) sim ( ) não Tipo :_______________________ Diabetes ( ) sim ( ) não Hipertensão Arterial Sistêmica ( ) sim ( ) não Portador do vírus HIV ( ) sim ( ) não Alteração na coagulação sangüínea ( ) sim ( ) não Reações alérgicas ( ) sim ( ) não Tipo :_____________________ Doenças sistêmicas ( ) sim ( ) não _________________________ Tratamentos médicos anteriores e atuais ( anote data e tipo de tratamento ) Internação recente ( ) sim ( ) não www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 142 Está utilizando alguma medicação ( ) sim ( ) não É fumante ( ) SIM ( ) NÃO Quantidade: ______ Tempo: ___________ Bebidas alcóolicas ( ) sim ( ) não Os riscos de exposição entre médicos variam conforme as diferentes especialidades. Entre médicos de enfermarias clínicas, o número estimado de exposições pode variar de 0,5 a 3,0 exposições percutâneas e 0,5 a 7,0 mucocutâneas por profissional-ano. Entre os médicos cirurgiões, são estimados 80 a 135 contatos com sangue por ano, sendo 8 a 15 exposições percutâneas. Considerando-se que um cirurgião realiza entre 300 e 500 procedimentos por ano, estima-se que este profissional será vítima de 6 a 10 exposições percutâneas por ano. Os odontólogos também são uma categoria profissional com grande risco de exposição aos materiais biológicos. Os estudos mostram que a maioria dos dentistas (quase 85%) tem pelo menos uma exposição percutânea a cada período de cinco anos. A maioria dos casos de contaminação pelo HIV em todo o mundo por acidente de trabalho, mais de 70% dos casos comprovados e 43% dos prováveis, envolveram a categoria de enfermagem e de profissionais da área de laboratório. Profissionais de laboratórios clínicos são responsáveis por grande parte dos procedimentos que envolvem material perfurocortante nos serviços de saúde. O número de profissionais de laboratório infectados pelo HIV, entretanto, é desproporcional ao número de indivíduos na força de trabalho. Nos EUA, por exemplo, os flebotomistas correspondem a menos do que 1/20 do número de profissionais das equipes de enfermagem. Outras categorias profissionais comuns contaminadas pelo HIV foram médicos clínicos, incluindo estudantes de medicina, responsáveis por 12% e 10% dos casos comprovados e prováveis, respectivamente, e médicos cirurgiões e dentistas, responsáveis por 12% dos www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 143 casos prováveis de contaminação, mas por menos de que 1% dos casos comprovados. EXPRESSÕES TÉCNICAS EM BIOSSEGURANÇA: • Anti-sepsia: procedimento que visa o controle de infecção a partir do uso de substâncias microbicidas ou microbiostáticas de uso tópico na pele ou mucosa; • Assepsia: conjunto de métodos empregados para impedir que determinado local, equipamento ou instrumental seja contaminado; • Meio Asséptico : meio isento de formas de microorganismos; • Artigo: compreendem instrumentos de naturezas diversas, que podem ser veículos de contaminação; • Artigos Críticos: são aqueles que penetram através da pele e mucosas, atingindo tecidos subepiteliais e sistema vascular. Estão nesta categoria materiais como : agulhas, lâminas de bisturi, sondas exploradoras, sondas periodontais, materiais cirúrgicos e outros. Exigem esterilização; • Artigos Semi - críticos: são aqueles que entram em contato com a pele não íntegra ou com mucosas íntegras, como condensadores de amálgama, espátulas de inserção de resinas, pincéis, etc. Exigem desinfecção de alta atividade biocida ou esterilização para ter garantida a qualidade do múltiplo uso destes; • Artigos Não Críticos: são aqueles que entram em contato apenas com a pele íntegra do paciente como refletor, braço da cadeira, maçanetas, interruptores, piso e bancada. Exigem limpeza ou desinfecção de atividade biocida intermediária, dependendo do uso a que se destinam ou do último uso realizado; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 144 • Descontaminação: método de eliminação parcial ou total dos microorganismos de artigos e superfícies. Obtém-se a descontaminação através da limpeza, desinfecção e esterilização; • Limpeza: remoção mecânica da sujidade de qualquer superfície ; • Desinfecção: processo físico ou químico onde ocorre a eliminação das formas vegetativas, à exceção dos esporulados; • Esterilização: processo de destruição de todas os microorganismos, inclusive os esporulados, mediante aplicação de agentes físicos, químicos ou ambos ; Responsabilidade das Instituições Empregadoras: a) a vacinação contra Hepatite B para todos os profissionais da equipe de saúde bucal ; b) o fornecimento dos EPIs em quantidade e qualidade adequada de acordo com a presente norma, a todos os profissionais da equipe de saúde bucal; c) o encaminhamento dos profissionais, o registro e a notificação imediata, quando de acidentes punctórios com material biológico, de acordo com os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde e Ministério do Trabalho d) a adesão às medidas de precauções contidas nesta Norma ; e) obrigatoriamente estabelecer um intervalo entre as consultas para os procedimentos adequados ao controle de infecção no ambiente clínico; f) o acesso a exames recomendados pelo Ministério da Saúde e Ministério do www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 145 Trabalho , que em suas Normas Regulamentadoras define a periodicidade e os valores de referência a serem utilizados para análise do exame de detecção dos níveis de mercúrio e demais doenças ocupacionais ; Procedimentos de Anti-sepsia - A lavagem das mãos é obrigatória para toda a equipe de saúde; - É obrigatória a utilização de sabão líquido, sendo que o dispensador deve ser descartável ou passível de desinfecção; - Antes da realização de procedimentos cirúrgicos é obrigatória a utilização de sabão líquido com anti-séptico; - Para secagem das mãos devem ser utilizadas toalhas de papel descartável; - É vedado o uso de secadores de ar por turbilhonamento ; Quando da impossibilidade de utilização da autoclave, deverá ser utilizado o Forno de Pasteur (estufa), devendo ser observado o tempo de exposição abaixo: Temperatura Tempo 160º 120 min 170º 60 min O Forno de Pasteur (estufa) deve : a) manter-se com a porta fechada durante todo o ciclo, b) ter um termostato para manutenção efetiva da temperatura, c) ter área mínima interna para circulação do ar produzido, d) ter termômetro de bulbo para controle da temperatura preconizada , www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 146 e) ter a contagem do tempo de esterilização iniciada somente após a estabilização da temperatura no nível indicado, f) não deve ser sobrecarregado, bem como as caixas metálicas que contém o material, fato impeditivo para adequada estabilização da temperatura interna necessária à esterilização, g) é vedado o uso de estufas com pintura de alumínio e chapa galvanizada Importante: É proibido o uso de equipamento a base de radiação ultravioleta ou ebulidores como métodos de esterilização ; UTILIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE LABORATÓRIO O trabalho em laboratórios requer conhecimentos sobre a utilização de equipamentos e dos riscos que podem ser originados pelos mesmos. A regra mais importante para não se envolver em acidentes com qualquer equipamento é: Se não sabe como funciona, não mexa ! Solicite o acompanhamento e instruções de alguém experiente. Apresentamos a relação de equipamentos que podem oferecer risco, sua utilização normal e principais perigos oferecidos. Quadro 1: equipamentos que, quando mal operados, oferecem riscos não só para o operador, mas para todos que estiverem nas proximidades: Autoclave : Usada para esterilização de meios e materiais de laboratório. Não esquecê-la ligada devido ao aumento exagerado de pressão . www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 147 Estufa ; Desidratação e Secagem. Nunca colocar em seu interior materiais lavados com solventes orgânicos, voláteis e/ou inflamáveis Fluxo Laminar - Manipulação de microorganismos Desligar a fonte de UV sempre que estiver utilizando o equipamento Pode causar efeito mutagênico. Motosserra - cortes de madeira Usar botas e luvas, pedir instruções de uso e utilizá-la sempre na presença de alguém experiente. Pode causar cortes e graves lesões. Mufla (forno de altas Temperaturas) - Aquecimento de materiais Utilizar luvas para a retirada de equipamentos e nunca esquecer esse equipamento ligado Quadro 2: equipamentos que, se mal operados, oferecem riscos para o operador e/ou que podem ser danificados Bomba de pressão: Tiragem de Água : Não esquecê-la ligada para evitar o aumento exagerado de pressão, pode causar danos ao equipamento Bomba de Vácuo ; Fazer vácuo , não esquecê-la ligada para evitar superaquecimento, pode causar danos ao equipamento. Câmara Fria : armazenamento de substâncias e realização de experimentos a baixas temperaturas, não permanecer muito tempo em seu interior, se necessário utilizar agasalho. Pode oferecer risco à saúde: ex.: resfriados www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 148 Centrífuga : Separação de substâncias. Certificar se os tubos estão corretamente balanceados e usar porta-tubos com vedação (copos de segurança) Formação de aerossóis, derramamento ou quebra de tubos. Fontes de Tensão Elétrica ; Utilizada em eletroforeses, espectrômetros de massa . Não tocá-las ao utilizar fontes de alta voltagem ( Choque elétrico) Micrótomo : Cortes Histológicos; Evitar o contato com a navalha de aço. Ocorrência de Cortes Pipeta: Utilizada para a obtenção de uma dosagem mais acurada de soluções, Evitar pipetar substâncias tóxicas com a boca e utilizar pêras de borracha, Ingestão de substâncias tóxicas, queimadura das mucosas, etc. Facão : Utilizado para abrir trilhas em mata fechada. Pedir instruções de uso e evitar o contato com as lâminas, ocorrência de Cortes. Ultracentrífuga: Separação de organelas celulares, Instalar um filtro HEPA entre a centrífuga e a bomba de vácuo, mantenha um relatório sobre as horas de funcionamento e estabeleça um esquema preventivo de manutenção, objetivando diminuir as falhas mecânicas, formação de aerossóis, derramamento e/ou quebra de tubos. Podão : Cortar galhos e amostras de plantas, pedir instruções no caso do podão de metro. Ocorrência de Cortes. DICAS IMPORTANTES: · Atenção especial deve ser tomada quando se utilizar equipamentos cirúrgicos. Bisturis, tesouras, seringas de alta precisão (as de vidro) e demais equipamentos cortantes devem ser mantidos sempre limpos e, de preferência, www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 149 esterilizados. · Seringas e agulhas descartáveis não devem ser reaproveitadas, evitando contaminação. · Agulhas nunca devem ser recapeadas, elas devem ser cortadas da seringa e colocadas em um recipiente apropriado para serem encaminhadas ao lixo hospitalar. · É necessária a utilização de luvas para o manuseio de equipamentos no laboratório a fim de evitar possíveis contatos com substâncias tóxicas remanescentes. · Manter os técnicos sempre avisados dos riscos, no caso de realização de experimentos. · Colocar cartazes com instruções simples para técnicos e estagiários. · Colocar lembretes nos locais de maior periculosidade. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS Cuidados para evitar incêndios - Assegurar o bom estado dos quadros da rede elétrica; - Assegurar o uso adequado das tomadas conforme recomendações técnicas; - Armazenamento dos bujões de gás em local bem ventilado fora das benfeitorias; - As benfeitorias devem ser fechadas adequadamente, porém, permitir o acesso para contenção de incêndio; - Os combustíveis devem ser acondicionados em recipientes adequados, dispostos na garagem, em área isolada com grades de proteção, que possam ser www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 150 trancadas e com a devida sinalização; - Não utilizar a queimada do lixo se não houver um incinerador; - Fazer a manutenção da cerca elétrica conforme recomendação do fabricante; Materiais e Equipamentos para controlar incêndios - Ter a disposição e em local de fácil acesso, próximo ao depósito de defensivos agrícolas e da garagem agrícola, especialmente, um extintor de espuma. Esse extintor é indicado especialmente para incêndio com material inflamável (álcool, gasolina, querosene), e pode ser utilizado com bom resultado para materiais como madeira, papel e tecido. - Os extintores devem estar dentro do prazo de validade; - Ë importante ter pelo menos uma pessoa treinada e responsável por esses procedimentos e fazer um treinamento com os empregados; - Ter pára-raios; - Para proteção individual: capacete, luvas de raspa, botina ou bota de segurança reforçada com ponteira de aço, capa impermeável, perneiras, máscaras autônomas; Como proceder em caso de incêndio - Ao detectar um foco de incêndio, de fumaça, de cheiro de queimado verificar o que está queimando e a extensão; - Se forem equipamentos elétricos ou eletrônicos, desligar o disjuntor se este não desligou e a chave geral; - Dar o alarme de incêndio, pode ser um sino, uma buzina, uma sirene, desde que o sinal seja devidamente combinado e conhecido; - Se não souber combater o fogo saia do local e avise as pessoas presentes no local, libere os animais que estejam em área de risco; - Não recolher objetos, o importante é salvar sua vida; - Mantenha-se vestido, pois a roupa protege o corpo contra o calor e a www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 151 desidratação; - Fumaça inalada pode causar problemas graves e até fatais; - Produtos químicos podem ser inflamáveis e/ou explosivos; Como proceder em caso de tempestade de raios: - Desligar os equipamentos da rede elétrica, mantendo-se apenas um aparelho da rede conectado, normalmente em residências é a geladeira, e na área de trabalho um rádio se puder desligar o tanque de resfriamento; - Não utilizar o telefone, recomenda-se desligá-lo. NORMAS BÁSICAS PARA CONSUMO DE ALIMENTOS - Como norma básica de Biossegurança, "É proibido comer ou beber durante a execução de determinadas atividades". - Por determinadas atividades entende-se, preparação, manipulação e aplicação de defensivos agrícolas, de medicamentos veterinários, adubos químicos e orgânicos; operacionalização de máquinas, equipamentos e implementos agrícolas; no manuseio de sementes tratadas e outras. - Como a maioria da atividade agrícola é realizada no campo, ambiente no qual não se dispõe de infra-estrutura e o trabalhador permanece o dia todo, é necessário fornecer uma infra-estrutura mínima para a higiene pessoal e para o consumo de alimentos e de água; - É proibido guardar alimentos junto com defensivos agrícolas, combustíveis, fertilizantes agrícolas, medicamentos veterinários; www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 152 DO USO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS - Verificar a tensão do equipamento e da rede elétrica se são compatíveis, 110 ou 220V; - Antes de ligar o equipamento verificar se está funcionando corretamente, se houver algo diferente "barulho de funcionamento", comunique o responsável; - Se não souber utilizar o equipamento não use-o ou peça ajuda; - Para saber se "a rede agüenta", verificar a corrente especificada no equipamento e a bitola da fiação da rede e comparar com a tabela abaixo: Compatibilidade entre diâmetro da fiação e capacidade de corrente - FIO* CORRENTE MÁXIMA 14 AWG (2,08 mm2 - 1,62 mm) 15 A 12 AWG (3,31mm2 - 2,05 mm) 20 A 10 AWG (5,26mm2 - 2,58 mm) 30A 08 AWG (8,37mm2 - 3,26 mm) 40A 06 AWG (13,30mm2 - 4,11 mm) 55A 04 AWG (21,15mm2 - 5,18 mm) 70A 02 AWG (33,63mm2 - 6,54 mm) 95A *as bitolas podem variar um pouco em função dos fabricantes www.conhecer.org.br - Projetos de pesquisa - cursos de qualificação 153 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACCP Consensus Statement. 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