Rev Bras Cardiol Invas 2004; 12(3): 146-153. Kormann APM, Maestri R. Inibidores da Glicoproteína IIb/IIIa: Quando Indicar e Como Obter os Melhores Resultados? Rev Bras Cardiol Invas 2004; 12(3): 146-153. Artigo de Revisão Inibidores da Glicoproteína IIb/IIIa: Quando Indicar e Como Obter os Melhores Resultados? Adrian Paulo Morales Kormann1, Rafael Maestri1 RESUMO SUMMARY A terapia farmacológica adjunta aos procedimentos de intervenção coronária percutânea, em pacientes com doença arterial coronária, em suas diversas apresentações clínicas, é de fundamental importância. A placa de ateroma rota ou a lesão da parede arterial que ocorre durante intervenções coronárias percutâneas têm, em geral, importante participação das plaquetas como elemento fundamental do trombo, cuja formação é estimulada pela exposição de material da placa. A introdução dos stents coronários virtualmente eliminou complicações como a dissecção coronária e seu respectivo componente mecânico, não eliminando, entretanto, o componente dinâmico (trombo). Esse é o fundamento básico para a utilização dos inibidores da glicoproteína (IGP) IIb/IIIa, em pacientes com doença arterial coronária submetidos à angioplastia. Revisamos os mais importantes e relevantes estudos envolvendo o uso dos IGP IIb/IIIa, buscando identificar situações clínicas e evolutivas que permitam otimizar as indicações para seu uso. Nas Síndromes Coronarianas Agudas (SCA) sem supradesnivelamento de ST, os maiores benefícios do uso dos IGP IIb/IIIa encontram-se nos pacientes de maior risco e em combinação com a estratégia de tratamento invasivo precoce. Caso o paciente não possa ser submetido a cateterismo cardíaco precoce, tanto o tirofiban, como o eptifibatide, poderão ser utilizados. Nos pacientes que apresentam SCA com supradesnivelamento de ST, alguns autores recomendam o uso sistemático do abciximab como terapia adjunta à intervenção coronária percutânea (ICP) primária, porém faltam dados consistentes para esta prática, e acreditamos que a realização de estudos que incluam e avaliem os subgrupos mais graves de pacientes com IAM poderá demonstrar a melhor relação custo benefício e mais adequada seleção destes. Nos casos de insuficiência coronariana crônica (estável), os dados recentes sugerem que em pacientes de baixo ou moderado risco submetidos à ICP eletiva, após pré-tratamento ótimo com clopidogrel e AAS, o uso do abciximab não está associado a benefícios clínicos significativos, reservando-se seu uso para pacientes de maior risco. DESCRITORES: Coronariopatia. Angioplastia transluminal percutânea coronária. Inibidores da agregação de plaquetas. Complexo Glicoprotéico GPIIb-IIIa de Plaquetas, antagonistas & Inibidores. GP IIb/IIIa Inhibitors: When to Indicate and How to Obtain Optimal Results? Pharmacological therapy associated to percutaneous coronary intervention (PCI) on patients with coronary heart disease – in its different clinical conditions – is of critical importance. The rupture of the atherosclerotic plaque or the arterial wall lesions that occur during PCI procedures usually have platelets as key contributors for thrombus formation, which in its turn is stimulated by exposure to plaque material. The introduction of coronary stents have been found to virtually eliminate complications such as coronary dissection and respective mechanical component; however, the dynamic component (thrombus) was not eliminated. This is the foreground for the use of glycoprotein IIb/IIIa inhibitors in patients undergoing PCI angioplasty. Major studies on the use of GP IIb/IIIa inhibitors have been reviewed in our attempt to identify clinical scenarios, as well as their evolution, aiming at optimal use indications. In acute coronary syndrome patients with non-ST-segment elevation, GP IIb/IIIa highest benefits have been seen in high risk patients, when combined with early percutaneous invasive treatment strategy. For patients who cannot be submitted to early cardiac catheterization, either Tirofiban or Epifibatide can be utilized. In acute coronary syndrome (ACS) patients with ST-segment elevation, some authors suggest systematic use of Abiximab as therapy, associated to primary percutaneous coronary intervention. However, such practice does lack consistent data. It is our belief that studies on high risk subgroups of acute myocardial infarction patients will demonstrate cost-effectiveness as well as the best screening procedures. In cases of chronic coronary heart disease (stable), recent data suggest that low or intermediate risk patients submitted to elective PCI after pretreatment with clopidogrel and ASA, the use of Abciximab is not associated to significant clinical benefits; its use is to be reserved for high-risk patients. DESCRIPTORS: Coronary disease. Angioplasty, transluminal, percutaneous coronary. Platelet Aggregation Inhibitors. Platelet glycoprotein GPIIb-IIIa complex, antagonists & inhibitors. 1 Serviço de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, Hospital Santa Isabel, Blumenau – SC e Hospital do Coração de Balneário Camboriú, Balneário Camboriú – SC. Correspondência: Dr. Adrian Paulo Morales Kormann. Hospital Santa Isabel. Rua Floriano Peixoto, 300 - 4º and. - CEP 89010-906 Blumenau - SC • Fone: (47) 321-1046 - e-mail: [email protected] Recebido em: 11/10/2005 • Aceito em: 24/10/2005 146 AdrianMorales.p65 146 22/11/2005, 13:30 Kormann APM, Maestri R. Inibidores da Glicoproteína IIb/IIIa: Quando Indicar e Como Obter os Melhores Resultados? Rev Bras Cardiol Invas 2004; 12(3): 146-153. D entro do espectro de apresentações da Doença Arterial Coronária (DAC), podemos identificar as mais variadas formas de manifestações clínicas, as quais podem levar a um quadro estável, desencadeado exclusivamente pelos esforços físicos, ou a um quadro instável, com manifestações clínicas de dor precordial típica em repouso. Além disso, muito já foi investigado a respeito do benefício da terapia adjunta com inibidores plaquetários da glicoproteína IIb/IIIa (IGP IIb/IIIa) em pacientes com DAC submetidos à intervenção coronária percutânea (ICP)1-6. Para a correta interpretação dos benefícios desta abordagem terapêutica torna-se importante dividirmos os pacientes em três grupos: aqueles com Síndromes Coronárias Agudas (SCA) sem supradesnivelamento do segmento ST (Angina Instável e IAM sem supra de ST), aqueles com SCA com supradesnivelamento do segmento ST e aqueles com DAC estável (Insuficiência Coronária Crônica). Este artigo procura revisar e avaliar os principais e mais relevantes estudos envolvendo o uso dos IGP IIb/ IIIa, buscando identificar situações clínicas e evolutivas que permitam otimizar as indicações para seu uso. INIBIDORES DA GLICOPROTEÍNA IIB/IIIA NAS SCA SEM SUPRADESNIVELAMENTO DE ST Nas SCA sem supradesnivelamento de segmento ST (Angina Instável e IAM sem supra de ST), o mecanismo mais comumente envolvido no desequilíbrio entre a oferta e demanda miocárdica de oxigênio é a formação de trombo, geralmente não oclusivo, sobre uma placa aterosclerótica rota1. Na trombose intra-coronariana, o fenômeno da agregação plaquetária exerce papel fundamental. A ruptura da placa aterosclerótica expõe a matriz extracelular subendotelial, promovendo a aderência das plaquetas ao subendotélio que são, então, ativadas na presença de inúmeros fatores como ADP, trombina, epinefrina e tromboxane A22. A ativação plaquetária induz uma alteração conformacional no receptor plaquetário IIb/IIIa, estimulando a degranulação plaquetária, esta por sua vez promove a liberação de serotonina, ADP e outras substâncias vasoativas, precipitando o recrutamento e a ativação plaquetária adicional. A alteração conformacional do receptor IIb/ IIIa estimula sua ligação ao fator de von Willebrand e ao fibrinogênio, com conseqüente agregação e propagação do trombo. Além disso, outro importante mecanismo de lesão miocárdica que tem sido estudado e comprovado é a microembolização distal do trombo depositado sobre a placa aterosclerótica rota que pode comprometer a microcirculação, lesando o miocárdio, a despeito de um adequado tratamento da artéria epicárdica através de ICP3. Em face disto, a farmacologia adjunta intensa na tentativa de bloquear estes mecanismos é de fundamental importância. Vários fármacos que atuam na inibição destas substâncias e com eficácia em reduzir eventos cardiovasculares em pacientes com SCA, de- monstrada em ensaios clínicos randomizados, estão disponíveis4-7. Este é o caso do ácido acetilsalicílico (AAS) que age na via do tromboxane A2 e, mais recentemente, o Clopidogrel que atua como antiagregante através da inibição da via do ADP. Os estudos clínicos randomizados iniciais indicaram que os IGP IIb/IIIa eram capazes de reduzir a ocorrência de eventos cardiovasculares maiores (óbito, IAM, revascularização de emergência), quando comparados ao placebo, em pacientes submetidos à revascularização percutânea. Porém, alguns destes estudos apresentavam uma grande variabilidade de situações clínicas em suas populações, já que incluíram pacientes com DAC estável, pacientes com angina instável e pacientes com Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)7-12. Nas últimas 3 décadas, houve um avanço considerável no entendimento da patogênese das SCA sem supradesnivelamento de ST, bem como no desenvolvimento de estratégias de tratamento invasivo com otimização dos resultados clínicos. O uso da aspirina, heparina não-fracionada, heparina de baixo peso molecular, betabloqueadores e tienopiridínicos já teve seu benefício comprovado 5,6,13. Em relação aos IGP IIb/IIIa, podemos dizer que a determinação da magnitude do benefício clínico nestes pacientes é bastante complexa. Os pontos mais importantes que parecem influenciar a magnitude do benefício clínico são: a estratificação de risco do paciente, o tempo até a abordagem intervencionista, a terapia farmacológica adjunta e a escolha do inibidor IIb/IIIa. Métodos de estratificação de risco muitas vezes simples e com uma ótima acurácia têm sido desenvolvidos. Boersma et al.14 identificaram preditores de óbito e IAM em 30 dias, nos pacientes com SCA sem supra de ST: a pressão sistólica, freqüência cardíaca, depressão do segmento ST, sinais clínicos de ICC e elevação enzimática. Antman et al. 15 desenvolveram o TIMI (Thrombolysis In Myocardial Infarction) Risk Score, que é largamente utilizado em nosso meio e factível à beira do leito. Identificam-se um dos sete itens: idade maior ou igual a 65 anos, mais de três fatores de risco para DAC, DAC prévia documentada, alterações do segmento ST (infradesnível ou elevação transitória de ST ≥ 1mm em pelo menos duas derivações contíguas do ECG), mais de dois episódios de dor precordial nas últimas 24 horas, uso de AAS nos últimos 7 dias e marcadores de dano miocárdico elevados. Estudos subseqüentes revelaram que os três itens que têm maior poder preditivo na determinação do risco são: idade acima de 60 anos, alterações do segmento ST e elevação enzimática16. No estudo CAPTURE9, os pacientes foram randomizados para receber abciximab ou placebo, antes e durante a ICP, devido quadro de angina instável refratária. O grupo abciximab apresentou redução do risco relativo de 60% na ocorrência óbito e IAM não-fatal, após 6 meses, nos pacientes com troponina elevada, 147 AdrianMorales.p65 147 22/11/2005, 13:30 Kormann APM, Maestri R. Inibidores da Glicoproteína IIb/IIIa: Quando Indicar e Como Obter os Melhores Resultados? Rev Bras Cardiol Invas 2004; 12(3): 146-153. fato que não se verificou no grupo de pacientes com troponina normal. Este estudo revelou que a estratificação de risco, utilizando-se a elevação da troponina sérica e a presença de características clínicas de isquemia miocárdica é um método simples para a identificação dos pacientes que poderão ter benefícios com o uso de IGP IIb/IIIa associados à terapia padrão. Em relação ao tempo para a intervenção coronária percutânea, considera-se uma intervenção precoce quando esta é realizada dentro das primeiras 48 a 72 horas do início dos sintomas. O estudo RITA-317 randomizou 1810 pacientes com SCA sem supra de ST (média de idade de 62 anos, 38% mulheres). Este estudo demonstrou redução de 33% no desfecho combinado de óbito, IAM não-fatal e angina refratária no grupo de estratégia invasiva precoce, em pacientes com dor precordial típica e alterações de ECG ou enzimas cardíacas elevadas. No grupo de intervenção precoce entre os pacientes que foram submetidos à angioplastia, 88% destes receberam stent e cerca de um quarto recebeu IGP IIb/IIIa, sendo seu uso indicado a critério do operador. Este estudo não fez comparações específicas em relação ao resultado clínico obtido neste subgrupo de pacientes. O estudo FRISC-218 randomizou 2.457 pacientes (média de idade de 66 anos, 30% mulheres) em dois grupos, sendo um para estratégia de tratamento invasiva precoce (dentro de 7 dias da randomização) e outro para estratégia não-invasiva. Verificou-se que após 6 meses houve uma diminuição do desfecho composto de óbito e IAM de 9,4% no grupo invasivo versus 12,1% no grupo não-invasivo (p=0,031). O uso de abciximab nos pacientes submetidos à ICP foi encorajado, ficando este a critério do operador. Também não houve uma análise específica dos resultados no grupo que recebeu IGP IIb/IIIa. No estudo TATICS TIMI-1816 foram randomizados 2.220 pacientes com o objetivo de comparar uma estratégia de tratamento invasivo precoce, que incluiu cineangiocoronariografia rotineira dentro de 4 a 48 horas da randomização, versus uma estratégia conservadora de tratamento chamada de seletivamente invasiva, sendo que neste a cineangiocoronariografia era realizada apenas se o paciente apresentasse evidência objetiva de isquemia recorrente e/ou um teste funcional anormal. O desfecho primário composto foi a ocorrência de óbito, IAM não-fatal e re-hospitalização por SCA, em 6 meses. O IGP IIb/IIIa (tirofiban) foi administrado via endovenosa por 48 horas ou até a revascularização e por, pelo menos, 12 horas após a revascularização percutânea. Este estudo mostrou que uma estratégia invasiva precoce com revascularização durante o período de uso do IGP IIb/IIIa associa-se com redução de óbito, IAM e re-hospitalização, em 6 meses, quando comparada ao tratamento clínico conservador (19,4% vs 15,9%, p=0,025). Recentemente, o estudo ISAR-COOL19 mostrou que o pré-tratamento antitrombótico com duração de 3 a 5 dias, na tentativa de “esfriar o processo” e protelando a conduta invasiva, foi associado com um risco relativo de IAM ou óbito de 1,96 (95% CI 1.01, 3.82) comparado com estratégia invasiva precoce e uso de antitrombóticos em pacientes com SCA sem supra de ST. Em ambos os grupos, o pré-tratamento consistiu de heparina não-fracionada intravenosa (60 µ/kg em bolus e infusão contínua para manter um tempo parcial de tromboplastina entre 60 e 85 segundos), aspirina, clopidogrel e tirofiban (10 µg/kg em bolus e infusão contínua de 0,10 µg/kg por min). Estes achados sugerem que o pré-tratamento antitrombótico associado à terapia antiagregante plaquetária tríplice deva ser mantido pelo menor tempo necessário até que a realização do cateterismo cardíaco e revascularização seja possível. Por outro lado, apesar das correntes diretrizes20 recomendarem a estratégia invasiva para pacientes com SCA sem supra de ST ou elevação enzimática, em recente publicação, Winter et al.21 randomizaram 1200 pacientes com SCA sem supradesnivelamento de ST, com dor precordial típica, elevação da troponina T (0,03 µg/L) e evidência eletrocardiográfica de isquemia à admissão ou história documentada de DAC em dois grupos: um para estratégia invasiva precoce e outro para uma estratégia mais conservadora, também chamada de seletivamente invasiva. Todos os pacientes receberam aspirina, enoxaparina por 48 horas e abciximab, no momento da ICP. O uso de clopidogrel e intensa terapia antilipídica foram recomendados nos dois grupos. O desfecho primário composto foi o de ocorrência de óbito, IAM não-fatal e re-hospitalização por SCA em um ano. No grupo de estratégia invasiva, os pacientes foram submetidos à angiografia dentro de 24 a 48 horas após randomização e submetidos à ICP quando apropriado, com base na anatomia coronária. A cirurgia de revascularização miocárdica foi recomendada em pacientes com doença triarterial ou doença importante de tronco de artéria coronária esquerda, sendo que a mesma foi realizada assim que possível durante a hospitalização inicial. Pacientes do grupo seletivamente invasivo foram tratados clinicamente e foram submetidos à angiografia e subseqüente revascularização apenas se apresentassem quadro clínico refratário a despeito da medicação otimizada, ou instabilidade hemodinâmica, ou isquemia significativa em teste funcional pré-alta hospitalar. A angiografia e revascularização foram realizadas na fase pós-hospitalar, na presença de quadro de angina severa a despeito de medicação otimizada ou isquemia documentada em teste funcional. A taxa cumulativa estimada foi de 22,7% no grupo invasivo e 21,2% no grupo seletivamente invasivo (p=0,33). A taxa de mortalidade foi similar nos dois grupos (2,5%). IAM foi significativamente mais freqüente no grupo invasivo precoce (15,0% vs. 10,0%, p=0,005), mas rehospitalização foi menos freqüente neste grupo (7,4% vs. 10,9%, p=004). Portanto, este estudo não conse- 148 AdrianMorales.p65 148 22/11/2005, 13:30 Kormann APM, Maestri R. Inibidores da Glicoproteína IIb/IIIa: Quando Indicar e Como Obter os Melhores Resultados? Rev Bras Cardiol Invas 2004; 12(3): 146-153. guiu demonstrar que pacientes com SCA sem supra de ST otimamente medicados beneficiam-se de estratégia invasiva precoce, porém, cabe salientar que um dado importante deste estudo é o de que as taxas de revascularização nos dois grupos foram consideradas altas (79% no grupo invasivo precoce e 54% no grupo seletivamente invasivo) quando comparadas às taxas dos estudos prévios FRISC II e TATICS TIMI 18, após um ano da randomização, o que pode ter diminuído a diferença na evolução clínica dos dois grupos. Por outro lado, este estudo é importante pois sugere que em locais onde não é possível uma estratégia invasiva precoce, o tratamento clínico inicial agressivo com AAS 300 mg de início e 75 mg/dia, clopidogrel 300 mg de início e 75 mg/dia, atorvastatina 80 mg/dia e enoxaparina 1 mg/kg de 12/12 horas por via subcutânea (máximo de 80 mg) pode ser satisfatório, analisandose posteriormente a necessidade ou não de conduta invasiva através de comprovação de isquemia e/ou recorrência de quadro instável. Assim, pacientes com SCA sem supra de ST, principalmente os de alto risco, beneficiam-se da terapia inicial com IGP IIb/IIIa em combinação com estratégia de tratamento invasivo precoce. O momento mais apropriado para a intervenção pode variar bastante, conforme práticas locais e disponibilidade de centro de intervenção, sendo recomendado que este intervalo de tempo seja o menor possível. Em relação à escolha do IGP IIb/IIIa, não existem dados substanciais que comparam abciximab, tirofiban e epitifibatide no tratamento clínico precoce das SCA sem supra de ST. Boersma et al.22 analisaram de forma conjunta os estudos randomizados CAPTURE, PURSUIT, e PRISM-PLUS, os quais avaliaram os efeitos dos IGP IIb/IIIa abciximab, eptifibatide e tirofiban, respectivamente, em SCA sem supra de ST. Durante o tratamento exclusivamente farmacológico, cada estudo demonstrou uma redução significativa de óbito ou IAM nãofatal em pacientes randomizados para receber IGP IIb/ IIIa, quando comparado ao placebo. Os três estudos combinados mostraram uma taxa de eventos de 2,5% neste período no grupo de IGP IIb/IIIa (N=6125) versus 3,8% no grupo placebo (N=6171) o que implica em uma redução relativa de 34% (p<0,001). A ICP foi realizada em 1358 pacientes do grupo IGP IIb/IIIa e em 1396 pacientes do grupo placebo. A taxa de eventos nas primeiras 48 horas após ICP foi significativamente menor no grupo do IIb/IIIa (4,9% vs 8,0%; redução do risco relativo 41%; p<0,001). Não houve benefício adicional após 48 horas da realização da ICP. Portanto, os autores demonstraram que os três IGP IIb/IIIa promovem benefício precoce no manejo inicial destes pacientes e promovem uma proteção adicional contra dano miocárdico em uma subseqüente ICP. O estudo TARGET 23, o primeiro grande estudo comparativo de dois IGP IIb/IIIa, randomizou pacien- tes com indicação de ICP, excluindo pacientes com IAM com elevação persistente do segmento ST e choque cardiogênico para receber tirofiban (N=2398) ou abciximab (n=-2411). O end point primário composto foi óbito, IAM não-fatal e revascularização de emergência do vaso-alvo em 30 dias, o qual ocorreu mais freqüentemente no grupo do tirofiban (7,6% versus 6,0%; IC 1,51, p=0,038), demonstrando uma superioridade do abciximab sobre o tirofiban. A magnitude e a direção do efeito foram similares para cada componente do end point composto e a diferença na incidência de IAM entre o grupo tirofiban e abciximab foi significativa (6,9% versus 5,4%, respectivamente; p=0,04). O benefício relativo do abciximab foi consistente e independente da idade, sexo, presença ou ausência de diabetes, ou presença ou ausência de pré-tratamento com clopidogrel. Não houve diferenças estatisticamente significativas nas taxas de complicações hemorrágicas, sangramentos maiores e necessidade de transfusão, mas o tirofiban esteve associado a taxas inferiores de sangramentos menores e trombocitopenia. O abciximab é uma grande molécula de anticorpo monoclonal que tem algumas vantagens em relação às pequenas moléculas do tirofiban e eptifibatide. O abciximab revelou ter a capacidade de inibir a interação entre leucócitos e plaquetas, o que diminui o processo inflamatório vascular envolvido nas SCA sem supra de ST. Além disso, o abciximab pode promover uma mais completa inibição do receptor plaquetário IIb/IIIa, cerca de 15 minutos após a administração do bolus. Já o tirofiban e o eptifibatide apresentam inibição plena do receptor IIb/IIIa, após período um pouco mais prolongado24. Portanto, o abciximab é recomendado para pacientes com SCA sem supra de ST, que não receberam outro inibidor IIb/IIIa, e que serão submetidos a procedimento intervencionista, sendo que a sua administração deve ser peri procedimento. Com base no estudo GUSTO IV25, os guidelines de 2002 da ACC/AHA26 recomendam, para o abiciximab, a indicação classe III (não efetivo ou potencialmente deletério) para adição à terapêutica antitrombótica standard em pacientes nos quais uma ICP não esteja planejada. Recomenda-se o uso de eptifibatide ou tirofiban para o tratamento precoce das SCA sem supra de ST, principalmente em pacientes nos quais o cateterismo cardíaco com possível ICP ou cirurgia de revascularização miocárdica estejam planejados. A utilização de eptifibatide e tirofiban em pacientes com SCA sem supra de ST, que apresentam isquemia contínua, troponina elevada ou características para alto risco e nos quais o cateterismo cardíaco, ICP ou revascularização miocárdica não estejam planejados, tem classe de recomendação IIa (evidências conflitantes a respeito do benefício, peso da evidência é em favor da eficácia)26. 149 AdrianMorales.p65 149 22/11/2005, 13:30 Kormann APM, Maestri R. Inibidores da Glicoproteína IIb/IIIa: Quando Indicar e Como Obter os Melhores Resultados? Rev Bras Cardiol Invas 2004; 12(3): 146-153. IGP IIB/IIIA NAS SCA COM SUPRADESNIVELAMENTO DE ST Quando comparada à terapia trombolítica, a angioplastia primária mostra superioridade em seus resultados, pois é capaz de reduzir as taxas de óbito, reinfarto e AVC27-29. O tratamento percutâneo do IAM tem sido considerado a melhor estratégia desde que seja realizado por centros treinados e com experiência, sendo que alguns fatores como o tempo desde o início dos sintomas até a realização da ICP e a terapêutica adjunta podem influenciar sobremaneira os resultados a médio e longo prazo29. O fenômeno de embolização distal de fragmentos do trombo coronário, com conseqüente obstrução microvascular e lesão miocárdica definitiva, é ainda uma limitação da ICP primária. Este evento pode ser determinado angiograficamente pela presença de “Slow Flow” ou “No Reflow”, mas pode também ser evidenciado pela não resolução do supradesnivelamento de ST após a ICP primária e, até mesmo, pela evolução clínica do paciente com elevação enzimática importante e extenso IAM ao ECG, a despeito de uma adequada resolução da artéria epicárdica responsável pelo evento30. A isquemia recorrente, reestenose e reoclusão da artéria relacionada ao infarto ainda ocorrem em um razoável porcentual de pacientes e na tentativa de reduzir estes fenômenos descritos, alguns estudos avaliaram os IGP IIb/IIIa, em especial o abciximab, já que seu potente efeito antiplaquetário poderia atuar de forma positiva na evolução dos pacientes com IAM30,31. Nestes, foram avaliadas a sua segurança e eficácia, porém, diferenças nos critérios de recrutamento e as terapias adjuntas podem ter contribuído para os resultados conflitantes e, por vezes, inconsistentes. O estudo ISAR-231 avaliou o efeito do abciximab na reestenose clínica e angiográfica em pacientes com IAM submetidos à ICP primária com implante de stent. Foram randomizados 401 pacientes tratados com stent no IAM dentro de 48 horas do início dos sintomas, sendo que um grupo recebeu dose standard de heparina e outro recebeu abciximab mais dose reduzida de heparina. Do total, 80% dos pacientes foram elegíveis para reestudo angiográfico após 6 meses. A ocorrência de desfecho composto de óbito, reinfarto e revascularização da lesão-alvo em 30 dias foi de 5% no grupo abciximab e de 10,5% no grupo controle (p=0,038). Não houve diferença estatisticamente significativa na ocorrência do desfecho primário – perda luminal tardia e reestenose binária. Os autores concluíram que o abciximab influenciou positivamente o resultado clínico nos primeiros 30 dias, não havendo influência deste sobre a ocorrência de reestenose. 32 Outro estudo importante foi o ADMIRAL , que randomizou 300 pacientes com IAM para receber abciximab mais stent (149 pacientes) ou placebo mais stent (151 pacientes). Os resultados clínicos foram avaliados após 30 dias e 6 meses. A patência da artéria relacionada ao infarto e a fração de ejeção foram avaliadas 24 horas e 6 meses após o procedimento. Após 30 dias, o desfecho primário composto de óbito, reinfarto ou revascularização de emergência do vasoalvo ocorreu em 6,0% dos pacientes do grupo abciximab e 14,6% no grupo placebo (p=0,01); após 6 meses, os dados correspondentes foram 7,4% vs. 15,9% (p=0,02). O melhor resultado clínico foi associado à maior freqüência de fluxo TIMI 3 no grupo abciximab antes do procedimento (16,8% vs. 5,4%, p=0,01), imediatamente após (95,1% vs. 86,7%, p=0,04), e seis meses após (94,3% vs. 82,8%, p=0,04). O grupo abciximab também apresentou mais rápida e persistente melhora da fração de ejeção, o que se verificou 24 horas e 6 meses após. As taxas de sangramentos maiores aconteceram no grupo abciximab em 0,7% dos pacientes. Este estudo revelou, então, melhor patência arterial antes da ICP/stent, maior índice de sucesso no procedimento, maior taxa de patência arterial em 6 meses, bem como melhor resultado clínico e de fração de ejeção no grupo tratado com abciximab. O estudo CADILLAC33 randomizou 2082 pacientes com IAM em quatro grupos e avaliou os resultados da angioplastia primária com balão (com ou sem abciximab) e da angioplastia primária com stent (com ou sem abciximab). O desfecho primário composto foi a ocorrência de óbito, reinfarto, AVC e isquemia causada pela artéria relacionada ao infarto em 6 meses. Nos pacientes do grupo tratado somente com balão, 20% apresentaram o desfecho primário, 16,5% no grupo balão mais abciximab, 11,5% no grupo stent e 10,2% no grupo stent mais abciximab (p<0,001). Não houve diferenças na ocorrência de óbito, AVC ou reinfarto nos quatro grupos, sendo que a diferença basicamente foi devida às taxas de nova revascularização da artéria relacionada ao infarto (15,7% após PTCA e 5,2% após stent mais abciximab, p<0,001). A ocorrência de reestenose determinada angiograficamente foi de 40,8% no grupo balão e 22,2% no grupo stent, sendo estes resultados independentes do uso ou não do abciximab (p<0,001). Perante estes achados, fica claro que a terapêutica de eleição para pacientes com IAM é a angioplastia primária com implante de stent. Em relação à não influência do uso do abciximab nos resultados deste estudo, cabe salientar que o CADILLAC não foi desenhado primariamente para comparar apenas a estratégia de stent,com ou sem abciximab. Além disso, os pacientes de maior risco como aqueles com choque cardiogênico ou cirurgia de revascularização miocárdica prévia foram excluídos, o que pode ter contribuído para a ausência de marcado benefício do abciximab. O estudo ACE34 randomizou 400 pacientes para implante de stent associado ou não ao abciximab, no tratamento do IAM com supradesnível de segmento ST. O uso do abciximab reduziu o end point primário composto de óbito, reinfarto, revascularização da lesãoalvo e AVC, no primeiro mês, de 10,5% para 4,5% (p=0,02). Além disso, o end point secundário compos- 150 AdrianMorales.p65 150 22/11/2005, 13:30 Kormann APM, Maestri R. Inibidores da Glicoproteína IIb/IIIa: Quando Indicar e Como Obter os Melhores Resultados? Rev Bras Cardiol Invas 2004; 12(3): 146-153. to de óbito e reinfarto foi menor no grupo stent/abciximab do que no grupo stent sem abciximab (5,5% vs 13,5%, p=0,006). Diante destes resultados conflitantes, Araújo et al.35 realizaram uma meta-análise de 6 trials, que envolveu um total de 3755 pacientes com IAM tratados com ICP mais abciximab, com o objetivo de avaliar a eficácia e segurança desta associação. Os principais indicadores de resultados foram: mortalidade, reinfarto, revascularização do vaso-alvo e sangramentos maiores. A média de acompanhamento dos pacientes foi de 5,5 meses. Quando comparado ao grupo controle, o abciximab reduziu significativamente a mortalidade (OR 0.70, 95% CI 0.50–0.97), a revascularização do vaso-alvo (0.79, 95% CI 0.65–0.96) e os eventos cardiovasculares maiores - MACE (0.76, 95% CI 0.65–0.90). A redução de MACE e revascularização do vaso-alvo foi confirmada nos pacientes que receberam stent, mas não nos pacientes que foram submetidos à ICP apenas com balão. Além disso, o abciximab esteve associado ao risco aumentado de sangramentos maiores (OR 1.39, 95% CI 1.03–1.87), fato que foi reduzido ao se analisar pacientes que receberam menores doses de heparina. Os autores concluíram que o abciximab, como terapia adjunta da ICP no IAM, reduz mortalidade, revascularização do vaso-alvo e eventos cardíacos maiores e recomendam uma dose reduzida de heparina para prevenir sangramentos maiores (bolus de 70U/kg). Recentemente, uma outra meta-análise realizada por De Luca et al.36 avaliou 7 trials que envolveram 27115 pacientes no grupo abciximab e 14513 pacientes no grupo controle. Nesta meta-análise, o abciximab esteve associado com uma significativa redução de mortalidade em 30 dias (2,4% vs. 3,4%, p=0,047) e em 6 a 12 meses (4,4% vs. 6,2%, p=0,01) nos pacientes submetidos à angioplastia primária, fato não observado nos pacientes que receberam terapia fibrinolítica. Além disso, o abciximab contribuiu para significativa redução da ocorrência de reinfarto em 30 dias da seguinte forma: ao se analisar todos os trials (2,1% vs. 3,3%, p<0,001), trials de ICP primária (1,0% vs. 1,9%, p=0,03), e trials de fibrinólise (2,3% vs. 3,6%, p<0,001). O abciximab não resultou em risco aumentado de hemorragia intracraniana (0,61% vs. 0,62%, p=0,62), mas esteve associado a um risco aumentado de complicações hemorrágicas maiores quando combinado com fibrinolíticos (5,2% vs. 3,1%, p<0,001), fato que não se verificou na análise dos trials de ICP primária (4,7% vs 4,1%, p=0,36). Provavelmente, o mecanismo pelo qual o abciximab atua na redução de mortalidade é a preservação da função ventricular que, por sua vez, é conseguida promovendo uma melhor e mais rápida resolução da placa de ateroma responsável pelo IAM, bem como atuando na microcirculação na redução do dano causado pela microembolização. Um aspecto que deve ser salientado é a redução da mortalidade obtida com os avanços no tratamento do IAM, nos últimos anos, seja no desenvolvimento de novos fibrinolíticos, seja no desenvolvimento das técnicas de ICP. Além disso, a associação AAS/ clopidogrel/ heparina, com benefícios já plenamente demonstrados em pacientes com IAM submetidos à ICP primária, provavelmente dificulta a constatação de resultados positivos exuberantes com os IGP IIb/IIIa nestes pacientes. Alguns autores defendem o uso sistemático do abciximab como terapia adjunta à ICP primária, porém seu custo elevado é uma limitação para esta prática. Acreditamos que a relação custo/benefício deva ser bem avaliada, reservando o uso do abciximab na terapia adjunta à ICP primária para pacientes de maior risco como aqueles com grande área de miocárdio em risco, pacientes em choque cardiogênico, pacientes com grande carga de trombo intracoronário e pacientes já revascularizados e diabéticos. Acreditamos que a realização de estudos que incluam e avaliem os subgrupos mais graves de pacientes poderá demonstrar a melhor relação custo/benefício do uso do abciximab na terapia adjunta à ICP primária, para que assim possamos estabelecer critérios mais rigorosos na sua indicação. IGP IIB/IIIA NOS QUADROS DE DAC ESTÁVEL Os pacientes que apresentam quadro clínico de insuficiência coronária crônica (angina estável) candidatos à ICP representam o último grupo de pacientes a ser considerado. Os estudos iniciais a respeito do uso de inibidores IIb/IIIa incluíram em sua grande maioria este tipo de pacientes, porém as séries eram pequenas e uma boa parte dos estudos foi realizada sem associação AAS/Clopidogrel. Com o objetivo de avaliar os resultados do uso de abciximab em pacientes submetidos à ICP eletiva em artérias coronárias nativas e que foram pré-tratados com 600 mg de clopidogrel por pelo menos duas horas antes da intervenção, Kastrati et al.37 randomizaram 2159 pacientes (ISAR REACT): 1079 pacientes receberam clopidogrel mais abciximab e 1080 pacientes receberam clopidogrel mais placebo. O desfecho primário foi um composto de óbito, IAM e revascularização de emergência do vaso-alvo em 30 dias. Cabe lembrar que foram excluídos os pacientes com IAM nos últimos 14 dias, com SCA sem supra de ST, os que apresentavam elevação de troponina, pacientes com lesão em ponte de safena, pacientes com oclusão crônica, presença de trombo angiograficamente visível, pacientes com fração de ejeção < 30% e pacientes com diabete melito insulino-dependente; ou seja, o universo de pacientes avaliado foi considerado de baixo ou moderado risco. A ocorrência do desfecho primário foi de 4% (45 pacientes) no grupo abciximab e de 4% (43 pacientes) 151 AdrianMorales.p65 151 22/11/2005, 13:30 Kormann APM, Maestri R. Inibidores da Glicoproteína IIb/IIIa: Quando Indicar e Como Obter os Melhores Resultados? Rev Bras Cardiol Invas 2004; 12(3): 146-153. no grupo placebo (p=0,82). A maioria dos eventos adversos foi infarto do miocárdio, sendo que o diagnóstico de IAM foi feito na presença de novas ondas Q patológicas em duas ou mais derivações contíguas do ECG ou elevação enzimática de CKMB pelo menos 3 vezes o valor normal e em pelo menos duas amostras. Um grande infarto foi definido na presença de elevação de CKMB maior que 5 vezes o normal em pelo menos duas amostras. A incidência de IAM foi de 4% (40 pacientes) no grupo abciximab e de 4% (41 pacientes) no grupo placebo (p=0,91). Doze (1%) pacientes no grupo abciximab e oito (1%) no grupo placebo apresentaram complicações hemorrágicas maiores (p=0,37). Ocorreu 1 (0,1%) caso de trombocitopenia profunda no grupo abciximab e nenhum caso no grupo controle (p=0,002). Estes dados sugerem que, em pacientes de baixo ou moderado risco submetidos à angioplastia coronária eletiva após pré-tratamento ótimo com clopidogrel, o uso do abciximab não está associado a benefícios clínicos nos primeiros 30 dias. Permanece a questão sobre os benefícios do uso de IGP IIb/IIIa em pacientes considerados mais graves submetidos à ICP para tratamento de DAC estável, ou seja, aqueles com lesões em ponte de safena, com diabete melito insulino-dependente ou com FE reduzida. E, portanto, acreditamos que por enquanto, podemos extrapolar as conclusões de estudos anteriores onde os pacientes de maior risco têm um maior benefício, sendo, então, indicado o emprego dos IGP IIb/IIIa nestes subgrupos de pacientes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Falk E, Shah PK, Fuster V. Coronary plaque disruption. Circulation 1995;92:657-71. 2. Toschi V, Gallo R, Lettino M, Fallon JT, Gertz SD, FernandezOrtiz A et al. Tissue factor modulates the thrombogenicity of human atherosclerotic plaques. Circulation 1997;95:594-9. 3. Atwater BD, Roe MT, Mahaffey KW. Platelet glycoprotein IIb/IIIa receptor antagonists in non-ST segment elevation acute coronary syndromes: a review and guide to patient selection. Drugs 2005;65:313-24. 4. 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