A HIPNOSE COMO ALTERNATIVA PARA PACIENTES CLAUSTROFÓBICOS EM EXAMES DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA Introdução A Ressonância Magnética trouxe um avanço na medicina diagnóstica por imagem, mas exige que o paciente fique imóvel durante todo o exame em seu interior cilíndrico (que lembra um túnel), muitas vezes ultrapassando 1 (uma) hora, o que acarreta fobia em pacientes claustrofóbicos. Tais paciente necessitam de sedação medicamentosa, assistência de um anestesiologista e monitoração durante todo o exame, procedimentos que demandam custos. A hipnose usada na prática médica tem se revelado uma alternativa eficaz e segura. As pesquisas existentes comprovam uma diminuição da fobia, da inquietação por estar imóvel enquanto se realiza o exame, trazendo satisfação ao paciente após o seu término. O objetivo deste estudo bibliográfico é fornecer elementos teóricos para compreensão e avaliação do tema, levando a um maior conhecimento do que é a hipnose, desvendando os seus caminhos, mitos e as vantagens de seu uso na prática médica. Hipnose: conceitos, aplicações A palavra “Hipnose”(do grego Hypnos = sono) foi introduzida pelo cirurgião escocês James Braid (1795-1860) por volta de 1841, devido à semelhança entre o estado de transe hipnótico e o estado de sono, ainda que os considerasse estados distintos¹. Desde o antigo Egito, o sono hipnótico era utilizado para fins terapêuticos em lugares chamados “templos do sono”, onde se 1 tratava de várias doenças. Tempos depois, os gregos passaram a adotar as técnicas dos “templos do sono” dos egípcios. Inscrições revelam curas de cegueira, epilepsia, paralisia, etc². A hipnose era também utilizada para aliviar a dor em procedimentos diversos, que incluíam amputação de membros, numa época em que não existia anestesia³. Foi na Idade Média que surgiu a primeira análise crítica do estado hipnótico. Paracelso (1493-1541) usava um imã para induzir seus pacientes ao transe hipnótico. Ele criou o termo “magnetismo animal”, na tentativa de explicar o “fluido desconhecido com o qual o homem poderia exercer influência sobre outras pessoas e sobre objetos”². Aí surge Franz Mesmer (17341815), dizendo que o mais importante no processo hipnótico do paciente é a influência do hipnotista. James Braid se aprofunda no estudo do estado hipnótico e prova a importância do monodeísmo (capacidade de se concentrar numa única idéia) e não só a fixação do olhar, para a indução hipnótica. Após ter alcançado consagração, graças aos trabalhos desses pesquisadores e de outros daquela época, a hipnose sofre rápida decadência. Isso ocorre por causa de um grupo francês liderado por Charcot (18251893), que acreditava que apenas os histéricos podiam ser hipnotizados e, também associaram o estado hipnótico ao A HIPNOSE COMO ALTERNATIVA PARA PACIENTES CLAUSTROFÓBICOS EM EXAMES DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA surto histérico. Daí surgiu o mito que a hipnose era perigosa, alimentado por exacerbadas e falsas afirmações de Pierre Janet (1857-1947), colaborador próximo de Charcot.² Freud (1856-1939), que também era discípulo de Charcot, partiu, igualmente, de uma noção equivocada em relação ao tratamento com a hipnose, pois considerava como essência da terapia a sugestão. Ele acreditava que o paciente, quando em estado hipnótico, não alcançava o estado emocional adequado para o tratamento, mesmo relatando conflitos importantes4. Cabe ressaltar que, naquela época, pouco se conhecia sobre os processos neurobioelétricos e a neurofisiologia, e tampouco havia conhecimento significativo acerca da influência do sistema endócrino sobre o comportamento humano. Hoje em dia, ao contrário do que pensava o grupo de Charcot, sabe-se que o processo hipnótico necessita que o indivíduo tenha capacidade para o monodeísmo (já reconhecido por Braid). Portadores de certas doenças psiquiátricas ou pessoas muito ansiosas não são facilmente hipnotizadas; entretanto, os mentalmente sadios, com um estado emocional intenso, facilitam a indução hipnótica, pois esse estado promove um conjunto de manifestações psicofisiológicas que funcionam como um poderoso fator de indução. 5 Erickson (1901-1980), com seus estudos, foi o responsável por fazer ressurgir a 2 hipnose como terapia, com várias técnicas hipnoterapêuticas criadas por ele e aplicadas até hoje. Na sua visão, o inconsciente faz parte da conexão corpomente, pois armazena conhecimentos, proporcionando ao indivíduo a capacidade de superar as dificuldades. Os estudos feitos por Erickson foram ampliados e a hipnose retorna à medicina numa nova visão ampliada e alimentada de forma gradativa por pesquisas mais abrangentes.² Atualmente, podemos encontrar na literatura distintas definições sobre hipnose; porém, o conceito não difere muito de uma pra outra. Barber, por exemplo, considera que a “hipnose é uma condição alterada ou estado de consciência caracterizado por um aumento de receptividade à sugestão, de capacidade para modificação de percepção e memória e o potencial para o controle sistemático de uma variedade de funções fisiológicas usualmente involuntárias”.6 Sendo assim, o paciente passa por técnicas de estimulação repetitiva e verbal a um estado alterado de consciência, onde ele “experimenta sensações oníricas como no sono, mas permanecendo consciente da sua vontade, mesmo estando profundamente relaxado”.³ Praticamente, toda pessoa tem capacidade para entrar no estado hipnótico com uma estimulação adequada, o que não significa que o hipnotista consiga a indução com todas as pessoas. Há indivíduos que necessitam de muitas sessões para alcançar um leve estado hipnótico. Estudos mostram uma variação entre 3-33% das pessoas que não são hipnotizáveis. Alguns fatores contribuem de maneira importante, dentre eles: a capacidade do hipnotista de utilizar A HIPNOSE COMO ALTERNATIVA PARA PACIENTES CLAUSTROFÓBICOS EM EXAMES DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA os condicionamentos ou associações próprias da pessoa para levá-la ao estado hipnótico; a inter-relação pacientehipnotista; o temperamento do paciente; seu estado geral; a idade. Sabe-se também que o auto-relaxamento e qualquer tipo de meditação nada mais são do que autohipnose. Para se alcançar sucesso com a hipnose, necessita-se, sobretudo, da colaboração do paciente. Se o mesmo tiver qualquer receio, por mais oculto que seja, a terapia tende a ser improdutiva.² No Brasil, a prática da hipnose é menos utilizada do que em outros países, sendo o ramo da odontologia o que mais realiza ensaios clínicos voltados à analgesia Esses profissionais, odontológica.5 juntamente com os da medicina e psicologia, difundem a técnica em departamentos específicos, como o da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo (USP)7, e o ambulatório de Hipniatria do Hospital Universitário Gafrée Guinle da Universidade do Rio de Janeiro (UNI-RIO)², por exemplo. O Conselho Federal de Medicina reconhece a hipnose “como valiosa prática médica, subsidiária de diagnóstico ou de tratamento, devendo ser exercida por profissionais devidamente qualificados e sob rigorosos critérios éticos”.8 Em alguns trabalhos, a hipnose foi utilizada em exames como endoscopia digestiva9, procedimentos radiológicos invasivos10, colonoscopia11, controle da dor,¹² entre outros. São poucos os trabalhos em que seu uso está diretamente associado a pacientes claustrofóbicos que realizam exame de Ressonância Magnética. 3 A Hipnose e seus mitos A hipnose está, de uma certa forma, envolta por alguns mitos que comprometem sua aceitação pelos pacientes como um recurso coadjuvante na terapia médica. Há os que pensam que só as pessoas de “cabeça fraca” serem hipnotizáveis, mas já é sabido que os pacientes que possuem habilidade de se concentrar apresentam maior facilidade para entrar no transe hipnótico, embora essa habilidade, mesmo quando necessária, não seja o fator determinante. Outro mito é o paciente “não sair do transe hipnótico”; na verdade, mesmo se ele assim permanecer por muito tempo, acabará dormindo e, naturalmente, acordará em algum momento. Outros mitos existentes são: “perda de controle”, “agir de forma antissocial”, “revelação de segredos”; em verdade, o paciente não está sob o comando do hipnotista, e sim ciente de sua vontade, do ambiente em sua volta, podendo sair do estado de transe hipnótico ao receber uma sugestão que lhe seja imprópria. Outro mito desvendado é que a hipnose é “prejudicial”; ao contrário, trata-se de uma técnica segura, que não apresenta prejuízo à integridade física ou mental, quando utilizada por profissionais qualificados e éticos. Cabe ao profissional explicar de forma clara todas as etapas do processo da hipnose, para que o paciente se sinta seguro, a fim de evitar expectativas frustradas e de modo a torná-lo mais participativo durante o exame, com menor suscetibilidade às alterações 13 comportamentais. Para se alcançar sucesso com a hipnose, necessita-se, A HIPNOSE COMO ALTERNATIVA PARA PACIENTES CLAUSTROFÓBICOS EM EXAMES DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA sobretudo, da colaboração do paciente. Se o mesmo tiver qualquer receio, por mais desimportante ou imperceptível que pareça, a terapia tende a ser improdutiva.2 A claustrofobia na Ressonância Magnética Para a realização de um exame de Ressonância Magnética, o paciente é introduzido em um magneto cilíndrico (semelhante a um túnel), cujo espaço limitado, por si só, pode gerar ansiedade até mesmo em pacientes sem prévio relato de claustrofobia.14 Observa-se em algumas pesquisas que o maior problema causador de ansiedade em pacientes submetidos à RM é o fato de estar com a cabeça ou parte do corpo dentro do aparelho.15 16 Isso gera um certo desconforto, fazendo com que, em muitos casos, o paciente se movimente durante o exame, gerando imagens de baixa qualidade, ou até mesmo desista de fazê-lo. Entre 5-10% dos pacientes submetidos à RM apresentam ansiedade grave (claustrofobia) ou ataques de pânico e 30% apresentam uma angústia mais leve. A ansiedade severa pode ensejar o cancelamento do exame e/ou remarcação, o que aumenta os custos e atrasa a avaliação, devendo-se levar em conta que o exame de RM é oneroso.16 Outros pacientes acabam precisando da sedação medicamentosa para terminar o exame, acrescentando novos custos e riscos para o procedimento17, já que necessita da assistência de um anestesista, avaliação pré-anestésica em pacientes idosos ou portadores de alguma comorbidade e monitoração não invasiva durante o exame, para minimizar os 4 possíveis efeitos indesejáveis medicamento administrado.3 do Há vários relatos em estudos feitos com pacientes fóbicos que associavam a experiência de estar dentro do aparelho a estar numa “tumba ou caixão”15 16, ou mesmo a sensação de ser uma “pizza deslizando no forno”18, o que gerou muita ansiedade. As fobias, de modo geral, geram uma angústia invencível de situações e objetos.13 Outros estudos associam a claustrofobia ao tipo de aparelho de RM. Equipamentos de baixo campo magnético (os chamados aparelhos de campo aberto) reduziriam o estado fóbico do paciente durante o procedimento, alcançando sucesso superior a 90% do total dos pacientes submetidos à pesquisa.19 20 21 Dewey22 verificou em seus estudos que, em aparelhos desenvolvidos com redução de ruído e do comprimento do magneto, as reações claustrofóbicas se reduzem significadamente, em cerca de 95%. Hipnose: coadjuvante claustrofóbicos em RM para São raros os estudos que utilizam a hipnose em pacientes claustrofóbicos em exames de RM. As pesquisas feitas comprovam a alternativa eficaz da hipnose para esses pacientes, diminuindo a fobia, sem a necessidade de sedação.23 A redução da fobia também é verificada em crianças.24 A HIPNOSE COMO ALTERNATIVA PARA PACIENTES CLAUSTROFÓBICOS EM EXAMES DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA No Brasil, um único estudo foi encontrado3. Revela resultados bastante satisfatórios (93,8%), do total de pacientes submetidos a hipnose, comprovando também que o paciente pode ser sugestionado a permanecer imóvel durante todo o exame e a se sentir confortável, associando o barulho do aparelho, por exemplo, a sons mais agradáveis como o de uma cachoeira ou ondas do mar. Pacientes submetidos à técnica da hipnose, após realizar o exame, relatam uma maior tolerância e satisfação com o procedimento.25 Esses pacientes não precisaram do uso da sedação. Quando não se faz uso da sedação, as complicações que poderiam surgir diminuem, bem como os custos que envolvem um exame de RM com sedação medicamentosa. Conclusão Os estudos conhecidos vêm comprovando ser a hipnose uma ferramenta valiosa, eficaz alternativa à sedação medicamentosa em pacientes claustrofóbicos que precisam realizar exame de RM. Quando feita por profissionais qualificados e éticos, acarreta importantes benefícios a esses pacientes, que conseguem realizar o exame sem a necessidade da sedação. Isso para um exame de RM é de grande valia, pois reduz as etapas que envolvem a sedação medicamentosa, como a necessidade do jejum, de um anestesista presente, do monitoramento durante a sedação e os possíveis efeitos da medicação sedativa. Desmitificando seu uso, conclui-se que a hipnose é de grande utilidade para os pacientes claustrofóbicos que sejam suscetíveis à técnica, em exames de RM. 5 Agradecimentos A Deus. Pela presença, força e esperança em dias difíceis. Ao meu companheiro de vida Victor, pela paciência e encorajamento. Ao Dr. Luiz G. C. Velloso. Agradeço seus esclarecimentos quanto a hipnose que me foram dados tão gentilmente. À minha colega de pós-graduação Ana Paula Silva de Faria, por trocarmos ideias, dúvidas e ajuda. Ao Prof. Homero José de Farias e Melo, pela solicitude. Referências bibliográficas 1. 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