HIPNOSE NA CLÍNICA ODONTOLÓGICA Miguel Angel Singh Gil: Especialista em Prótese Dentária Hipnodontista/Implantodontista Psicanalista Clínico e Didata. “Os desequilíbrios no estado de saúde bucal desencadeiam perturbações comportamentais. O Dano Estético, o comprometimento de funções e outros efeitos físicos , e principalmente, a dor, podem provavelmente, produzir reações emocionais como ansiedade, depressão, dependência e hostilidade. “ Vosburg, 1982 O paciente muitas vezes pode interpretar, que tratamento odontológico implica em sentir dor, ver sangramento, sentir gostos estranhos na boca, ouvir zumbidos de alta rotação, sentir a penetração da agulha, a sensação da anestesia, enfim, unicamente momentos desagradáveis que vão gerar ansiedade nele e consequentemente vão acabar gerando também ansiedade no profissional O fator emocional, que embora passe despercebido inicialmente para muitos profissionais da odontologia, significa o primeiro relacionamento entre o paciente e o profissional e como também será o último; fato importantíssimo se considerarmos que o tratamento odontológico visa o benefício da pessoa como um todo. Felizmente existem odontólogos que consideram de fundamental importância, para atingir o êxito de seu trabalho e para facilitar a vida desse indivíduo que decide se tornar seu paciente, reconhecer a condição emocional presente no relacionamento. É sumamente indispensável entender que o paciente quando abre a boca para o profissional, ele está entregando uma parte íntima. Podendo o dentista e seus instrumentos, provocar os sentimentos mais variados possíveis, condição notada por exemplo, no comportamento do paciente ao ser anestesiado. Pág/01. A função do odontólogo, está muito mais que a de manipular a boca do paciente, já que ele deve estar sempre preparado para imprevistos de ordem técnico, como de ordem comportamental, que possam interferir no bom relacionamento paciente / profissional ou profissional / paciente e portanto que possam interferir no sucesso do tratamento. A hipnologia e a psicologia, conferem à odontologia o reconhecimento de que além de uma técnica, também existem mais dois fatores muito importantes no evento, ou seja, o paciente e o profissional, que vão conferir características essenciais ao diagnóstico e a terapêutica aplicada, levando ao êxito ou fracasso subsequente. A hipnose cumpre muito bem sua função, quando proporciona ao paciente um comportamento positivo frente ao tratamento odontológico, atuando no físico e no emocional. Exemplos: 1. Nas correções de vícios que interfiram com problemas dentais, dando sugestões que estimulem a prevenção de problemas bucais, 2. No controle da tensão emocional e muscular que atuam nos DTM, problemas de 3. Controlando a salivação, naúseas, hemorragias, 4. Facilitando o uso correto de aparelhos ortodônticos e protéticos, A Hipnose diminui o temor e a tensão, facilita a analgesia e anestesia, já que o paciente acha-se em profundo relaxamento. Pode intensificar a anestesia química aplicada e nos casos de pacientes cardíacos, gestantes , alérgicos; pode ser indicada unicamente a hipno anestesia. Ainda são consideradas novidades na odontologia a utilização de induções no Pré e pós operatório, relaxamentos hipnóticos, que permitem preparar e proteger o paciente de surpresas, medos e a apreensão. Será imprescindível o grau de identificação (rapport) e a participação emocional do paciente no processo. Sendo considerados como fatores básicos para uma boa indução hipnótica: - Paciência / Calma, - confiança do Paciente no hipnólogo, - A convicção de ambos de que foi escolhido o método mais adequado para este tratamento (neste caso é prótese dentária). Pág/02. Entendendo que a prótese dentária e um aparelho artificial confeccionado por um Cirurgião Dentista buscando restabelecer forma, função e estética de um ou mais elementos dentários parcial ou totalmente perdidos. Que pode ser unitária, parcial ou total; cuja sustentação pode ser dentária ou sobre implante, com apoio na mucosa ou misto; prótese fixa ou removível; metálica ou não metálica; imediata ou mediata quanto ao uso. Reconhecendo as características do caso clínico através da experiência, pela indicação e principalmente pela anamnese e o exame clínico do mesmo; deve-se fazer um planejamento cuidadoso e considerando se tratar de um paciente manifestando medos exacerbados ao atendimento odontológico, permite ao hipnodontista sugerir inicialmente o relaxamento hipnótico. Deve-se criar um ambiente onde o paciente sinta segurança e conforto, com total confiança e fé no profissional, adquirido através de uma abordagem acolhedora e perspicaz, resultado da realização de uma anamnese completa. Assim em pacientes hipernervosos um bom relaxamento os tranquiliza e vai induzir sua adaptação ao tratamento odontológico. Em sialorreias, quando a salivação do paciente é abundante, ao ponto de atrapalhar os trabalhos a serem realizados, podemos fazer uso de induções hipnóticas para bloquear essa salivação (Sialostasia), facilitando os bons resultados.Quando existe um aumento da secreção salivar, é recomendável hipnotizar este indivíduo passando os dedos na pele do rosto na altura das glândulas salivares (após ter informado do procedimento) para diminuir a salivação. Ao terminar a intervenção, se vai dizer três vezes, sempre tocando nos pontos de localização das glândulas: “tudo vai voltar ao normal, ao normal, ao normal”, e então se restabelecerá a salivação. Quando ocorrem sangramentos, as induções hipnóticas devem ser reforçadas durante o procedimento, insistindo sempre no fechamento dos vasos sanguíneos. Levando a hemostasia dos mesmos. Um indivíduo que está hipnotizado pode reduzir naturalmente o sangramento, permitindo uma intervenção mais limpa e rápida. Os vasos pequenos se contraem automaticamente e isto reduz o sangramento e tempo cirúrgico. Existindo dor, a técnica de hipnose permite diminuir e até remover a sintomatologia dolorosa (Hipno Anestesia), especialmente quando o paciente consegue entrar num transe mais profundo ou sonambúlico. Pode ocorrer também Hipno analgesia nos casos mais leves. Pág/03. Há pacientes que necessitam antes de iniciar o ato cirúrgico, de fazer um pré-operatório com induções hipnóticas, para não sentir dor. Situação que pode ser atendidas sob hipnose, sempre que o profissional esteja preparado. Nos pacientes que acostumam sentir dificuldades no momento da moldagem, quer seja com mal-estar ou quer seja com vômitos; a técnica de hipnose permite diminuir ou até eliminar este sofrimento. O controle de náuseas, será mais eficaz, quando se aprofunda o transe hipnótico do paciente. Para a adaptação das Próteses em pessoas ansiosas, utilizamos a técnica de hipnose, para melhorar a receptividade ás próteses indicadas e confeccionadas. Quando o paciente se acostuma a essa nova situação, vai indicar que devemos suspender sua aplicação . Lembrando sempre do item da estética, que em odontologia pode ser definida como a arte de criar, reproduzir , copiar e harmonizar as restaurações com as estruturas dentárias e anatômicas circunvizinhas. A Sensibilidade individual que está relacionada à beleza, harmonia e aos diversos fatores como:social,psicológico,moda, cultural, época e idade; pode interferir na auto estima do paciente e sucesso do tratamento, de maneira que deve estar presente. Outras situações possíveis de se apresentar, são as alergias aos anestésicos, e quando necessário se aplica hipno analgesia ou anestesia,. A hipnose também trata essa alergia e até a pode eliminar. Também existe os medos ou desconfortos exagerados com o barulho e trepidação do motor, de maneira que será necessário através do relaxamento hipnótico, induzir sua adaptação ao motor (alta e baixa rotação) numa forma geral, promovendo uma surdez eletiva. Para retirar ou diminuir muito os ruídos do consultório, a um ponto que não perturbe o paciente, diminuindo seu estresse. Da mesma forma que induzimos a surdez eletiva, também podemos dar a sugestão temporáriamente de cegueira eletiva, no sentido de diminuir a ansiedade, diante de algo que ele considera como incomodo em ver ( por exemplo, sangue, medo de agulha ou qualquer coisa que o perturbe). Achando conveniente, provocamos a distorção do tempo, fenômeno hipnótico que pode ser usado para dar a impressão ao paciente que o início e término do tratamento ocorre num tempo menor do real, isso apresenta grandes vantagens na motivação para as próximas consultas. Os pacientes que se sentem incomodados com o gosto dos medicamentos, podemos dar sugestões hipnóticas, para que esse gosto se altere para um outro cujo sabor seja mais do seu agrado. Assim, como induções para relaxamento da musculatur lingual, quando esta causar obstáculos para a realização dos procedimentos. Inicialmente dar prioridade, a remoção dos medos, ansiedades apresentada pelo paciente. e quaisquer dor Pág/04. Não se deve insistir com o paciente para que se submeta à hipnose, é melhor esclarecer ao mesmo, as dúvidas e receios que ele trás sobre o assunto, assim se deixará hipnotizar por vontade própria. Recomenda-se que os procedimentos iniciais das técnicas hipnóticas, sejam realizadas com o paciente sentado na cadeira odontológica, ou em uma sala a parte, onde se possa realizar a indução, com o paciente sentado confortavelmente em uma poltrona. Depois de hipnotizado e já na cadeira odontológica serão realizados os procedimentos estipulados. Desta maneira quando respeitamos o significado emocional que a boca exige, se está tomando consciência que nossa função está muito além do que uma função técnica mecânica e estamos aplicando uma verdadeira função clínica, que abrange conhecimentos, vocação, arte e motivação para o cuidado e dedicação ao indivíduo em sua existência. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) Negrão, F. Prado- “Revisão Histórica da Hipnologia”-vol.1- Separata da Revista Brasil Médicovol Nº3 – maio/junho – 1967 2) Gonçaga, Gonçalves Jefferon- Hipnologia em Medicina, Odontologia, Psicologia – Ed. Santos – Brasil-1984. 3) Da Silva, Gelson Crespo –Manual de Hipnose Médica. Ed.Reproarte- vol 2 –Rio de Janeiro2000. 4) E. Dorin........................Dicionário de Psicologia) 5Laplanche e Pontalis.....Vocabulário da Psicanálise 6) Luis Miller de Paiva......Medicina Psicossomáti 7) Michaelis 2000.............Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. 8) Marivaldo Santo Pietro e Miguel Angel Singh Gil . Cap.20 – Hipnose na Odontologia. Glaucia de Campos Zelauy. Cap. 01 – Análise Estética e Planejamento na Reabilitação Estética “Odontologia/Resultados e Integração”.Eduardo S.Chujfi. Ed.Artes Médicas ltda.2008/SP.Brasil. 9)Dicionário Houaiss da língua portuguesa, 1ª edição Ed Objetiva, 2009. 10) Fiori, R. S., Atlas de Prótese Parcial Removível 2ª edição, 1986 Panamed Editorial Ltda. 11) Novo dicionário da Língua Portuguesa Aurélio Buarque de Holanda Ferreira 2ª edição, 32ª impressão Ed. Nova Fronteira. 120 Todescan, R. & Cols. Atlas de Prótese Parcial Removível Ed. Santos 1ª edição 1996 e 3ª reimp. 2003. 13) Stedman´s Medical Dictionary, 27ª edição Ed. Guanabara Koogan S.A., 2003. Pág/05.