Filosofia e Filosofar Por Germano Machado Definições do que é FILOSOFIA são inúmeras: de Aristóteles, Kant, Hegel ou Farias Brito, Nelson Werneck Sodré, Manoel Joaquim de Carvalho Jr. Procuremos, neste ano, da Grécia ao mundo europeu e Brasil, atingir o conceito de FILOSOFIA, através dos problemas historicamente reconhecidos como tais, e que implicam uma e outra. História e Filosofia, filosofar e historizar são inseparáveis. Lembrar Agostinho e Hegel: Filosofia da História. No pensamento ocidental – Filosofia significa amizade, bem querer e amor pela Filosofia. Os primeiros filósofos gregos não quiseram ser chamados sábios, seguindo Sócrates: “O que sei é que nada sei”. O filósofo age cientificamente em uma espécie de ciência peculiar: pesquisa sem parar, renova as perguntas formuladas, sente ou percebe o sentido do tempo, da época, formula novas perguntas, quer atingir outras respostas, pessoais e na História concreta e corrente. A FILOSOFIA se inicia como um estado de inquietação e mesmo de perplexidade (Aristóteles) a culminar em atitudes críticas diante do real e da vida. A FILOSOFIA é a ciência dos porquês. O homem passou a filosofar em face do problema e do mistério (sua dignidade pensante). Os problemas universais, o cosmo, a vida, a história em seus períodos, os acertos e erros, toda esta problemática é a FILOSOFIA. Por isso, Aristóteles e Platão falam que a FILOSOFIA se iniciou com a atitude de assombro. A Filosofia, pois, é a ciência das causas primeiras ou das razões últimas. Émile Bréhier afiança: “A Filosofia começou quando as afirmações da consciência espontânea sobre o homem e o universo se tornaram e se tornam problemáticas”. É a busca de sentido, à qual se situam o homem e o Cosmo. Quando se afirma que a Filosofia é a ciência dos primeiros princípios, o que se quer dizer é que a Filosofia pretende elaborar uma redução conceitual progressiva, até atingir juízos com os quais se possa legitimar uma série de outros juízos integrados em um sistema de compreensão total. O sentido de universalidade revela-se inseparável da Filosofia. Christoph Helferich pergunta: “Podemos comparar o nascimento da Filosofia com o nascimento de um ser humano? O primeiro grito, o primeiro fôlego, é certmamente um acontecimento decisivo: “uma criança” nasce. A palavra nascimento significa: algo novo”. Os filósofos desde os gregos falam em “teoria – theoria: de théia, intuição e órain – ver”. É reflexão, é conceito, é pensar. Portanto, Filosofia é ciência, um modo de vida, pessoal, coletiva, cósmica, universalista. Assim, História e formulação pela História, em homens que intuem, participam, formulam teorias, procuram novas visões da vida dos povos e apontam o futuro, o amanhã. Vida teórica pessoal. No saber, especulação, no pensar, fazer a cosmovisão ou cosmovidência (Welltonchaugen), desdobramento pessoal e social do pensar individual, as mudanças estruturais, inclusive políticas. Hegel é o modelo. As ciências particulares, a matemática, a física, a química dão uma certeza parcial uma verdade relativa que se desdobra, reclamam uma instância superior. A Filosofia dá ao homem uma convicção sobre o sentido da realidade como um todo, a Filosofia é uma certeza radical universal, a Filosofia justifica-se a si mesma. No entanto, da mesma forma que as outras ciências ela procura novas respostas para novas perguntas. Problematiza-se continuamente. Ortega y Gasset explica: “O filósofo está sempre renovando as razões de suas certezas. A Filosofia mostra racionalmente que todos os homens tendem, por natureza, a saber e ao saber. Sua primeira tendência foi para a religiosidade, a Religião, depois a arte rupestre, como vemos nas cavernas, sentido do viver e do morrer, da morte e da sua realidade, o morrer sempre foi filosofado”. A Filosofia nasce no dia em que o homem se tornou um ser autossuficiente. A Filosofia não é pois uma filosofia particular como a física e a química , mas é a ciência universal. Ciência especificamente humana, atividade humana por excelência. Poderemos dizer: 1 – A História da Filosofia é a exposição racional dos esforços feitos pelo espírito humano nas diferentes épocas para descobrir o verdadeiro no que respeita às razões últimas e universais das coisas. 2 - Para delimitar o domínio da História da Filosofia ou da Filosofia da História, como Agostinho e Hegel, partiremos da noção comumente admitida: é um sistema construído pela razão humana, que procura, na sua ordem própria, resolver os problemas mais gerais do homem no universo e na vida comum de cada dia, na vida das nações e das épocas humanas. Concluise que a Filosofia é um saber estrito, um saber distinto. A Filosofia é a colocação em funcionamento da reflexão, do filosofar. O objeto da Filosofia é buscar a essência. Une-corpomente-espírito acessível na reflexão, problematiza e problematiza-se. A Filosofia, diz Kant: “Não se aprende Filosofia, só se aprende a Filosofar”. Zubiri, o grande pensador hispânico afirma o mesmo. No fundo, os problemas da Filosofia nada mais são senão o problema da Filosofia. A Filosofia não é sua história, mas a história da Filosofia é Filosofia. Germano Machado – Fundador do CEPA Brasil, das Academias Mater Salvatoris, ALAS – Academia de Letras e Artes do Salvador, da Academia Baiana de Educação.