Diário de Coimbra ID: 35128060 21-04-2011 Tiragem: 10549 Pág: 4 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Diária Área: 16,79 x 11,90 cm² Âmbito: Regional Corte: 1 de 1 ESTUDO DESCOBRE BENEFÍCIOS DE FÁRMACO NO TRATAMENTO DA RETINOPATIA DIABÉTICA Um trabalho de investigação desenvolvido no Instituto Biomédico de Investigação da Luz e Imagem (IBILI), da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, foi reconhecido pela Fundação Europeia para o Estudo da Diabetes, que atribuiu ao projecto uma bolsa de 100 mil euros. Uma equipa do IBILI, liderada pela investigadora Rosa Fernandes, verificou que um fármaco oral utilizado no tratamento da diabetes tipo 2 para regular os níveis de glicemia, designado sitagliptina, pode também ser benéfico no tratamento da retinopatia diabética, que é uma das principais complicações resultantes da diabetes tipo 1 e tipo 2. Esta pesquisa acaba de ser dis- tinguida não só a nível europeu mas também pela Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD). Uma nota de Imprensa divulgada ontem pela Universidade de Coimbra (UC) explica que «na diabetes tipo 2 a sitagliptina controla os níveis de glicemia através da regulação da secreção de insulina», enquanto que «na diabetes tipo 1 (mais grave e que normalmente ocorre na infância e na adolescência), os efeitos benéficos da sitagliptina a nível da vasculatura da retina serão independentes, porque a produção de insulina é praticamente nula». A equipa de investigadores utilizou um modelo animal (rato) de diabetes tipo 1, ao qual administrou posteriormente o fárma- D.R. Investigadores de Coimbra recebem bolsa europeia ROSA FERNANDES co, para avaliar diversos parâmetros característicos das fases iniciais da retinopatia diabética. «Os estudos realizados permitiram aos investigadores descobrir que a sitagliptina tem efeitos benéficos significativos ao nível vascular, inibindo o aumento da permeabilidade dos vasos da retina, causado pela diabetes, que é uma das principais características da retinopatia diabética», refere a UC, acrescentando que passo seguinte da investigação será «compreender o mecanismo pelo qual ocorre este efeito benéfico na vasculatura da retina». Os investigadores já encontraram pistas e Rosa Fernandes e Francisco Ambrósio adiantam que os resultados preliminares «sugerem que o fármaco promove a reparação vascular e inibe os processos inflamatórios e o stresse oxidativo». A retinopatia diabética, apontada como uma das principais causas da perda de visão e cegueira em adultos em idade activa, não tem cura, e os tratamentos existentes são «pouco eficazes e em alguns casos invasivos e com riscos», pelo que, sublinha a UC, as conclusões desta investigação são «basilares para o potencial desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas, menos invasivas e mais eficazes». l