LISTA DE EXERCÍCIOS Matemática Básica Humberto José Bortolossi http://www.professores.uff.br/hjbortol/ GMA DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA APLICADA 08 Ordem, intervalos e resolução de inequações [01] Resolva os exercı́cios 19, 20 e 21 da Lista 2 de Matemática Básica da Professora Marlene que está disponı́vel na página WEB do nosso curso. [02] Seguindo o modelo apresentado em sala de aula, resolva as inequações abaixo indicando explicitamente qual axioma ou propriedade você usou em cada etapa. (a) 2 · x − 5 ≤ 1. (b) (1 − x) · (5 − 6 · x) < 0. (c) (2 · x − 1)/(x − 2) < 1. (d) x + 1 < x + 2. (e) x + 1 > x + 2. ( f ) x2 ≤ 16. (g) 2 · x ≤ x2 . (h) x − 1 > 2/x. ( i ) 0 ≤ −x2 + 4 · x ≤ 3. [03] Diga se cada uma das sentenças abaixo é verdadeira ou falsa. Apresente uma demonstração caso ela seja verdadeira e um contraexemplo caso ela seja falsa. (a) Se a ∈ R e a > 1, então 1/a > 1. (b) Se a, b ∈ R e a ≥ b − 3, então a3 ≥ a2 · b − 3 · a2 . (c) Se a, b ∈ R e 2 · a < b2 , então 2 · a3 < a2 · b2 . (d) Se a, b ∈ R e a · b ≤ a, então b ≤ 1. [04] Represente em uma reta numérica os conjuntos indicados abaixo (cada conjunto deve ser representado em uma reta numérica diferente). (a) [1, 2] ∪ [3, 17/2]. (b) (−1, 1) ∪ [1, +∞). (c) [−2, 3] ∩ (3, 6). (d) [−3, −1) ∩ [−2, +∞). [05] Represente em uma reta numérica os conjuntos indicados abaixo (cada conjunto deve ser representado em uma reta numérica diferente). (a) {x ∈ R | 0 ≤ x < 3 ou 2 ≤ x ≤ 5}. (b) {x ∈ R | − 1 < x < 7 ou − 1 ≤ x ≤ 7}. 1 (c) {x ∈ R | x < 2 ou x > 2}. (d) {x ∈ R | x < 2 e x ≥ −1}. (e) {x ∈ R | 3 x + 6 > 0 ou 8 − 4 x < 0}. ( f ) {x ∈ R | 2 x − 6 < 0 e 4 x + 6 ≤ 0}. (g) {x ∈ R | x − 1 > 0 e x − 4 ≤ 0}. (h) {x ∈ R | 6 x − 1 = 0 e 6 x − 1 > 0}. [06] Todo intervalo não-degenerado contém uma quantidade infinita de números racionais e irracionais. (a) Apresente infinitos racionais e infinitos irracionais que pertençam ao intervalo [1, 2]. √ √ (b) Apresente infinitos racionais e infinitos irracionais que pertençam ao intervalo [ 2, 3]. [07] O intervalo (0, 1) possui um maior elemento? Isto é, existe um número p ∈ (0, 1) tal que x ≤ p para todo x ∈ (0, 1)? E o intervalo (0, 1] Ele possui um maior elemento? Justifique sua resposta! [08] Usando o método esquemático do estudo de sinais, resolva as inequações abaixo. 2x+1 < 1. 3x− 1 3x+1 < 2. (b) x−1 (a) [09] Sejam A = [−5, −3] ∪ [2, 8], B = (−4, 3) e C = (−8, −1) ∪ (1, 5). Determine A ∪ B, A ∩ B, A − B, B − A, A ∪ C, A ∩ C, A − C e C − A. [10] Qual é a negação de “x > 3”? E a negação de “x ≥ 3”? E a negação de “x ≤ 3”? [11] Diga se cada uma das sentenças abaixo é verdadeira ou falsa. Apresente uma demonstração caso ela seja verdadeira e um contraexemplo caso ela seja falsa. (a) Se I e J são intervalos da reta, então I ∪ J também é um intervalo da reta. (b) Se I e J são intervalos da reta, então I ∩ J também é um intervalo da reta. (c) Se I e J são intervalos da reta, então I − J também é um intervalo da reta. [12] Verdadeiro ou falso? Se x ∈ R, x > 5 e x > 1, então x ≥ 6. Justifique sua resposta: apresente uma demonstração caso a sentença seja verdadeira e um contraexemplo caso ela seja falsa. [13] Diga se cada uma das sentenças abaixo é verdadeira ou falsa. Apresente uma demonstração caso ela seja verdadeira e um contraexemplo caso ela seja falsa. (a) Se a, b, c, r, s, t ∈ R, a < b < c e r < s < t, então a + r < b + s < c + t. (b) Se a, b, c, r, s, t ∈ R, a < b < c e r < s < t, então a − r < b − s < c − t. (c) Se a, b, c, r, s, t ∈ R, a < b < c e r < s < t, então a − t < b − s < c − r. (d) Se a, b, c, r, s, t ∈ R, a < b < c e r < s < t, então a · r < b · s < c · t. (e) Se a, b, c, r, s, t ∈ R, a, b, c, r, s, t > 0, a < b < c e r < s < t, então a · r < b · s < c · t. ( f ) Se a, b, c, r, s, t ∈ R, a, b, c, r, s, t > 0, a < b < c e r < s < t, então a/r < b/s < c/t. (g) Se a, b, c, r, s, t ∈ R, a, b, c, r, s, t > 0, a < b < c e r < s < t, então a/t < b/s < c/r. [14] Diga se cada uma das sentenças abaixo é verdadeira ou falsa. Apresente uma demonstração caso ela seja verdadeira e um contraexemplo caso ela seja falsa. 2 (a) Se u, q ∈ R, 1.4587 < u < 1.4588 e 0.1134 < q < 0.1135, então 1.5721 < u + q < 1.5723. (b) Se u, q ∈ R, 1.4587 < u < 1.4588 e 0.1134 < q < 0.1135, então 1.3452 < u − q < 1.3454. (c) Se u, q ∈ R, 1.4587 < u < 1.4588 e 0.1134 < q < 0.1135, então 0.16541658 < u · q < 0.16557380. (d) Se u, q ∈ R, 1.4587 < u < 1.4588 e 0.1134 < q < 0.1135, então 12.85198237 < u/q < 12.86419754. [15] Mostre que se a, b ∈ R, com a ≤ b, então m= a+b 2 é tal que a ≤ m ≤ b. [16] (Vizinhanças) Uma vizinhança de um número real x é um intervalo aberto I = (a, b) tal que x ∈ I = (a, b) (e, portanto, a < x < b). (a) Determine uma vizinhança do número x = 1. Quantas vizinhanças o número x = 1 possui? O número x = 1 possui uma vizinhança I cujo comprimento é menor do que ou igual a 0.00000000001? (b) Considere o conjunto A = [0, 2]. Note que o número x = 1 pertence ao conjunto A. Existe uma vizinhança I de x = 1 que esteja contida em A? Existe uma vizinhança I de x = 1 que não esteja contida em A? (c) Considere o conjunto A = [0, 2]. Note que o número x = 1.99999999 pertence ao conjunto A. Existe uma vizinhança I de x = 1.99999999 que esteja contida em A? (d) Considere o conjunto A = [0, 2]. Note que o número x = 2 pertence ao conjunto A. Existe uma vizinhança I de x = 2 que esteja contida em A? Existe uma vizinhança I de x = 2 que não esteja contida em A? (e) Considere o conjunto B = (0, 2). Note que o número x = 2 não pertence ao conjunto B. Existe uma vizinhança I de x = 2 que esteja contida em B? Existe uma vizinhança I de x = 2 que não esteja contida em B? [17] Sejam a, b, c e d números reais positivos tais que a/b < c/d. O número (a + c)/(b + d) é denominado mediante de a/b e c/d. Mostre que a, b, c, d > 0 e c a a+c c a < ⇒ < < , b d b b+d d isto é, o mediante de a/b e c/d sempre está entre a/b e c/d. 3 Respostas dos Exercı́cios Atenção: as respostas apresentadas aqui não possuem justificativas. Você deve escrevê-las! [02] (a) S = (−∞, 3]. (b) S = (5/6, 1). (c) S = (−1, 2). (d) S = R. (e) S = ∅. ( f ) S = [−4, 4]. (g) S = (−∞, 0] ∪ [2, +∞). (h) S = (−1, 0) ∪ (2, +∞). ( i ) S = [0, 1] ∪ [3, 4]. [03] (a) Falsa. a = 2 é um contraexemplo (verifique!). (b) Verdadeira. Demonstração: se a = 0, então a3 = 0 e a2 · b − 3 · a2 = 0. Portanto, neste caso, a3 = 0 = a2 · b − 3 · a2 (vale a igualdade = em ≤). Se a = 0, por [PO16], temos que a2 > 0. Usando agora [PO09], a2 > 0 e b − 3 ≤ a ⇒ a2 · (b − 3) ≤ a2 · a ⇒ a2 · b − 3 · a2 ≤ a3 ⇒ a3 ≥ a2 · b − 3 · a2 . (c) Falsa. a = 0 e b = 1 formam um contraexemplo (verifique!). (d) Falsa. a = −1 e b = 2 formam um contraexemplo (verifique!). 0 1 2 3 17/2 −1 0 1 2 3 17/2 −1 0 1 −2 −1 0 −2 −1 0 1 5 −1 0 1 5 −1 0 1 2 −1 0 1 2 −1 0 1 2 −2−3/2 0 1 −3/2 0 1 4 0 1 4 [04] (a) (b) (c) (d) [05] (a) 7 (b) (c) 7 (d) −2 (e) (f) (g) −1 (h) −1 [07] O intervalo (0, 1) não possui um maior elemento pois, para todo p ∈ (0, 1), o número real q = (p + 1)/2 pertence ao intervalo (0, 1) e ele é maior do que p. O intervalo (0, 1] possui um maior elemento: p = 1. [08] (a) S = (−∞, 1/3) ∪ (2, +∞). (b) S = (−3, 1). [09] A ∪ B = [−5, 8], A ∩ B = (−4, −3) ∪ [2, 3), A − B = [−5, −4] ∪ [3, 8], B − A = (−3, 2), A ∪ C = (−8, −1) ∪ (1, 8], A ∩ C = [−5, −3] ∪ [2, 5), A − C = [5, 8] e C − A = (1, 2). 4 [10] A negação de “x > 3” é “x ≤ 3”. A negação de “x ≥ 3” é “x < 3”. A negação de “x ≤ 3” é “x > 3”. [11] (a) Falsa. (b) Verdadeira. (c) Falsa. [12] Falsa. [13] (a) A sentença é verdadeira. De fato: por [PO07], a < b ⇒ a + r < b + r. Também por [PO07], r < s ⇒ b + r < b + s. Assim, a + r < b + r < b + s. Um argumento análogo mostra que b + s < c + t. (b) A sentença é falsa. De fato: a = 1, b = 2, c = 3, r = 1, s = 2 e t = 3 constituem um contraexemplo (verifique!). (c) A sentença é verdadeira. De fato: por [PO10], se r < s < t, então −t < −s < −r. Usando o item (a), temos que a + (−t) < b + (−s) < c + (−r), isto é, a − t < b − s < c − r. (d) A sentença é falsa. De fato: a = 1, b = 2, c = 3, r = −3, s = −2 e t = −1 constituem um contraexemplo (verifique!). (e) A sentença é verdadeira. De fato: por [PO09], a < b ⇒ a · r < b · r. Também por [PO09], r < s ⇒ b · r < b · s. Assim, a · r < b · r < b · s. Um argumento análogo mostra que b · s < c · t. ( f ) A sentença é falsa. De fato: a = 1, b = 2, c = 3, r = 1, s = 2 e t = 3 constituem um contraexemplo (verifique!). (g) A sentença é verdadeira. De fato: por [PO08], se r, s, t > 0, então 1/r, 1/s, 1/t > 0. Por [PO09], r < s ⇒ r · (1/r) < s · (1/r) ⇒ 1 < s · (1/r) ⇒ (1/s) · 1 < (1/s) · s · (1/r) ⇒ 1/s < 1/r. Um mesmo argumento mostra que 1/t < 1/s. Assim, 1/t < 1/s < 1/r e 1/t, 1/s, 1/r > 0. Usando o item (d), segue-se a · (1/t) < b · (1/s) < c · (1/r), isto é, a/t < b/s < c/r. [14] (a) A sentença é verdadeira. De fato: basta usar o item (a) do exercı́cio anterior com a = 1.4587, b = u, c = 1.4588, r = 0.1134, s = q e t = 0.1135. (b) A sentença é verdadeira. De fato: basta usar o item (c) do exercı́cio anterior com a = 1.4587, b = u, c = 1.4588, r = 0.1134, s = q e t = 0.1135. (c) A sentença é verdadeira. De fato: basta usar o item (e) do exercı́cio anterior com a = 1.4587, b = u, c = 1.4588, r = 0.1134, s = q e t = 0.1135. (d) A sentença é verdadeira. De fato: basta usar o item (g) do exercı́cio anterior com a = 1.4587, b = u, c = 1.4588, r = 0.1134, s = q e t = 0.1135. Note que 12.85198237 < a/t = 12.85198237885462 . . . e c/r = 12.86419753086419 . . . < 12.86419754. [15] Usando [PO07], temos que a ≤ b ⇒ a + a ≤ a + b ⇒ 2 a ≤ a + b. Usando agora [PO09], temos que 2 a ≤ a + b ⇒ (1/2)(2 a) ≤ (1/2) (a + b), isto é, a ≤ (a + b)/2. Um argumento análogo mostra que (a + b)/2 ≤ b. [16] (a) O intervalo I = (0, 2) é uma vizinhança do número x = 1. Existem infinitas vizinhanças para o número x = 1. Por exemplo, para cada n ∈ N, In = (1 − 1/n, 1 + 1/n) é uma vizinhança de x = 1. O intervalo I = (1 − 0.000000000005, 1 + 0.000000000005) = (0.999999999995, 1.000000000005) é uma vizinhança de x = 1 cujo comprimento é igual a 0.00000000001. Ou ainda: para todo n ∈ N com n ≥ 200000000000, o intervalo In = (1 − 1/n, 1 + 1/n) é uma vizinhança de x = 1 cujo comprimento é menor do que ou igual a 0.00000000001. 5 (b) O intervalo I = (0.9, 1.1) é uma vizinhança do número x = 1 que está contida em A = [0, 2]. O intervalo J = (−1, 3) é uma vizinhança do número x = 1 que não está contida em A = [0, 2]. (c) O intervalo I = (1.999999980, 1.999999999) é uma vizinhança do número x = 1.99999999 que está contida em A = [0, 2]. (d) Não existe vizinhança I = (a, b) do número x = 2 que esteja contida em A = [0, 2]! De fato: se I = (a, b) é uma vizinhança de x = 2, então a < 2 < b. O número m = (2 + b)/2 pertence a I mas não pertence a A. (e) Não existe vizinhança I = (a, b) do número x = 2 que esteja contida em B = (0, 2)! De fato: se I = (a, b) é uma vizinhança de x = 2, então a < 2 < b. O número 2 pertence a I mas não pertence a B. [17] Temos que a a+c c [PO09] c [PO07] [PO09] =⇒ a · d < b · c =⇒ (a + c) · d = a · d + c · d < (b + d) · c =⇒ < < . b d b+d d Um argumento análogo mostra que a/b < (a + c)/(b + d). Também é possı́vel dar uma demonstração geométrica: as razões a/b, c/d e (a + c)/(b + d) podem ser interpretadas como tangentes de ângulos dos triângulos retângulos na figura abaixo. c d a b a d Texto composto em LATEX2e, HJB, 01/06/2012. 6