UTILIZAÇÃO DE ADITIVOS IONÓFOROS NA

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UTILIZAÇÃO DE ADITIVOS IONÓFOROS NA PRODUÇÃO DE BOVINOS EM
CONFINAMENTO
Gisela Rojas Garcia
Rogério Marchiori Coan
São considerados aditivos os ingredientes fornecidos na dieta dos bovinos, mas que não
têm natureza nutritiva (energética, protéica ou que não seja fonte de minerais e vitaminas).
Os aditivos são usados para melhorar a eficiência dos alimentos, estimular o crescimento,
engorda ou beneficiar, de alguma forma, a saúde e o metabolismo dos animais,
principalmente em condições onde o desempenho dos animais é mais exigido, como é o
caso do confinamento. Os aditivos a serem discutidos no presente artigo referem-se
basicamente aos ionóforos.
Os ionóforos são antibióticos que, seletivamente, deprimem ou inibem o crescimento de
algumas espécies de microrganismos do rúmen. Eles são produzidos por diversas
linhagens de bactérias e foram inicialmente utilizados como coccidiostáticos para aves,
mas, a partir da década de 1970, começaram a ser utilizados na dieta de ruminantes, com
resultados bastante satisfatórios.
Os principais ionóforos comercializados no Brasil são a Monensina Sódica e a Lasalocida
Sódica, embora uma séria de outros aditivos, como a Salinomicina, Virginiamicina, entre
outros, possam ser utilizados com o mesmo propósito. A Monensina é distribuída
comercialmente com o nome de Rumensin (10% de Monensina Sódica) e é produzida por
uma cepa de Streptomyces cinnamonensis. Já a Lasalocida Sódica é produzida por uma
cepa de Streptomyces lasaliensis.
Os ionóforos Monensina e a Lasalocida podem ser utilizados em suplementos protéicoenergéticos, em rações concentradas, misturas minerais e, principalmente, em dietas de
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confinamento. De maneira geral, observa-se na literatura nacional e internacional uma série
de trabalhos de pesquisa que comprovaram os benefícios na utilização dos ionóforos na
produção de bovinos de corte, com melhoria no desempenho, conversão alimentar,
prevenção de laminite e acidose metabólica, entre outros.
Quanto às dosagens recomendadas para utilização da Monensina, estas se situam entre 50
mg a 100 mg do principio ativo/cabeça/dia (0,5 g a 1,0 do produto comercial/animal/dia), nos
primeiros cinco ou sete dias (fase de adaptação), passando, a seguir, a fornecer até 400
mg/cabeça/dia (4,0 gramas do produto comercial/animal/dia), dependendo da categoria e do
sistema de produção na quais os animais estarão sendo explorados.
A Lasalocida Sódica é comercializada no Brasil com o nome de Taurotec (15% de
Lasalocida Sódica) e, nos Estados Unidos esse produto é comercializado pelo nome de
Bovitec. A Lasalocida é utilizada na dosagem inicial recomendada de 50 mg a 100mg do
principio ativo/animal/dia (0,33 g a 0,66 gramas do produto comercial/animal/dia) na
primeira
semana,
chegando-se
a
300
mg/cabeça/dia
(2,0
gramas
do
produto
comercial/animal/dia) após o período de adaptação dos animais.
Muitos trabalhos de pesquisa têm demonstrado que os ionóforos atuam selecionando
determinadas cepas de bactérias, podendo levar a mudanças no processo de fermentação
ruminal. As diferenças entre bactérias gram-positivas e gram-negativas, quanto à estrutura
celular, estão envolvidas no processo de seleção. O envelope celular presente em bactérias
gram-negativas age como uma barreira à ação dos ionóforos, tornando-as mais resistentes.
Além disso, diferenças em seu complexo enzimático conferem uma maior sobrevivência,
dessas bactérias, na presença dos ionóforos. A alteração na população microbiana no
rúmen leva a mudança no processo de fermentação ruminal, uma vez que bactérias gramnegativas têm o succinato como produto final de fermentação. Dessa forma, os ionóforos
selecionam uma comunidade bacteriana que produz mais propionato e menos lactato,
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acetato e butirato e, indiretamente, menos metano, o que implica em menor perda
energética e, consequentemente, maior aproveitamento pelo animal.
Reduções na desaminação ruminal também têm sido reportadas, assim como menores
taxas de renovação ruminal. Em resposta às mudanças no padrão de fermentação, o
fornecimento de ionóforos tem levado ao melhor desempenho e conversão alimentar dos
animais destinados à produção de carne.
As ações dos ionóforos sobre o desempenho animal parecem resultar de uma série de
efeitos sobre o metabolismo.
•
Os ionóforos melhoram a eficiência do metabolismo de energia, alterando os
tipos de ácidos graxos voláteis produzidos no rúmen (aumento de propionato,
redução de acetato e butirato) e diminuindo a energia perdida durante a
fermentação do alimento. O melhor desempenho animal é resultante de maior
retenção de energia durante a fermentação ruminal;
•
Os ionóforos reduzem a degradação de proteínas do alimento e podem
diminuir a síntese de proteína microbiana, aumentando a quantidade de proteína
de origem alimentar que chega ao intestino delgado. O mecanismo pelo quais os
ionóforos inibem a degradação de proteínas ainda não está claro;
•
Os ionóforos podem reduzir a incidência de acidose (por meio de aumento no
pH ruminal e inibição de bactérias produtoras de ácido lático), timpanismo e
coccidiose. A redução dessas patologias melhora o desempenho animal.
Diante dessa abordagem simplista, pode-se observar que os aditivos ionóforos apresentamse como uma ferramenta nutricional que deve ser utilizada nos confinamentos,
principalmente do ponto de vista da melhoria da eficiência alimentar e do status sanitário
dos animais. Vale ressaltar, no entanto, que a adequação e recomendação desta tecnologia
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deve ser embasada em critérios técnicos e econômicos, devendo ser acompanhada por um
nutricionista animal.
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