Artigo ASBRAM Uso de aditivos na suplementação de bovinos A profissionalização da pecuária no Brasil é incentivada pelo aumento da demanda mundial por produtos de origem animal, em razão do crescimento da população global, bem como pela abertura de mercados internacionais. Como consequência espera-se o crescimento da oferta de alimentos, que implica na necessidade do aumento da produtividade. O aumento da eficiência alimentar, e a diminuição de custos com alimentação, atualmente, são um dos maiores objetivos na pecuária de corte e leite. Uma alternativa em evidência entre os pesquisadores e nutricionistas é a utilização de aditivos alimentares na dieta de bovinos. Os aditivos podem ser definidos como ingredientes dietéticos, podendo ou não conter nutrientes, com a finalidade de produzir resposta favorável para melhor desempenho animal (conversão alimentar e/ ou produção como ganho de peso/leite) e sanidade (diminuição de acidose, abscesso de fígado, timpanismo, coccidiose, etc), seja por aumentos quantitativos e/ou qualitativos dos nutrientes disponíveis ou pela eficiência da utilização desses. Aditivos alimentares ainda são um grande desafio para os pesquisadores, pois o benefício do uso de muitos, são comprovados, e apreciáveis, e existe ainda uma ampla gama de aditivos alimentares a serem testados e descobertos. A importância do uso de aditivo não caminha só. É importante ressaltar que antes de utilizar aditivos nas dietas de bovinos, outros pontos importantes (nutrição, melhoramento, gestão e manejo) devem ser observados, pois refletem mais no desempenho de bovinos. Dentre os aditivos mais utilizados em nutrição animal destacam-se: Ionóforos, Antibióticos não Ionóforos, Aditivos Microbianos, Óleos funcionais. Os Ionóforos aprovados para uso em dietas de ruminantes, entre eles a monensina, lasalocida e a salinomicina, sendo os dois primeiros os mais utilizados, possuem mecanismos de ação que tem efeitos nos padrões da fermentação ruminal, produção de metano, metabolismo animal e desempenho. São os promotores de crescimento mais utilizados na produção animal, por serem altamente efetivos contra bactérias gram-positivas e assim permitindo a manipulação da fermentação ruminal, com aumento na concentração de propionato e redução nas concentrações de acetato e butirato, que por sua vez reduz a disponibilidade de íons H+ para as bactérias metanogênicas e, consequentemente, reduz a produção de metano. Esta redução na perda de energia em forma de metano (CH4), resulta em maior aporte de energia para o animal. Os ionóforos constituem uma classe de compostos que deprimem ou inibem seletivamente o crescimento microbiano, pela passagem de íons através de canais de membrana, por isso são conhecidos como ionóforos (do grego – carregador de íon). As bactérias Gram-negativas são mais resistentes aos ionóforos em virtude de sua célula ser constituída por parede celular e membrana externa de proteção que impede a entrada dos ionóforos. Por outro lado, as bactérias Gram-positivas possuem apenas uma camada espessa de peptideoglicanos que, por ser porosa, não impede a ação dos ionóforos. A atuação dos ionóforos no controle de protozoários do gênero Eimeria sp. (coccidiose) também ocorre pela perturbação do fluxo normal de íons na membrana celular. Esporozoítos de coccídia ficam inchados pelo excesso de água e estouram quando expostos aos ionóforos, devido às alterações no transporte de íons através das membranas. Outros microrganismos ruminais como protozoários e fungos também são afetados, embora os resultados de pesquisas sejam mais contraditórios. Outra classe de aditivos são os Antibióticos não Ionóforos, entre eles a colistina, a bacitracina, a flavomicina e a virginiamicina, sendo este último a mais utilizada. A virginiamicina é ativa principalmente contra bactérias gram-positivas e age através da inibição da formação da ligação peptídica Eduardo Pontalti Zerbinatti, Médico Veterinário e Mestre em Produção e Nutrição Animal. durante a síntese de proteína, que por sua vez cessa o crescimento ou mesmo causa a morte das bactérias. A virginiamicina é considerada a mais efetiva na redução do lactato ruminal e, consequentemente a incidência de acidose ruminal e abscessos hepáticos. Os Aditivos Microbianos como os probióticos, bactérias e leveduras, tem alcançado destaque nas áreas de pesquisa, em virtude à ênfase dada na redução do uso de antibióticos como promotores de crescimento. No tocante Bactérias probióticas, destacam-se as do gênero Lactobacillus e Bifidobacterium e, em menor escala Enterococcus faecium, embora seu mecanismo de ação não esteja totalmente claro. Tem sido reportado que bactérias probióticas modificam o balanço de microrganismos no intestino, se aderem à mucosa intestinal, previnem o ataque de patógenos, influenciam a permeabilidade intestinal e modulam a função imunológica. Com relação às Leveduras, a forma mais encontrada e amplamente estudada é a Saccharomyces cerevisiae, resíduo da indústria sucroalcooleira, que segundo estudos, removem o oxigênio favorecendo assim as bactérias anaeróbicas (celulolíticas), proporcionando melhor degradação de fibras, podendo assim beneficiar a ingestão de matéria seca. Os prebióticos vêm como alternativa ao uso dos antibióticos, constituindo-se em um substrato seletivo de bactérias comensais benéficas do trato digestório. Os mananoligossacarídeos (MOS) e os β-glucanos são exemplos de prebióticos extraídos da parede celular da levedura Saccharomyces cerevisiae. Os mananoligossacarídeos (MOS) apresentam uma alta afinidade ligante, oferecendo um sítio de ligação competitiva para bactérias patogênicas Gram negativas, que apresentam a fímbria tipo I específica, elementos de aderência bacteriana. A fímbria tipo I, é a mais investigada e mais incidente, sendo um importante determinante de virulência expresso em E. Coli, Salmonella e na maioria das cepas de enterobactérias. Essas bactérias patogênicas ao se ligarem aos MOS não INVISTA COM SEGURANÇA: COMPRE SUPLEMENTOS MINERAIS DE ASSOCIADOS ASBRAM. Artigo ASBRAM atuam sobre os sítios de ligação dos enterócitos, movendo-se com o bolo fecal e não colonizando o trato intestinal. O MOS aumenta a produção de imunoglobulinas A (IgA), um dos mais importantes mecanismos de defesa do trato gastro-intestinal. Da parede celular das leveduras também se extrai beta-glucanos. Estes apresentam uma importante ação na resposta imune inata ou não – específica dos animais. Os ß –glucanos se ligam a células fagociticas ou macrófagos, que se tornam mais ativos. Ao mesmo tempo, ativa as células produtoras de substâncias chamadas citoquinas, as quais promovem uma reação em cadeia, produzindo mais células fagocíticas. Um alerta ao sistema imune é disparado para que ele esteja preparado para combater doenças oportunistas. Outra ação dos ß –glucanos é na adsorção de micotoxinas. Cabe ressaltar, que diferentes ambientes de fermentação para a produção de leveduras, resultam em variações na composição da parede celular, e como consequência, também alteram a concentração de carboidratos funcionais como MOS e ß –glucanos, influenciando nos modos de ação do prebiótico, como o poder de aglutinação de patógenos do MOS. Essa informação é relevante, pois compromete a eficácia dos diferentes prebióticos existentes no mercado. Não existe um único produto que poderá substituir os promotores antimicrobianos, mas sem dúvida uma boa e confiável fonte de mananoligassacarídeos e de ß –glucanos, é uma importante ferramenta nesta estratégia de substituição. Os Óleos funcionais são os mais recentes aditivos usados em nutrição animal, o que requer maiores estudos sobre suas funções e particularidades, no entanto, são componentes secundários extraídos de plantas diversas (canela, tomilho, orégano, alho, plantas cítricas, cravo, pimenta, entre vários outros). A ação antioxidante, anti-inflamatória e antimicrobiana observada em grande número de substância extraídas de plantas confere a estes compostos um potencial importante como aditivos alternativos. O mecanismo de ação da maioria dos extratos é comparado a ações dos ionóforos, e estão associadas à membrana celular, como no transporte de íons, translocação de proteínas, fosforilação e outras reações com dependências enzimáticas. Cada aditivo tem uma característica e uma limitação na alimentação. Recomenda-se seguir as orientações do fabricante em relação às quantidades fornecidas, além de respeitar a espécie animal para que o aditivo é destinado. É importante lembrar que a adaptação de bovinos aos ionóforos, é recomendável, principalmente quando se utiliza monensina. Os resultados no desempenho de animais a pasto recebendo promotores de crescimento via sal mineral são bastante controversos. A maioria dos trabalhos com ionóforos utiliza grãos e farelos como veículos, para a ingestão destes aditivos por bovinos em pastejo. Nos confinamentos a busca pelo potencial máximo em ganho de peso e economia deste sistema de produção, implica na administração de alimentos concentrados na dieta dos animais. A quantidade de grãos fornecidos e o tipo de processamento dos grãos para aumentar o aproveitamento do amido, aumentam a velocidade degradação destes alimentos no rúmen, além de afetar o número e as espécies de bactérias e protozoários presentes na microbiota ruminal. Estes fatores refletem na alta incidência de sobrecarga por grãos no gado confinado. Normalmente há no rúmen um equilíbrio entre bactérias celulolíticas e bactérias que usam carboidratos. Qualquer alteração neste mecanismo ocasiona indigestão, disfunção ruminal e absorção de toxinas. A ingestão de quantidades excessivas de alimentos altamente fermentáveis pelo ruminante é verificada com 2 a 6 horas pela marcante mudança na população microbiana do rúmen. Há um acentuado aumento no número de Streptococcus bovis, os quais utilizam os glicídios para produzir grandes quantidades de ácido lático. Na presença de quantidades suficientes de carboidratos, o S. bovis continuará produzindo ácido lático que diminuirá ainda mais o pH ruminal, a tal ponto que são destruídas as bactérias celulolíticas e os protozoários. As respostas dos bovinos em pastejo aos antimicrobianos promotores de crescimento enfatizam a importância econômica e ambiental de se aplicar esta tecnologia nos sistemas de produção. No entanto, existe dificuldade para se fornecer o aditivo para o animal a pasto, o que pode ser apontado como principal causa da baixa adoção desta tecnologia. Limitações como redução de consumo da mistura, alta variação da dosagem diária e possível perda de atividade da molécula misturada ao sal mineral são citadas como possíveis causas da ausência de resultados positivos. O fornecimento de ionóforos via sal mineral geralmente diminuem o consumo da mistura mineral se comparadas aos suplementos com grãos. Este fato pode prejudicar o desempenho animal por restringir o fornecimento de minerais e inviabilizar o fornecimento da dose de ionóforo pretendida. Os aditivos vieram para somar com os outros componentes importantes dentro da alimentação animal. Não se pode esquecer, entretanto, que os aditivos são os últimos recursos de um sistema de alimentação de bovinos. Antes, então, de usá-los, é importante, que se tenha um bom sistema de produção, com um excelente programa alimentar, em que não haja deficiências nutricionais na alimentação animal, já que os ganhos com os aditivos não serão maiores do que as perdas de um manejo inadequado de alimentação de bovinos em pastejo. Portanto, os aditivos devem ser ministrados apenas quando o manejo alimentar dos animais estiver adequado, sem que haja limitações de nutrientes, já que se trata de um ajuste fino da dieta. Além do S. bovis, proliferam-se os lactobacilos e bastonetes Gram-positivos, e em pH baixo, estes utilizam grandes quantidades de carboidratos do rúmen para produzir maior quantidade de ácido lático. A medida que o pH ruminal cai, a amplitude e a frequência dos movimentos do rúmen diminuem e com o pH ao redor de 5 há completa parada ruminal. Portanto, o uso dos ionóforos e antibióticos não ionóforos na prevenção da acidose lática, justifica a utilização destes aditivos para animais confinados, devido aos efeitos comprovados no controle das populações de microorganismos como Streptococcus bovis e Lactobacillus sp., o que explica a existência da maioria dos estudos científicos reportados na literatura com uso destes aditivos para animais em confinamento. Rua Augusta, 2676 | 13º andar | Conj. 132 | CEP 01412-100 São Paulo - SP | Tel/Fax: (11) 3254-7495 (11) 3061.9075 / 9077 [email protected] | www.asbram.org.br INVISTA COM SEGURANÇA: COMPRE SUPLEMENTOS MINERAIS DE ASSOCIADOS ASBRAM.